O vento se encontrava com o corpo gélido de Mari e o calor da manhã a aquecia rapidamente.
Soltou sua mão da maçaneta e guardou a chave no bolso da calça.
Virou-se vagarosamente e começou,em passos lentos,a se afastar da porta e da casa.
Andava calmamente,mas,contia dentro de si o medo e o nervoso que estava de estar naquela situação.
"Sair se tornou tão difícil assim?"
Pensou e sorriu ao ver como seu corpo estava reagindo a essa simples situação.
Lembrava das vezes em que ficava na porta,lutando para sair e de como seu corpo simplesmente paralizava e tremia sem parar.
Das noites em claro onde tudo que ela ouvia eram gritos e estrondos,choros e clamores e assim fazendo Mari chorar e suplicar baixinho.
Realmente,Mari ficou até triste ao lembrar de tudo que havia acontecido desde o ataque,e continuou assim até se aproximar da escola.
Quando notou que estava chegando,se espantou.
"Não lembrava de ser tão rápido?"
Pensava enquanto "voltava".
Passou pelos portões calmamente,com a cabeça baixa e as mãos nos bolsos da jaqueta.
O porteiro logo a reconheceu.
-"Mari?"-o simpático vovô não hesitou em chamá-la.
Mari logo se virou na direção do senhor e imediatamente sorriu.
-"Como estás,pequena?"
-"Estou bem,obrigada."-Mari responde,não tão segura de sua resposta.
-"Não lembras de mim? Sou eu,senhor Takashi!"-o senhor responde alegremente-"...o porteiro."
-"Claro! Olá!"-Mari sorri e envergonhada acena.
-"Estás sumida,está tudo bem mesmo?"
-"Mais ou menos,é que...e...eu estive de cama,doente."
-"Doente?"
-"Sim,sabe aquelas doenças que te pegam do nada e logo você se vê de cama,sem poder levantar..."
-"Entendo,mas,se estás de pé já é um belo progresso."
-"Eu não sei."
-"Doença demais,as vezes,é cabeça."
Mari se espanta ao ouvir aquilo e logo desvia o olhar.
-"Bom,melhoras para você,minha querida.
Volte logo e bem recuperada."
-"Muito obrigada,senhor."
Ambos acenam e Mari começa a se afastar de novo,entrando na escola.
Quando está para subir as escadas é parada pela inspetora que pedi para que ela esperasse fora da escola,achando que Mari não era aluna.
Mari sem saída prefere obedecer,discutir com uma inspetora não seria a melhor saída,ela certamente teria mais problemas ao retornar.
Saindo da escola e passando mais uma vez pelo "bom velhinho",acenando com um sorriso já que ele era muito fofo e educado,se dirigiu cabisbaixa para uma pracinha próxima.
Ao chegar,logo se sentou em um banco que ficava entre duas grandes árvores e assim deixavam o banco a sombra.
Pega o celular e logo viu o recado.
"Mari,a "inspetrouxa" me pegou saindo antes do horário,quase ferrei o "bom velhinho"de novo.
Me espere um pouco,saindo da aula vou te encontrar no jardim.
Sora"
Mari sorriu e logo começou a digitar o seu recado para Sora.
O vento batia mais forte contra Mari,porém,ela apenas sorria,parecia se divertir e estar mais calma.
Nos ouvidos do jovem rapaz distraído,uma música calma e suave,com uma batida calma,possível até se acompanhá-la com seus passos,dependendo da velocidade com que andas,e uma voz marcante,inconfundível,tocava,o deixando bem fora daquela real barulheira.
Até mesmo de manhã cedo,já se ouvia os carros e mais barulhos,típico de uma cidade que "não para".
Seus cabelos balançavam suavemente sobre seu rosto,sem incomodá-lo.
O distintivo em seu peito era exposto assim que o vento batia contra seu casaco.
Para ele esse vento era apenas um sinal,estava se aproximando da praça.
Calmamente andava e cantava baixinho com habilidade,já que a pessoa que o canta usa de tal rapidez para expressar-se na música,sem olhar para a frente.
Porém,logo ao levantar o olhar,algo logo lhe chama a atenção,uma coisa miúda a planar sobre ele,sua cor se confundia com a cor do céu e tinha alguns detalhes com um outro tom de azul mais escuro.
Ele para a observar aquela miúda a voar majestosamente e mal percebe ela se aproximar.
Percebe que é uma borboleta pequena que ao se aproximar dele,pousa delicadamente em seu nariz,espantando o rapaz que logo gargalha.
Em meio aos risos,acaba espirrando espantando a borboleta de seu nariz,mas,o rapaz rapidamente estende o dedo e a borboleta pousa delicadamente em seu dedo,batendo as asinhas.
O rapaz sorri e ao virar o rosto para o lado,distraído,seu olhar de prende em alguém,na praça do outro lado da rua.
É uma garota e está sorrindo sozinha com os olhos presos em seu celular azul.
Aquela cena o deixou intrigado e logo suas bochechas coraram,mediante ao que se passava em sua cabeça vendo aquele sorriso.
A borboleta logo o deixou.
Um vento mais forte deixava tudo mais "mágico".
A garota logo se assustou e ao olhar ao redor,ria e seus cabelos eram desprendidos pelo vento.
Os longos cachos começaram a balançar majestosamente,cobrindo até o rosto da garota,mas não ofuscando em nenhum momento o seu sorriso.
O garoto logo arregalou os olhos e deu um passo para trás ao ver que estava a alguns metros da garota que ele tanto procurava.
A pulseira em seu pulso era tudo o que ele tinha dela e ao lembrar disso,sorriu largamente.
-"M."-sussurrou olhando fixamente para a garota.
Em pique,saiu de seu caminho e tomou outro.
Atravessou a rua e cruzou a praça apressadamente,com um grande sorriso nos lábios.
Mari,confusa com tudo o que estava acontecendo,apenas gargalhava de seu "mico" e arrumava os cabelos para prendê-los novamente.
Amarrou-os num coque básico e seu celular vibrou,notificando uma nova mensagem.
Mari olhou para o celular e viu uma pequena luz dourada a brilhar.
Mari se espantou e ao mesmo tempo de lembrou da vez em que aquela luzinha brilhou em roxo,nos provadores,no ataque,brilhou em verde ao encontrar Yoko as primeiras vezes.
Seu coração "gelou".
Ao levantar o olhar,viu,"desfocadamente" um rapaz alto com os cabelos levemente compridos e um sorriso,se aproximando do banco onde ela estava.
Mari se apavorou ao ver o distintivo em seu peito e logo se levantou,com medo,e correu,mas,sentiu um leve puxar em seu pulso a fazendo virar violentamente e esbarrando contra o corpo do rapaz.
Mari o olhava assustada e ofegava com uma mão no ombro do rapaz e a outra sendo segurada pelo mesmo.
Ele a olhava fixamente,seus olhos não saiam dos olhos da menina,que agora brilhavam em azul,fracamente,com uma mão levemente repousada em sua cintura.
A posição em que eles estavam naquele momento era semelhante a de uma valsa.
Mari olhou nos olhos do garoto,finalmente,e viu eles brilharem em dourado,o que a espantou,mas,não a assustou,eles a acalmavam.
O olhava como se o conhecesse a séculos,sentiu uma felicidade esquisita vindo de seu peito,como se,por algum acaso,suas vidas já tivessem se encontrado,como se um laço já existisse entre eles,isso a espantou mais.
O silêncio contribuiu para que aquele momento fosse o mais marcante.
Ele se aproximou lentamente dela e apertou sua mão delicadamente,seus rostos se encontraram e Mari permanecia sem reação.
Seus lábios estavam próximos,muito próximos,e a garota apenas ofegava e o olhava,talvez já esperando por aquilo.
Apertou levemente sua mão e o garoto sorriu e avançou.
Seus lábios se encontraram por um milésimo de segundo e então seus celulares tocaram,ao mesmo tempo,a mesma música.
Mari e o garoto se afastaram bruscamente e se olharam espantados pelo o que estavam fazendo.
Soltaram as mãos por último e se olharam envergonhados,principalmente o garoto.
Ao mesmo tempo atenderam os telefones.
-"Alô?...Sim...estou na praça!...Certo...te vejo logo."-sincronizadamente falavam e se olhavam espantados.
Mari não se contentou e ao desligar o celular,logo falou:
-"Você é maluco? Que porra estava fazendo?"-Mari comenta,revoltada.
-"Maluco não,prefiro apaixonado.
É quase a mesma coisa."-o garoto responde firme com um sorriso irreverente.
-"EU...e...eu nunca vi você,como pod..."
-"Não pense que nunca te vi,acaba sendo inevitável não te ver."
Mari muda de expressão,ficando totalmente boquiaberta pela firmeza e até mesmo tranquilidade.
-"Mas acredite e...eu não sei o que deu em mim agora,me senti..."-o garoto suspira-"...controlado."
-"O que?"
-"Sério,mas,ô! Você não reclamou e nem lutou,então,quer dizer que voc..."
-"Não ouse!"-Mari o interrompia,irritada.
O silêncio predominou entre os dois que já não paravam de se olhar.
-"Você sentiu a mesma coisa que eu?"-o garoto quebrava o silêncio,olhando Mari envergonhado.
-"Eu não sei,na verdade,eu não sei de nada,não consigo..."
O garoto se assusta com a resposta e logo se cala,surpreso.
Mari o olha seriamente,e raiva sobe rapidamente a sua cabeça e,inesperadamente,avança em direção ao garoto que se assusta e levanta as mãos assustado.
Mari o olha com fúria e estapeia o lado direito do rosto do garoto,que permanece surpreso pela atitude e põe a mão sobre a marca que ficou em seu rosto.
Mari bufando logo percebe o que fez e muito envergonhada dá alguns passos para trás e se afasta,suspira,olha para o lado.
-"Desculpa."-diz com tom triste.
Caminha se afastando do garoto o deixando,sem ao menos olhar para trás.
O garoto nada fez e apenas sorriu,lembrando de maneira carinhosa da garota confusa que agora deixou nele sua primeira marca.
Mari se esqueceu até de Sora,desistiu de esperá-la e seguiu seu caminho de volta para a casa.
Seu celular ainda tinha a luz dourada,o que a deixava mais confusa,porém,o que mais a atormentava.
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