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História Mistérios de Frost Ville - Agora é pra valer.


Escrita por: IsaHolmes

Capítulo 19 - Agora é pra valer.


O tempo em Frost Ville parecia ter saído de quadrinhos infantis. O céu azulado estava limpo, velado por nuvens esbranquiçadas e refletidas pela grande bola solar, toda amarelada e cálida. Parecia um típico — e raro — dia de verão.

Eu estava colocando a minha velha — e muito mal usada — camisa social, enquanto terminava de amarrar meu tênis, quando ouvi a porta da frente sendo fechada.

Mal arrumado, ansioso e com um belo sorriso estampado no rosto, desci rapidamente pelas escadas e encontrei a mais bela menina de todos os tempos, com os cabelos rebeldes soltos e um casual e desleixado vestidinho verde.

— Fala aí, Jack. — Merida jogou seu arco no sofá — Está pronto para o grande dia?

— Desde que eu estava trancado no hospital!

— Como está o seu braço?

Ergui a manga da blusa, expondo os pontos que o médico fez. Com aquela carinha curiosa, Merida seguiu em minha direção e, por descuido, acabou tropeçando no pé da mesinha de centro. Antes que a garota desse de cara no chão, aproximei-me e a segurei pela cintura. Ela se ajeitou nos meus braços, e quando ergueu o rosto, quase colando-o coladinho com o meu, nossos olhos se encontraram. Aquele doce sorrisinho dela surgiu, tamborilando o meu coração e fazendo as borboletas do meu estômago despertarem.

Eu até teria a beijado — e vice-versa — se um palhaço de topete muito cara de pau não tivesse entrado na sala, gritando que nem alto-falante.

— Tá na hora, galera! — Wilbur se apoiou na porta, nos encarando com cara de bobo — ...Atrapalhei alguma coisa?

Nós dois ficamos quietos.

— Desculpa aí, sério mesmo, não queria atrapalhar não, mas a galera já tá toda aqui, e se vocês não vieram logo, a Punzie não vai parar de falar sobre bolinhos e, olha cara, eu estou morrendo de fome! Se eu imaginar mais um bolinho eu surto!

Merida e eu demos de ombros e rimos do desespero de Wilbur.

Logo saímos.

— Vocês não estão ansiosos? — sorriu Rapunzel, com aquele sorrisinho sonhador — Nós vamos ter uma festa só pra nós!

— Imagine só! — completou Soluço — Eu nunca acreditei que isso seria possível, eu era só um bobão lá em Berk, tirando as competições.

— As coisas mudam, amigão. — dei um tapinha em suas costas — É só seguirmos nossos instintos e acreditarmos em nós mesmos enquanto dizemos que somos capazes.

— Não se esqueça também de que nunca devemos desistir — completou Merida —, não importa o que aconteça.

Olhei na direção da praça dos caçadores e senti um friozinho na barriga. Mas, compensando, foi um friozinho bom.

— Estão todos prontos? — perguntei.

Merida sorriu.

— Chegou a nossa hora.

E assim partimos.

A tranquilidade da rua era gostosa, mas conforme chegávamos perto da Praça dos Caçadores ela virava apenas passageira. Algumas pessoas que nós víamos no caminho, nos encaravam e cochichavam, outras, mais animadas, acenavam, demonstrando diversão.

Num momento eu já podia ouvir os murmúrios das pessoas, as caixas de som tocando música alta e a voz animada do prefeito ecoando em um microfone.

Não tardou e logo eu já via a cena. A aglomeração de pessoas com roupas de verão e sorrisos ocupava a praça. Um palco de madeira se estendia numa parte do gramado e repórteres e câmeras eram vistas por todas as partes. Notei também um pula-pula infantil e diversas barracas de comida.

Do meu ponto de vista, aquela festa parecia mais uma feira. Mas era uma baita comemoração!

Andamos pela multidão, todos nos cumprimentando e nos parabenizando. Separamo-nos por um momento para encontrar nossas famílias. Com pouca procura encontrei o meu irmão e meu avô perto de uma barraquinha de doce. Coelhão parecia querer enfiar a cara debaixo da terra enquanto o North, nada discreto, enchia a pança de biscoitos de chocolate e rosquinhas doces.

— Parabéns pela festa, pivete. — fungou Tyler, cruzando os braços — Mas ainda sou contra tudo isso aqui. É exagero! E vai te deixar ainda mais mimado.

— Ora, ora, acho que alguém aqui está com inveja do irmãozinho mais novo.

— Que inveja que nada! Eu não preciso disso. —contrariou-me ele, mas logo brochou: — Mas, olha só... papai ficaria orgulhoso. North está orgulhoso... Talvez até eu esteja.

— Espera aí. Pode repetir um pouco mais alto? — zombei — Acho que eu não ouvi direito.

Coelhão me empurrou.

— Fica na sua! E se você contar isso para alguém eu juro que...

Mal terminada a frase e eu não me aguentei. Pulei nos braços do meu irmão e o abracei. Ele não pareceu muito confortável, mas eu pouco me importei.

— Valeu, cara...

— Me larga, Jack! — ralhou ele, entredentes — Têm gatinhas olhando pra cá!

Larguei o meu irmão e deixei ele com a baita vaidade que tem. Não demorou e foi meu avô quem me abraçou junto com aquele velho papo de orgulho paternal.

Fugindo do discurso meloso do meu avô voltei a encontrar os meus amigos. Na verdade não adiantou em nada sair de um lugar para ir para outro, já que tive que ouvir histórias de encontros familiares como a do Soluço, que teve a visita da prima, Astrid, só por causa do ocorrido.

Juntos, voltamos a nos misturar com a multidão, quando David veio ao nosso encontro.

— Estão animados? — perguntou ele — O prefeito quer falar com vocês!

David guiou a gente pela aglomeração de pessoas. Uma vez ou outra um repórter aparecia e metia um microfone bem na nossa fuça, mas o detetive os censurava, dizendo que no momento não daríamos entrevistas. Mas desde quando algum jornalista dá ouvidos pra ladainha? Eles continuaram com as perguntas e, aos meus ouvidos, as mais típicas eram:

— O que você sentiu quando foi sequestrado?

— Você enfrentou o sequestrador cara-a-cara. Não ficou com medo?

— Quando foi que surgiu a ideia de investigar o caso, sr. Frost?

— Você vai seguir a carreira do seu pai? Tem fins em investigação?

— Como se sente sendo, hoje, aglomerado por todas essas pessoas?

— Como você entrou na conclusão de quem era o sequestrador?

E assim ia, uma atrás da outra, até subirmos no palco, onde era interditado para quaisquer outros que não fosse nós, David, alguns seguranças e o próprio prefeito, que, super animado, nos recebeu de braços abertos.

— Jack Frost! Como está? Animado?

— Sim, senhor.

— Ótimo, porque já vamos começar!

O Prefeito conversou com mais algumas pessoas, cochichou com David e depois, alegre, seguiu para o microfone.

— Alô? Testando. Estão todos me ouvindo? Ótimo! Vamos começar!

A multidão ficou em silêncio. Pude sentir minha camisa colada no corpo de tanto nervoso e suor. Não apenas eu, mas todos pareciam nervosos. Quero dizer, quem não ficaria?

— Queridos Frostvillianos — começou o prefeito —, estamos aqui para celebrar um dia de vitória e de benção. Todos sabem, pois era uma noticia muito corrida, que havia um sequestrador em nossa cidade, aterrorizando os nossos dias monótonos e calmos, obrigando-nos a andar com sprays de pimenta nos bolsos e bolsas, fazendo-nos trancar as portas para dormirmos e nos limitando a liberdade de andar na rua. Não estávamos seguros e sim, nós tivemos vítimas. Nossas queridas crianças, nossos adolescente no começo da idade. Eu, como pai, sei o quanto foi aterrorizante ter o meu filho nas mãos desse louco. E fico aflito só de pensar que eu quase o perdi. — ele deu uma bela pausa dramática, deixando as palavras no ar — Mas sempre há uma luz no fim do túnel e, por mais que eu, ou vocês não soubessem, havia anjos vagando por aí, por nossas ruas, a procura de uma solução de todo o caus. Os chamo de anjos, pois nos protegeram e, se não fosse eles, estaria eu, e muitos outros presentes aqui, hoje, presenciando não uma festa e sim um funeral.

Ouve um momento de murmúrios, e então o Prefeito apontou para a nossa direção, minha e dos meus amigos.

— Se não fosse essas crianças, só Deus sabe o que estaríamos passando agora. Tínhamos forças policiais investigando, admiro muito isso e os parabenizo, mas, com a mente aberta e extremamente agitada, esses adolescentes decidiram correr o risco. Talvez no começo fosse uma diversão, ou passatempo, mas tornou-se algo realmente sério. E, ora, mal sabiam eles que um próprio integrante do grupo estaria com problemas mais tarde!

Novamente o prefeito pausou e sussurrou alguma coisa com David. Sorrindo, o detetive cochichou de volta e o prefeito assentiu, voltando ao seu posto no microfone, enquanto Campbell se aproximava de nós.

— O caos acabou, pessoal, e agora nós vamos comemorar! E que maneira melhor de começar isso do que com os presentes? Honro essas crianças e quero deixar a bravura marcada, sendo assim, pedi que fizessem medalhas especificamente para nossos grandes heróis.

David, enquanto o prefeito dizia mais alguns detalhes, pregava medalhazinhas coloridas em nossas roupas. De relance, quando passou por mim, disse que o melhor ainda estava por vir.

Assim que o detetive se afastou, todos começaram a bater palmas.

— E aqui estão nossos heróis, senhoras e senhores! — anunciou o prefeito — Gostariam de dizer alguma coisa?

Assenti, mas David, apressado, disse que era a vez dele de falar.

— Como quiser, detetive — o prefeito lhe abriu espaço.

David ajeitou o microfone na sua altura, perguntou se estava funcionando, e começou:

— Há uma semana atrás eu fui convocado para investigar um caso de sequestro. Eu estava sem nada nas mãos e claro que aceitei o caso! Dei duro, pessoal, muitos aqui viram! O meu estresse era enorme, passei noites acordado, e cada vez o nosso suspeito atacava mais, e eu, bobão, ficava sempre com as mãos atadas. E, bom, é bem duro trabalhar sozinho. Muitos me perguntam por que eu ainda não arranjei outro acompanhante desde que o meu parceiro Richard Frost faleceu. E, bom, querem saber a minha resposta? Porque não existe outro acompanhante. Richard era único e espero que me desculpem, mas não existe outro homem de honra e porte igual a ele. — David pausou por um momento e me encarou de relance — Quero dizer, deixe-me me corrigir, só existe um homem que chega aos pés do meu falecido parceiro. Um pequeno clone de Richard. — Campbell riu — Acho que a maioria já sabe de quem estou falando. Sim, estou falando de Jack Frost e, ora, não é exagero! Se fosse nós não estaríamos aqui hoje! Mas continuando com... aonde eu parei mesmo? Ah, sim. Dizia que estava com as mãos atadas. Pois é! E as coisas só pioravam! E, putz, como eu iria imaginar? Acabou tento um caso de assassinato!

David pausou novamente, desejando pêsames aos familiares e continuou:

— Engraçado, e sem ofensas, apesar de que todos irão concordar comigo, sempre que há confusão em algum lugar quem está lá com o nariz curioso metido no meio? Ora, se não é o nosso garotão aqui! Vamos, Jack, venha cá. Isso, muito bem. Encontrei-me com Jack e seus amigos na cena do crime. Na verdade alguns deles viram mais de perto o que aconteceu. Aí todos começaram e me fazer perguntas. E eu, mal sabendo para que era, respondi. Depois não os vi mais. Continuei me concentrando no caso, que cada vez ficava mais indecifrável. Logo veio o aniversário da cidade para me deixar mais relaxado. Ou não, né? — Campbell riu — Essas crianças aparecem desesperadamente pela minha procura dizendo que Jack havia sumido e que eles sabiam quem era o assassino. Achei que era uma brincadeira sem graça. É o que os adolescentes fazem, não é? Admito, eu fracassei no começo não acreditando. Sou um defensor da lei e o que fiz, na verdade o que deixei de fazer, foi muito grave. Bom, um tempo depois vi que a situação era séria e passei a acreditar nela. Deixei não só o caso, mas a mim nas mãos dessas crianças. E, serei sincero, sempre fui um cara divido entre idades, e eu sempre achava que lugar de criança era no parquinho. Erro meu. Grave erro meu. Minha carreira e a vida de muitas pessoas foram salvas por eles. Por crianças. Que adrenalina, pessoal, é por isso que adoro o que faço! — David arrancou risos de todos — Chegamos a tempo. Chamei ajuda e foi por um tris. Por um tris! Eles são valentes, vocês não sabem o quanto! E foram bons. Foram excelentes! Melhores do que nós, profissionais, para resolver esse caso. E é por isso que quero que eles se tornem igual a nós. Quero que esses grandes heróis sejam reconhecidos e que trabalhem com esse talento nato desde já! Ainda não entenderam? Pois bem, vou explicar. Estive em várias reuniões desde que o caso acabou. Conversei com muitas pessoas e fui até em Londres bater um papinho com um grande amigo meu. E tudo isso para quê? Para que eu conseguisse levar mentes brilhantes adiante.

David começou a remexer no bolso e dele tirou algo que mais me parecia um distintivo. Ele ergueu o objeto e voltou a falar:

— Vigiados por grupos experientes até que atinjam certa idade, consegui, depois de muito esforço, que mentes profissionais em investigação conseguissem uma brecha para que esses adolescentes tenham um espaço na área policial. Se os pais e os nossos heróis concordarem, eu, e muitas outras mentes por trás disso, gostaríamos muito que eles trabalhassem conosco. Abro hoje, principalmente com o meu supervisionamento, o grupo de detetives-mirins de Frost Ville!

Palmas e assovios começaram a soar de tudo quanto era canto. Eu mal podia acreditar no que estava ouvindo, até que David me entregou o primeiro distintivo.

— O que você acha, Jack? — perguntou ele — Quer seguir o seu pai?

Eu estava abobado em meio a flash de câmeras e gritarias.

— Isso... é uma pegadinha? — encarei-o, incerto.

David riu.

— É o maior pedido de desculpas que eu consegui. E então? — perguntou o detetive, estendendo os outros distintivos para os meus amigos — O que vocês acham? Estão dentro?

Todos me encaram com sorrisos enormes. Um por um pegaram os distintivos e deixaram as mãos de David novamente atadas.

— Se eu estou dentro? É claro que eu estou dentro! — anunciou Wilbur — Valentões e detenções por guerras de comida nunca mais!

E David voltou ao microfone.

— Eles aceitaram, senhoras e senhores! Oficialmente está aberto o grupo especial de investigação-mirim! Algum de vocês gostaria de dizer alguma coisa?

Eu aceitei e segui para o microfone. Esperei o silêncio e, ainda suando, comecei a tentar criar um discurso.

— É engraçado como as coisas acontecem, não é? Em um dia você está criando confusão para todo mundo e no outro você está livrando as pessoas delas. — comentei e todos riram — O destino é uma coisa engraçada. A primeira vez que vi esse pessoal eu nunca achei que seriam meus amigos. Ou que conversariam comigo. Muito menos que resolveriam um caso policial e que arriscariam suas vidas por mim — fiz uma pausa — Olha só, posso ser sincero? Tem coisa errada aqui, galera, porque na maioria das vezes faladas eu só ouvi “Jack Frost” pra cá e “Jack Frost” pra lá. Não é só graças a Jack Frost que o assassino foi pego, ou muito menos pelas vítimas estarem vivas. Jack Frost é só uma peça de um todo. — olhei na direção dos meus amigos e os chamei para o meu lado — Isso foi trabalho em grupo e não sou só eu que mereço todos os elogios que estão escapando por aí. Eles também merecem, porque, se não fosse o talento de cada um aqui, bom, a história poderia ter tomado um rumo muito diferente — dei uma pausa — Eu insisti nisso, em ir atrás de respostas para os desaparecimentos? Sim, eu insisti. Eu juntei o grupo? Sim, juntei. Mas, se não fosse as habilidades de cada um, como observação, eu aposto que esse caso ainda estaria solto e não arquivado. Na verdade, eles são os verdadeiros heróis aqui, afinal, se não tivesse chegado a tempo... bom, todos já sabemos o final. E eu estava incluído nele.

Merida se aproximou de mim a agarrou minha mão.

— Valeu, Jack...

Concentrei-me tanto naqueles lindos olhos azuis que me esqueci do microfone ligado ou da multidão solta na praça. Virei-me em sua direção e me derreti de amor.

— É verdade. Tudo o que eu disse é verdade. Somos um grupo agora. E se não fosse vocês eu não sei o que seria de mim agora. Principalmente você, Meri. — levei uma mão até o rosto e fiquei cabisbaixo, sentia-me um verdadeiro de um bobão — Meu Deus, eu nunca tive coragem, como sou idiota... Você não sabe como meu coração se confortou ao ver você naquela noite. Na verdade, todas as noites, e... todos os dias. Eu... o que eu quero dizer é que... desde que a gente se conheceu eu...

Merida sorriu e, antes que eu tentasse terminar de falar, saltou na minha direção, e num super abraço, me beijou. Na leveza do momento pude ouvir novamente assovios e palmas soarem de tudo quanto era canto. Não apenas isso, mas um gigantesco de um conforto velou meu coração.

Mas nada dura pra sempre. David interrompeu a gente com uma cara de preocupado. Disse no microfone que aquilo era tudo e guiou a gente para trás do palco. Andou de um lado para o outro, falou com um segurança e voltou sua atenção para nós.

— O que foi que deu em você, David?

Campbell deixou escapar aquele sorriso animado e misterioso.

— Você acha que o crime tira férias, Jack?

Determinadamente neguei e ele, animado, aumentou o sorriso.

— Não é só essa cidade que tem mistérios, pessoal. Arrumem suas malas, nós vamos para Londres. Têm pessoas que querem os ver pessoalmente. Caso esquisito, mais adrenalina. Aquele foi um de muitos outros, crianças. A responsabilidade passou a ser grande depois que aceitaram os distintivos, e o mais importante, agora é pra valer.


Notas Finais


Penúltimo capítulo.


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