História Mistérios da lua (SwanQueen) - Capítulo 3

A morena suspirou passando as mãos pelos cabelos, preparando-se para ouvir todo um sermão de Emma, do qual sabia merecer. Desde que Regina fora assaltada, há algumas semanas, enquanto voltava para casa, a loira tornou-se extremamente protetora. Regina já havia se recuperado do susto, sentia apenas a ausência do colar com a pedra da lua que fora levado.

― É um novato na cidade, fiquei com pena dele não conhecer ninguém e..

Seu tom saiu quase sussurrado, se não fosse por conta de sua perfeita audição Emma não a teria ouvido. Regina procurava entender porque se arrepiava daquela forma quando estava perto do novato.

― Sério? O que você estava pensando ao convidar um completo estranho?

― Em, eu não sou criança, sei me cuidar. ― Ergueu uma sobrancelha ― Ele é só um hospede qualquer do hotel. Essa sua superproteção está começando a me irritar.

― Desculpe, linda. ― Disse sincera ― Só tenho medo que se machuque, não me perdoaria se algo lhe acontecesse.

A morena assentiu e se encolheu ainda mais nos braços da amiga, envolvendo o pescoço da mesma com os seus. Seu rosto foi em direção aos seios dela, se afundando contra a camisa negra, aspirando fundo o cheiro natural que ela exalava. Seus lábios se curvaram em um sorriso bobo quando sentiu o coração da amiga disparar ao mesmo tempo em que os seus ombros relaxavam, os braços em sua cintura se tornaram menos fortes, porém ainda assim a estreitou mais naquele gostoso abraço enquanto se perdia entre os cabelos negros.

― Regina?!

Emma ficou rígida, não com a voz que adentrou pelos seus ouvidos, mas sim com o cheiro que se fez presente e parecia tomar todo aquele lugar, fazendo os pêlos de sua nuca se arrepiarem e seus braços protetores grudar ainda mais Regina contra si. Swan não foi a única a sentir-se assim, a morena por alguma razão desconhecida também sentiu aquele frio tomar conta de seu corpo -como sempre acontecia na presença do novato- e seus pêlos se arrepiaram, sentiu a amiga a abraçando e não conseguiu evitar se aconchegar naqueles braços enquanto direcionava seu rosto a pessoa que se aproximava com um enorme sorriso nos lábios.

Swan pôde sentir como seu corpo era tomado por uma raiva consumindo cada pedaço de seu ser. O ar adentrou em seus pulmões da maneira mais lenta que lhe foi possível e em sua mente a loira pedia desesperadamente por uma calma que sabia ser impossível naquele momento. Ao que parecia, Regina não tinha um pingo de autopreservação.

― Senhor Jones ― a morena o saudou ― Que bom que veio.

― Ah, para quê tanta formalidade, me chame apenas de Killian. ― Piscou galanteador para Regina, ignorando Emma que lhe enviava um olhar mortal. ― Não poderia deixar de vir, foi tão gentil em me convidar.

― Não foi nada, senhor Jones ― disse em um tom simpático, mas deixou claro que preferia manter a formalidade ― Essa é Emma Swan. ― Indicou a amiga que ainda a segurava contra seu corpo e mantinha uma feição sisuda no rosto.

― Muito prazer ― sorriu encarando Emma ― Regina, não sabia que era comprometida.

― Ah..Emma e eu somos... ― gaguejou sorrindo sem graça ― Bom, nós não...você sabe, eu quero dizer.

― Minha rainha, por que não vai cumprimentar seus amigos que acabaram de chegar?

Regina girou o corpo e encontrou o grupo que acenava empolgadamente para ela há certa distância. Sorriu satisfeita pela presença daquelas pessoas que eram como sua família. Pediu licença e rapidamente seguiu em direção aos amigos, deixando para trás os dois que silenciosamente travavam uma batalha em seus olhares.

Emma prendeu o ar sentindo como uma imensa raiva tomava conta de seu corpo, os punhos cerrados fortemente já faziam seus dedos ficarem extremamente vermelhos enquanto seus olhos crispavam de ódio. Killian pelo contrário trazia um sorriso debochado nos lábios e um olhar misteriosamente confiante.

― Olá, minha irmã de lua.

― Seu maldito desgraçado. ―Suas mãos voaram em direção a gola da camisa do rapaz, o puxando com violência ― O que pensa que está fazendo?

― Ora, minha amiga, o que acha que eu estou fazendo aqui? ―Seu sorriso debochado se abriu ainda mais ― Vim reclamar o que é meu por direito.

― Pois a única coisa que tem direito aqui é a surra que venho guardando desde aquele maldito dia em que você e seu pai fizeram aquele ataque a aldeia.

― Por favor, quanta magoa, loirinha! Já fazem mais de vinte anos, Emma.

― Pode acreditar que minha raiva somente aumentou nesses anos.

― Você não costumava ser assim quando éramos crianças. ― Lamentou falsamente.

― Maldito seja, por sua culpa e daquele imundo do seu pai toda minha família foi morta e você vai pagar por isso.

― Não ouse falar do meu pai, Swan. ―Seu sorriso desapareceu dando lugar a uma feição de raiva e rancor tal qual a de Emma.

― Ora, ora... que bonitinho ―sorriu ironicamente encarando o rapaz a sua frente― Defendendo o paizinho? Aquele infeliz teve o que mereceu e você deveria ter tido o mesmo fim.

― Mas não tive, não é verdade, Swan? Você não foi capaz de me matar como fez com meu pai, você e esse seu coração mole de sempre ― mais uma vez aquele sorriso debochado voltava a seus lábios ― E é esse mesmo coração cheio de sentimentos estúpidos que vai te impedir de me matar dessa vez, minha amiga.

― Não tenha tanta certeza disso, Jones.

― Fomos amigos por décadas, Swan. Você não seria capaz de fazer nada contra mim.

― Continue se acercando a Regina e verá o quanto está enganado.

― Ah, claro. Sua preciosa Regina ― gargalhou negando com a cabeça ― Emma, Emma... não te ensinaram as regras das coisas não, love? ― Sua mão foi de encontro ao ombro da outra que espumava de raiva ― Aquela mulher não nasceu para ser sua e sabe disso, você é apenas a guardiã dela, nada mais.

― Saia daqui, Jones! Saia de uma vez ou juro que sou capaz de fazer uma loucura.

― Oh, está bem. De qualquer maneira, não vim para brigar essa noite. ―Ergueu as mãos em sinal de paz ― Vim apenas para cumprimentá-la, afinal foram muitos anos sem nos ver.

― Pois para mim não foi tempo o suficiente.

― Seu senso de humor continua ótimo. ― Negou com a cabeça, sorrindo. Então se virou de costa, dando alguns passos para logo se virar para Emma ― Ah, e cuidado, Swan! Precisou apenas ver como olha para ela por alguns segundos para saber de seus sentimentos. Eu sei, ela é linda! Mas imagino o que aqueles velhotes vão fazer quando descobrirem que uma mera guardiã teve um imprinting* pela sua princesinha.

― Calado, idiota! Você não sabe de nada.

― Não sei? ― Riu irônico ― A propósito...consegui esse suvenir ao chegar na cidade. ― Jogou o objeto em direção a loira que o pegou no ar. ― Deveria cuidar melhor do que será meu.

Emma apertou entre os dedos o colar pertencente a Regina e controlou-se o máximo que pôde para não segui-lo e descontar toda a raiva guardada por tanto tempo dentro de si, mas apenas respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos buscando se acalmar. Duas pequenas mãos deslizaram por seus ombros, a abraçando por trás, e aquele cheiro lhe adentrou pelas narinas tomando conta de seu ser. Pousou suas mãos sobre as delas enquanto a sentia beijar suas costas.

O toque suave de Regina sempre a acalmava.

― Não gostou do novato, verdade?

― Não ― a loira suspirou fundo, levando as mãos da mulher até seus lábios ― Não gostei nem um pouco dele.

― Percebi, você não fez questão nenhuma de esconder. ―Torceu o nariz fazendo uma careta.

― É... ―Deu uma leve gargalhada, se virando para ela ― Você me conhece, morena.

― Hum, quem dera fosse verdade. ― Ela murmurou alto o suficiente para a loira ouvir ― Você é sempre tão misteriosa.

Swan soltou uma risada baixa e negou com a cabeça encostando seus lábios na testa dela, lhe dando um beijo demorado.

― Ah, minha rainha eu não sou misteriosa.

Sim, ela era. Ambas sabiam disso.

Mas Regina não queria pensar nisso, apenas queria abraçá-la e deixar que Emma a abraçasse e ficar assim pelo tempo que fosse possível.

Swan respirou fundo quando a viu pedir mais um copo de bebida para o barman, e então voltar para a pista onde uma musica agitada começava a tocar, seus punhos se fecharam com força assim como sua mandíbula quando viu alguns caras se acercarem com aqueles olhares famintos de desejos para cima da morena.

Para cima de sua Regina.

Puxou o ar lentamente para dentro de seus pulmões tentando manter a calma enquanto sentia como a fera dentro de seu corpo parecia querer tomar conta de si e atacar aqueles idiotas apenas por ousarem olhar para ela. A proximidade da lua cheia mexia bastante com seus sentimentos, porém a chegada da lua azul aflorava suas emoções de uma forma que Emma temia perder o controle sobre si, era demasiadamente forte a influência daquela lua.

Seus pés se moveram em direção ao centro da pista sem nem ao menos se dar conta, seus braços envolveram por trás a cintura delgada, colando as costas da morena contra seu peito e a estreitando naquele abraço em uma forma simples e clara de dizer a todos que a morena estava acompanhada.

Muito bem acompanhada.

Regina sorriu fechando os olhos ao sentir aquele abraço, encolheu todo seu corpo sentindo como Emma afundava seu rosto contra seu pescoço. O sorriso se alargou ainda mais enquanto virava seu corpo de frente para Emma, enlaçando seus braços em volta de seu pescoço lhe acariciando a nuca, seu corpo se moveu justamente com o de Swan ao som da nova musica que sensualmente ecoava pelo pub, suas pernas entrelaçadas umas nas outras fazia seus corpos se colarem ainda mais, como se nunca fosse o suficiente para ambas. Seu sorriso morreu nos lábios vendo como os olhos brilhavam de desejo enquanto miravam fixamente sua boca.

― Você não deveria me provocar dessa forma, minha rainha. Quer me enlouquecer?

Emma tentou manter a voz o mais normal possível, enquanto suas mãos deslizavam pelas costas que se arrepiavam a todo segundo com o toque, fazendo Regina suspirar baixo. Os olhos presos aos verdes, assim como os verdes estavam conectados aos castanhos.

― Talvez. ― A mão da morena apertou de forma leve e sensual a nuca da loira roçando delicadamente suas unhas na mesma. ― Está dando certo?

― Não tem ideia do quanto.

O sussurro adentrou nos ouvidos de Regina como a mais bela e doce melodia que existia, fazendo seus olhos brilharem com toda a intensidade possível provocando em Emma a aceleração intensa de seu coração assim como a falta arrasadora do ar, e então a loira se rendeu aos pedidos que seu coração lhe dava a gritos.

Tomou aqueles lábios para si de maneira calma e apaixonada, lábios que se encaixaram perfeitamente como se fossem predestinados a serem um do outro por toda a eternidade, e gemeram com aquele toque, gemeram porque um arrepio percorreu ambos os corpos enquanto uma magia os envolvia, afastando de seus ouvidos toda aquela musica e agitação que ocorria ao redor, deixando apenas o som de dois corações descompassados e as respirações ofegantes.

E toda aquela magia terminou quando alguém esbarrou nelas, separando-as, os lábios vermelhos e inchados pelo beijo estavam entreabertos e puxavam com força o ar que era escasso para ambas. Emma baixou olhar e fez um movimento de negação com a cabeça.

― Isso não era para ter acontecido ― murmurou sem conseguir encarar a morena a sua frente. ― É tão errado...

― O que? Não, claro que não, Emm! ― Segurou o rosto da loira, forçando-a a olhá-la. ― Você e eu...

― Somos apenas amigas, Regina. ― Disse firme, desviando o olhar novamente ― A bebida falou mais alto, acabamos confundindo as coisas.

A morena sorriu falsamente, deixando transparecer um misto de irônica e descrença, a dor atravessava seu coração. Passou a mão pelos cabelos, sentindo-se perdida. A única coisa que foi capaz de fazer foi se virar e sumir por entre as pessoas deixando para trás uma Emma completamente derrotada. A loira levou os dedos aos lábios, tocando-os, sentindo o gosto dela impregnado.

Nota:

Neste caso, Imprinting é uma espécie de amor à primeira vista, acontece quando uma pessoa encontra sua "alma gêmea". Incomum acontecer, mas quando ocorre é mais forte que tudo. A pessoa que sofre isso não consegue sair de perto da pessoa com quem teve imprinting.