História Miss u - Changlix - Sinto sua falta...muito mesmo

A cama está espaçosa de mais essa noite e eu nunca achei que isso fosse ser um problema, mas agora era. 

 Mesmo que não fosse permitido Felix saia do seu quarto e vinha dormir comigo, e em uma noite acabou confessando que ele vinha porque sentia-se tão seguro quanto em sua casa na Austrália. Mesmo com o coração sentindo falta do pouco espaço que fazia nossos corpos ficarem juntos, deixei-o partir porque sinto que ele ficará bem e feliz, e a essa altura eu não queria seu sofrimento, mesmo que isso significasse o meu. Ele será feliz enquanto eu espero ter ao menos força para suportar o vazio até que ele se torna uma lembrança boa na minha mente, as minhas melhores lembranças. 

 - Tá acordado? – escutei a voz de Jeongin cortando o silêncio que me angustiava. 

- Sim 

- Você tá bem? 

Optei por ficar em silêncio. Eu até mentiria dizendo que sim como em todas as vezes que a palavra “bem” não se encaixa a mim, mas hoje a verdade que minha boca não falaria estaria clara nos meus olhos mesmo no escuro. 

 - Ele vai mesmo voltar para a Austrália?

 - Era a última chance dele – abracei a coberta e fechei os olhos, e como em uma tortura para meu psicológico o cheiro dele ainda permanecia no cobertor. 

Me apaguei a pequena lembrança que tinha, apertei o tecido que me protegia do frio toda noite sentindo o nariz arder, a vontade de chorar vinha com força e eu não sabia como lidar com ela; a última vez que eu havia chorado tanto tinha sido quando cai do balanço e torci o braço, eu nem sequer lembrava da sensação da dor escorrendo pelos os olhos e agora não conseguia evitar de sentir essa sensação, a diferença é que dessa vez a dor parece maior, talvez porque as dores da alma sejam maiores que as físicas. 

Para minha má sorte, Felix ainda estava presente em cada canto daquele quarto mesmo que esse nunca tenha pertencido a ele. Mesmo me esforçando para não lembrar as memórias viam me destruindo de dentro pra fora; a voz grave de mais para a idade ecoava na minha cabeça, me veio a memória das mãos menores que as minha afagando meu cabelo quando eu estava frustrado por não conseguir terminar a letra de uma música, veio a memória do primeiro beijo que partiu dele – voltando para o dormitório depois de uma noite divertida com todos os membros. Aquela noite nunca saiu da minha cabeça, mas parece que a dor deixa tudo mais intenso porque justamente agora me lembro com perfeição do seu olhar afoito nos meus nervosos, lembro do jeito tímido e temeroso em que ele tocou minha perna antes de me beijar, lembro até do seu gosto de coca-cola e com certeza lembro quando ele escondeu seu rosto no meu peito sorrindo sem graça e também lembro que escondido dos meninos eu fazia um mero carinho nas costas das mão dele, lembro até mesmo do cheiro misto de seu perfume com o meu e lembro de me sentir mais vivo que nunca com o coração batendo forte na caixa torácica quase esmagando os pulmões. 

 Senti a lágrima quente escorrer pela a lateral do rosto e parar no travesseiro. Agora talvez eu tenha a confirmação de que dentre todos os meus amores – que mesmo não sendo muitos, nunca foram vazios – Felix foi o maior deles até hoje. Ele me fez transbordar como nunca antes, e agora tinha me feito vazio de novo e eu sequer podia culpa-lo, ele partiu tão vazio quanto eu.