História Miraculous - Heroes - Sentimentos

Marinette On

Era quase meia-noite quando a azulada fechou o livro de matemática se sentindo exausta. Um akuma havia resolvido aparecer, a quase uma hora atrás, para atacar a cidade e como resultado, ela foi forçada a deixar sua seção de estudos de lado para proteger as pessoas de Paris, como Ladybug, atrasando um pouco seu horário. Lentamente se levantou da cadeira, se espreguiçando enquanto bocejava e sentiu sua barriga roncar levemente, aparentemente teria que descer até a Padaria para arrumar algo para comer antes de dormir.

Estava prestes a caminhar até a porta quando ouviu duas batidas leves na janela, ela se virou ficando surpresa quando viu Chat Noir pendurado na janela segurando uma pequena sacolinha na mão. Com um pequeno sorriso caminhou até ele, abrindo a janela para que o gatuno entrasse cuidadosamente em seu quarto.

Fazia algum tempo que ele não vinha a visitar e, apesar de nunca admitir, tinha sentido falta de seus ensinamentos em algumas matérias que estavam se tornando um verdadeiro desafio.

- Chat Noir, o grande herói de Paris, vindo me visitar – ela começou divertida enquanto fechava a janela – A que devo essa honra?

Ele riu levemente e esticou a pequena sacola para a azulada.

- Eu vim lhe trazer isso – ele comentou sorrindo – Achei que podia estar com fome.

Marinette franziu um pouco a testa, tirando da sacola uma pequena caixa que, assim que foi aberta, libertou um cheiro delicioso de croissants, fazendo com que sua boca abrisse em descrença. Como ele sabia que ela estava com fome? Se perguntou, antes de sorrir e olhar para Chat Noir que havia se sentado na espreguiçadeira.

- Nossa, Chat, muito obrigada – ela agradeceu andando até seu lado e se sentando com as pernas cruzadas no colchão – Eu estava indo agora mesmo indo na cozinha pegar algo para comer... Você poupou a minha viagem.

O gatuno riu novamente e se deitou na espreguiçadeira, enquanto ela o observava por alguns minutos, notando que algo estava errado. Ele parecia evitar fazer movimentos muito bruscos e quando se mexia, parecia se mover mais devagar que o normal, a deixando preocupada.

- O que foi, Princess? – Ele perguntou um pouco confuso, ao ver que ela estava o encarando com um olhar estranho.

- O que aconteceu com você? – Ela questionou desconfiada – Você está agindo um pouquinho mais estranho do que o normal.

Ele franziu a testa, ainda não parecendo compreender o que ela queria dizer com aquilo, e se levantou segurando sua respiração no processo. Marinette se aproximou dele tentando ver o que estava errado e ele se afastou um pouco, surpreso.

- Eu não sei o que você quer dizer – ele começou lentamente – É por causa dos croissants ou...

A azulada balançou a cabeça negativamente.

- Não, foi muito gentil da sua parte fazer isso – ela negou – É alguma outra coisa, algo no seu comportamento, quase como se você estivesse... Com dor? – sugeriu.

Chat Noir ergueu as suas sobrancelhas em compreensão e suspirou levemente, antes de dar um pequeno sorriso de canto.

- Ah, isso – ele disse levando a mão as costelas - Foi apenas um dia difícil no trabalho, nada com que precise se preocupar.

Marinette inclinou um pouco a cabeça para o lado, relembrando toda a luta que houve contra o akuma naquele dia. Chat Noir tinha levado muito golpes daquele monstro, mas não havia demonstrado em nenhum momento que estava machucado para a joaninha, na verdade tinha até tentado flertar com ela novamente, como sempre fazia.

- Como isso aconteceu? – ela perguntou, começando a se sentir culpada por não ter percebido o que estava acontecendo – Você contou para Ladybug?

O gatuno deu de ombros.

- Não, não tinha nenhum motivo para isso – ele comentou voltando a se deitar – Afinal, não é nada demais, é apenas um contusão. Não vai afetar meu desempenho na escola ou nas minhas atividades, então não quis preocupa-la à toa.

Ela esticou a mão pressionando contra o lugar que parecia machucado e Chat Noir gemeu de dor olhando para a garota com indignação estampada em seu rosto. Marinette franziu a testa, com mais preocupação do que antes, o gatuno estava realmente machucado e parecia querer esconder aquilo de todos a sua volta.

- Isso está realmente ruim, Chat – ela murmurou fechando a caixa de croissants e a colocando de lado – Talvez seja melhor descansar por um tempo, acho até que é uma boa ideia você não ir amanhã para a sua escola.

- Eu não falto na escola, a menos que seja absolutamente necessário – ele negou a ideia – Está totalmente fora de questão, isso já aconteceu antes, e eu consigo lidar. Apenas preciso tomar um pouco mais de cuidado.

Marinette uniu as sobrancelhas.

- Um machucado desses não conta como necessário? – ela protestou – E se alguém perceber?

- O meu “necessário” é apenas quando eu não conseguir andar em linha reta – ele esclareceu antes de começar a acalmá-la: – Não precisa se preocupar, Princess. Eu tenho algumas aulas de luta, e meu professor as vezes pega pesado, então eu posso o usar como desculpa se alguém perceber. Enquanto eu não demonstrar dor, consigo evitar qualquer problema.

A azulada juntou as mãos remexendo os dedos nervosamente.

- Eu não posso falar pela Ladybug, mas... – ela suspirou profundamente olhando para os olhos verdes despreocupados – Eu acho que ela iria querer que você pegasse mais leve, também.

Chat Noir desviou o seu olhar para o teto, evitando o da garota.

- Eu sei disso. My Lady é extremamente gentil e tenho certeza que se preocupa comigo. – seu sorriso diminuiu e ele a olhou com o canto do olho – Mas, eu só tenho liberdade quando uso essa máscara e não vou arriscar perder isso. Eu posso lidar com esses machucados.

- Tudo bem, estou vendo que não vou te convencer – ela comentou se deitando ao seu lado – Mas, se precisar de qualquer assistência depois das suas lutas ou se for apenas para conversar, fale com Ladybug ou me procure. Tenho certeza que nós duas podemos te ajudar.

Ela sorriu esticando a mão para acariciar o cabelo loiro macio, e isso o surpreendeu levemente antes de fechar um poucos os olhos, se rendendo ao pequeno carinho.

- É uma oferta muito gentil, Princess – murmurou lentamente – E eu sinto que devo me desculpar com você por interromper os seus estudos, e também por não ter vindo te ajudar nesses últimos dias... É que a escola, meus compromissos e a vida de super-herói...

- Não tem problema, Chat – ela balançou a mão despreocupadamente – Eu entendo tudo isso, e não estou irritada com você.

Eles ficaram em silêncio por alguns momentos e Marinette continuou acariciando lentamente se cabelo enquanto avaliava todas as lutas que tiveram juntos. Será que ele fez isso mais de uma vez? Ela se perguntou olhando para o gatuno, ela sempre tentou o proteger durante as batalhas para que não se machucasse muito, mais se aquilo estivesse acontecendo constantemente, significava que não nenhum conhecimento do que acontecia com seu próprio parceiro.

- Tem um motivo, totalmente racional, para eu não informar Ladybug sobre isso – ele recomeçou de repente, a assustando um pouco – Eu apenas não quero que ela se sobrecarregue com essas coisas tão banais. My Lady, tem o trabalho mais difícil e eu sou apenas seu suporte, sendo assim não quero a incomodar com essas situações em que ela não poderia ajudar, mesmo com sua vontade.

Marinette parou o carinho em sua cabeça e soltou um suspiro enquanto olhava para o gatuno, começando a se sentir constrangida pelo que iria revelar, mesmo que indiretamente.

- Você não devia pensar assim, eu tenho certeza que ela não ficaria sobrecarregada – ela corou levemente – Estou certa de que ela pensa em você e em seu bem-estar, mais do que você acredita, então você devia ser um pouco mais sincero...

Ele suspirou profundamente.

- Eu sei que ela pensa que sou um gatinho bobo, e talvez até ache que eu não sou capaz – ele comentou – Mas, eu acredito que ela se importa, mesmo não precisando muito de mim.

A azulada balançou a cabeça, querendo mudar aquela ideia que ele tinha em sua mente. Não era assim que ela via as coisas e faria tudo o que podia para mostrar isso para ele.

- Chat, isso não é um trabalho solo. Mesmo que ela seja a única a purificar o akuma, vocês dois trabalham duro até para chegar tão longe. Todos podem ver e dizer isso! – Ela explicou sentindo uma empolgação a atingir – Quantas vezes você salvou a vida dela? E vice versa? Ela precisa de você, por que vocês dois são uma equipe! E nada vai separar isso.

O gatuno soltou uma risada divertida e ela sentiu suas bochechas ficarem mais vermelhas.

- Eu entendo o que você quer dizer, mais é questão de perspectiva, Princess. Você já notou o quanto Ladybug é popular? Aquilo é por uma boa razão. – ele começou se virando para ela – Se eu perder, a cidade ainda poderia ser salva, porque eles tem ela. Paris precisa de Ladybug. Mas, ela precisa de mim. Ela salva as vítimas junto com a cidade, e eu sou a garantia de que ela vai conseguir fazer isso.

Marinette abaixou um pouco a cabeça dando um pequeno sorriso, essa era uma parte que ela não considerava que Chat Noir tinha, ele realmente havia a surpreendido.

- Você é muito altruísta – ela comentou, sentindo orgulho do gatuno enquanto pegava um croissant da caixa e levava até os lábios – Ladybug tem sorte por ter vocês como parceiro.

Ele deu de ombros, sorrindo.

- Bom, eu amo essa cidade. E eu a amo. – ele comentou olhando para o alto – É natural querer proteger o que eu amo.

A azulada quase engasgou com o croissant que mastigava quando ouviu aquilo, e olhou de olhos arregalados para o garoto que não parecia nem um pouco preocupado em contar aquilo. Como se ela fosse sua confidente ou uma psicóloga licenciada.

Por sorte, ou azar, antes que pudesse começar a gaguejar e se atrapalhar nas palavras, uma batida na porta de seu quarto surgiu alertando os dois, que levantaram sentando na cama no mesmo momento.

Aquilo poderia ser um problema.

Marinette Off

Adrien On

A azulada se levantou da espreguiçadeira e agarrou o braço do gatuno o forçando a levantar, e apesar de saber que não podia fazer mais nenhum barulho, não conseguiu evitar o pequeno gemido de dor que saiu de sua boca. Ele percebeu o pequeno sentimento de pânico na expressão da garota enquanto o arrastava pelo quarto, o mais silenciosamente que podia, e o obrigava a subir até a sua cama.

Chat Noir se encostou na parede e se abaixou, se escondendo no meio das sombras, observando discretamente enquanto Marinette abria a porta do quarto, revelando Tom que olhou em volta do quarto, um pouco confuso.

- O que aconteceu, Papa? – Ela perguntou, olhando para o pai com um pouco de apreensão – Algo de errado?

O homem deu de ombros, se voltando para sua filha.

- Não é nada, querida – ele murmurou lentamente – Eu apenas ouvi vozes saindo do seu quarto e pensei que havia alguém aqui com você.

Ela assentiu lentamente, dando um pequeno sorriso culpado.

- Eu estava conversando com Alya pelo celular – ela mentiu com cuidado – Mas, não precisa se preocupar, eu vou ir dormir agora.

Tom sorriu docemente para a azulada, e deu um pequeno beijo em sua testa.

- Boa noite, filha – ele desejou descendo as escadas – Tenha bons sonhos.

- Você também, Papa – ela disse antes de fechar a porta e olhar na direção da cama.

O gatuno saiu das sombras, olhando para ela com um sorriso divertido em seu rosto, enquanto segurava uma risada. Tinha o sentimento de uma criança travessa que havia feito alguma pegadinha com alguma pessoa e Marinette, ao ver aquela expressão em seu rosto, revirou os olhos dando um pequeno sorriso, antes de caminhar até a cama onde estava.

- Você improvisou muito bem, Princess – ele elogiou – Parecia até que tinha ensaiado tudo aquilo. Me surpreendeu.

Ela se sentou, de frente para ele e deu de ombros levemente.

- Me desculpe por isso. – Ela suspirou – Meu pai conhece o Chat Noir, então ele não iria ficar tão irritado por te encontrar aqui, mas...

- Mas, explicar tudo isso poderia ser um pouco complicado... – ele completou considerando tudo o que podia ter acontecido – Há uma diferença entre conheceu um super-herói e encontrar um garoto estranho no quarto da filha... E eu prefiro não provocar um pai que apenas quer proteger sua garotinha de gatos travessos.

Ela assentiu em concordância dando uma curta risada e ele ergueu a mão até a claraboia, logo acima de onde estava, e a abriu deixando que o vento frio invadisse um pouco o quarto da garota. Ele percebeu que Marinette olhou aquela cena com um pouco de decepção, da qual tentou disfarçar o máximo que podia, mais seus olhos não mentiam.

- Você já está indo? – Perguntou o olhando com seus olhos azuis.

Chat Noir deu um pequeno sorriso, se aproximando dela com cuidado para não a assustar.

- Eu tenho que ir antes que alguém note que eu saí, mas não precisa se preocupar, para o seu azar, eu irei vir te visitar amanhã – ele comentou, dando um pequeno e duradoura beijo em sua bochecha – Boa noite, Princess – disse, antes de escapar para a sacada.

Fechando a claraboia e tirando seu bastão das costas, para poder se locomover de volta para a sua casa. Estava prestes a saltar da sacada lindamente decorada, quando ouviu a voz suave da azulada surgir de dentro da casa.

- Boa noite, gatinho – ela pareceu sussurrar.

E aquilo o deixou com uma felicidade, um pouco nostálgica, antes de pular para o prédio mais próximo até chegar a mansão, onde se destransformou e foi dormir.

Com aqueles olhos azuis delicados presos em seus pensamentos.

Adrien Off