As duas mãos.
Um baloiço.
Um, dois, um dois...
Balança, balança. Balança, balança.
A chuva vem, silenciosa.
As gotas caem, se espalhando, dissipando no solo frio e rugoso.
Tic, toc, tic, toc...
Estou quase a vir.
Passos discretos, lentos, calmos.
Tic, toc, tic, toc...
A porta abre-se, espelho na entrada.
Mãos. Corpo. Rosto.
Os olhos frios e vermelhos como a cor do sangue. Oh, que agrado.
Estou chegando.
O corvo. Pousa no meu ombro, puxando minha epiderme da clavícula.
Minha boca. Cortada por dentes idênticos a lâminas. Oh que agrado.
Estou me transformando.
— Nem sempre se é sortudo, não Gwol? — falei com o corvo que saltou para os meus cabelos pretos, lúcidos.
Oh, eu sendo um Vampiro sou tão... atraente.
Oh, eu estando sedento por sangue é tão... prazeroso.
Ruas calmas.
Mulheres saindo do trabalho. Ótimo.
Tic, toc, tic, toc.
E agora eu digo adeus para o meu antigo eu. Já não me vejo no espelho como antes era.
Oh, o garotinho inocente sumiu.
Pescoços brancos, limpos.
Oh, como tirar a vida de alguém é tão bom.
Oh, como não ser quem eu era antes é tão bom.
Lambo os lábios. Como esse gosto metálico é tão bom.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.