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História Miranda: Midwinter - Capítulo XVIII: Where Am I?


Escrita por: rooskxya , Maxtrome , chaegwr e pcy_92

Notas do Autor


Para ter uma experiência melhor, escute a playlist do primeiro livro da saga Miranda no Spotify!
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Capítulo 18 - Capítulo XVIII: Where Am I?


Juan Hussie

Há 9 anos...

Sim, seria tudo perfeito, incrível, pelo resto de nossas vidas.

Nós estaríamos sempre unidos.

Até um dia calmo e chuvoso...

Sim, foi nesse dia que tudo mudou. Eu e ele... Dylan... Meu... Namorado. Já fazia meses que ele vinha com essas ideias malucas sobre portais e a criação de uma nova ilha que mudaria para melhor a vida de todos. Na verdade, no início, eu concordei com as ideias. Ele realmente era convincente.

Mas depois veio um assunto sobre algo que ele dizia merecer. Ele queria ser... Um governante, um rei, um ditador. Ele queria criar um novo mundo e ser o dono dele. O dono de uma nova ilha, junto a mim.

No começo, imaginei que fosse brincadeira. Só algo que ele estivesse dizendo do bico pra fora, só ideias bobas. Por isso, eu não me preocupei. Mas foi nesse dia nublado que percebi que ele estava falando sério.

— E, então, esse portal nos levará para esse mundo mágico, onde seremos como deuses! — Ele disse, abrindo seu caderno e mostrando suas anotações. O caderno era de capa dura, sem nenhum desenho estampado nela, apenas a cor marrom.

Eu peguei o objeto e coloquei sobre a mesa na qual estávamos em volta. Nós dois estávamos lado a lado, sentados em cadeiras de madeira que ficavam em frente a uma mesa do mesmo material. O local onde nos encontrávamos era a biblioteca da escola, um lugar não muito grande, mas com muitos livros e várias coisas para o aprendizado.

O chão era feito com vários pisos marrom avermelhados. Logo ao lado da entrada tinha um balcão onde alguns pinguins, trabalhadores do local, ficavam. A função deles era registrar todos os livros que os alunos pegavam emprestados.

Várias estantes eram posicionadas em diversas maneiras. A maioria tinha o mesmo formato retangular, mas tinham algumas que eram como um prisma triangular, e outras eram semelhantes a um prisma circular, com suas prateleiras subindo em espiral. Aquele lugar até parecia um pouco surreal.

A biblioteca de Gary’s School, um lugar simples, pequeno, mas um paraíso de livros e uma cena magnífica para leitores. Não era muito frequentado pela maioria dos pinguins, a não ser quando um trabalho escolar era passado, mas pelo menos as pessoas que iam lá por vontade própria eram apaixonadas por livros. Uma pinguim pequena, de aproximadamente 10 anos, andava por ali, carregando seis livros em suas nadadeiras. Ela quase não os aguentava. Certamente era uma menina muito estudiosa.

— O quê? Mas é só um livro pequeno de arquitetura! Por que eu não posso pegar ele emprestado também? — A pinguim dizia para a bibliotecária.

— Desculpe, mas o máximo de livros que você pode pegar emprestado é cinco. Eu já te disse isso várias vezes... — Não me lembro exatamente o que a bibliotecária dizia depois disso. Ela provavelmente dizia o nome da pinguim, que, se não me engano, começava com M.

Voltei minha atenção ao caderno novamente, depois de uma rápida olhada em volta. Com uma nadadeira, levantei sua capa e abri a primeira página. Vi vários cálculos que Dylan tinha feito.

— Espera, deixa eu te mostrar a página certa — Ele disse. Rapidamente, pegou o caderno de volta e o folheou um pouco até encontrar o que queria. Logo após fazer isso, me entregou o caderno novamente.

Observei as duas páginas do caderno aberto e vi o desenho de algo que estava planejado para ser um portal. Era até um pouco surreal. Ele era feito com um tubo que iria se abrir. Dentro dele, seria criada uma energia para que ele fosse ligado e teletransportasse alguém.

— Wow, que incrível! Então, como pretende fazer isso? — Perguntei, enquanto observava os cálculos em volta.

— Bom, eu procurei em vários livros da biblioteca, olhei em várias coisas na internet, também, e até consegui falar com o próprio Gary. Foi difícil, mas acho que vai dar certo. Só preciso resolver uma única equação para finalmente criá-lo. O legal é que esse portal também envolve... Imaginação — ele explicou.

— Imaginação, como assim? — Indaguei, virando a página e observando a próxima, lendo alguns cálculos e anotações.

— Bom, essa ilha para onde o portal levará não será bem um lugar que existe... Ainda. O lugar será criado junto com o portal! — Ele disse, entusiasmado.

— Sério? E como você vai fazer isso? — Eu falei, empolgado, enquanto olhava em seu rosto. Seus cabelos pretos cobriam sua testa.

— Eu precisaria de algo que eu ainda não tenho. É tipo a única coisa que falta, a chave restante. — Eu esperei ansioso para saber o que era. “Magia.”

— Magia? Mas como você vai conseguir? Isso não é bem raro? — Eu falei, surpreso com a resposta. Observei em volta até localizar com meus olhos a estante de livros medievais. — A bruxa que mais marcou a história foi Garianna, por ter banido Scorn, apesar de o ter libertado em primeiro lugar... Mas eu não sei de nenhuma bruxa que existe atualmente.

— É, eu não sei como vou conseguir, mas eu consigo sentir. Tem algo nessa ilha me chamando a atenção, tem alguma bruxa em algum lugar aqui, eu sei! — Respondeu.

— É, eu espero... Isso parece bem interessante! — Eu voltei a folhear o caderno após isso. Tinha várias anotações, contas... Até que eu cheguei em uma página específica. E eu senti uma ansiedade, um calafrio quando vi aquilo.

A imagem era um desenho. Estávamos nós dois, Juan e Dylan, no meio. E nós usávamos roupas de reis e tínhamos sorrisos em nossos rostos. Até aí tudo bem. Mas, à nossa volta, vários pinguins se encontravam, curvados, abaixados no chão. Eles formavam um círculo a nossa volta.

— Dylan... O que é isso? — Perguntei, olhando aquilo. — Espera, você não estava falando sério sobre sermos tipo reis, né?

— Por que não seríamos? — Ele perguntou. — Fui eu que criei esse lugar, nada mais justo do que eu mandar em todos, certo?

— Ah, claro... — Eu disse, tentando acalmar as coisas. — Mas nós vamos só ter privilégios, certo? Tipo, nós não vamos obrigar eles a fazer nada.

— Juan, Juan... — Ele disse, se aproximando de mim com sua cadeira e colocando sua nadadeira em meu ombro. — Olhe para nós. Você é inteligente. Eu sou inteligente. Somos gênios. O portal está quase pronto, só precisamos de uma equação restante e uma bruxa para realmente criá-lo. E fizemos tudo isso sozinhos. Não acha que nós merecemos algo melhor do que só sermos pinguins normais? Se fizermos isso, poderemos controlar a vida de cada pinguim, de cada um deles. Seremos poderosos, todos irão nos respeitar!

— É... Eu acho que eles iram mais é nos temer... Dylan, eu não sei se isso está certo. Isso vai contra meus ideais. A ideia de uma ilha nova é incrível, mas o que você está querendo fazer não é tão legal... — Eu disse, tentando argumentar.

— Você não vê? Crimes ocorrendo em todos os lugares, falta de respeito às autoridades... Nessa ilha, se nós mandarmos nela, nada disso existirá! — Ele disse.

— Sim, certo. Crime deixando de existir, ótimo. Mas eu li suas anotações... — Eu disse, apontando para o caderno. — Isso parece mais uma ditadura. Você não está dando liberdade de expressão para os pinguins. Isso vai muito contra meus ideais! — Argumentei, dizendo a última frase pela segunda vez.

— Ah, você também, Juan? — Ele falou, tirando a nadadeira de meu ombro e se afastando um pouco de mim. — Igual a todos, você está discordando de mim! Minha família, meus amigos, eu imaginei que eles fariam algo assim... Mas você, eu esperava mais de você!

— Espera, amor, nós podemos resolver isso, vamos conversar! — Eu falei, quando vi que ele fechava o caderno e se preparava para colocá-lo na mochila.

— Não me chame de amor! Está tudo acabado! Eu continuarei sozinho! Eu encontrarei uma pessoa que saberá fazer a equação restante, encontrarei a bruxa que criará o portal. Você vai ver, Juan. E quando chegar o momento, você irá se arrepender de não ter me apoiado! — Ele guardou o caderno na mochila, e logo depois fechou o zíper. Eu me levantei da cadeira rapidamente, derrubando-a no chão.

— Espera, não! — Tentei dizer, com lágrimas nos olhos, mas ele já corria para fora da biblioteca sem nem olhar para mim.

Logo depois, vi alguém chegar perto de mim. Era a bibliotecária.

— Faça silêncio na biblioteca! — Ela exclamou, um pouco brava comigo, fazendo uma cara feia, enquanto levantava a cadeira que eu acabara de derrubar.

— Me desculpe... — Falei, secando as lágrimas dos olhos. Peguei minha mochila, que estava em cima da mesa, e a coloquei em minhas costas. Depois, saí da biblioteca lentamente.

Não era possível. Eu e Dylan brigávamos de vez em quando, mas no final tudo sempre dava certo. Mas ele nunca tinha falado comigo daquela maneira.

Eu esperava que as coisas dessem certo no final, por mais que um sentimento profundo em mim já tivesse certeza que talvez nunca voltaríamos a nos falar novamente.

***

— Ok, concentrem-se e joguem a esfera em si mesmos! — Eu disse, na Sala de Comando da EPF. O local estava sendo revistado por alguns Encapuzados, mas, por sorte, tínhamos roubado algumas das esferas de teleporte e agora iríamos sair dali e ir para o iglu de Greeny. “Três, dois... Aaah!”

A cena seguinte aconteceu em uma enorme rapidez. Senti alguém pulando em cima de mim e me derrubando no chão. Com esse acontecimento, acabei derrubando a esfera que eu segurava, e ela caiu no chão, se quebrando imediatamente.

Não sei exatamente o que aconteceu depois, mas parece que o pó que se espalhou da minha esfera ao se quebrar fez meus amigos se teleportarem para o local onde eu estava pensando. Só sei que, um segundo depois, me vi sozinho naquela sala, apenas com o pinguim em cima de mim, me segurando.

— Não, pessoal! Não me deixem! — Eu gritei, tentei pedir por ajuda. Por fim, o momento que eu tanto temia tinha chegado. Eu fora capturado, igual à maioria dos pinguins da ilha. — Por favor...

Logo depois, o pinguim que me segurava por trás colocou algemas em minhas nadadeiras e me fez me levantar. Eu observei a cena ao meu redor.

Cinco encapuzados tinham entrado na Sala de Comando. Um deles se encontrava amarrado logo ao lado da entrada. Outros dois estavam na prisão protegida a laser, esperando que alguém desligasse os lasers para que eles pudessem sair. E, junto a eles, vi outra pessoa, que não tinha reparado antes. Ele não tinha um capuz igual aos outros. Pelo contrário, usava roupas normais, como uma blusa vermelha, uma calça jeans e um cabelo castanho avermelhado.

Rapidamente deduzi que ele poderia ser o Marty, o pinguim pelo qual Greeny estava se passando por. Ele provavelmente tomava conta do QG antes da bruxa chegar.

Depois, olhando à minha frente, vi que era o quarto encapuzado. Ele estava olhando uma das salas do QG, mas provavelmente ouvira o barulho e viera ver o que estava acontecendo. Ele era o que havia me detido.

Logo depois, localizei o quinto. Ele estava no lugar onde ficavam os botões para abrir ou fechar a prisão. Então, ele desativou o laser, fazendo com que os três que estavam presos pudessem sair.

— Hahaha. O chefe ficará muito feliz ao saber quem é que encontramos... Vamos receber um pagamento extra, aposto — O encapuzado à minha frente disse. Ele tinha uma voz grossa e levemente rouca.

Tentei manter minha expressão séria, por mais que estivesse apavorado. É claro que eu gostara de saber para onde os pinguins desaparecidos eram levados, mas não daquela maneira... Não sendo capturado, sozinho. Uma enorme ansiedade tomava conta de mim. Eu queria gritar, chorar, fazer alguma coisa, mas eu só podia ficar parado, olhando seriamente para aquele pinguim em minha frente.

— Juan Hussie. Boa sorte onde está indo — ele disse, com um tom de sarcasmo. Depois, levantou sua nadadeira. Lá estava: uma esfera preta. Eu sabia que estava prestes a descobrir para onde os pinguins iam. É, tinha chegado a hora. Senti a esfera se chocar com meu corpo alguns segundos depois, e vi ela se quebrar. A fumaça começou a se espalhar depois de uma fração de segundo. Ela começou a envolver meu corpo, e foi aí que comecei a me sentir leve. Pareceu que eu tinha começado a flutuar, uma sensação semelhante à de quando entrei no portal para a dimensão das caixas. Essa sensação durou por alguns segundos, até que...

Toquei o chão novamente. E aí comecei a sentir frio. Eu queria me abraçar e me aquecer, mas as algemas em minhas nadadeiras as mantinham em minhas costas. No começo, não vi nada. Estava tudo escuro demais para que eu enxergasse qualquer coisa. Olhei para os lados e comecei a sentir um pouco de claustrofobia. Era uma sensação horrível a de estar no escuro.

— Ei! Alguém aí? Onde eu estou? — Finalmente, depois de alguns minutos, resolvi falar.

— Oh, temos alguém novo? — Alguém disse, alguns metros perto de mim. — Dolds, vamos lá, brilhe!

Eu hesitei alguns segundos. Me senti um pouco melhor em saber que tinha mais alguém naquele lugar. Não entendi o que ele quis dizer com Dolds, até se passarem alguns segundos e um puffle dourado começar a brilhar.

Agora eu tinha um pouco de luz e conseguia ver algumas coisas a minha volta. Eu parecia estar em uma caverna. As paredes eram de pedra. Olhei em volta e vi vários pinguins por todos os lados, uma enorme quantidade. Porém, a luz do puffle não ia muito longe.

— Oh, obrigado pela luz, Dolds — Agradeci. — É... Qual é seu nome? —  Perguntei ao pinguim que tinha pedido para que o puffle brilhasse.

Ele era um pinguim roxo com algumas roupas da moda do inverno, que eram bem quentinhas e chiques. No entanto, as roupas estavam bem sujas.

— Ah, eu sou Padans, e esse é meu puffle, Dolds. Eu estava naquele evento beneficente quando aconteceu... É, eu não gosto muito de falar sobre isso... — Ele disse.

— Ah, sim... Eu vi... — Falei. — Mas que lugar é esse? Onde estamos?

— Bom, eu não sei exatamente onde isso fica, mas parece que é o subterrâneo da ilha. Tipo, como um todo. Eu explorei um pouco, mas não achei muitas coisas. Só alguns carrinhos, alguns trilhos, estalactites e estalagmites e várias pedras. Ao menos, encontramos comida e água com o passar das horas. Não estamos passando fome nem sede. 

— Espera, mas você esteve sobrevivendo esse tempo todo aqui? Como aguenta? — Perguntei, surpreso.

— Aqui é bastante claustrofóbico. Algumas horas sinto um pouco de falta de ar e me sinto sufocado, mas você meio que acostuma...— Ele parecia estar meio chateado, um pouco cabisbaixo. — Pelo menos até fiz novos amigos aqui. Vou apresentá-los a você.

Ele andou um pouco para o lado e eu o segui, sendo guiado pela luz do puffle dourado.

— Bom, essa é a Jess. A pinguim ruiva com o puffle multicor, Pride — ele disse, apontando para uma pinguim verde água. — Jess, esse é o... Espera, como me disse que era seu nome?

— Juan.

— Olá, Juan — Jess falou.

— Aquela é Wendy. Por algum motivo, ela estava usando um óculos de visão noturna no dia do evento beneficente. — Wendy era uma pinguim vermelha com cabelo preto. — Desde então, várias pessoas ficam o pedindo emprestado para explorar o lugar. Ela quase nunca deixa, mas alguns já disseram ter encontrado lugares mais conhecidos, como a piscina, que fica debaixo do Plaza. Porém, o bueiro estava tampado e eles não conseguiram sair. — Me lembrei de ter visto o bueiro tampado por cimento quando olhei pelas câmeras do QG.

— Aquele é o Ethan. Ele esteve anotando os dias na parede desde que chegamos aqui. Na verdade, ele não tem certeza se está certo, mas a cada três refeições que encontrávamos ele fazia um risquinho — Padans explicou, mostrando um pinguim verde claro ao lado de uma parede cheia de rabiscos aleatórios. — Ele ficou um pouco louco depois de um tempo. Aliás, você chegou só hoje. Pode nos dizer em que dia estamos? Quanto tempo se passou?

— Desculpa, eu não sei... O relógio do Forte Nevado está com problemas, e, como você deve saber, todos os relógios da ilha são conectados com aquele... 

— Ah, sim. Certo.

Eu olhei em volta. Na verdade, aquele pessoal não parecia estar nada bem. Todos pareciam tristes, pouco saudáveis e até mesmo insanos. Eu imaginava como estaria a saúde mental deles.

— E, por fim, temos Meme, Merida e Anna. São três pinguins que apareceram aqui alguns dias depois do incidente.

— Meme... Merida... Anna... Esses nomes não me são estranhos... — Falei.

— Ah, olá. Juan, né? Nós estávamos em nosso iglu tentando conectar um rádio, quando o Encapuzado apareceu e nos capturou. Foi bem trágico — A primeira disse, ao me ver.

— Espera! Já sei! Vocês eram as nossas vizinhas! — Exclamei.

— Espera, como assim? — Merida perguntou.

— Ah, sinto muito não ter ajudado... Na verdade, nós recebemos seu sinal de rádio. O problema é que nós ficamos com medo de ser os encapuzados que estavam mandando aquele sinal, então não falamos nada. Só que logo depois ouvimos gritos do iglu ao lado, e percebemos que eram vocês... Sério, me desculpa por não ter feito nada — Me expliquei.

— O quê? Você sabia que nós corríamos perigo e não fez nada? — Anna perguntou, gritando. Eu me senti um pouco mal e provavelmente demonstrei aquilo com minha expressão. — Ah, ok. Verdade, podia ser o Encapuzado. Eu teria feito o mesmo...

Alguns minutos se passaram após isso, em silêncio. Mas, quando eu ia falar alguma coisa novamente, senti alguém tocar o meu ombro. Senti um calafrio nesse momento, e me virei calmamente.

Era um pinguim vestido de terno e com óculos escuros, um pouco mais alto que eu.

— Você. Vem comigo. E coloca isso — Ele disse, mostrando óculos escuros iguais aos dele.

— Como eu vou colocar? Estou algemado — Falei.

Ele bufou, e logo depois colocou os óculos em mim, por cima dos meus óculos originais.

Quando vi aquilo em meus olhos, percebi que não eram óculos escuros normais, mas sim óculos de visão noturna. Aquelas lentes tinham algo que me faziam ver tudo no escuro. Na verdade, eu via tudo apenas em preto e verde, e só conseguia diferenciar os formatos, mas pelo menos eu tinha uma noção de para onde estava indo.

Olhei para trás e vi os pinguins que tinha acabado de conhecer. Tentei fazer um aceno com a nadadeira, mas não sei se eles conseguiram ver. Ouvi Padans dizer:

— Boa sorte, Juan...

E então, comecei a andar. Andei por alguns minutos, talvez meia hora. Demos voltas e mais voltas, como um enorme labirinto. Vimos vários pinguins por todos os lados. A ilha toda estava ali. Eu já estava me cansando quando vi que tinha chegado ao meu destino. Vi uma escada com pelo menos quinze degraus que levavam a uma porta. O pinguim de terno tirou o óculos de visão noturna em meu rosto e as algemas em minhas nadadeiras, e depois ordenou que eu subisse. Foi muito bom tirar aquelas coisas de minhas nadadeiras, me senti muito mais livre.

Como não tinha mais opções, comecei a subir os degraus. Imaginei se todos os pinguins que passavam por ali tinham que fazer aquilo, ou se era só eu. Me perguntei o porquê de o pinguim que me teleportara até ali tinha dito que ganharia um pagamento extra.

Por fim, cheguei ao fim da escada e fiquei de frente com a porta. Esperei alguns segundos até ouvir uma voz um tanto familiar:

— Empurre.

Eu coloquei minhas nadadeiras na maçaneta e abri a porta.

Então, entrei em uma pequena sala. Suas paredes, teto e piso eram totalmente brancos. Uma lâmpada em seu teto emitia uma grande luz. Algumas pequenas decorações eram colocadas no canto da sala, como vasos com plantas, estantes de livros e quadros. Em uma das estantes tinham objetos como tubos de ensaio e potes de vidro.

E, bem ao centro, tinha uma escrivaninha de madeira. Do meu lado, tinha uma cadeira preta de escritório, sem ninguém sentado nela. Do outro lado da escrivaninha, tinha uma cadeira idêntica à outra, mas essa já estava ocupada.

Me assustei ao ver quem estava lá. Um calafrio percorreu meu corpo. Eu não sabia o que dizer. Eu não sabia se ria, chorava, ou ficava ali parado. Seu nome veio em minha mente em um segundo. Eu não conseguia imaginar que era ele quem estava por trás daquilo tudo.

Dylan.

— Olá, Juan, há quanto tempo — ele disse, com um sorriso falso no rosto. — Feliz em me ver?

— Você só pode estar de brincadeira, Dylan Brincadeira. É você que está por trás disso tudo? — Perguntei, surpreso.

— Não fale o meu sobrenome, você sabe que eu não gosto dele! — Ele gritou, tirando o sorriso do rosto. Eu não me importei muito. — Enfim, sim. Sou eu é que estou fazendo tudo isso. Estou surpreso que não percebeu antes.

— Mas o que aconteceu? Você sumiu depois daquele dia, nunca mais te vi nos corredores da escola, ou da biblioteca... — Falei.

— Ah, mas eu estava lá. Todos esses nove anos eu estive me dedicando. Aprimorando, desenhando, estudando. Consegui criar uma nova versão do portal. Mas, por fim, ainda tenho as mesmas coisas faltando: a magia e a equação. Mas logo terei essas coisas. Está tudo indo de acordo com o planejado. Sei de duas pessoas que possuem elas, e também uma terceira, que garantirá que tudo dará realmente certo — Ele disse.

Pensei sobre o que ele tinha falado. E então, logo percebi. A única pessoa apta a fazer a equação restante era Minkis. Ela era inteligente, estudiosa e determinada. Só ela poderia dar aquela resposta.

E a outra pessoa, com a magia, obviamente era Greeny. A única bruxa que eu conhecia.

E a terceira... Sim, era Thay. Ela teria pressentimentos, ela poderia garantir que tudo daria certo para que o portal funcionasse. Nesse momento percebi o quanto meus amigos eram importantes para o plano de Dylan.

Mas uma questão ainda restava. Como ele sabia? Eu mesmo só tinha descoberto aquilo há pouco tempo. Como ele poderia saber das habilidades especiais de meus amigos?

Procurei no fundo de minhas memórias, tentando entender aquilo, até que a resposta apareceu em minha mente:

— Lina — falei.

Dylan não entendeu o motivo de eu ter falado o nome da pinguim de um momento para o outro.

— Você enviou ela, né? Sim... A Lina, o entregador do pinheiro... Você espalhou vários dos seus lacaios pela ilha para que eles encontrassem quem você precisava. Então esse foi o motivo de ela ter virado nossa amiga desde o começo? Para nos reportar a você? — Falei, depois de deduzir isso. Fazia bastante sentido, afinal eu só tinha visto Lina pela primeira vez em no máximo seis meses antes. Ela era a espiã de Dylan, ela estava nos traindo.

— Oh... Juan, esperto como sempre, não? Sim, você está certo. Lina era uma das minhas espiãs. Ela observou todos vocês por perto durante esses cinco meses, até perceber que vocês eram as pessoas que eu precisava — Ele disse, explicando. — Parabéns, uma parte do mistério resolvida.

— Mas, por quê? Por que você ainda está fazendo isso, Dylan? Você não mudou nada mesmo? — Perguntei.

— Quantas perguntas... Bom, digo que tenho grandes planos. A ilha que planejei por tantos anos... Vai se chamar... A Ilha do Club Penguin — ele disse, tirando um cartaz de uma das gavetas da escrivaninha e colocando por cima da mesa.

Era um desenho impresso com uma grande logo escrito “Ilha do” em verde e “Club Penguin” em branco e azul. Logo abaixo, estava um desenho de uma enorme ilha, cheia de montanhas, e com uma praia na sua parte da frente.

— Ilha do Club Penguin? Que nome original, hein.

— E você poderia ser o dono dela. Mas sua chance passou. Você teve sua chance no passado, mas agora já era. E, como eu disse, você irá se arrepender de não ter me apoiado. Não há nada que você possa fazer. Greeny, Minkis, Thay... Seus amigos... Eles logo serão tragos aqui e terminarão de criar meu portal!

Mas, quando ele disse isso, eu comecei a sorrir. Eu sabia que meus amigos estavam bem escondidos no iglu de Greeny. Ninguém os encontraria lá. Além disso, eu sabia que eles não iriam colaborar com o plano daquele vilão.

E, por fim, tinha meu sonho. Alguns dias atrás, eu tinha sonhado com cada detalhe do que eles deveriam fazer para salvar todos da ilha, e, agora, eu já tinha contado tudo para eles. Dylan não imaginava, mas o plano dele já tinha falhado.

— Haha. Você continua com sua mente grandiosa e imagina que seu plano dará certo, não? — Perguntei. — Mas eu sei que meus amigos estão protegidos e vocês nunca vão conseguir capturá-los!

Dylan estava com uma cara um pouco séria antes de eu dizer isso, mas, após eu terminar minha fala, um sorriso abriu-se em seu bico.

— Eu não preciso mandar alguém para capturá-los. Eu sei que eles virão aqui para te salvar.

— E você acha que eles vão cair em suas nadadeiras? Eu sei que eles sabem exatamente o que fazer para salvar a ilha! — Falei, sem citar o sonho.

Ele manteve aquele sorriso no rosto.

— Ora, ora, Juan. Você pensa que eu não te conheço? Eu sabia que você sempre foi obcecado por sonhos, e acreditaria cegamente se tivesse alguns reais. — Nesse momento, tirei o sorriso de meu rosto. Como ele poderia saber sobre os sonhos? Eu mesmo só os tinha descoberto pouco tempo atrás, não tinha como Lina ter contado a ele.

Dylan tirou outro objeto da gaveta da escrivaninha. Dessa vez, era um notebook. Ele o abriu e esperou alguns segundos. Depois, ele o virou para meu lado. Na tela estavam algumas letras, que me assustaram bastante. As letras formavam as palavras “Dream Controller”.

— Seria uma pena... Se seus sonhos apenas fossem uma maneira de levar seus amigos para uma armadilha...



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