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História Misfit - De Repente, Não Mais Do Que De Repente


Escrita por: Doublefenix

Notas do Autor


gente, até as notas finais!


PS.MME DESCULPEM PELOS ERROS DE PORTUGUES, FIZ PELO IPAD
, prometo corrigir

Capítulo 14 - De Repente, Não Mais Do Que De Repente


Fanfic / Fanfiction Misfit - De Repente, Não Mais Do Que De Repente

 

 

 

 

Capítulo 14- De Repente, Não Mais Que De Repente.

 

 

 

"A inocência e a beleza não possuem nenhum inimigo, a não ser o tempo."

-Willian Butler Yeats

 

 

 

 

Acredito que tenha sido no inicio de agosto, ou talvez na metade, que Chanyeol me convidara de forma muito tímida, entre mensagens, para ir até sua casa.

 

A principio, devo confessar a vocês que eu neguei o convite a mim mesmo, pois não queria. Não queria ver SeHun, o garoto frio e pálido, de olhos de um violeta tão extremo, tão profundo, nem a Sra. Oh, a idosa com aquele sorriso enorme e forçadamente assustador, e também não fazia a menor questão de conhecer o pai de Sehun.

 

Algo que congestionava naquela “família”, como se tudo estivesse em perfeita ordem, mas ao mesmo tempo em um desastre tão esquisito. Quero dizer, céus! Chanyeol sempre aparecia com aqueles machucados, seu humor variando-se entre ácido, entediado e completamente entregue.

 

Ele era daquele modo, meio a meio, dominador quando deveria ser e submisso quando queria ser, mandava para caramba e obedecia quando podia, falava, mas gostava de ficar quieto. É, Chanyeol era muitas coisas, mas era.

 

Eu só me questionava, observando aquela casa, se as três pessoas não estariam, de alguma forma, envolvidas em tudo que ele era.

 

E se era o caso, até qual ponto? Até qual parte das terras existentes ali dentro eles já haviam comprado lote?

 

Terras que eu acreditava ser proprietário.

 

E foi nessa posse de territórios que pude refletir melhor, levando em conta o único e talvez principal pró de ir até a casa de Chanyeol.

 

Ou seja, o próprio Chanyeol.

 

E era tão gostoso, digo, aquilo que eu sentia. Não, era reconfortante, doía um pouco, mas logo se ajeitava.

 

Devia ser daquele modo, tem certas vezes que você gosta de alguém e isso não precisa necessariamente ser doloroso. Às vezes pode ser inocente e puro, como se você esse alguém fosse seu irmão ou um amigo muito querido. E sei lá, eu não me sentia na necessidade de explicar ou falar qualquer merda sobre isso só porque o resto, sim, o resto, não queria ver a gente junto, muito menos “daquela” forma.

 

Às vezes, quando você gosta de alguém, você gosta por causa de quem ela é, e não quem ela é para você.

 

E foi em agosto também que decidi aceitar o convite tímido, só não imaginava alguns pequenos problemas ligados a isso...

 

"Não."

 

"Mas por quê?!"

 

Meus olhos pedintes vagavam esmolando permissão pelo rosto enrugado da senhora mais baixa que eu, enquanto minha boca permanecia aberta, as sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados.

 

"Porque não.” Andava pela cozinha em suas pantufas, e meus pés cobertos por meias a seguiam quase que automaticamente.

 

“Por que não porque não?!” Insisti e ela revirou os olhos negros.

 

“Porque não Byun Baekhyun!” Ditara meu nome completo, mostrando que o assunto era realmente sério “Se você tem tempo de ir em casa de amigo, devia estar preocupado com coisas mais importantes, tipo suas notas."

 

As mãos idosas e ossudas cortavam impacientes as maçãs jogadas sob a pia, preparando o jantar que, aliás, já estava mais que atrasado.

 

"Mas eu sou o melhor aluno da minha sala!" Tentava justificar-me, pois veja bem, minha avó não estava me deixando ir na casa do ruivo e tipo, eu queria tanto aquilo.

 

Nunca me deixavam fazer nada, era impressionante!

 

Se eu queria sair só por sair, era impedido, faziam mil perguntas. Para onde eu estava indo, com quem eu estava indo, até que horas iria ficar fora, etc. E se eu respondesse, aí sim que me proibiam, diziam que o lugar era arriscado, que a companhia era desagradável e que o horário não batia.

 

É claro que eu poderia ir sem autorização, como da primeira vez que pusera os pés no lugar esquisito, a diferença é que dessa vez eu iria dormir na casa dele.

 

Poderíamos comer besteiras, falar alto, jogar jogos no celular e se beijar a vontade. Se tudo desse certo, é claro.

 

O que não estava acontecendo.

 

"Então vai procurar um emprego, já tá no último ano de escola, na sua idade eu cuidava de todos os meus irmãos e da casa!"

 

Blábláblá.

 

Revirei os olhos, sendo empurrado para o lado pela senhora, que saía da cozinha com uma bandeja de maçãs com canela nas mãos.

 

Segui-a, passando pela sala, onde meu pai estava jogado em um dos sofás, assistindo TV e rindo de alguma coisa transmitida pela telinha.

 

Eu não gostava de tv, nunca gostei, os canais eram sempre os mesmos, e quando não eram, mudávamos para aquele ao qual já estávamos acostumados a assistir.

 

Normalmente isso se referia ao canal de xadrez. Transmissão ao vivo, das seis às dez.

 

Aos desenhos animados, como por exemplo, "Peterson, o ratinho comedor de queijo", dublado por Kim SungJoon.

 

As novelas românticas, as quais possuíam sempre a mesma história, porém, com atores diferentes, os quais Taeyeon ficava desenhando volta e meia durante a aula.

 

Ah sim, e aos programas políticos. Que, para mim, era a pior coisa que aquela telinha poderia mostrar.

 

Meu pai já adorava, inclusive estava assistindo um, concentrado e com um sorriso rasgado no rosto de barba por fazer.

 

Televisão era o tipo de coisa que me fazia questionar os eletrodomésticos.

 

Eu não sabia quem controlava quem.

 

"Não vai comer, garoto?" A voz grave chegou até meus ouvidos, embora os olhos continuassem vidrados no aparelho que iluminava toda a sala com sua luz forte.

 

"Comi muito mingau na escola." Menti irritado, tornando a seguir pelas escadas em direção ao meu quarto.

 

Já sabia que ninguém insistiria em minha presença.

 

Entrei no cômodo suspirando irado, batendo a porta branca, era incrível como eu nunca podia fazer nada naquela casa!

 

Qualquer coisa que eu pedisse ou fizesse já era motivo de questionamentos como "e suas notas?" "E o casamento?" E blábláblá...

 

Ou a culpa, nossa! A culpa era sempre minha.

 

Quem sumia com os talheres? Eu.

 

Quem quebrava a tv? Eu.

 

Quem deixava o sabonete empapar no banheiro? Eu.

 

Sempre eu.

 

A verdade era que eu não estava interessado em nada disso, pouco ligava para casamentos, para notas, para aquela garota, mas o que eu poderia dizer-lhes?

 

Que iria dormir na casa do meu melhor amigo para fazer coisas que namorados fazem enquanto eu enfarto?

 

Talvez me chamassem de louco, talvez mandassem me prender, talvez eu levasse  mais chicotadas e muitas outras opções. Mas nenhuma boa.

 

Lembro que me joguei na cama, chutando os edredons e agarrando o celular, percebendo que o mesmo já possuía uma mensagem.

 

 [você vem ou não vem mano?]

 

 Arremessei um dos travesseiros para longe, só de raiva, era como se eu pudesse ouvir sua voz dizendo o conteúdo da mensagem, aquela pergunta meio impaciente.

 

Eu queria tanto ver Chanyeol, já havia se passado uma semana desde que ele não aparecia na escola e só se manifestava pelo celular.

 

Uma. Semana.

 

[minha vó n deixou] Digitei rápido.

 

[e?]

 

Revirei os olhos.

 

[e q eu n vou poder dormir ai velho]

 

[foge ué]

 

[eu n sou igual vc, eles vão perceber isso]

 

[vão nda crl, confia em mim, eu te busco ai]

 

[isso n vai dar certo]

 

[vai sim, fica pronto la pela meia noite eu to ai]

 

[blz]

 

Quase arremessei o celular na parede.

 

Beleza nada!

 

Nada tava beleza! Chanyeol era louco, não era possível.

 

A cada dia que passava eu tinha mais certeza disso, e nem ao menos fazia questão de me afastar, pelo contrário, ficava enlouquecendo com ele.

 

Fitei o relógio, ainda eram oito e meia, faltavam tantas horas...Suspirei e puxei as cobertas até os cabelos, bufando de leve.

 

Não tinha intenção de dormir.

 

Mas foi o que aconteceu.

 

 

X

 

 

Não sei dizer bem ao certo por quanto tempo permaneci nos braços de Morfeu, porém, fui aos poucos abrindo os olhos, sentindo movimentos desconhecidos em minhas costas, uma brisa suave e gelada arrepiando-me os pelos.

 

Eu estava com tanto sono que apenas enfiei ainda mais o rosto do travesseiro, tentando voltar a dormir.

 

Mas os toques não cessaram, as mão que percorriam macias e talvez findas cada parte do meu corpo como se procurassem um falha, a porta daquela gaiola, a chave daquele cadeado, de tudo que me prendia.

 

E eu estava tão preso... eu vivia capturado entre quem eu era e quem eu queria ser.

 

Ah, mas de que adiantara, ele me libertou, com toda a certeza, mas eu, talvez por ser pássaro inepto, fiz dos seus braços ninho e me escondi ali.

 

"Só...mais cinco minutinhos..." Murmurei com a voz ainda abafada.

 

E minha surpresa não fora tão grande quando aquela risada conhecida soou soprada em minha nuca, deslizando cortante como uma descarga elétrica por toda minha espinha.

 

"Já são uma da manhã, vou ter que esperar mais?" Senti os lábios macios selarem meu pescoço, delicados, mas tão quentes, em meio ao frio da noite.

 

Fechei os olhos com certa força, enquanto suas mãos geladas erguiam minha camisa fina do pijama e eu suspirei, sentindo o vento gelado infiltrar-se em minha tez.

 

"Channie..." Minha voz ainda soava dopada pelo sono.

 

Tentei me mexer, mas ele não deixou, tornando a beijar com cuidado minhas costas desnudas, causando-me arrepios gostosos, e eu consigo me recordar com tamanha perfeição a forma que tocava, seus dedos fazendo pressão na carne, as digitais eram quentes e como se tivessem tinta em suas beiras, marcavam-me com calor, assemelhando meu corpo a uma tela.

 

"Pa-para com isso..." Sua boca macia deslizava pela região sensível, fazendo-me estremecer e morder os lábios.

 

Chanyeol era capaz de transformar cada parte do meu corpo em ponto fraco e hoje, céus! Hoje sou capaz de me recordar de sua maldade, sim, ele repuxava meus lábios, me roubava por tantos minutos e logo após, me devolvia, nu e fragilizado. Ele queimava minha pele, impedia minha respiração e apertava meu coração de tal modo que eu sabia que merecia ficar daquela maneira, parado entre os lençóis sem pronunciar uma palavra. Sim, ele me amou da forma mais cruel possível.

 

E eu acredito que não possa existir melhor forma de amar alguém.

 

"É a primeira vez que eu vejo essas covinhas..." Senti seu nariz roçar em um carinho no final de minhas costas, dando um selo estalado logo seguida, eriçando meu pelos.

 

Meus dedos finos apertavam o travesseiro, e eu queria esconder-me em um buraco de tamanha que era a minha vergonha.

 

Mas não era apenas vergonha, não, existia algo maior e mais presente dentro de mim, uma chama que se acendia e talvez tudo realmente tivesse sido criado para ser rebocado em calor. Dizem por aí que somos estrelas, incendiando e carbonizando para que os sonhos alheios se tornem realidade.

 

Pois onde uma luz falha, outra brilha.

 

E ali onde eu estava, meus olhos entreabertos e minha boca liberando suspiros contidos, ali onde eu estava, perdido entre superfícies e profundidades para ele... não existia nada que eu desejasse mais que queimar por seus sonhos.

 

Senti seus dedos tímidos segurarem nas beiradas da minha calça de moletom, deslizando a peça com cuidado, como se ninguém fosse capaz de perceber a lentidão em que realizava seus atos, como se realmente não existisse mais ninguém além de nós dois.

 

"Chanyeol..." Minha voz saíra séria “Para...”

 

Mas ele riu baixinho, puxando ainda mais o tecido de macio até metade das minhas coxas, deixando-me com apenas a cueca e centenas de camadas de sentimentos.

 

“Você não quer que eu pare.”

 

Foram suas palavras antes que eu sentisse seus lábios beijarem ali, tocando macios minha pele por cima do pano fino e branco. E a carne com algumas pequenas rachaduras quase que imperceptíveis se fez de convidada surpresa, apertando-se, enfiando-se e cabendo onde se encaixava. E conforme premia a pele, causando estalos, rastros finos de saliva marcavam a região, congelando com o vento que batia logo em seguida.

 

Mordi os lábios, arfando baixinho pelo contato, e sua mão grande deslizou até a região de minha cintura, embrenhando-se em meus quadris com pouca força, primeiramente apertando a carne de tal forma que me obrigara a repuxar os lençóis, castigando a dor. Até que me erguesse por ali, fazendo a calça fina deslizar, repousando próxima aos meus joelhos, esses, agora em contato com o colchão.

 

E como quem não quer nada, sua língua molhada e quente tocou-me a pele arrepiada das coxas expostas ao frio da noite, causando uma dança interna em todos os meus ossos, pintando minha vergonha em um contraste com seus atos lentos, mas violentos. E hoje me recordo... ele preferia desta forma.

 

Seus lábios macios em tudo, meus lábios que queimavam frenéticos, sua língua em meu corpo, minha língua seca, em todas as partes e... céus! Era complexo, não era apenas o periférico que você ou eles poderiam ver ou ter visto. Ele incendiava seus desejos para preencher os meus e talvez, se eu fosse capaz de pensar em algo naquele momento, pensaria que o amor abre nascente e caminhos apenas dentre as matas mais fechadas.

 

"Hm...Cha-chanyeol..." Precisei morder o travesseiro, ainda segurando os edredons macios com força, sentindo que aquela posição era tão vergonhosa, exposto daquela maneira ele, trancado em meus joelhos que deslizavam em cada rachadura recente de nervosismo.

 

Seus lábios me causavam espasmos, de tão lentas que eram suas ações, enquanto minha mente permanecia nublada naquele pequeno caos, naquele desespero que apertava minha cueca, que fazia meu coração bombear cem, duzentas, milhares de vezes mais forte. A língua quente fez-se presente sobre o tecido fino e brando, que ainda me cobria de uma vergonha maior, bambeando minhas pernas.

 

"Pa-para..." Tentei me virar, apoiando-me no cotovelos, mas ele não permitiu, erguendo ainda mais meu quadril.

 

Senti ambas as suas mãos, com todos aqueles dez dedos, apertarem com força minhas coxas, arranhando um caminho até minhas nádegas, fincando-se ali e brincando com a carne, contornando-a, sentindo-a,marcando-a, sendo-a. E o que eu poderia fazer? Minha mente voava, meu coração construía dezenas de pontes e logo após jogava-se das mesmas, e meu corpo correspondia aos toques, os joelhos abrindo-se ainda mais e minha mão que já deslizava em direção do volume presente.

 

A pontinha de seu nariz roçara na entrada, entre as carnes, e daquela vez tinha certeza que ele iria me matar, eu apertei com força o travesseiro, sentindo o tecido vazar entre meus dedos, e o ruído alto de nossas respirações extremamente pesadas era a única trilha sonora que se ouvia.

 

Sua língua se moveu, eu gemi, ele me estapeou, mas não importava o quanto eu tentasse me conter, era impossível, eu suava frio, e ele não deixaria com que eu saísse de suas mãos, de sua boca.

 

Eu sabia que estava corado até as orelhas, pateticamente, mas e ele? Como seria seu estado? Iria rir de mim? Era meu corpo, meu poder, minha prisão, era onde eu vivia, onde eu me escondia, era meu segredo. E eu não enxergava nada durante sua expedição em meu território.

 

E por deus, pensei ali, entre minhas idiotices adolescentes que:

 

Se eu não podia vê-lo... bem, então ele não podia me ver.

 

“Cha-chanyeol...” O chamei entre arquejos, virando minha cabeça para trás, por cima do ombro.

 

Ele retribuiu o olhar entre feixes muito precários de luz, exibindo meios reflexos de seus olhos prateados e vivos, da saliva brilhante em seus lábios inchados e vermelhos, e eu apenas me virei de pouco a pouco, sentindo minhas costas baterem contra os tecidos abaixo de nós, bagunçados.

 

O ruivo ainda permanecia com o rosto entre minhas pernas, agora desnudas, fitando-me curioso, enquanto eu me acomodava, puxando um pouco mais o travesseiro para trás.

 

Ele me observava tão atento que por mais que eu fosse incapaz de visualizar com precisão a face do meu melhor amigo, sabia do que eu queria. E eu queria seus suspiros. Sim, eu queria ouvir sua respiração, a lentidão, o ritmo do subir e descer e do descer e subir, como se fossem tambores feitos para velar meu sono e minhas brasas mais intensas, minhas fozes mais transbordadas.

 

Eu queria sentir sua pele, saber como seria seu cheiro quando suado, pingando entre os fios vermelhos, sem me importar com odores ou calores, pois nossas imagens molhadas valiam mil vezes mais que a forma em que nos sentíamos.

 

Eu queria segurar sua mão grande e notar como ela se tornava quando tremula, quando ele estivesse absolutamente perturbado, em êxtase.

 

Eu queria ver seu sorriso, como iria rir baixinho, na rua mania, quando ficava excitado, nublando aqueles olhos prateados mais que as nuvens do terraço sempre compadre.

 

Eu queria carregá-lo, mesmo que nos ombros, e o levar para o banho, apenas para ver aquele corpo molhado, aqueles olhos cansados e deixar com que todo o vapor quente nos trouxesse de volta à vida.

 

Eu queria. Pra caralho.

 

“Vem cá...” O chamei e ele pôs-se de joelhos, caminhando através do país que possuíamos naquela cama, deitando seu corpo delicadamente por cima do meu, puxando minha calça, toda dobrada na altura dos tornozelos, com uma das mãos, a jogando para longe.

 

Fitei quando seus braços apoiaram-se nas laterais de minha cabeça, afundando-se naquele travesseiro, sua presença contaminou-me, enquanto meus braços envolviam suas costas, e seus olhos prendiam-se aos meus, como dois mapas colados cara a cara.

 

Leste para oeste, norte para sul, meus morros atravessando suas montanhas, seu pacífico contra meu atlântico, minhas ilhas aprofundadas em suas cavernas, seus campos queimavam claros minhas pradarias e seu cerrado derretia qualquer gelo presente nas minhas tundras. Seus passarinhos batiam assas frenéticas contra os meus, ainda trancados dentro de gaiolas, mas que iam esquivando-se pouco a pouco, entre os raiares crescendo suavemente pela sua direita, os poentes desaparecendo suavemente pela minha esquerda.

 

Sua lua crescente vindo ali por cima e a minha nova subia mais por baixo, até que ambas encontrassem-se acima de nós, reunidas no céu que era eu e ele, silenciados no meu quarto, respirações batendo contra faces.

 

E todas nossas cidades, cidades gêmeas, todas as nossas fronteiras, megalópoles conurbadas. Uma única nação, indivisível, com espaço e liberdade para atravessarmos nossos corpos.

 

“Senti saudades.” Ele sussurrou baixinho, sorrindo de leve, e eu retribui o semblante, acariciando seu rosto para que tomasse as digitais como resposta idêntica.

 

Ficamos daquele modo, olhando um para o outro durante longos minutos, até seus lábios deslizarem lentamente até os meus, colando as carnes, apenas de levinho. Sua língua calma deslizou entre os espaços e rimos entre as bocas, fechando os olhos e iniciando um ósculo lento, de desejo veemente, porém fleumático, quase que como se as línguas reverenciassem-se.

 

Puxava seus cabelos vermelhos ainda sem aumentar o ritmo do contado, sua boca colada a minhas e as cabeças que moldavam-se, aprofundando o beijo. Suspirava, passando minhas mãos por suas costas até que as mesmas estivessem em suas nádegas cobertas pelo jeans, as apertando com vontade.

 

“Babaca.” Ele riu, me soltando com uma última mordida.

 

 “Também senti sua falta mano.” Bati em seu ombro de leve, rindo baixinho, sentando-me ao seu lado e ele me encarou de soslaio.

 

"Vai se trocar, já tá mó tarde." Fez um bico e eu apenas concordei, erguendo-me, ainda com as pernas nuas.

 

Abri o armário, pegando o primeiro par de vestimentas, ficar apenas de cueca perto de Chanyeol me deixava levemente envergonhado, embora ele já tivesse me visto pelado, seria algo que eu nunca me acostumaria. Ou pelo menos era o que eu acreditava aos meus dezesseis anos.

 

Troquei-me ali mesmo, com pressa, fechando o armário logo em seguida, ainda sendo observado por Chanyeol.

 

"Pronto." Murmurei em sussurros, devido à hora, fitando o ruivo já de pé, parado ao meu lado.

 

Sua mão veio em direção a minha, e não foram necessárias palavras para que eu lhe seguisse até a janela, vou pular a parte que foi a aventura para descer pela árvore e adentrar aquelas ruas frias da cidade, completamente desertas. Pois fora necessária muita paciência de Chanyeol, já que eu não queria pisar naquilo, e ficava dizendo que ia cair e etc.

 

As calçadas solitárias estavam sombrias e eu possuía tanto medo quanto da última vez que fora à casa do ruivo e sair à noite martelava-me a mente, apenas fixando a ideia do quão errado era aquilo que estávamos fazendo, fugindo entre aquele piche gastado e coberto pelo orvalho cálido.

 

E enquanto aquele foge moldava-se como uma teia de arranha ao redor de nós, eu escapei para outro lugar. Onde eu poderia me permitir ser livre, sentir o conforto de abraços verdadeiros, onde o mundo real nunca poderia me encontrar. Onde me faziam feliz, um lugar onde ser você mesmo talvez fosse a única tendência.

 

Naquele universo que eu e ele havíamos criado, possuíamos muito mais sentimentos, segurança daqueles que nunca abandonam seu lado até que seu problema termine. Lá o sol sempre estaria brilhando, e mesmo que chovesse...

 

Ainda seria uma opção melhor do que abrir meus olhos.

 

“ Vem...” Chanyeol não soltava minha mão e continuava a caminhar pelas esquinas sozinhas e desconhecidas, fazendo o caminho mais rápido, ao qual eu ainda não sabia como ele possuía conhecimento.

 

Aos poucos, meus olhos, já acostumado com a escuridão, eram capazes de enxergar o conjunto de casas brancas e quadradas que era seu lar, aquele lugar que me trazia arrepios dos pés a cabeça, cegando meus orbes de tanta nivealidade. Fui sendo puxado por entre os caminhos de pedra, torcendo para irmos direto para seu chalé, e quando passamos em frente a maior casa dali, meu estômago revirou-se ao lembrar-se da família Oh.

 

E talvez pela primeira vez, minhas preces foram atendidas, quando nossos passos cruzaram diretamente em direção a última casa, sem cumprimentar ninguém, um suspiro aliviado abandonou-me os lábios.

 

Chanyeol puxou o molho de chaves, destrancando com cuidado a porta de ferro, causando-me arrepios com o barulho da mesma, entrei rapidamente ali, e ele fez o mesmo, trancando a fechadura logo em seguida.

 

"Frio, frio, frio." Protestei, dando pequenos pulinhos em meio ao quarto branco e sem graça.

 

"Deu tudo certo, ainda bem." Ele suspirou aliviado, vindo em minha direção.

 

Deixei com que suas mãos pegassem de forma singela nas minhas, e que um beijo simples fosse depositado com lentidão em minha testa, fazendo meu coração pulsar mais forte.

 

"Fica aqui." Estranhei seu pedido, mas apenas concordei, permanecendo parado no cômodo níveo.

 

Chanyeol caminhou até sua cama, procurando algo ali, ele sorriu e logo voltou até mim, com algo nas mãos.

 

"Fecha os olhos."

 

"Por-“

 

"Só fecha cara." O obedeci suspirando, deixando com que minhas pálpebras tornassem escura a visão.

 

Senti algo contra meus olhos, sendo amarrado atrás de meu rosto logo em seguida, inundando minha mente com confusão.

 

"Vem cá." Sua mão embrenhou-se na minha, passando uma confiança que me faltava até mesmo desvendado.

 

Os passos lentos nos levaram em direção aquilo que presumi ser a escada para o cômodo subterrâneo, e com toda a paciência do mundo, ele guiou-me ainda na escuridão, impedindo-me de cair, descendo com cuidado os degraus até alcançarmos o chão de madeira.

 

Senti meu pé pisar em falso, mas seus braços impediram-me de cair e ainda segurando em sua jaqueta, ouvi seu pedido, leve, simples, sussurrado.

 

"Pode olhar." Levei meus dedos curiosos até o tecido, o puxando lentamente, permitindo meus olhos de fitarem o mundo ao redor.

 

Recordo-me de como meus lábios se abriram, talvez chocados, talvez admirados, desenhando um sorriso na face surpresa de um garoto de dezesseis anos.

 

Os livros, antes espalhados pelo chão, estavam arrumados de forma organizada nas laterais do cômodo, sob eles, resplandeciam diversos potinhos com velas, iluminando de forma tênue o ambiente escuro, o pintando pelo dourado majestoso e quente.

 

As lâmpadas penduradas por cordas no teto variavam suas luzes, mantendo o sincronismo de uma apagada, uma ligada, contracenando brilhantes com a cor negra do teto.

 

Ao final do caminho moldado pelas diversas velas e livros, a cama bagunçada era agora coberta por tecidos brancos pendurados em suas laterais, como uma tenda, embora meus olhos ainda fossem capazes de notar as almofadas e cobertores espalhados ali dentro.

 

As borboletas trancadas nas gaiolas agora movimentavam-se, algumas pousadas nas lâmpadas arredondadas, outras sob os livros empilhados, batendo suas asas coloridas.

 

Suspirei ainda extasiado, procurando algumas palavras quaisquer, algo que pudesse servir de manifesto.

 

Mas estava impossível.

 

Pisquei mais algumas vezes, apenas para fixar que tudo que via era real, estava à frente de meus olhos, apenas não me penetrava a mente. Existem coisas tão lindas na vida que você fica até sem jeito, notando o quão mal acostumado esteve, vendo apenas aqueles detalhes “mais ou menos” e se conformando com cinquenta por cento.

 

E não sei, havia pessoas que dançavam bonito, que falavam bonito, mas ele... ele existia bonito.

 

Virei-me com cuidado, encontrando um Chanyeol extremamente corado, encostado na parede atrás de si.

 

"Foi você que fez isso?" Questionei e ele sorriu, fazendo que sim.

 

"Gostou?" Sua pergunta mostrou-se receosa, verdadeira, entregando entrelinhas sua preocupação.

 

"Se eu gostei?" Suspirei, girando sem sair do lugar, apenas para contemplar a cena que não esqueceria nem em milhares de anos "Isso...isso é maravilhoso meu! É lindo!"

 

Ele sorriu, apertando os próprios lábios e afastando-se da parede, enquanto eu permanecia ali, repetindo as palavras, dizendo o quanto tudo aquilo estava maravilhoso diversas vezes, soltando alguns palavrões, pois eu não sabia ao certo o que falar.

 

Em todas as ocasiões como aquela, eram tantas coisas que se passavam em minha mente, mas não existiam palavras capazes de descrever tudo isso.

 

Então eu apenas permanecia ali, dizendo as mesmas coisas, de novo e de novo.

 

Sempre com medo de que um dia, de tanto serem ditas, elas perdessem o significado, e ai eu já não seria capaz de dizer mais nada.

 

"Aqui, chega mais." Novamente sua mão tocou a minha tímida, puxando-me entre as velas que movimentavam suas chamas rapidamente, ritmando com meus batimentos cardíacos acelerados.

 

Sentou-me na cama, amassando as cobertas, deixando com que os tecidos brancos criassem sombra sob nós, mas principalmente sob mim.

 

Beijou minha bochecha com lábios trêmulos e afastou-se, procurando levemente atordoado algo, no fim, tirando por entre os livros, um violão marrom.

 

Na época, eu não sabia que aquilo era um violão, e acho que estava tão hipnotizado que nem ao menos lhe perguntei.

 

Chanyeol pegou um pequeno banquinho, já abandonado por ali, arrumando o mesmo no caminho clareado pela luz dourada.

 

Sentou-se, cruzando as pernas e arrumando o instrumento entre as mesmo, e eu suspirei com aquilo, pregando meus olhos em cada ação, cada gesto.

 

"É...é... “ Ele me fitava perdido “Já faz um tempo que fiz isso pela última vez....ma-mas espero que goste..."

 

Algumas mentiras bem contadas sempre fariam parte de nós.

 

Porque é necessário, e talvez fosse necessário para ele, que treinara aquilo durante dias e noites, dizer que fazia muito tempo que o fizera.

 

E eu me importaria?

 

Céus! Eu não me importava nem com coisas sérias, quem diria pequenas mentiras boas.

 

As íris prateadas encontraram-se com as minhas castanhas durante breves segundos, e ele riu de leve, possivelmente ainda mais envergonhado.

 

Seus dedos percorreram calmos a extensão do instrumento, resplandecendo nas cordas, e eu lhe retribuía os atos nervoso, em expectativa do que provaria a seguir.

 

As digitais começaram a se mover, iniciando a música qual eu nunca tinha ouvido, mas com certeza já se tornaria minha favorita.

 

O som do instrumento a princípio, apenas ali, alcançando-me os tímpanos, tão lento que eu sentia despertar aquela parte escondida de mim, acordar alguém que sabia bem o que queria, alguém muito melhor que o garoto parado entre remendas de algodão e náilon.

 

E então...sua voz.

 

"And I'd give up forever to touch you (E eu desistiria da eternidade para te tocar)

Cause I know that you feel me somehow (Pois eu sei que você me sente de alguma forma)"

 

Suspirei, sorrindo de leve e ele não me encarava, mantendo os olhos fechados, por mais que a letra entrasse pouco a pouco em mim, compreendendo as palavras, porque talvez existisse algum significado por trás das mesmas.

 

E por que não teria? Assim como tudo na vida.

 

Eu não seria a primeira pessoa a mergulhar em águas profundas, provavelmente geladas, para enxergar mais que a ponta do iceberg. Mas como ser periférico sem soar esquisito ou inútil?

 

Acho que nem eu, nem meu melhor amigo tínhamos a resposta.

 

"You're the closest to heaven that I'll ever be (Você é o mais próximo do paraíso que chegarei)

And I dont want to go home right now (E eu não quero ir para casa agora)"

 

As palavras ecoavam em minha mente, preenchendo espaços que eu nem mesmo imaginava que pudessem existir, enquanto meus dedos apertavam nervosos o edredom macio, aliviando um pouco a sensação que era ter Chanyeol ali.

 

Tocando para mim.

 

Sei pode soar ridículo ou clichê, mas quando se era alguém como eu, cheio de... não imperfeições... mas verdadeiras tristezas e desejos não manifestados que ninguém dava bola... e do nada surgia alguém que me ensinava sentimentos quando eu havia me esquecido que estes se quer existiam.

 

"And all I can taste is this moment (E tudo que eu posso provar é esse momento)

And all I can breath is your life (E tudo que eu posso respirar é a sua vida)"

 

Refleti um pouco no que era estar ali, tomando um tempinho para pensar na gente, e talvez se eu contasse aquilo tudo ao Baekhyun de quatorze anos, ele possivelmente não iria acreditar.

 

Não que minha rotina tivesse mudado tanto desde que conhecera o ruivo, até porque, fazíamos sempre as mesmas coisas, sempre os mesmos locais, sempre os mesmo beijos molhados, os mesmos toques afoitos e as mesmas conversas curiosas e confusas.

 

Mas é impressionante.

 

Como nesse vai e vem, nesse pensamento de que nada muda, olhamos para trás e tudo está completamente diferente do que poderíamos um dia imaginar.

 

"Cause sooner or later it's over (Porque cedo ou tarde isso acabará)

I just don't want to miss you tonight (Eu só não quero sentir sua falta esta noite)”

 

E eu? Eu não imaginaria que minha vida mudaria tão drasticamente quando decidi pixar uma parede.

 

Quando decidi quebrar regras, atravessar fronteiras, misturar línguas, explodir bolas com chiclete ou guardar um par de baquetas nos bolsos.

 

Mas, principalmente, quando decidi enxergar beleza naquilo que todos sempre me disseram  nunca existir.

 

"And I don't want the world to see me (E eu não quero que o mundo me veja)

Cause I don't think they'd understand (Porque não creio que eles entenderiam)"

 

Ter alguém ali.

 

Isso.

 

Ter alguém ali.

 

Acho que eu nunca tive alguém ali.

 

Alguém que não fosse eu, mas fosse eu ao mesmo tempo.

 

Não sei, todos esperam por isso.

 

Mas eu não esperava, eu definitivamente não esperava.

 

E isso me faz cair novamente nas questões sobre borboletas, sei que você já esta cansado de ouvir sobre elas, mas é porque toda essa bagagem de bobagens é realmente pesada demais pra se segurar numa mão só.

 

"When everything's made to be broken (Quando tudo estiver destruído)

 I just want you to know who I am (Eu só quero que você saiba quem eu sou)"

 

E talvez a felicidade seja mesmo assim.

 

Como uma borboleta.

 

Se você correr atrás, tentar capturá-la, nunca irá conseguir.

 

Mas num momento qualquer, quando você estiver desprevenido, pensativo... ela irá apenas pousar no seu ombro.

 

Não tenho a certeza para dizer se as borboletas pousaram ou não em mim.

 

"And you can't fight the tears that ain't coming (E não dá para lutar contra lagrimas que não vem)

Or the moment of truth in your lies (Ou o momento de verdade em suas mentiras)

 

Mas gosto de acreditar que sim, afinal, elas estavam sempre tão livres ao meu redor.

 

Seria ainda mais clichê se eu lhes contasse que uma delas pousara na pontinha do violão marrom de Chanyeol? Bem na hora em que sua voz preenchia meus frascos e sua música traçava constelações de orgulho, de vergonha, de tantas coisas.

 

Acho que sim.

 

Mas o que não é clichê?

 

Talvez eu fale coisas tradicionais demais, românticas demais.

 

Ditas demais.

 

Mas que palavras bonitas nunca foram usadas antes?

 

No final, clichê ainda é o que mais agrada.

 

E sabe, tenho que admitir que sempre fomos muito clichês, era culpa sua, mas também tenho que admitir que éramos o clichê mais bonito que eu já pude ver.

 

 "When everything feels like the movies (Quanto tudo parecer como nos filmes)

Yeah you bleed just to know you're alive (Sim, você sangra apenas para saber que esta vivo)”

 

E lá estava, algo completamente clichê, em frente aos meus olhos, e eu simplesmente não conseguia acreditar.

 

Eu tinha alguém ali.

 

Não é uma loucura?

 

Porque, meu deus, para mim era uma tremenda loucura.

 

"And I don't want the world to see me (E eu não quero que o mundo me veja)

Cause I don't think they'd understand (Porque não creio que eles compreenderiam)"

 

Esse monte de gestos, de clichês, de maluquices, eu não conseguia compreender, talvez porque o mundo fosse assim mesmo.

 

Existem coisas que a gente vê e sabe.

 

Coisas que a gente vê e demora um tempo pra saber.

 

E coisas que podemos ver centenas de vezes que não vamos saber nunca.

 

"When everything's made to be broken (Quando tudo estiver destruído)

I just want you to know who I am (Eu só quero que você saiba quem eu sou)"

 

E ali estava eu.

 

Num porão decorado apenas para mim, em meio a velas, livros, borboletas, coisas que pareciam ter sido puxadas das historias mais românticas e improváveis possíveis, com um garoto sentado, cantando nossa história.

 

Não sei, mas era algo tão sentimental.

 

E deus!

 

Eu gostava tanto dele.

 

E era isso, que parei para notar naquele momento, eu gostava dele por mais que não acreditasse nisso.

 

Provavelmente porque eu nunca me imaginaria gostando de alguém daquela forma.

 

Risos, nunca me achei capaz de nada, quem diria de gostar assim.

 

"And I don't want the world to see me (E eu não quero que o mundo me veja)

Cause I don't think they'd understand (Porque não creio que eles compreenderiam)"

 

 Em algum momento perdido no tempo, não saberia dizer a exata marcação dos ponteiros, e só quando as gotas quentes alcançaram o tecido branco da calça que usava, que percebi.

 

Percebi que chorava.

 

Mas Chanyeol não percebera, ele mantinha os olhos fechados, deixando com que apenas a voz grave se mostrasse, as sobrancelhas franzidas, os dedos trêmulos formando as notas.

 

Ele ficava perfeito daquela maneira.

 

"When everything's made to be broken (Quando tudo estiver destruído)

I just want you to know who I am (Eu só quero que você saiba quem eu sou

"I just want you to know who I am...(Eu só quero que você saiba quem eu sou...)"

 

Suas pálpebras abriram-se lentamente, permitindo que aqueles olhos prateados encontrassem-se com os meus.

 

Solucei de leve, sorrindo, enquanto tentava secar as lágrimas que insistiam em cair e Chanyeol mordeu os lábios, envergonhado com minha reação, mas quando fitou meu sorriso, um semelhante formou-se em seu rosto.

 

E ele sorriu abertamente, com os orbes brilhando, arrumando o violão no colo, enquanto passava com cuidado a pequena borboleta para seus dedos.

 

Lembro que olhei para ele, aleatório em seu mundinho e pensei  "Eu realmente te amo."

 

Seus dedos ainda permaneciam nas cordas do instrumento, a franja ruiva caída sobre os olhos, o sorriso grande no rosto, a borboleta no indicador, tão simples, tão normal e invisível.

 

Mas existia algo sobre ele que me fazia pensar "É, eu realmente te amo."

 

"Deviam te prender meu." Lembro que me ergui, ainda desordenado, ainda chorando, ainda parado naquele “ainda”.

 

Ele também se levantou, permitindo que o inseto fosse embora, e o violão repousasse próximo a uma pilha de livros.

 

"Por quê?" Questionou receoso e eu sorri, aproximando-me, deixando que seus braços envolvessem-me calmos.

 

"Por ser assim, sério... Você é incrível!"

 

Suas bochechas coraram fortemente com o elogio, daquelas palavras que eu tinha certeza que um dia ficaria com medo de tirar o significado.

 

E ele era tão fofo que eu não conseguia resistir em lhe deixar envergonhado.

 

"Não exagere." Ele escondeu o rosto no meu pescoço com um pouco de esforço, já que tão grande quanto a nossa diferença de altura, apenas a evidência desta.

 

Mas eu gostava um pouco do fato dele ser alto.

 

Ok, eu gostava muito do fato dele ser alto.

 

"Posso fazer uma coisa?" Sussurrei contra seus ouvidos, sentindo ele tremer entre meus braços e erguer o rosto de leve, ainda próximo.

 

"O que?” Fitei aqueles olhos prateados curiosos, como se esperassem verdadeiramente por minha fala.

 

"Grandão.” Murmurei, e ele franziu o cenho, confuso.

 

"Que?”

 

E eu ri.

 

"Grandão."

 

Ele pensou durante alguns segundos.

 

"Ainda não entendi..." Sorriu sem graça e eu suspirei.

 

Chanyeol conseguia ser tão lerdo às vezes.

 

"Pequeno."

 

 Apontei para mim mesmo.

 

"Grandão."

 

Encostei o indicador em seu peito.

 

Seus olhos arregalaram-se, maiores do que nunca e ele me abraçou com força logo em seguida.

 

"Chany-"

 

"Meu deus, você é tão fofo cara." Ri daquilo, revirando os olhos e deixando com que ele continuasse a me abraçar.

 

Ficamos ali durante minutos, apenas sentindo um ao outro, e nem a penumbra do quarto, nem o silêncio formado, atrapalhavam.

 

E com seu coração batendo calmo contra meu rosto que eu pude sentir aquela intimidade , digo, não intimidade de toques ou amassos, era mais que isso. Éramos íntimos não porque trocávamos beijos, éramos íntimos pelas mensagens divertidas ou entediadas, em plena madrugada, com prova no dia seguinte. Éramos íntimos por reconhecer o cheiro alheio e saber de cor e salteado o que nos irritava. Éramos íntimos quando nos preocupávamos demais e conseguíamos ser íntimos ao fingir alguma coisa, ao torcer o nariz ou cair no chão de tanto rir.

 

Éramos íntimos.

 

"Ei grandão." O chamei, rindo internamente com o novo apelido.

 

Chanyeol soltou-me, tornando a fitar-me em espera de um ricochete, e aqueles olhos prateados pregados a mim...ah, eu nem saberia o que dizer. Admirei-lhe com esmero, baixando minhas íris achocolatadas para sua boca vermelha, notando os lábios firmados por carne, era como se os mesmos me convidassem para uma cerimônia sui generis.

 

E deus! Era capaz de assomar com perfeição o sabor daquela boca e como me beijara pela primeira vez, e talvez ele tenha me beijado tão bem que fez as outras coisas se tornarem mais insignificantes.

 

Quero dizer, não foi como se ele tivesse segurado minha mão tão forte que chegara a doer, não, e seus braços também nunca soaram como um vício, mas toda vez que a gente se olhava daquele modo, às vezes jogando algum joguinho idiota, às vezes durante a aula, na sua ou na minha casa, no terraço.

 

Eu sempre pensava “Beijar agora seria algo da hora.”

 

E enquanto contemplava sua boca, a forma que comprimia os lábios, o inferior batendo no superior, espremendo-se entre si como se pudessem luzir entre o pouquinho de saliva da língua que passava deslizante por entre as pequenas rachaduras.... acho que desejei que ele nunca tivesse me beijado.

 

Pois estava se tornando impossível viver daquela maneira.

 

Pois não havia um único segundo que eu não estive ali, desejando senti-lo.

 

"Eu quero te beijar." Murmurei sério, evidenciando o desejo na voz e seus olhos arregalaram-se novamente.

 

Meus dedos, quase que maquinalmente, subiram por seu braço, sentindo a extensão do tecido negro que usava, tateando a tez coberta com tamanha lentidão que a respiração acelerada não condizia.

 

 Aquelas luas prateadas logo se tornaram semicerradas, escondidas entre pálpebras, como acontecia quando eu despertava outro lado de Chanyeol, e seus dedos dedilharam meu pescoço, me puxando pela nuca, daquela forma que ele sabia que eu não fugiria.

 

O segurei pelo colarinho da jaqueta preta com certa violência, infringindo o contato que colara seu corpo ao meu. Meus pés ergueram-se, repousando em pontas e eu não relutei por nem mais uma fração de segundos em levar meus lábios até os seus, em uma coragem que, podem ter certeza, até eu mesmo estava estranhando.

 

Nossos lábios pouco se encostaram quando as línguas já quiseram fazer participação no ato, embrenhando-se uma à outra, aquecendo-se com o calor e com a maciez alheia, causando espasmos.

 

Não importava quantas vezes eu beijasse Chanyeol, sempre existiria um sabor diferente, uma parte desconhecida da cavidade, um cantinho mais quente, mais molhado.

 

E enquanto nossas cabeças se moviam, facilitando aquela jornada que percorríamos, meus dedos exploravam seu corpo, deslizando entre aqueles braços conhecidos, levemente sempre trêmulos e um pouco acanhados. Suas mãos prendiam-se e desprendiam-se de meus fios castanhos, emergindo pelas mechas como se pudesse guiar minha cabeça, deixando com que sua boca capturasse minha língua, a sugando para si em estalos.

 

Beijamos-nos como apenas poetas e sonhadores poderiam beijar, uma tangência de raptos sob as luzes douradas e uma avalanche de estrelas sendo costuradas através de nossas peles enquanto nos apertávamos.

 

E existia um pequeno sinal, a aurora, a galáxia que pingava dentro da atmosfera entre nossos lábios, sendo ritmados e combinados entre si.

 

Não havia palavras para o que escrevíamos ali.

 

Apenas as batidas aceleradas.

 

Apenas os corpos fervilhando.

 

Apenas o mundo... Dissolvendo-se ao nosso redor.

 

 Queria manter o beijo pela eternidade, mas fora necessário ar, e tivemos que nos afastar por pouquíssimos centímetros, somente o necessário para que eu pudesse sentir aquela sua respiração curta e forte, batendo contra meu rosto, e fitar aqueles olhos platinados, vidrados aos meus, mal vislumbrados pelas pálpebras puxadas.

 

E ali, acessando sem chaves as íris brilhantes e extremamente claras, encontrei uma pitada de dúvida, como se Chanyeol ainda relutasse a algo.

 

Mas eu tinha tanta pouca coragem quanto ele, éramos apenas dois garotos, no meio caminho da adolescência, descobrindo centenas de coisas e tentando compreender o real porque de estarmos vivos.

 

Não sei, fora apenas que...entre aqueles orbes acinzentados eu decidi guiá-lo com minhas digitais poucos capazes, espantar os fantasmas presentes em sua própria escuridão, puxar seus cabelos vermelhos  até que ele ficasse uma bagunça que só vendo, um corpo brilhando sem fôlego.

 

Dedilhar minhas falanges por sua cintura magra, por seu abdômen pouco definido, as cravando das entradinhas marcadas, subindo por cada parte de suas costas, sentindo sua espinhar arrepiar-se e assistir as constelações dançando ao despertar em meus toques.

 

Eu queria permanecer nele até que queimasse tão brilhante que eu seria incapaz de tocá-lo, deitando-me em seus campos estrelados, banhando-me em sua lua e dormindo em seus meteoros.

 

Segurei em seu pescoço, o empurrando contra a parede atrás de nós, acabando por derrubar alguns livros, e automaticamente seus dedos tornavam a puxar-me pela cintura, juntando as bocas.

 

E sinto que não existem muitas palavras capazes de descrever o jeito que Chanyeol tornava-se em momentos como aquele. Sua boca virava afoita, desesperada, seus dedos convertiam-se para trêmulos enquanto me tocavam, nervosos e impacientes e ainda assim era como se ele tivesse consciência de tudo que estivesse fazendo, como se soubesse exatamente onde tocar, onde marcar e carimbar seus lábios.

 

Enquanto eu, apenas deixava-me levar pelas suas ações e pelos sentimentos caóticos que cresciam dentro de mim, aqueles que causavam um volume incômodo em minha calça.

 

Senti suas mãos descerem por toda a extensão de minhas costas, enquanto permanecíamos escorados naquela parede, meus braços em seus ombros, abraçando seu pescoço, permitindo que meus dedos puxassem fugazes seus fios de fogo.

 

Beijamos-nos com força, causando atrito nos corpos colados e nos volumes já visivelmente evidentes, sendo prensados. Aquelas suas mãos contornaram-me as nádegas cobertas pelo jeans claro, as apertando e as dividindo, como se estas tivessem sido feitas na medida exata para serem seguradas por si, cabendo perfeitamente em cada palma violenta.

 

E quando ele me apalpara com tamanha força que meu corpo acabara por erguer-se de leve, tropeçando em suas pernas longas, meus lábios desprenderam-se dos seus, em um estalo, acompanhado por um gemido baixo.

 

“Cha-chanyeol...” Pronunciei, notando que talvez meu som favorito fosse aquele.

 

O do seu nome, enquanto eu sussurrava o mesmo quase que ronronando, contra seu pescoço de tez imaculada.

 

Ele deslizou seus toques até minhas coxas, me tirando do chão por ali e eu arregalei os olhos assustado, tendo de passar meus braços contra seu pescoço. Chanyeol me manteve em seu colo, sem que eu entendesse muito bem o porquê daquilo, e inverteu as posições, prensando-me contra a parede e tornando a me beijar, agora, com as faces na mesma altura.

 

Segurei-o pelos cabelos, talvez até com agressividade demais, mas ele parecia nem notar, pois me correspondia os toques, apertando com força minhas pernas. Tombei minha cabeça para trás, sentindo a textura da parede, quando seus lábios desceram até meu pescoço, beijando a pele como se eu fosse pedra de gelo perante sua língua quente, derretendo em sua boca.

 

Ele caminhou pelo quarto em passos rápidos, ainda tendo-me em seus braços, e para minha surpresa, me jogou na cama. Sua boca escapou da minha em um estalo e minhas costas bateram contra os edredons macios da cama bagunçada.

 

Não tive tempo de pensar, pois o corpo grande e pesado do ruivo subiu acima do meu, encaixando-se entre minhas pernas, fazendo a cama ranger e os tecidos claros, translúcidos pela luz dourada, movimentarem-se. Chanyeol tornou a beijar-me e eu correspondi ao contato desesperador, arranhando suas costas cobertas pela jaqueta negra.

 

Eu permanecia abaixo de si, sendo preenchido, inundado por aquele desejo nada passageiro e completamente novo, as pálpebras fechadas mostravam-me centenas de pequenos pontinhos e luzes, como se fossem estrelas fincadas entre os cílios, seus dentes puxaram meu lábio inferior, antes de deslizarem impacientes pelo meu pescoço, saboreando a pele, fazendo-me arrepiar.

 

E meus gemidos? Ah, meus gemidos assemelhavam-se a árvores sendo atingidas por ventos de centenas de quilômetros por hora, falhando, entrecortados através do vento. Eu perdia-me como um bando de pássaros, atravessando sua face e puxando aqueles lençóis como se fossem nuvens.

 

Meus olhos abriam-se brevemente, semicerrados, encontrando aquelas madeixas vermelhas movimentando-se, devorando-me o pescoço em sucções altas e tudo parecia tão quente. As luzes, as velas, os tecidos brancos que refletiam o brilho das lamparinas em suas sombras, eu.

 

"Tá muito que-quente.” Manifestei-me baixinho e ele encarou-me com aqueles olhos felinos, pronunciando suas palavras em uma voz grave e pouco desafinada.

 

"Tire as roupas então." Sussurrou, entre os lábios inchados e minhas bochechas coraram tão fortemente que senti que iria desmaiar ali mesmo.

 

Chanyeol segurou em meu queixo, fitando-me ainda com o corpo sobre o meu e estávamos tão próximos, tão juntos, envoltos por aqueles panos longos que mais assemelhavam-se a um escudo, capaz de permitir que pudéssemos ter a liberdade de acreditar em algo.

 

Porque o mundo já havia tirado muito de nós.

 

Deslizei os dedos pelo seu rosto praticamente colado ao meu, passando o polegar em seus lábios ainda vermelhos pelos contatos de minutos atrás.

 

Teria problema se eu lhe beijasse novamente?

 

Eu queria tanto.

 

Mesmo sendo errado, mesmo sendo contra tudo, mesmo que ele não quisesse... eu precisava.

 

Ele era meu veneno e meu antídoto no mesmo frasquinho.

 

Segurando em sua maxila, tornei a aproximar as bocas, selando seus lábios três vezes, antes de deixar com que minha língua fosse sugada com pouca força pela sua, em um riso baixo, desprendendo-se entre alguns sorrisos inocentes.

 

E quem quer que visse a cena, até de longe, notaria que estávamos bêbados. Não bêbados de nenhum tipo de cerveja ou drinque, nós estávamos bêbados um do outro. O jeito que riamos, o jeito que mantínhamos aqueles olhares por mais que soubéssemos que a vergonha pesava as pálpebras, o modo que nos tocávamos, com um nervosismo escondido por trás de uma eminente excitação.

 

Quem visse a cena, até de longe, notaria.

 

Chanyeol deslizou o membro áspero pelo meu queixo, passando o músculo molhado por toda a região, até minha orelha, deixando uma mordida simples ali, mas que já fora o suficiente para que um suspiro alto abandonasse-me os pulmões, estremecendo meu corpo.

 

Eu já estava tão nervoso, tão quente.

 

E a calça...tão apertada.

 

"Chan-chanyeol..." Puxei-o pelos cabelos, tentando me erguer, mas ele não deixava, seu corpo estava tão pesado em cima do meu, e aquilo só piorava a situação entre minhas pernas.

 

Em uma de minhas falhas tentativas para levantar, acabei empurrando-o para o lado, mas como ele não me soltou, acidentalmente, fiquei por cima dele, tragando o ar, finalmente livre de peso, mas não de dor.

 

Ah, eu queria um alívio.

 

Voltei a me levantar, mas ele impediu-me, segurando em minha cintura.

 

"Calma, o que foi?" Ouvir sua voz cuidadosa, contracenando com o peso de sua respiração, me acalmou durante alguns instantes e eu deixei com que meu corpo continuasse sentado em cima de um volume que, definitivamente, não era meu.

 

"Tá doendo, cara..." Murmurei e ele franziu o cenho.

 

"Onde tá doendo, pequeno?" Ele realmente parecia preocupado.

 

Minhas bochechas estavam coradas enquanto eu fitava aquele Chanyeol iluminado pelas poucas luzes amareladas, formadas pelas velas, abaixo do meu corpo.

 

"Aqui..." Levei meus dedos com cuidado até a região, apertando-a de leve e ele levou os olhos atentos até ali "Faz aquilo que você fez da última vez..." Murmurei ainda envergonhado em ter de comentar sobre o ocorrido no chuveiro.

 

"É melhor pararmos Baek...antes que alguma coisa aconteça." Ele mordeu os lábios durante alguns segundos.

 

Mas aquilo estava doendo muito, porque não podíamos simplesmente fazer as coisas que sempre fazíamos? Não conseguia entender o motivo de sua negação repentina.

 

"Vai, por favor..." Lembro que deixei com que meu corpo deslizasse sobre o seu, roçando as intimidades, selando seus lábios "Eu tento fazer em você também..." Meus dedos tocaram seu volume, fazendo Chanyeol suspirar de leve.

 

"É-é serio, vamos parar." Ele espalmou as mãos em meu peito, me afastando.

 

"Chanyeol!" Protestei "Você me deixou assim, então faça o favor de fazer isso parar."

 

"Ai Baek, não foi isso que eu tinha planejado pra hoje." Ele tentou sair de baixo de mim.

 

Mentira.

 

Como ele podia não ter planejado isso quando o próprio cenário indicava o contrário? Quando aquela música ainda ressonava em meus ouvidos, quando aquelas velas brilhavam excêntricas e abrasantes ao nosso redor?

 

Fitei suas bochechas coradas, seus olhos prateados que recusavam me encarar, os lábios comprimidos e, entre um suspiro, deixei um pequeno selo em sua maçã.

 

"Grandão...eu não to com medo, vamos fazer isso." Ele tornou a me fitar quando minha frase alcançou seus tímpanos.

 

E pensando hoje, aquela noite foi um pouco cômica, nem eu nem ele tínhamos experiência com nada, quem diria tentar passar alguma confiança. Dizem que sempre que você faz algo pela primeira vez acaba sendo ruim, mas eu discordo, aquela fora uma das melhores noites da minha vida.

 

E eu não me importava.

 

Eu não me importava se ele me segurasse como um daqueles livros, eu não me importava com as marcas que fizesse em minha espinha, ele poderia virar minhas páginas, os dedos sendo lambidos até tocarem o papel, as córneas malacias e extasiadas na antecipação pelas palavras escritas na próxima parte.

 

E eu não conseguia esperar mais.

 

Para segurar toda aquela tinta, azul e vermelha, a qual ele usaria para grifar suas partes favoritas de mim.

 

"Fazer o que?" Ele me questionou e eu fitei o pano branco que nos cobria como uma barraca, pensando sobre tudo aquilo.

 

"Não sei, mas vamos fazer.” Sorri sapeca, exibindo meus caninos mais pontiagudos que o normal.

 

Suas mãos cobriram seu rosto extremamente avermelhado e ele girou a cabeça de um lado para o outro diversas vezes, bagunçando os fios vermelhos.

 

"Eu não acredito que isso vai acontecer mesmo..." Murmurava “Ai meu deus...”

 

"Chanyeol!" Ri baixinho, incrédulo.

 

"Calma, calma, eu só to...” Suspirou, deslizando as palmas pela bochecha “Me dá um tempinho pra respirar, desculpa é que... é que eu nunca fiz isso antes."

 

Chanyeol era um ser humano normal afinal, com medo, dúvidas, preocupações, como qualquer outro.

 

Mas enquanto eu estava ali, acariciando de leve seu peito coberto pela jaqueta... Eu só queria tocá-lo.

 

Muito, muito mais do que eu sempre fazia.

 

Eu só queria tocá-lo e sentir o brilho de sua pele, o suor em sua testa, contra o tempo que passava no relógio, diminuindo nossas vidas, e a ultrajante sonoridade frenética ao nosso redor, aquele zumbido irritante e impiedoso.

 

Eu só queria descobrir como se tornaria sua respiração quando meus lábios tocassem sua pele e eu queria passas horas ensinando à minhas mãos todos os lugares que faziam seu coração acelerar.

 

Elas eram rápidas aprendizes, mas eu nunca contaria isto para ele.

 

Queria que ele ensinasse como se elas jamais fossem capazes de entender.

 

"Eu também não... Na verdade, eu nem sei do que a gente tá falando, mas eu sinto que é coisa errada." Sorri danado novamente e ele afastou as mãos do rosto.

 

"E é errado mesmo." Riu pela primeira vez durante aqueles minutos envergonhados que passávamos.

 

"Mas olha..." Peguei em suas mãos "Se for pra ser errado, eu quero que seja errado com você."

 

Ele ficou me encarando durante poucos segundos e por fim sorriu, selando meus lábios.

 

"Tá, vamos fazer isso, mano.” Fiz que sim, sorrindo de leve "Bom Baek, não fique falando muito, por favor... E... Só sinta, ok?"

 

O ruivo parecia perdido em suas palavras, devia ser pelo medo.

 

Sim, o medo, não aquele de ser inadequado, de ser impreciso, de ser errado. Pois nosso maior medo nunca é o de sermos inadequados, nosso maior medo é aquele que se molda aos poucos, o medo de nosso próprio poder.

 

É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos aflige. Nós sempre ficamos perguntando a nós mesmos “quem sou eu para ser brilhante?” para ser bonito, para ser legal, famoso, talentoso, reconhecido.

 

E na real, quem você é para não ser tudo isso?

 

Quando você faz pratos pequenos, nunca é capaz de alimentar o mundo.

 

Não existe nada de errado em ter confiança, assim as outras pessoas não se sentiriam inseguras ao seu lado.

 

Fomos feitos de pó de estrelas, e fomos feitos para brilhar. Não apenas um, todos nós.

 

E eu só quero dizer que, quando deixamos nossa própria luz brilhar, nós inconscientemente damos a permissão para que os outros façam o mesmo.

 

Quando nós nos liberamos do nosso medo, automaticamente liberamos o mundo.

 

E ele não precisava ter medo, sim, realmente não.

 

"E se não gostar de qualquer coisa, pode me falar." Suspirou "Eu... eu quero que isso seja inesquecível pra gente..."

 

Ri com a maneira em que seus olhos brilharam com a palavra "inesquecível", como se revelassem de forma muda o quanto ele se importava com tudo o que estava acontecendo.

 

"Vai ser inesquecível, e pode deixar que eu vou ficar quietinho."

 

Ele riu, dando um selo em meus lábios, até eu sentir sua língua aprofundar o contato e não neguei, deixando com que ambas se misturassem em um novo beijo. Suas mãos deslizaram até minhas nádegas, as apertando com força, e eu suspirei acima de si, dedilhando as laterais de seu rosto.

 

Chanyeol aproveitou a deixa para inverter as posições, e sem que eu pudesse perceber, lá estava seu corpo acima do meu, deixando-me parcialmente indefeso.

 

O ruivo ergueu-se entre minhas pernas, e eu observei seus atos, enquanto tirava a jaqueta negra, jogando-a para um canto qualquer. Fitei seus braços desnudos e magros, as axilas cobertas por pelos escuros, e a tez já suada, evidenciando o calor extremo presente no cômodo.

 

Eu estava tão nervoso, quando ele voltou-se para mim, segurando na barra do meu moletom branco, e eu apenas deixei com que suas mãos deslizassem calmas o tecido, erguendo os braços para facilitar a saída da peça, ficando levemente envergonhado pela exposição de meu corpo.

 

Meus braços estavam esparramados de leve quando ele jogou o blusão níveo para longe, tornando os olhos precisos em direção de meu torso desnudo. Suas digitais repousaram próximas de minha cintura, lentamente destrancando todas as fechaduras do meu corpo masculino.

 

Corpo masculino... a ideia da figura do homem vindo-me a mente, erguendo cortinas enquanto Chanyeol selava a região com carinho, sem perder a chama presente em seus atos, e o tesouro de sua boca colocou-se entre minha alma, diante das caixas torácicas, exibindo mais que o vasto .

 

E talvez tenha sido ali, com seus lábios deslizando com cuidado pela tez, tão lentos e tão fugazes, como se a carne farta fosse débil, sendo guiada pelos contornos de meus músculos, talvez tenha sido ali que eu notei.

 

Que gostava do meu corpo, eu gostava do meu corpo quando estava com o seu corpo. E era algo tão novo, mesocarpos melhores e nervos aflorados.

 

Eu gostava de seu corpo, gostava de como agia, como era, enquanto meus braços envolviam sua cabeça de leve, acompanhando seus movimentos, sentindo os cabelos macios intrometerem-se nos toques.

 

Seu nariz e seus lábios esfregavam-se delicados contra a pele, conhecendo, explorando, como se tivessem esperado aquilo durante muitos e muitos anos, e quando o rosto ergueu-se ainda entre meus braços nus.

 

Ah, sua face estava pintada pelos tons de amarelo ao redor de nós, mudando os níveis de luz que eram realçados em sua tez branca, em seus olhos translúcidos. Aqueles cabelos bagunçados por meus próprios dedos, aqueles lábios entreabertos, exibindo a respiração em cortes, eu já os conhecia, mas céus! Pareciam tão especiais.

 

Ele era, com toda a certeza, todo tipo de poesia que eu sempre desejara escrever, todo tipo de historia que eu sempre sonhara contar, eu sabia disso.

 

Mas...

 

Pela primeira vez eu estava vendo ele daquele modo, a forma que suspirava, assistindo seus olhos nublados em tamanho desejo, escondendo todo seu receio entre as pestanas prateadas e eu acho que nunca havia entendido, verdadeiramente, o quão lindo ele era até aquele momento.

 

“A-ahn... Cha-chanyeol...” Sentia seus lábios castigarem meu mamilo, contornando-o até que estivesse completamente rijo entre sua boca.

 

O segurei com força pelos cabelos, como se não quisesse soltá-lo nunca mais, enquanto nossos lábios embrenharam-se novamente, apenas amassando as carnes avermelhadas e macias, naquele jogo afoito de toques e ações cem por cento completas.

 

"Tira a camisa..." Sussurrei entre o vão de nossas bocas, e as íris prateadas arregalaram-se de leve.

 

"Por quê?" Franziu o cenho e eu estalei a língua, sem entender o porquê de sua negação.

 

"Porque eu estou sem, você tem ficar sem também.” Ele riu, desconcentrado.

 

"Err ...não tem problema fazer isso de regata, eu não preciso tirar..."

 

"Cara, o que foi?" Segurei em seu rosto, tendo seus olhos fixos aos meus, após uma série de olhares desviados.

 

Ele não precisou responder, um suspiro lento saiu por entre seus lábios, enquanto seus orbes fitavam chateados qualquer direção que não fosse eu.

 

"E-eu não gosto muito de tirar a camisa..." Murmurou e eu revirei os olhos com aquilo.

 

"Chanyeol, por favor né mano, vamos, sem frescura." Insisti mas ele não se manifestou, quieto.

 

Parecia realmente sério sobre a questão e eu comecei a perguntar-me o porquê daquilo. Seria algum problema de pele? Alguma pinta?

 

Independente do que fosse, era Chanyeol ali e nada mudaria o que eu pensava sobre si.

 

Que ele era a pessoa mais incrível do mundo.

 

"Eu não sei qual é o problema, mas eu não ligo, você é demais Chanyeol." Murmurei confiante e ele suspirou, erguendo-se.

 

Seus dedos trêmulos foram até a barra do tecido negro da regata colata, temerosos em puxá-lo de uma vez e eu observava seus movimentos, os olhos fechados, os dentes castigando lábios pelo seu medo.

 

E a regata negra foi deslizando pouco a pouco, tão lentamente, revelando a pele do garoto de olhos prateados e sou capaz de recordar-me com precisão como franzia as sobrancelhas durante todo o processo, até que a peça já se encontrasse jogada no chão.

 

Chanyeol permanecia de pálpebras bem fechadas, já meus olhos passavam pela tez marcada com diversas cicatrizes, algumas mais profundas que outras, como se fossem frutos de cortes longos e encovados, resultando em gilvazes mais brancos que a tonalidade normal.

 

No final da cintura, bem na lateral do quadril, havia um número marcado a ferro, nunca esqueceria daquilo. Não, não daquele número. Nunca.

 

61.

 

Aquele número.

 

Não me assustei, não gritei, nem senti nojo, só fiquei... Confuso, levando os dedos com cuidado até ali, sentindo o relevo que as marcas faziam em sua barriga.

 

"O que aconteceu?" Sussurrei baixinho e ele não me respondeu "Channie..."

 

Fitei-lhe sério, enquanto sentava na cama, de cabeça baixa e humor despencando, como se aqueles olhos prateados pudessem fugir de mim.

 

"Me conta o que aconteceu." Fez que não.

 

"E agora? Continua me achando bonito?" Sua voz era temerosa, levemente irresoluta e afetada e eu suspirei, encarando os cortes fundos, aclarados pelos fios de luz que eram as velas douradas.

 

Deslizei os dedos pelo numeral grande, fitando ele erguer a face e Chanyeol me encarava como um cachorro inocente, ele sempre agia daquele modo. Sempre olhando para mim como se eu tivesse feito algo errado, como se eu fosse deixá-lo para trás, como se eu fosse começar uma briga, como se eu não estivesse lhe dando atenção suficiente.

 

Ele olhava para mim como se eu olhasse para ele como todos olhavam.

 

E aquelas minhas digitais, contornadas em centenas de desenhos próprios, tão desqualificadas, caminharam sem precisar de nenhum tipo de mapa, pois naturalmente apontavam para si, passos rápidos e largos, sem que ninguém os impedisse de fazer o que desejavam.

 

Senti a pele, senti as elevações que mais se assemelhavam a gravuras, o arrepio suave de seus músculos, e sem pronunciar uma única palavra, levei meus lábios até ali, selando levemente, e eu gostava de beijá-lo, sim, eu gostava de beijar aqui e ali dele, encontrar e mais, encontrar beleza naquelas cicatrizes.

 

Não no modo em que as conseguira, não nas memórias, não na dor, mas na maneira que seu corpo curou a si mesmo, pelos ferimentos infringidos, não importa como, seu corpo o amava o suficiente para se consertar deixando cicatrizes.

 

"Você é lindo." Fiz um carinho singelo com o nariz, erguendo o rosto e deparando-me com um Chanyeol completamente constrangido e canhestro "Por favor, me conta depois onde você fez isso."

 

Ele não respondera, apenas fez seu peito esvaziar o ar e voltou a deitar seu corpo sobre o meu, que o abracei meio sem jeito. Naquele tempo, por mais corroído de perguntas que eu me encontrasse, não perguntaria nada à Chanyeol.

 

Talvez porque coisas como aquela fossem difíceis demais de serem ditas, ou ouvidas.

 

E estava tudo tão bem entre nós, eu não queria estragar isso com perguntas sobre o que quer que tivesse acontecido, ele me contaria se quisesse, ele me contaria quando chegasse a hora certa.

 

"Obrigada." Ouvi aquelas palavras jogadas contra meus ouvidos e suspirei, selando sua testa.

 

Obrigada pelo quê? Por aceitá-lo? Seria engraçado dizer que alguém como Chanyeol era capaz de conseguir imaginar que eu trocaria quase três anos só por causa meras cicatrizes.

 

"Não precisa agradecer por nada." Respondi sincero e ele sorriu contra meu pescoço.

 

"De novo tudo tá saindo fora do planejado.” Fitei a palma de sua mão estendida no ar, e repousei a minha sob a mesma, embrenhando os dedos, notando no quão pequena parecia se comparada a do ruivo.

 

"Eu particularmente prefiro assim... Seria chato se tudo na vida saísse como planejamos..." Sorri, me sentindo levemente poético.

 

Ele ficou em silêncio durante alguns segundos, para então tirar o rosto da curva de meu pescoço, fixando seus orbes nos meus. E aquela troca ocular durou tanto tempo, era naquele silêncio do olhar que ambos confessávamos coisas um ao outro, as quais apenas nós dois poderíamos entender.

 

"Posso?" A voz levemente grave soou em bom tom.

 

Não havia réplica para aquele pedido incompleto, arremessado ao ar, de forma que seria impossível de capturá-lo.

 

Seriam necessárias respostas e perguntas para aquilo tudo?

 

Sim, eu respondi Chanyeol naquela noite, podem acreditar.

 

Se ele podia fazer-me seu?

 

Ele já sabia que podia.

 

Não havia o que perguntar.

 

Os dedos trêmulos desabotoaram minha calça, não tão afoitos, não tão pacientes, em um meio termo de tudo o que era a ansiedade de provar o que viria a seguir. O som do zíper se abrindo alcançou-me os ouvidos, enquanto a sombra do corpo grande de Chanyeol se redesenhava nos panos brancos sob nós.

 

O tecido deslizou com certa dificuldade pelas minhas pernas e o ruivo jogou-o em um canto qualquer, antes que ele começasse a tirar sua própria peça, o impedi, encontrando seus olhos curiosos.

 

"Deixa eu tirar a sua." Pedi tímido e ele sorriu de leve, afastando os braços.

 

Dedilhei sua cintura marcada por cicatrizes, e tremendo, forcei meus dedos contra o botão de sua calça, abrindo-a, e com cuidado, tirando-a do ruivo, percorrendo as pernas longas. Segurei o tecido pesado, colocando-o em algum lugar da cama onde eu não fazia questão de saber onde era.

 

Parei por um instante, constrangido, tirando rapidamente meus tênis e ele fez o mesmo com os coturnos negros, ato que não evitamos em rir. Hoje me pergunto quem fica rindo enquanto fazia aquele tipo de coisa.

 

Mas normais nós nunca fomos.

 

Tornamos a deitar na cama e eu fitei-lhe, permitindo o que quer que fosse fazer, e Chanyeol retribuiu o olhar confiante.

 

Seus lábios voltaram uma última vez aos meus e o beijo não foi afoito, muito menos cheio de desejo ou volúpia. Fora apenas cúmplice, transbordando confiança e amor entre dois adolescentes do mesmo sexo.

 

Não sei, as pessoas sempre veem problemas nisso, e até hoje não consigo entender muito bem onde está a parte errada de tudo aquilo.

 

Existe coisa mais linda?

 

Dois desconhecidos, tão unidos ao ponto de pertencerem-se daquela maneira? Não falo de almas gêmeas ou frutas pela metade, essas baboseiras românticas.

 

Falo de qualquer relação carnal, algo que crucificamos, mas que para mim, não existe maior prova de amor que aquela, de entrega, de confiança.

 

Permitir ser visto daquela forma, sem nenhum tipo de impedimento, de óbice ou véu, apenas você, do exato jeitinho que é. Sua voz, seus gemidos, seu corpo suado, coisas que são completamente pessoais.

 

Não, isso definitivamente não é impudico.

 

Os olhos prateados, aos quais nunca me abandonaram a mente, mostraram-se quando o ósculo foi quebrado pela falta de ar.

 

E eu não precisava fitar-lhes naquela imensidão que era sua resplandecência cândida misturada as luzes ao redor, para saber que o ruivo me desejava.

 

Ele não precisava dizer, porque no fundo, bem no fundo, a gente já sabia.

 

Ele me queria.

 

E eu o queria.

 

Não pouquinho.

 

Muitão.

 

Muito mais do que caberia em meus braços.

 

E em dois ritmados atos singelos, removemos as últimas peças que ainda nos cobriam, que ainda impediam o desabrochamento total.

 

Eu tinha vergonha.

 

Mas ele também tinha.

 

Acho que essa era uma das coisas que eu mais admirava em nossa relação, nunca perdíamos nossa essência em nossos atos.

 

Éramos humanos, não haveria maneiras de pensar em ambos aqueles garotos de dezesseis anos como dois amantes quaisquer, em uma relação semelhante a homem e mulher.

 

Até porque, não éramos homem e mulher.

 

Mas de que importava?

 

Diz a lenda que anjos e demônios não possuem sexo. Então se até as criaturas que personificam nossa personalidade em facetas não se rotulam, quem seria Park Chanyeol e Byun Baekhyun no meio de tudo aquilo?

 

E enquanto nos beijávamos nus, minhas pernas contra sua cintura e seus braços ao lado de minha cabeça, os membros colados e as faces tão, mas tão vermelhas que chegava a doer, eu gostaria de poder descrever isso.

 

Não sei se são capazes de compreender com precisão o que quero dizer, quando falo que, estávamos corados, e eu criaria um poema, alguma fábula ou lírica para explicar.

 

Mas acho que ficaria aqui por horas e horas, tentando presumir todas as coisas que desejaríamos ser.

 

Porque a verdade é que as pessoas não são poesia.

 

E eu sei, sim, eu sei que você sempre deseja não ser tão esquisito, que palavras dóceis e educadas poderiam extraviar de sua boca, mas que você sempre anda tão ocupado que não tem tempo de se preocupar.

 

Como cada sentença é pesada e como cada manhã é cansativa, está tudo bem em ser grosseiro através dos dias, estar irritado e quebrado e assustado e perdido.

 

Mas não está tudo bem em deixar as pessoas dizerem que isto é um motivo para mudar.

 

Você nem sempre vai se encaixar como sentimentos se encaixam em prosas, seu cabelo provavelmente não vai estar alinhado como frases são alinhadas no papel e, às vezes, você pode acabar se sentindo como uma palavra que ninguém aprendeu a definir.

 

Você talvez não seja como uma estrela brilhante que ilumina toda a escuridão ou como pássaros que cantam novos amanhãs.

 

Mas não tem problema.

 

Porque você é complexo demais para se moldar em algumas metáforas.

 

Está perfeitamente ok em não saber o que você anda fazendo com seus dias, já que seus sentimentos não foram feitos para terem um ritmo ou rimas.

 

E, diferente de um poema, que ao ser finalizado fica por isso mesmo, você possui essa capacidade de mudar conforme o tempo.

 

Você é e sempre será muito mais do que palavras podem descrever e nunca existirá uma redação com título de “Este aqui sou eu.”.

 

Você não pode ser preso em páginas de cadernos ou diários.

 

Porque a verdade é que pessoas não são poesia.

 

Será que é capaz de entender, quando eu digo que estávamos inseguros? Estávamos fora de poemas? Descapitulados?

 

Chanyeol trouxe seus dedos até os próprios lábios, os lambendo com pouca pressa e eu acho que respirar nunca havia se mostrado tão difícil.

 

"Isso...pode doer, mas é só por um tempo..." Murmurou receoso e eu traguei saliva, fechando os olhos.

 

Precisava confiar em Chanyeol.

 

E eu confiava.

 

Confiava muito.

 

Um de seus dedos me penetrou lentamente e meus lábios se abriram desconfortáveis, enquanto sentia seus olhos presos em minhas reações.

 

"Chan-"

 

"Calma, calma, que tá tudo certo mano." Encarei-lhe por cima de meu corpo nú, levemente posicionado entre minhas pernas, vendo seus orbes acinzentados "Eu li várias vezes sobre isso, vai dar tudo certo, calma."

 

Apenas traguei o ar, pois precisava lotar até os confins de minha alma com oxigênio para tentar me acalmar.

 

Não estava doendo, mas quando um segundo dedo entrou ali, um leve incômodo fez-se presente. Mordi os lábios, não queria dizer que estava doendo e atrapalhar tudo.

 

Ele já estava se esforçando tanto, sempre procurando me observar e só quando um terceiro dedo entrou ali, explorando minhas paredes internas, eu não consegui aguentar-me e resmunguei baixinho de dor.

 

"Calma, já vai passar...” Seus lábios beijaram calmos as pontas de meus joelhos.

 

Ele mexeu os dedos, tornando a dor ainda maior, e meus lábios eram castigados com coerção, confusos, sim, tão confusos em meio a seus feitos. Mas iria passar certo? Eu precisava me acalmar, o que parecia ser praticamente impossível.

 

Quero dizer, eu estava completamente meandroso, sentia uma vergonha tremenda que não condizia com meus orbes bem abertos, observando cada ação, cada gesto, e os pensamentos nublavam-se como o céu da tarde, sempre encoberto. E era fechado, mas ao mesmo tempo possuía raios solares, alumiados, pois meu deus! Era ele ali. Chanyeol.

 

E ele era a confusão mais patente que eu conhecia.

 

"Só mais um..." Murmura com certo esforço, já com quatro dedos dentro de mim e eu não conseguia concentrar-me em nada.

 

Era uma mistura de dor, calor, rebuliço, tudo ao mesmo tempo, e enquanto ele permanecia movimentando os dedos compridos dentro de mim, sua outra mão caminhara em direção de  meu membro teso, o envolvendo com vontade.

 

Minhas sobrancelhas retinhas franziram-se, unidas sob a testa, os cabelos castanhos, já levemente suados, esparramaram-se sob o travesseiro como água batendo íntegra em rochas, no momento em que afundei a cabeça dentre a maciez, levando minhas digitais até seus ombros nus, os arranhando pelo prazer.

 

Os pés contorciam-se e as pálpebras impediam a visão, porém, perante ao deleite, era capaz de sentir meus toques lendo seu corpo em braile, compreendendo que às vezes a única coisa capaz de driblar o mistifório é a sede. Naqueles momentos em que o ritmo de suas mãos era frenético, parecendo ser milimetricamente combinado com meus suspiros falhos.

 

Naqueles momentos que seus lábios me ensinavam que estava tudo bem em amar algo que não compreendemos.

 

"Tá melhor, pequeno?" Abri os olhos com a voz, encarando aqueles orbes prateados preocupados.

 

Preocupados comigo.

 

"Tá sim." Tentei sorrir, por maior que fosse a dor que sentia e ele tirou os dedos, fazendo-me sentir um vazio na região.

 

"Vai doer de novo, mas já vai passar, tá bom?" Ergueu-se entre minhas pernas, franzindo as sobrancelhas como se estivesse prestes a fazer algo completamente importante.

 

“Ok.” Ri baixinho com aquela sua preocupação extrema, porém, apenas procurei sua mão.

 

Ele, notando minha busca, embrenhou seus dedos aos meus, fazendo-me refletir que talvez aqueles espaços já estivessem ali com este intuito.

 

Mordi os lábios, apertando sua mão com força quando algo começou a entrar ali, algo muito maior e grosso que meros dedos.

 

Tentava observar os atos, entre o vão de minhas pernas, observando seu abdômen magro, repleto pelas marcas, o caminho de pelos que se formava ali, caminhando até mais embaixo e para ser sincero, eu não estava entendendo o porquê de Chanyeol estar colocando o pênis dele em mim, mas eu estava com tanto medo de que perguntando isso ele fosse brigar comigo.

 

E eu queria perfeição, mas não mera perfeição, eu queria que, por mais patético, bobo ou romântico que soasse, que ele se sentisse bem. Acima de mim mesmo, que estava perante a si, nervoso e congestionado, sem saber muito as razões de nada, afundado em dúvidas.

 

Mas ele tinha que se sentir bem.

 

"T-tá doendo." Murmurei baixinho, sentindo meus olhos queimarem, pois a dor era demais, parecia que algo estava rasgando-me, enquanto as paredes internas o apertavam, querendo expulsá-lo de qualquer forma.

 

Meus suspiros saíam lentos, tentando segurar aquelas lágrimas, as impedindo de cair, pois eu precisava fazer minha parte.

 

"De-deixa eu só..." Fitei o ruivo e ele mordia os lábios, de olhos fechados e sobrancelhas levemente franzidas, enquanto algumas gotas de suor já escorriam pelo seu corpo iluminado de forma precária.

 

E o garoto Byun ali, mordendo o próprio pulso, tentando amenizar a dor, enquanto algumas lágrimas escorriam pelas laterais de suas bochechas.

 

"P-pronto." A voz já se tornava sôfrega, quando abriu aquelas pálpebras.

 

Sua pele era pálida, bem branca, mas nem um pouco fria, e seus olhos eram platinados. Ele nadou naquele mar da cor de meus orbes castanhos, como se me decifrasse e fosse capaz de fazer muito mais do que ambas suas mãos eram capazes.

 

Mas seus pés pisavam em uma escuridão e suas digitais encostavam-se às beiradas de mares recônditos, e eu saberia dizer com precisão quando movimentaram a água, em círculos.

 

Ele estava mais assustado do que havia confessado e mais nervoso do que um dia gostaria de admitir, porque éramos ambos garotos e eu era mais velho, ou talvez não, talvez só não admitíssemos nada.

 

E eu acabei por tentar, ao meu modo, criar um barco de papel capaz de alcançá-lo e removê-lo de cada parte de hidrosfera que o consumia.

 

Que nos consumia.

 

E acho que só naquele momento precisei me responsabilizar, me responsabilizar por saber quantas cicatrizes ele possuía e memorizar o formato de sua língua, o gosto de sua boca. Tomar, de fato, a responsabilidade de escalar as curvas e cadeias de suas costas e ficar por ali mesmo, perdido entre seus poros, contando estrelas, contando costelas e conhecendo os territórios existentes em cada uma das linhas finas e adelgaçadas de suas digitais, sentindo seus arrepios.

 

Eu queria flertar com a topografia de sua anatomia e falar a linguagem de seu corpo fluentemente.

 

Eu queria tomar responsabilidade.

 

“Tá tudo bem.” Sorri de leve e ele pareceu voltar a seus sentidos, arregalando de leve os olhos prateados.

 

"Desculpa, desculpa." Beijou meus olhos, captando as pequenas lágrimas em sua boca.

 

Meus dedos ainda estavam juntos aos seus, e eu lhes soltei por frações de segundos, apenas o tempo suficiente de puxar seu rosto para perto, selando nossos lábios.

 

Eu tinha sabor de claridade, apenas como se houvesse sido tocado pelas luzes matutinas  e ele, saboreava-me com a escuridão, dançando com as estrelas, calmamente, cuidadosamente.

 

E sua língua moldava-se a minha, ambas afoitas e espertas, já simpatizadas, enquanto minhas pernas friccionaram mais os corpos e ele movimentava-se lentamente, fazendo-me senti-lo com ardor, mas a algia possuía cores que entravam em erupção na atmosfera do mais iluminado dos breus.

 

Um suave momento onde o sol poderia beijar a lua.

 

"O que estamos fazendo?" Questionei-lhe tímido, desprendendo o ósculo em um estalo e Chanyeol fitou-me com olhos sombreados, de forma pensativa, talvez tentando formar as palavras certas, talvez tentando me explicar o que nem mesmo ele podia compreender.

 

"O nome disso aqui é sexo, mas é mais bonito chamar de "fazer amor", é a maior coisa que você pode fazer com alguém pra provar que ama ela.”

 

Suspirei com suas palavras.

 

A maior prova de amor.

 

Hoje, quando recordo-me disso, já consciente de completamente tudo do que acontecera naquela época...penso que muitos gostam de se referir a esta primeira vez como uma perda, simplesmente como se não existisse mais nada para ser ganho neste mundo tão vasto e cheio de surpresas.

 

E sim, eu acredito que estivemos aqui antes, toda vez caindo um sob o outro sem nenhum tipo de ritual, cerimônias ou etiquetas, pressionando com familiaridade mãos cegas, corações vazios e bocas selvagens sem nenhum tipo de memória.

 

Mas acho que entre aquele quarto, na intimidade escura de nossos edredons macios, ele me segurava em seus braços como sempre fazia no terraço e eu o respirava, o mantendo por perto, aquecido.

 

Como se nenhuma daquelas gavetas de probabilidades usuais fosse capaz de nos abrigar simplesmente por não fazermos parte do genérico.

 

Sim, eu acredito que estivemos aqui antes e que as pessoas abrigam tanto a si mesmas sem obrigação de passados ou futuros planejados, que acabam esquecendo-se desses momentos únicos, os denominando de “perdas”, sem recordar que estão ligados a morte e a vida, a vergonha condita dentro de cada um de nós como estrelas sem nomes.

 

Mas acredito que amantes não são capazes de compreender que, entre lençóis e suspiros, o mais ancião dos atos se faz presente, imigrando para a junção de mais um novo beijo.

 

"E porque é errado?" Lhe questionei e ele deu de ombros, suspirando de leve.

 

"Também não sei... dizem que é algo impuro e sujo...ma-mas eu não estou vendo nada de sujo nisso que estamos fazendo."

 

Abracei-o da forma desajeitada que pude, passando meus dedos por suas costas e sentindo sua pele brilhar contra a escuridão dourada, os pelos invisíveis se arrepiando em meus toques.

 

"Talvez eles só tenham inveja..." Sussurrei.

 

"Do quê?"

 

"De nós."

 

Ele sorriu para mim da mesma forma que eu sorri para si, a felicidade e a alma transpassando unidas, alegremente pelos olhos.

 

Pois a palavra "nós" soava tão bonita.

 

"Eu vou me mexer, tá? Mas vai ficar bom daqui a pouco.”

 

Ele selou-me os lábios antes de afastar-se e movimentar-se bem lentamente, eu mordi os lábios, consumido pela dor que se fazia naquele primeiro momento, sentindo seu membro sair de dentro de mim, meu interior fechando-se e sendo novamente penetrado, e como doía.

 

Chanyeol tentava fazer alguns carinhos em minha mão, embora ele se mostrasse levemente imerso em alguma sensação que eu ainda não havia provado, algum tipo de prazer, pois aqueles seus olhos fechados, de sobrancelhas franzidas denunciavam isso.

 

Após alguns minutos que pareciam infinitos, a dor finalmente começara a diminuir e o ruivo ainda mantinha aquele ritmo lento, seus braços estendidos ao meu lado, apoiados e sua cabeça levemente tombada para frente, penetrando-me devagar e saindo mais vagarosamente ainda.

 

"Po-posso ir mais rápido?” Aquela pergunta alcançou-me os ouvidos, e eu relutei em respondê-la, pois tinha medo de que tornasse a doer.

 

"Pode."

 

Mas eu precisava passar confiança para Chanyeol, enquanto ele começou a movimentar-se mais rápido, seu falo tentando ir mais fundo, alcançando-me de todas as beiradas, e eu achei que fosse morrer.

 

Não pela dor, não, já não doía mais.

 

Mas pela carga de emoções, sensações, que hoje em dia são tão difíceis de descrever. Pois eu não havia lhe dado mais liberdade, mas fora natural a forma em que o ritmo apenas aumentou, frenético, e precisei morder meu braço para controlar meus suspiros tão desejosos, tão altos.

 

Suspiros de prazer.

 

Suspiros de dor.

 

Suspiros de uma dor prazerosa.

 

Observava seu tronco de tão grande que ele era, delineado e curvado acima de mim, roçando os peitos suados e com respirações afoitas, desce e sobe, desce e sobe e eu já não conseguia enxergar mais nada com precisão.

 

Nossos toques molhados e furiosos, como chuva tórrida correndo violenta pelas ruas nuas, seus gemidos masculinos ressonando contra os meus, parecendo trovões. Eu tremia, eu suava, pois estávamos em uma selvajaria tão repentina, a tal ponto que minhas pernas não conseguiam mais manterem-se ao redor de sua cintura.

 

Esforçava-se para não gemer, para não me entregar aos sentimentos novos, aqueles que negava estar sentindo, quando senti lábios roçaram contra meus ouvidos, arrepiando-me, e eu temia sua fala.

 

Pois sabia que ele iria falar algo.

 

"Deixa eu ouvir a sua voz." Sussurrava e eu apenas virei o rosto para o lado, imerso em um mundo de "nãos".

 

Porque ao mesmo tempo em que conhecia o ruivo, e fazia o maior ato de amor com ele, deus! Ainda existia uma vergonha enorme dentro de mim, não sei nem de que.

 

E ele manteve o rosto ali, ao lado do meu, enquanto se movimentava e eu não sabia mais o que fazer, aquilo estava se tornando insuportavelmente bom.

 

E não foram os gemidos roucos e graves, ou o som dos corpos batendo-se um contra o outro, espalhando o suor masculino entre as peles.

 

O roçar das tezes, nem os choques das respirações.

 

Mas quando seu membro acertou algo dentro de mim, ao qual é impossível descrever, eu não me aguentei mais.

 

"Ahn! Ahn...Cha-chanyeol..." Afundava minha cabeça nos travesseiros.

 

Ele sorriu contra o meu pescoço, enquanto suas unhas finas arranhavam minhas coxas desnudas, deslizando até minhas nádegas e as separando com vontade, penetrando-me mais fundo.

 

Ele puxou o ar com força, sugando saliva e eu não me continha, puxando seus fios avermelhados

 

"De-de novo...faz de novo!" Pedia por mais, o sentindo ondular e me ensinar a corresponder os movimentos sem compasso ou ritmo, ditados pela pressa e pelo desejo finalmente em combustão.

 

Céus!

 

Eu estava passando mal.

 

E seus movimentos, seu abdômen nu e suado, repleto de relevos, esfregava-se na fenda de meu pênis e eu tinha certeza que desmaiaria uma hora.

 

Será que alguém nos ouviria?

 

Será que a Sr.Oh iria aparecer com aquela cara sorridente e descobrir tudo?

 

Ah, mas era impossível, eu precisava deixar com que aqueles sons inaudíveis abandonassem-me a boca, sentindo o interior pulsar, exigindo por mais.

 

Lembro-me de soltar o lençol que segurava, deixando com que meus braços envolvessem o ruivo, e fora involuntária a forma em que minhas unhas rasgaram-lhe as costas, evidenciando aquilo tão errado perante o mundo.

 

Mas que se mostrava tão certo.

 

O ato parecia impuro?

 

E que parecesse.

 

O sentimento por trás de tudo aquilo era a coisa mais pura que já pude sentir em toda a minha vida!

 

Não era apenas desejo, curiosidade, ou tesão. Não era necessidade, falta do que fazer ou carência.

 

Era carinho, era uma amizade extremamente forte, era amor.

 

Chanyeol era meu melhor amigo e meu namorado.

 

E eu sinceramente não sabia qual parte eu gostava mais.

 

Hoje, relembrando esses momentos, recordo-me de ter aberto os olhos, durante breves segundos apenas, o prazer era tanto que eu não conseguia mantê-los daquela forma por muito tempo.

 

E minhas íris encontraram-se com aquilo, que conseguia ser ainda mais lindo que as lamparinas acima de nós, que todas as borboletas que talvez ainda estivessem por aí, ou dentro de nós.

 

A terceira, talvez quarta, foto de Park Chanyeol em meu álbum imaginário.

 

Sua face pintada pela luz dourada que preenchia o quarto, imersa em deleite, os cabelos vermelhos sempre tão macios, colados à testa, o suor escorrendo lento, em pequenas gotas.

 

As sobrancelhas mais escuras, franzidas, e os olhos aos quais eu amava tanto, fechados, entregues.

 

Seus lábios carnudos entre abertos, deixando gemidos deleitosos escaparem a cada respiração, a cada suspiro.

 

Mostrando que tudo aquilo, deus! Eu lhe causava aquilo.

 

As clavículas, as orelhas, os ombros largos, tudo, tudo, não havia uma coisa que, à mim, não se mostrasse perfeito.

 

Meus pés batiam nas beiradas de seus quadris, nossos corpos tão apertados que nem notei quando inverteu posições, me deixando por cima de si.

 

Fitei seu corpo deitado despido abaixo de mim, espalmando as mãos em seu peito suado com vontade, com âmago. Suas mãos caminharam até minhas nádegas, apoderando-se da carne e guiando meus movimentos acima de si, os quais, em pensamentos nublados por prazer, foram proliferados por mim.

 

Não sei nem como, pois quando dei por mim, ambos eu e ele estávamos envolvidos por aquela aura de sublimação, comigo subindo e descendo, com seus olhos prateados me observando diante de si.

 

E ele fazia questão de me observar nos lugares precisos, seus dedos elétricos, flamejantes e grosseiros apertando minha pele do quadril, repuxando gorduras a mais, e aqueles olhos, meu deus, aqueles olhos.

 

Perceptivos e tão, mas tão sérios, moldados em madeixas vermelhas que se esparramavam como água por aqueles travesseiros claros, eu sabia que sua tez estava carbonizando-se e que seus ossos tentavam se acomodar por debaixo da pele.

 

E como homem, não sei, eu o via ali, abaixo de mim, seu membro ainda devorando-me e acreditei que poderia vê-lo em qualquer posição que teria toda minha alma inundava por aquele sentimento.

 

Gostar mais e mais dele enquanto o observava se tornar menos e menos, ah, meu deus, isso me dava arrepios pela espinha.

 

E ele era tudo aquilo.

 

E eu era aquele pouco.

 

E ele era meu.

 

Nesse mundo dizem que devemos encontrar alguém que nos completa.

 

O fato era que havia tantas dúvidas, tantas curiosidades dentro de mim, que não cabia e eu acho que eu já era assim, com o frasquinho mais que a metade.

 

Chanyeol não me completava.

 

Eu completava a mim mesmo.

 

E ele?

 

Ele me transbordava.

 

Ergueu-se um pouco e sua língua tão quente e molhada contornou meus mamilos lentamente, e deus!  Aquela região era tão sensível, que fora impossível não castigar seus cabelos e arquear as costas, movimentando-me com vontade sob si.

 

"Ahn... Isso, assim... Faz-faz de novo..." Foram minhas palavras quando ele acertara novamente aquele ponto desconhecido.

 

Chanyeol afastou mais minhas pernas, de joelhos colados ao colchão, arremetendo o quadril para cima, penetrando-me com tanta força que senti meu corpo tremer por completo.

 

"Hmm...é-é tão apertado..." Ele murmurava algumas coisas que eu não conseguia entender, mas julgando pelos gemidos constantes devia ser algo extremamente bom.

 

Uma de suas mãos caminhou para meu membro, iniciando os movimentos rápidos e eu tombei a cabeça para trás, gemendo alto e entregue.

 

Mais e mais e mais. Tão rápido e tão forte que acho que só ali que pude realmente compreender como era ser homem, o cheiro, o toque.

 

E eu era apaixonado por isso. Eu era apaixonado por ele.

 

Aquele que me observava com os olhos quase fechados, aqueles olhos grandes e brilhantes, com pequenas bolsinhas, o tom prateado transparecendo realçado e era lindo.

 

Iris curiosas e ousadas, que me questionavam de forma muda, roubando minha atenção, “qual é o sentimento?” de estar daquela forma, consigo dentro de mim e não apenas fisicamente.

 

E meus lábios, que o sentiam explorar-me, tão forte e tão fundo, ah, abriam-se involuntários, os olhos fechados pois o prazer era tanto, derretendo-me em suas mãos.

 

Ele sorria.

 

Sabendo que, entre nosso olhar, o significado de fome se fazia presente.

 

Eu era os fios e ele era o sistema, meus quadris moviam-se contra seu ritmo, minha voz não era mais a mesma entre os gemidos.

 

Tornava-se musica.

 

Ele liberava tanta eletricidade dentro de mim que poderia iluminar centenas de cidades e quando senti aquele puxão em meu baixo ventre, arregalei os olhos.

 

"Cha-chanyeol...aquilo vai sair." Gemia mudo “E-eu...ah-“

 

"Calma, ainda não."

 

Ele ergueu-se, sentando-nos, e minhas pernas o contornaram. Sua boca procurou pela minha e eu a ofereci rapidamente, envolvendo seu pescoço com meus braços suados.

 

Tentei romper o beijo quando os movimentos tornaram-se ainda mais rápidos, quando já não existia um centímetro de espaço entre nós, porém Chanyeol impediu-me, abraçando-me ainda mais forte.

 

Quando ele acertou aquilo pela última vez dentro de mim, foi impossível. Quebrei o ósculo em um gemido alto e deleitoso, e alguns segundos depois, Chanyeol fez o mesmo, gemendo com aquela voz rouca e entregue em meu ouvido.

 

E quando ele apagou aquela chama que originou dentro de mim, fora eu que olhei para ele, e pude dizer, em silêncio “é mágico”.

 

Continuamos nos movimentando por alguns segundos e depois caímos para trás, meu corpo por cima do seu, respirando afobados.

 

"Caralho...isso foi tipo, a melhor coisa que eu já fiz na vida...." A voz grave estava levemente grogue devido o torpor causado pelo ato e ri baixinho com aquilo.

 

"Foi bem...intenso." Murmurei e ele riu alto com minhas palavras, as quais eu também ri depois "Grandão, não vai dormir em cima de mim ein! Amanhã eu vou acordar quebrado."

 

Cutuquei as costas desnudas quando percebi que Chanyeol já fechava os olhos e ele ergueu-se meio que a contragosto, e saiu de dentro de mim, causando aquela falta semelhante a dos dedos.

 

A única diferença era que dessa vez...algo saia por ali.

 

"Chanyeol!" Segurei em seu braço, e ele me fitou sonolento "Tem algo escorrendo!"

 

Ele franziu o cenho, mas logo em seguida riu alto.

 

"Relaxa, isso saiu de mim, tá com nojo?"

 

O encarei por longos segundos e suspirei logo em seguida.

 

"Olha, eu só não to com nojo porque é seu."

 

Ele negou ainda sorrindo, aqueles olhos prateados tornando-se mais fechadinhos, tão bonitos e... Eu parei para notar ele.

 

Notar as pequenas coisas, como um orbe era levemente menor que o outro, ou como a franja sempre caía mais para a direita, como seus braços eram levemente musculosos mesmo que fosse tão magro.

 

E aquele garoto mais novo, sentado ao meu lado, sua risada divertida atravessando o quarto decorado por livros, me fazendo pensar naqueles três anos juntos. Quando ele me mandava mensagens aleatórias no meio da tarde ou quando adormecíamos ainda com celulares nas mãos. Quando ria de minhas piadas, quando me abraçava, quando me mandava um bom dia, quando ficava lendo ao meu lado, quando repousava sua cabeça em meus ombros e se encolhia.

 

Uma das minhas coisas favoritas no mundo era simplesmente passar um tempo ao seu lado. Não muito, nem pouco, só um tempo. O quando nós desejássemos que fosse.

 

E naquele mundo tão cheio de regras, ele escolheu me amar em meio ao caos.

 

Obrigada.

 

Acho que só percebi isso naquele momento.

 

Porque não sei há quanto tempo, mas quando vi, lá estavam elas, escorrendo de meus olhos, fininhas e quase imperceptíveis. Responda-me, quem chora em momentos como aquele?

 

Eu sei, ninguém.

 

Mas era uma coisa tão indecifrável.

 

O maior poder de Chanyeol era que ele era capaz de levar-me para um mundo onde ninguém mais era capaz.

 

Tanto mentalmente, quando minha psique era preenchida por questionamentos, frases, gestos, o porquê de aquele garoto ser daquela forma, ou o porquê do mundo ser da maneira que era.

 

Quanto emocionalmente, que me causava tantas sensações. Eu chorava por causa dele, eu ria por causa dele, eu enfartava por causa dele, e anos mais tarde, eu chegaria até mesmo a questionar minha existência no mundo, pois alcançaria um ponto, onde eu tinha certeza, eu respirava por causa dele.

 

E por último fisicamente, desde seus lábios, sua língua, os toques, a boca, a forma que respirava, a forma que andava, que tocava, e a maneira em que fazia tudo isso em mim, combinando algo que eu não acreditava nem existir, Chanyeol conseguia me deixar fora de controle.

 

Mas talvez, só talvez.

 

Às vezes, a coisa mais linda do mundo é não estar no controle.

 

Ele arregalou os olhos ao encontrar os meus, provavelmente molhados, nada disse, porém, sorri para ele, que era para mostrar que eu estava bem.

 

Bem até demais.

 

Comecei a rir, o que o deixou ainda mais quieto, confuso.

 

"Baekhyun...o-o que foi?"

 

Enxuguei as lágrimas enquanto ria baixinho, sentando sem me importar com a nudez.

 

"Nada...é-é só que...." Eu nem conseguia falar.

 

Olhei para os lados, tentando me acalmar, mas quando meus olhos encontraram-se com aquele pequeno caminho, preenchido de velas brilhantes, as lâmpadas presas ao teto, o violão, as borboletas, eu apenas chorei mais.

 

"É só que...eu não consigo acreditar que isso é real..."

 

Ele encarou-me e eu apenas falava a verdade, pois parecia um sonho.

 

No primeiro dia do ano eu não imaginava que fosse acontecer nem metade do que já tinha acontecido até ali.

 

"Baek-"

 

"Chanyeol, eu acho..." Suspirei, observando o garoto "Eu acho que eu amo você cara...tipo...muito."

 

Ele arregalou os olhos prateados durante minutos, tão grandes que pareciam saltar de seu rosto, até observar os lençóis suados, em silêncio.

 

Ficamos quietos, apenas jogados contra a cama, pelados e ele sorriu baixinho, aquele sorriso grande e largo, aumentando mais e mais.

 

"Eu sei." Lhe observei “Eu sei que você me ama.”

 

Franzi o cenho.

 

Como assim "eu sei"?

 

Isso lá era resposta?

 

“Você é um bosta.” Eu dei um tapa de leve em seu ombro e ele riu alto com minhas palavras e eu também ri depois.

 

Ficamos ali, rindo durante poucos minutos e céus, era impressionante como nunca nada tornava-se desagradável ao lado do ruivo.

 

"Vem, vamos dormir."

 

Senti-o acomodar-se nos edredons macios e travesseiros bagunçados.

 

"Pelado mesmo?"

 

"Pelado mesmo."

 

Dei de ombros, rindo e arrumando-me ali.

 

Ah, dormir com Chanyeol, aquilo sim era algo completamente indescritível.

 

Permiti que meus orbes fitassem algumas partes do quarto, percebendo que certas velas já se apagavam, escurecendo ainda mais o ambiente.

 

Suspirei, antes de deitar meu rosto sob seu peito nu, ouvindo os batimentos cardíacos daquela pessoa que, bem.

 

Era aquela pessoa.

 

Mas não conseguia dormir, talvez aquela fosse mais uma das noites que eu não pregaria os olhos, tudo por culpa de certo ruivo de olhos prateados.

 

E para piorar eu gostava.

 

Creio que às vezes a vida é assim.

 

Existem coisas que você faz porque se sente bem.

 

E elas não fazem sentido.

 

E elas não fazem dinheiro.

 

E elas não fazem parte da realidade.

 

Mas talvez fosse por isso que estamos aqui.

 

Não sei de verdade, não sei de nada, sou tão confuso que ainda não compreendo como Chanyeol foi capaz de destruir até o ultimo tijolo desse muro ao meu redor.

 

Recordo-me de erguer o rosto de levinho, vendo que o maior já dormia, respirando pesado e sorri com aquilo, sentindo meu coração se apertar.

 

Uma dor tão pesada, mas tão sutil, não saberia descrever, mas era apenas... tão forte, observar aquela cara cansada e de cabelos bagunçados, a boca aberta, nem um pouco fotogênico ou arrumado. Acho que ao som de seus batimentos, eu comecei a questionar sobre aquele talvez.

 

Aquela deliciosa ambiguidade que é viver, e percebi que "talvez" as melhores coisas na vida, não são coisas.

 

E vocês querem realmente saber o que significa felicidade?

 

É estar perdido entre edredons, no meio da madrugada, acordado sem nenhum tipo de razão e sentindo o calor de uma pessoa próximo a você.

 

Você ergue sua cabeça e a observa no estado mais pacifico, vulnerável e inocente que poderiam exibir.

 

Sua respiração é tão pesada quanto o peso do mundo que resplandece em seus próprios ombros, um peso que você nunca será capaz de tirar dela.

 

E então você suspira, beija sua face da forma mais gentil pois assim não corre risco de acordá-la e vira de costas, com um sorriso formando-se no rosto.

 

Você sente uma mão envolver-lhe a cintura por trás, e um rostinho tímido esconder-se em sua nuca, e sabe, com toda a sua certeza, o que significa felicidade.

 

E bem de repente, não mais que de repente, nem os ouvidos ouviram, nem os olhos fitaram, nem a pele tocou ou a boca pode provar, mas no coração, penetrou de fininho, aquilo que o tempo talvez gastasse, mas que seria algo tão doce, tão bonito, tão errado e tão triste...

 

Ah, que pena vovó, confessar hoje à senhora, que aquela dorzinha no peito nunca fora enfarto.

 

X

 

 

"Pássaros criados em gaiolas, acreditam que voar é doença."

-A. Jodorowsky


Notas Finais


gente, eu tenho que estudar urgente para uma prova, eu to mto mto cheia de problemas, me desculpa de vdd, amanha eu apareco por aqui, tudo bem? pfvr me desculpem, eu tava mto travada com esse cap, pra mim ficou tudo um LIXO
eu to mto sla, me desculpa de vdd, me desculpa por nao responder os comnetarios, serio eu nao sei nem por onde comecar a me desculpar mais

eu amo mto mto mto vcs, e saibam que ler os comentarios e a forma q vcs se preocupam comigo já me fez chorar, MTO obrigada, de coração <3


~Moon


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