História Minha vida no Japão - Lágrimas nunca derramadas

O dia estava apenas começando, tinha acabado de chegar na escola e percebia que algumas garotas me olhavam torto mas mesmo assim não procurei me importa com o caso, apenas fiquei conversando com a Mika como todos os dias. 

- Matsuda precisamos da sua ajuda ! Uma das nossas amigas está machucada ! - Disse uma garota do clube de vôlei 

- Aonde ela está ? 

- Sarah-chan não... - Segurava em meu braço 

- Ela está na quadra, parece que ela se machucou ao tentar fazer um bloqueio. - Estava nervosa 

- Desculpe Mika tenho que ajuda-la, me leve até lá ! 

- Claro ! 

Andamos uns cinco minutos até lá, quando chegamos na quadra ela parou na porta sem dizer nada. 

- O que houve ? Não vai entrar ? 

- Entre primeiro você, não quero te atrapalhar. 

- Tudo bem. 

Ao entrar na quadra percebo que não tinha nenhuma garota machucada ou melhor não havia ninguém lá, quando iria me virar para a menina e pergunta sobre isso, colocam um saco preto em minha cabeça me fazendo não ter visão de nada, não sabia quem, mas eu já não colocava mas os pés no chão estava sendo carregada por um grupo de pessoas. 

- Parrem ! ! O que está acontecendo ?! - Escuto um barulho de porta sendo aberta 

Eles me jogam no chão com força e tiram o saco de minha cabeça revelando um grupo de garotas todas de nossa escola. 

- O que estão fazendo ficaram loucas ?! - Estava com raiva 

- Quem ficou louca aqui foi você ! ! ! - Uma delas disse 

- Você tocou no Tanaka-kun, riu com ele e até mesmo o abraçou ! ! ! - Disse a outra 

- Sempre soube que nós o amávamos, avisamos pra você e mesmo assim continuou a falar com ele ! ! !  

- Estávamos cansadas de sempre ver você perto do Matsuda-kun, enquanto ele nem sequer olhava para nós ! 

- Agora você vai aprender a ficar longe deles e nos escutar mais ! ! ! - Ela puxava um canivete de seu bolso 

- Parem eu já disse não tenho nada com ele e Hiroshi e eu somos irmãos ! 

- Isso não interessa mais ! Garotas agora ! 

- Não ! ! ! - Cobria meu rosto 

Todos elas vieram para cima de mim, outras tiravam meu blazer, outras cortavam minha roupa com o canivete e outras puxavam meu cabelo é me batiam com muita força. Tentei lutar o máximo que podia por ajuda mas nenhuma se foi vista, desisti de lutar contra elas por não ter mais esperanças, fiquei recebendo a todo o tempo seus xingamentos de fúria contra mim, seus tapas e socos que deixavam meu rosto e corpo com hematomas, minha roupa já estava por um fio minha blusa já tinha se transformado num top e minha saia já não era vista, meu cabelo que antes longo estava todo desfiado mas não estava completamente curto. Elas param pelo cansaço suas respirações fortes eram ouvidas por todo o local eu já não soltava uma palavra sequer pela humilhação e a dor que sentia por todo o meu corpo, estava deitada no chão as olhando sem nenhum motivo naquele momento eu estava vaga por dentro, toda minha coragem e fúria tinha desaparecido. 

- Eaí sua vadia aprendeu ? - Arrumava seu cabelo e uniforme 

- Isso é pra você aprender a nunca mais nós desafiar sua vagaba ! - Guardava o canivete em seu bolso 

- Hahahaha vamos meninas não quero mas olhas para a cara dela de bicho morto. 

- Ah vamos não faça essa cara, você mereceu ninguém mandou você ficar perto do Matsuda-kun. - Meus olhos se arregalaram 

- Isso mesmo que você ouviu, caso você for burra suficiente pra ficar perto do Tanaka-kun ou do Matsuda-kun, aproxima será a sua amiguinha. 

Por fim elas vão embora me deixando sozinha no lugar, eu queria ir embora dali mas meu corpo não deixava então tento perdir ajuda para a única pessoa que vinha em minha mente Ren, por milagre acho meu celular um pouco longe de mim vou rastejando de pouco em pouco em direção a ele, até que consigo chegar ao seu alcance vou na lista de contatos e escrevo seu nome com minha mão nervosa por ele talvez não receber minha ligação. A ligação só fazia chamar meu desespero já estava formado até que na terceira tentativa ele atende. 

- R-Ren... - Forço minha voz 

- Sarah o que houve ? Estou no meio da aula agora. 

- E-Estou com medo Ren... - Minha voz falhava pelas lágrimas 

- O que aconteceu ? Você tá bem ? - Sua voz mudou ficando séria 

- E-Estou ferida Ren, n-não consigo mexer minha pernas ! - Meu nervosismo estava aparente 

- Aonde você está ? 

- Estou na escola, na quadra. 

- Não se preocupe eu já estarei aí, eu prometo. - Ele desliga o telefone 

Deixo o celular na mesma posição que estava é me deito ao seu lado, coloco a costa da minha mão em minha testa me preparando para o choro que estava por vir, me senti humilhada, insignificante, sem valor algum nunca na minha vida tinha sentido algo como esse. Enquanto eu chorava me perguntava como as pessoas podiam fazer tal atrocidade, me deixar com apenas um pedaço de uma blusa e roupas íntimas fazia com que Tanaka percebesse o quanto elas eram apaixonadas, me perguntava se isso as fazia provar seu amor por ele,  humilhar, desprezar e até mesmo parti para a violência, sinto sabor de sangue em minha boca e toco em meus lábios para ver o quão grave estava, para ser sincera eu sentia sangue em minha testa, lábios e nariz, olho um pouco mais baixo e minha pernas e braços estavam roxos, fico imaginando como deveria ter ficado meu rosto a cada minuto que se passava minha visão ficava cada vez mias turva como se desse um sinal que eu não aguentaria por muito tempo, tentei cessar as lágrimas e procurar relaxa para ver se a dor parava olho para meu lado e tinha sangue se formando por ele estava a ponto de fechar meus olhos e " dormi " até ouvi a voz de um menino desesperado. 

- Sarah ! Sarah ! Sarah ! - Queria chorar pela alegria dele ter chegado até mim - Aonde você está ??!! 

- Ren... - Minha voz saia fraca de mais para ele escutar 

- Sarah ! ! ! ! 

- R-Ren... - Tentava ao máximo aumentar a voz 

- Sarah ?! - Sua voz ficou próxima a porta 

- R-Ren ! - Usei toda a minha força em uma única palavra 

Ele pareceu escutar pois tentava abrir a porta, mas a mesma parecia estar trancada. 

- Sarah se afaste da porta agora ! - Gritava atrás da mesma 

Dei um leve sorriso por o lugar aonde estava deitada já era longe suficiente d porta, então um chute de foi escutado a porta se abriu violentamente e com ela se foi uma pequena parte dela pela força desferida. Ao me ver ele parou no mesmo lugar sem dizer nada, seus olhos estavam arregalados pelo horror suas mãos tremiam ele parecia não crer no que estava vendo, será que eu estava tão ruim assim ? Ele vem até mim correndo me colocando em seus braços. 

- Quem fez isso com você ? - Sussurrava ajeitando meu cabelo atrás da orelha 

- Ren... - Tentei mexer minha mão para tocá-lo 

- Não faça esforço, está muito machucada. - Ele me coloca deitada novamente tirando o seu blazer e me cobrindo - Consegue andar ? - Fiz não com a cabeça - Tá, fica calma vou ligar para um táxi. 

Ele se afasta um pouco para fazer a ligação, ao ver ele falando ao telefone parecia calmo mas ao olhar para sua mão ele a apertava tanto que ficava vermelha de tanta força que fazia, ele parecia estar com ódio sobre a pessoa que tinha feito isso comigo. 

- Pronto já liguei, daqui você vai direto pro hospital. - Ele colocava meus braços na manga de seu blazer enquanto falava, sem disfarça seu nervosismo - E depois do hospital te levo pra casa. - Me carrega estilo noiva 

- Ren... N-Não quero. - - Tentava dizer a ele que não queria que minha mãe me visse assim ou até mesmo Haru, Yuuki e Hiroshi 

- Desculpe mas você não está em condição de decidir isso, quando chegar ao hospital falamos melhor sobre isso. - Estava sério 

Passamos tranquilamente pelo portão da escola entrando direto no Táxi, o motorista não falou nada apenas dirigiu a viagem toda sem dizer nada, Ren não tirava suas mãos de mim a todo momento. No hospital ele me carregou novamente, sem demora fomos atendidos, me colocaram numa maca correndo para me socorrer as enfermeiras chamavam os médicos desesperadas e Ren apenas mantia seus olhos em mim querendo me tranquilizar sua mão segurava a minha com força não querendo soltá-la mas, foi o que me lembrei no momento até tudo se apagar rapidamente como um sono pesado. 

Acordei com uma leve dor de cabeça, olho para meu corpo novamente e eu estava com algumas faixas, pelos hematomas mais profundos toquei em minha cabeça que agora continha uma faixa nela e não doía mas, olhei ao redor e ninguém da minha família estava aqui nem mesmo Hiroshi e Mika, sinto minha mão pesar olho para ver o problema é encontro Ren descansando tranquilamente, ele estava sentado numa cadeira ao lado da minha cama segurando minha mão firme enquanto adormecia com sua cabeça encostada na cama, com a minha outra mão acaricio seu cabelo castanho, Ren se acordava antes mesmo de eu parar de passar minha mão por seus cabelos.

- Esta se sentindo melhor ? - Se acordou voltando a sua posição normal e soltando minha mão 

- Sim, desculpe por acorda você. 

- Não foi nada. - Dava um leve sorriso 

- Aonde está o meu celular ? - Procurava pelo mesmo 

- Aqui - Ele pegava em seu bolso me entregando o aparelho 

Ao ver as notificações percebi que tinha mais de 24 chamadas perdidas da minha mãe, de Haru tinha apenas 15 chamadas perdidas e para um milagre aparente se tinha 5 chamadas perdidas de Hiroshi. 

- Eu vi quando eles ligaram pra você. 

- Humm... - Senti que ele queria saber sobre o caso 

- Mas me lembrei do que você disse e decidi esperar, para saber o que você iria me disser.

- Ren eu- 

- Não quero desculpas Sarah, o que aconteceu hoje me deixou muito preocupado sem falar a sua família que deve estar atrás de você feito loucos e mesmo assim eu menti pra eles por você, então eu mereço saber o que aconteceu ? 

- Eu conto pra você, mas não quero que diga isso pra ninguém nem mesmo para Hiroshi, Mika, Haru ou minha mãe. - Olhava em seus olhos 

- Certo. 

- Tem um menino na escola que se chama Tanaka Hayato, Mika já tinha me fala sobre os muitos comentários sobre ele na escola, principalmente da parte das meninas, me tornei amiga dele sem saber o que estava acontecendo a minha volta os olhares tortos delas é sues xingamentos para mim. Eu até mesmo não notei que tinha garotas com ciúmes de mim e Hiroshi, então hoje uma das garotas da minha sala me pediu ajuda dizendo que a sua amiga estava machucada... - Uma lágrima se escapou e minha c=voz começava a ficar falha - E-Eu queria ajudar então não pensei duas vezes e fui, quando vi todas aquelas garotas que eram fascinadas por Tanaka e Hiroshi estavam me batendo e me humilhando. - Não conseguia mas parar as lágrimas - Eu t-tentei lutar contra elas e-eu juro que tentei, pedi socorro e até muitas vezes tentei explicar m-mas nenhuma delas me escutava. - Ele me abraça, me imprensando contra seu peito querendo me consolar - S-Se você não tivesse chegado lá eu pensei muitas vezes que iria morrer como uma insignificante sem valor algum. 

- Sarah sabe que não é isso o que está dizendo. - Acariciava meu cabelo 

- Eu tive tanto medo. - Segurava com força sua blusa 

- Calma eu tô aqui, não vou deixar que ninguém faça isso de novo ok ? 

- Ok. 

- Olha pra mim, uma garota como você não deveria ficar chorando o tempo todo se não vai ficar cheia de remela nos olhos e com o nariz escorrendo sem parar, e isso dá um trabalho danado. - Limpava minha lágrimas  enquanto eu ria de suas palavras - Mas agora falando sério, você tem certeza que quer fazer isso ? Esconder de toda a sua família sobre o que aconteceu. 

- Eu tenho Ren, porque elas disseram que se eu voltar a fala com Tanaka ou Hiroshi, Mika irá sofrer as consequências como eu, não posso arisca, pelo bem da Mika. E sobre a minha família acho melhor desse jeito, minha mãe já teve problemas o suficiente. 

- Entendo. - Seu celular toca, ele pega pelo bolso olhando para tela para ver quem o ligava - É o Hiroshi. - Pedia permissão 

- Pode atender. 

- Tá bom. 

Ele atende o celular saindo de cima da cama indo para um canto do quarto conversando com Hiroshi, quando o escuto dizer que eu estava no hospital ouso um barulho alto vindo do telefone, com certeza Hiroshi estava bravo e muito. 

- Disse a ele que você é eu saímos pra um festival enquanto você estava na escola, é sem querer você acabou caindo na escada de lá. 

- Sério isso era a sua melhor desculpa " caiu da escada " ? 

- Você queria o que ? Do jeito que está machucada da até pra falar que você foi atropelada. 

- Isso é verdade. - Me calei 

Não se passaram muitos minutos e se ouve um grande barulho vindo da porta, Ren se levanta pelo susto enquanto eu apenas olhava assutada por quem poderia ser, Hiroshi aparece com uma cara assustadora puxando Ren pela camisa o ameaçando bater. 

- Para Hiroshi ! Isso não foi culpa dele ! - Tentava separar eles dois mas ainda sentia dores nas pernas 

- Como você diz isso ? Foi ele que fez isso tudo com você ! 

- Hiroshi... - Ren tentava dizer algo em sua defesa 

- Cala a sua boca antes que eu te mate ! 

A raiva de Hiroshi já estava formada quando ele levanta a mão prestes a dar um soco certeiro no rosto de Ren, que o mesmo apenas fechava os olhos esperando pelo impacto, não pude mas aguentar aquilo, ver Ren se arriscando tanto por mim, ver ele se machucando e levando toda a culpa por mim, fez com que minha pernas se movessem sozinhas indo em direção a ele e sendo como um escudo, como Ren eu estava pranta para o impacto mas nada senti. 

- Sarah... - Ouso a voz de Ren 

Abri meus olhos de vagar olhando para Hiroshi que estava indignado com a minha ação. 

- Suas pernas. - Olho pra elas que tremiam violentamente me perguntava como me mantive se pé nesse estado 

- Hiroshi não foi culpa de- 

Sou impedida pela perda de força das minhas pernas, estava prestes a cair de joelhos no chão gelado do hospital ao perceber minha fraqueza Ren me envolve com os seus braços fortes pela minha cintura, me impedindo de cair. 

- Você já se esforçou de mais hoje. - Sussurrou em meu ouvido 

Como horas atrás ele me carregou em seus braços me pondo de volta na cama, Hiroshi olhava a cena desconfiado mas preferiu não dizer nada, apenas puxou uma cadeira ficando ao meu lado como Ren. Outro barulho se foi escutado mas dessa vez era a escandalosa da minha mãe. 

- Meu bebê o que houve com você ?! - Seus olhos estavam cheios de lágrimas 

- Cai da escada. - Dava uma risada sem graça 

- Sua desastrada ! - Me deu seu famoso abraço de urso enquanto chorava em meu ombro 

- Desculpa mãe. - Senti pena dela 

Haru também me abraçava, com aquela sensação senti que estava realmente em casa com uma família de verdade, me senti mal por não dizer nada a eles, por ser uma ignorante e esconder tudo deles com medo de que pensassem que eu fosse uma covarde por não me defender, mas vê-los me abraçando tanto o pequeno Yuuki como o grosso do Hiroshi, me fez perceber que não estou sozinha apesar de todas dificuldades, é que sei que algum dia irei superar tudo isso com a ajuda deles, da minha família.