História Miraculous Ladybug - The Awakening. (Adrinette e Marichat). - "Amor de verdade".

-oOo-

- Um momento! - Marinette exclama, quando escuta batidas na portinhola do seu quarto. 

- O que você fez, Marinette?? - Tikki pergunta, enquanto a dona desesperadamente escondia os kwamis que estavam soltos. 

Tikki não conseguia saber o que acontecia quando ela estava transformada em Ladybug, então não tinha como ela adivinhar o que a dona tinha feito. 

- Possivelmente o pior erro da minha vida. - O kwami vermelho suspira, com medo do que poderia ter sido, mas também não achando que tinha sido tão grave, indo se esconder também. 

Vendo que seria impossível ela deixar o quarto sem nem resquício das criaturas mágicas, pelo simples fato deles terem deixado a sua marca por todo lugar, Marinette resolve que seria melhor subir, do que deixar ele entrar. 

- Hey. - Cat se assusta quando ela aparece, subindo e achando estranho o fato dela fazer isso e não deixar ele entrar, como normalmente.

- Está tudo bem? - Ele pergunta preocupado, olhando por cima do ombro de Marinette, para ver se achava algo de estranho no quarto da garota. 

- Tudo ótimo. - Ela ri sem graça, já que definitivamente não estava esperando que ele fosse vir do nada. 

  Os dois se encaram, um tanto quanto sem reação, deixando que a realidade caísse nos ombros de ambos. 

Eles se gostavam. E tinham admitido isso pela primeira vez para si mesmos. Era estranho o novo sentimento que estava tomando conta, os deixando bem consciente de cada ação a sua volta. 

E o pior, e que deixava tudo ainda mais confuso, os dois sabiam que um gostava do outro, mas ambos também não poderiam falar que sabiam sobre isso ou então entragariam as suas identidades. Era o romance mais confuso que alguém poderia ter. 

  - Então... - Cat coça a cabeça nervoso, não sabendo direito o que fazer. Nenhum dos dois tinham admitido que gostavam um do outro, apesar de saber, então ele não poderia começar com isso. 

- Então... - Marinette se balança nas pontinhas dos pés, também não tendo a mínima ideia do que ele tinha vindo fazer. 

Como Ladybug, ela tinha encorajado ele a vir aqui e falar a verdade e com isso, na cabeça dela, implicava também "terminar" a amizade deles. Era triste? Era. Era o mais seguro e certo? Era também. Ela queria isso? Jamais. 

A questão que foi uma coisa egoísta, foi que ela não precisava que ele viesse nem que ele explicasse nada. Ela já sabia. O fato dela ter falado pra ele vir falar com ela foi unicamente para suprir o seu desejo de pelo menos ter uma despedida descente dele, já que ela sabia que a partir dali, qualquer atração que ele pudesse ter por ela, em qualquer forma que fosse, começaria a se acabar. 

Parecia que eles simplesmente não foram feitos para ficarem juntos, mesma coisa que tinha acontecido com ela e Adrien mais cedo. 

- As minhas visitas provavelmente vão ficar menos frequentes... - Não era uma mentira. E era pra isso que tinha vindo ali, certo? Avisar do porquê que iria sumir? Sim, era isso. 

- Oh... - Lembrando que ela tinha que ter uma reação mais surpresa que isso, Marinette acrescenta. - Por que? Aconteceu alguma coisa? 

Bem... Tinha acontecido muita coisa sim. Coisa até demais para processar num espaço tão curto de tempo, se ele fosse falar a verdade. 

  - Isso não vai ficar mais seguro para você, na verdade, bem pelo contrário... - Lutando um pouco para achar as palavras certas, ele continua. - Não sabemos como o Hawk Moth trabalha, se ele estiver observando ou sei lá e perceber que pode te usar para me afetar, ou a sua família... Só não quero e nem posso correr esse risco. 

Cat vai ficando triste a cada palavra, toda a felicidade que a simples expectativa de ver Marinette trouxe, indo embora. Ele não tinha se tocado que seria uma despedida. Ele estava bem triste e se sentindo burro, porque o que diabos ele esperava? Que eles conversassem e pronto? Combinassem mais visitas? Simplesmente não tinha como. 

- Eu... Entendo. - Marinette consegue falar por fim, também sentindo a realização chegando. 

O gatinho nunca mais ia lhe irritar, batendo na sua porta. Nunca mais iria encher seu saco, olhando as fotos na sua parede. Nunca mais iria cozinhar algo com ela. Era como se só agora que ela soubesse que essas experiências tinham sido únicas, que elas se tornaram tão importantes. 

Se ela soubesse, teria aproveitado mais, no lugar de muitas vezes ficar irritada com o comportamento brincalhão de Cat. 

- Mas, olha o lado bom... - Marinette levanta a cabeça, confusa, tentando achar o lado bom. - Se isso te coloca em perigo, é porque eu me preocupo com você e não tem honra melhor que isso. - Ela ri, da clara tentativa dele de tentar melhorar a situação. 

- Gatinho bobo. - Ele sorri com o apelido, ainda não querendo ir embora. 

Marinette também não queria que ele fosse, então começa a pensar em alguma coisa para falar que o mantivesse ali por mais algum tempo, mesmo não sabendo o que.

- Amanhã tem previsão de chuva... - Ela e Cat Noir se encaram, depois dela falar isso muito séria e então eles rirem, já começando a sentirem falta um do outro e de momentos como esse. 

- Obrigado por me avisar, princess. Vou preparar o meu guarda-chuva... - Ele se interrompe, lembrando que o guarda-chuva que tinha, tinha dado para Marinette como Adrien, no primeiro dia que se conheceram. 

Era tão estranho lembrar de um fato tão longe no passado e olhar como eles estavam agora. Ele não poderia imaginar que desde do dia que tinha dado um guarda-chuva para a sua colega de classe as coisas iriam acabar assim... Ou quem sabe, começar. 

Talvez, com Cat fora de cena, Adrien tivesse a mínima chance. 

- Sabe, Marinette, eu vou sentir a sua falta. - Ele admite, por fim, com um sorriso ainda no rosto pela risada. 

- Eu também vou sentir a sua, Chat. - Eles estavam tristes, mas felizes, por pelo menos estarem tendo tempo de alguma despedida. 

- Quando toda essa bagunça acabar... - Ele se interrompe, sabendo que não poderia prometer nada, por mais que quisesse. - Eu queria que a gente tivesse mais tempo. - Cat fala, se apoiando na sacada. 

- A gente ainda tem um pouco... - Era uma despedida, mas ele não tinha que ir embora agora. 

Respirando fundo e tomando coragem, Marinette pergunta: 

- Quais são as chances de nos vermos de novo? - Cat dá de ombros, amuado. 

- Possivelmente, zero. - Ela concorda, mesmo sabendo que isso não era verdade, pois o veria como Ladybug. 

- Então, qualquer coisa que fizermos hoje, fica esquecido, certo? - Ele não entende a onde ela estava querendo chegar. - Certo...? 

- Certo, eu acho. - Ele dá de ombros, confirmando e querendo saber como o seu raciocínio iria terminar. 

- Feche os olhos, então. - Ainda confuso, ele obedece, uma cortina escura caindo sob os olhos e bloqueando a sua visão, quando ele faz isso. 

Ela queria testar uma coisa. 

Quem sabe isso a ajudaria a colocar os sentimentos no lugar? Ou, bem que provável, que apenas piorasse a sua situação. 

Mas, se aquela fosse realmente a última vez que eles iriam se ver, ela precisava fazer isso. Como Marinette. Não como Ladybug. 

Ela precisava tomar coragem por si para fazer e não pelo bebida ou pela confiança que um traje mágico trazia. Poderia ser uma ideia estúpida, burra, irresponsável... Mas necessária. 

- Cat? - Cat Noir continuava com os olhos bem fechados, concentrado em sua volta, mas Marinette tinha bom reflexos e pisava leve no chão, quando não estava sendo atrapalhada, então ele não escutou quando ela se aproximou. 

- Abra os olhos... - Ela sussurra, sua respiração batendo no lábio do gatinho, que estava apoiado na bancada. 

Sua visão automaticamente foca em Marinette, muito, muito perto. Sua cabeça estava correndo com pensamentos de como isso não deveria acontecer, mas o seu coração estava batendo alto no peito, em expectativa. 

Ficando na ponta dos pés, a mestiça encosta seus lábios no do super herói de forma calma, carinhosa, uma leve carícia, não podendo ser considerado um beijo. Ela estava apenas testando o local, sentindo a textura da boca dele na dela. 

  Ignorando tudo nele que dizia que precisava se afastar, Cat abaixa a cabeça, facilitando o seu alcance e começando o que poderia ser considerado um beijo. Um de verdade, mesmo que eles estivessem rodeados por mentiras. 

Esse beijo foi diferente dos outros. 

Era tudo o que eles queriam falar um por outro, mas não conseguia por em palavras. O carinho. O cuidado. A saudade que sentiriam de algo que tinha acabado de começar e encontrado o seu fim na mesma noite. 

Não querendo que acabasse e nem deixar ela ir embora, o braço de Cat contorna a sua cintura, a trazendo para mais perto, conforme Mari circula o seu pescoço com os dois braços. Eles estavam se mantendo próximos, sabendo da distância que viria em poucos minutos. 

Beijar Marinette como Cat era diferente de beijar como Adrien. Parecia mais puro. Mais real. O que era bem controverso, levando em conta que ali era a sua forma mais cheia de segredos e mentiras. 

No fim, era apenas ele mesmo, beijando Ladybug como ela realmente era, sem nem ao menos saber. 

Ali, naquela noite, eles tinham selado o seu amor por suas verdadeiras identidades e personalidades, envolta de mentiras, tristeza e separação, o sentimento mais puro tinha ganhado forma. 

-oOo-