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História Moderne Liebesgeschichte - 0.0 es war einmal


Escrita por: trilegal

Notas do Autor


Boa tarde, essa é uma história original que foi publicada há uns meses noutra plataforma e resolvi postar aqui também. Espero que gostem.






xoxo'

Capítulo 1 - 0.0 es war einmal


Fanfic / Fanfiction Moderne Liebesgeschichte - 0.0 es war einmal

 

 

Un-break my heart
Say you'll love me again
Undo this hurt you caused
When you walked out the door

 

━━━━━》♥ 《 ━━━━

ANNA MERIDA CAMPBELL

DUAS PESSOAS QUE não se gostam, tampouco se suportam, casam-se. Cada uma visa alcançar algum objetivo. E ainda que saibam que fizeram a escolha que precisavam, não há nenhum indício de que a convivência possa ser harmônica. E ainda podemos acrescentar terceiros, que poderão não poupar nenhum esforço para transformar o que já está ruim em algo dez vezes pior.

Bem-vindos a minha realidade.

Eu sempre soube, desde o princípio que não seria nada fácil. E ao analisar todos os encontros que tive com o Kroos, até o presente momento, ficou nítido que se ver obrigado a casar, ativou seu lado mais sombrio.

A simetria realmente não podia ser melhor.

No exato momento que noto que todos estão entretidos em algum assunto, afasto-me da mansão, caminhando para os fundos da mesma. Tendo em vista que a propriedade está localizada perto de um escudo protetor de uma colina arborizada, todo o entorno da mesma possui iluminação.

O lugar perfeito para se respirar ar puro.

O casamento restringiu-se a poucos convidados. Somente pessoas mais próximas. Nada que chamasse a atenção dos curiosos. Fora uma decisão tomada em comum acordo. Nenhum de nós queria uma exposição. Um casamento no civil era o bastante. Então, a casa de Brianna pareceu o ambiente mais adequado.

Quando minha mãe e Joseph decidiram se mudar para um vilarejo no distrito de Görlitz, pensei que fosse uma brincadeira, algum tipo de piada de mau gosto. Isso aconteceu há exatos cinco anos. E na época eu não conseguia entender o motivo deles terem preferido sair de Berlim para se refugiarem no meio do nada. Todavia, hoje consigo compreendê-los. Eles só queriam estar em um lugar que os trouxesse paz. E mesmo após a morte de Joseph, ela continua aqui, dividindo-se entre esse pedaço de paraíso e a movimentada capital.

Inegavelmente, agora posso afirmar que adoro Görlitz, ainda mais por estarmos pertinho da famosa Ponte do Diabo ou simplesmente Rakotzbrücke. Algumas pessoas se assustam com o nome, mas não tem nada de acordos, sacrifícios ou mortes não por aqui. O nome se deu por conta do formato da ponte, considerado um milagre da engenharia na época. Todavia também tem a ver com o reflexo quase perfeito em círculo que forma com a água e remete a um universo paralelo...

E por falar em universo paralelo, eu bem que gostaria de estar em um nesse exato momento, sobretudo quando vejo Mats caminhando em minha direção.

Nada é tão ruim que não posso piorar.

- O que está fazendo aqui? Aconteceu algo? - pergunto assim que ele para em minha frente. Há uma escuridão profunda em seus olhos negros, o que me faz dar um passo para trás.

E a vontade de sair correndo se torna real.

- Fora você me deixar no altar e cinco meses depois se casar com um completo desconhecido? Não, não aconteceu nada. - responde à medida que se aproxima ainda mais, me fazendo sentir um frio na espinha.

- Eu não acho que esse seja um bom momento para conversarmos. Então, eu vou voltar pra mansão e quando estivermos prontos para conversar, assim o faremos.

Tento passar pelo moreno, mas sou totalmente impedida por sua mão. E ao julgar pela força que está usando, entendo que preciso mesmo encontrar uma forma de sair daqui. Porque lidar com a raiva do meu ex-noivo não é algo que eu queira em nenhum momento da minha vida.

- Me solta, Mats. - peço, num tom sutil.

Não quere demonstrar o quanto estou apreensiva, mesmo que no fundo eu saiba o quanto essa é uma missão impossível. Ainda me recordo do embate que tivemos no dia em que deveríamos ter nos casado. Sua postura é exatamente igual, o que se torna um motivo mais do que suficiente para que surja esse nervosismo gritante dentro de mim.

- Por que, Anna? - Insistiu, apertando ainda mais meu braço.

- Você está me machucando. - aviso, tentando me soltar.

Exatamente como fizera naquele dia.

- Nós tínhamos um relacionamento de anos. Estávamos perto de construirmos uma vida juntos e você simplesmente desistiu de tudo na frente de todas aquelas pessoas. - acusou, o tom de voz grave soando como uma represália.

- Se você não me soltar, eu vou gritar. - ameaço, sem responder a sua pergunta e dando voz ao que realmente passa pela minha cabeça.

- E simplesmente se casa com um completo desconhecido, como se nada tivesse acontecido. - grita, sem se importar com minha ameaça. - Quanto tempo você me traiu, hein? Essa é a única explicação. Responda, Anna.

Seus gritos ecoam em minha mente como se fossem socos sendo deferidos em meu ventre. E a sensação não é nada agradável.

Dentro dos negócios, Mats sempre foi um homem com uma personalidade forte, que chegava a causar medo nos demais. Não me preocupei com sinais óbvios ou no fundo meu sentimento por ele fora se extinguindo justamente por essa razão. Sua maneira explosiva de reagir sempre me assustou, mas eu nunca tinha sido o alvo antes.

Agora sou.

- Me solta. - peço mais uma vez enquanto meus dois braços são apertados por suas mãos fortes.

Eu quero gritar, mas não consigo. O som fica entalado na minha garganta. E tudo piora quando o ele simplesmente tenta me beijar. Viro o rosto rapidamente, evitando esse tipo de contato. E antes mesmo que possa reclamar ou tentar novamente, Hummels é puxado para trás com força, levando o que seria um soco digno de uma cena de um filme de ação.

- Nunca mais encoste um dedo na minha esposa. - ameaça o loiro.

Por um momento eu respiro aliviada. Minha respiração é descompassada e meu coração parece a ponto de saltar pra fora. Temo que Mats revide, ainda mais quando solta uma risada sarcástica, mas a aparição de Reus e Thomas faz com que um embate maior seja evitado.

Hummels encara meu marido como se estivesse dizendo que desse momento em diante vai transformar nossas vidas num inferno. Praticamente consigo escutá-lo gritar que esse soco não ficará sem uma retaliação. Todavia não me detenho a esse fato, não nesse momento. Porque quando o moreno se afasta, Toni me encara com seus olhos azuis faiscando. Não sei se de ódio por mim, pelo Mats, ou pelos dois.

Talvez a terceira opção seja a mais válida. Afinal de contas, não é como se ele tivesse motivos para gostar de mim. Muito pelo contrário.

Nosso primeiro encontro já disse muito sobre como será nossa relação futuramente.

 

- Bom dia.

Estendo a mão para cumprimentar o arquiteto, mas ele simplesmente senta-se negando claramente uma apresentação menos hostil. É nesse momento que analiso melhor suas feições. O corte militar alemão deixa seu rosto mais harmonioso. Os olhos azuis faiscantes. Os lábios finos prontos para me mandar para o inferno. E eu preciso admitir que é bonito demais. Do tipo que me faria ter pensamentos muito impróprios se não fosse pelas circunstâncias.

- Dispenso apresentações.

Sua maneira rude outrora poderia me causar algum tipo de aversão. Sei lidar com pessoas de todas as personalidades, mas não tolero certos desaforos. Só que dessa vez é diferente. Há um motivo maior que tudo. E até mesmo acho graça disso.

- Agnes deve ter comentado com você que há dois meses fiz uma proposta pra comprar essa pousada - sento-me sem esperar que ele diga para que eu o faça, uma vez que já ficou claro que gentileza não é seu forte.

- Claro. Inclusive o valor que você ofereceu é três vezes maior do que valor estimado - comenta, verificando a hora em seu relógio. Ao que parece eu não tenho tanto tempo disponível para o arquiteto.

- Eu ainda teria interesse em comprar pelo mesmo valor, mas as coisas mudaram um pouco de figura - cruzo a perna esquerda, totalmente despretensiosa.

- Seja qual for a mudança, estamos perdendo tempo aqui.

Inclino a cabeça para o lado enquanto emito um sorriso ladino. Cada vez que sua voz soa como uma ordem e que seu semblante endurece, mais vontade tenho de provocá-lo.

Joseph não podia ter um filho mais parecido com ele.

- Eu cancelei meu casamento minutos antes da cerimônia começar - começo meu pequeno relato, observando sua expressão confusa - Meu padrasto faleceu há alguns meses. Eu assumi a presidência da Corporação no lugar dele. E você não faz ideia de como o mundo pode ser injusto com as mulheres.

Tento emitir a melhor expressão de pobre moça, enquanto ainda meço cada palavra que ainda utilizarei. E há certa graça nessa situação toda. Sei muito bem o quanto o mundo dos negócios é um lugar bastante restrito aos homens. Mesmo que uma mulher seja brilhante em sua função, sua competência sempre será posta à prova. Tratamentos completamente diferentes. Todavia isso nunca foi um problema pra mim. Sempre soube me posicionar diante das situações. E agora eu preciso passar uma imagem oposta.

- Não estou conseguindo acompanhar - admite, soando muito fofa sua expressão que confirma o que acabou de dizer.

- Mesmo sendo presidente, todas as decisões importantes, como aprovação de projetos, precisa passar pelo Conselho. E o mesmo é composto por homens que agora acham que porque eu cancelei meu casamento, não estou apta para o cargo - confesso um tanto exasperada.

Mordo a língua rapidamente antes que uma risada se faça presente, acabando com minha encenação. Tenho certeza de que se estivesse aqui, Marco teria caído na gargalhada, sem conseguir se segurar.

Há uma meia verdade em meu relato. O Conselho da WHR vem passando por um momento turbulento. Todos os projetos que apresentei foram contestados por meu ex. Mats, por sua vez, vem mostrando cada vez mais que seu desejo de conseguir a presidência não vai ficar só em seus sonhos mais longínquos. Nada que eu não possa lidar, mas que definitivamente torna-se uma terrível dor de cabeça.

- Entendi e continuo não tendo nada a ver com isso - corta, sendo totalmente ríspido.

- Eu também não tenho nada a ver com sua mãe ter adquirido contas altíssimas, colocando a pousada em risco. Também não tenho nada a ver com sua sobrinha ter cardiopatia congênita e precisar de um tratamento que é bastante caro.

No exato momento em que termino de proferir essas palavras o semblante do alemão endurece ainda mais. Há um ódio que jamais vi antes, mesmo essa não sendo a primeira vez que uso problemas pessoais pra atingir um ponto fraco. Não posso dizer que me sinto bem nessa posição, seria um eufemismo, mas me pareceu um caminho melhor para conseguir alcançar meu objetivo.

Pelas informações obtidas pelo detetive que encontrou o arquiteto, pude descobrir coisas interessantes sobre sua vida e das pessoas que o cercam, inclusive que ele tem namorada - um atenuante suficiente para ele recusar minha oferta se eu apenas propuser o que quero sem deixar claro que é disso que precisa.

- Não acha que usar a doença de uma criança é um golpe baixo demais? - questiona num tom que me soa como uma ameaça velada.

Estreito os olhos em sua direção, então inclino a cabeça para o lado e solto uma risadinha. E minha reação desencadeia outra; Toni cerra os punhos, controlando toda sua raiva.

- Se usar o fato de sua sobrinha estar doente, para conseguir entrar em um acordo com você, fizer ela ter o melhor tratamento possível, acho que podemos repensar sobre o que é certo e errado - respondo tranquilamente.

Kroos respira fundo. Não diz nada, não nos próximos minutos. E eu espero pelo tempo que for, sem pressa alguma. Porque no fundo sei que quer o melhor para sua sobrinha. Algumas pessoas não se importam mesmo com a instituição "família". Todavia, pela forma como reagiu quando citei a cardiopatia de Bella, ficou evidente o que mais preza na vida.

- O que você quer?

- Me casar e permanecer assim por um ano, até que minha imagem perante o Conselho seja benéfica e também para evitar que o primo de segundo grau do Joseph tente contestar o testamento.

Dessa vez digo algo que é realmente verídicoO pai de Mats, Klaus, seria capaz de contestar o testamento caso eu passasse a herança de Joseph para seu filho. Minha única intenção em permanecer casada por esse tempo é justamente fazer com que qualquer justificativa que ele possa usar, seja derrubada com bons argumentos e provas. Não basta só o Toni ser o herdeiro. Eles entrariam numa batalha judicial. O arquiteto ganharia, mas isso levaria um tempo que desejo evitar, pois sinto a necessidade de realizar o desejo de meu padrasto.

Como um sinal de gratidão e de amor.

Meus devaneios são totalmente cortados com a risada do alemão. Ele gargalha como se eu tivesse acabado de contar a piada mais engraçada do mundo. E aproveito esse tempo para colocar em cima da mesa a pasta que tenho em meu colo.

- Confesso que foi engraçado - diz, secando uma lágrima que insistia em escorrer por sua face.

- Muito engraçado - emito um sorriso falso enquanto ele observa a pasta preta. - Mas eu estou falando sério.

O vejo arquear uma sobrancelha dourada, tomando consciência sobre a veracidade do que lhe fora dito. Kroos abre a pasta notando que a mesma contém um contrato, devidamente redigido por Reus - assegurando que tudo saia da melhor maneira possível.

- O que te faz pensar que eu aceitaria uma loucura dessas? Aliás, que pessoa propõe algo do tipo a alguém que não conhece?

Touché!

Perguntas pertinentes e pontuais. E eu já esperava por elas. Seria muito tola se não tivesse me preparado mentalmente para saber o que responder, mesmo que isso faça eu parecer ainda mais louca, mimada e totalmente sem noção.

- Consta no contrato que as dívidas serão pagas, a pousada vai passar por uma reforma e a sua sobrinha terá o melhor tratamento. - respondo, dando de ombros. - E eu acho mais fácil me casar com alguém que não conheço. Quando o contrato acabar, cada um vai pra um lado e nunca mais se vêem. Ambos com seus objetivos alcançados. Rápido, prático e simples de decorar.

- Você está literalmente comprando um marido - cuspiu as palavras, mostrando-se muito ofendido.

- Eu não olharia as coisas dessa forma. Prefiro dizer que é uma troca de favores. Além do mais, eu preciso de alguém que assuma a presidência no meu lugar - confesso algo que só pretendia dizer em outro momento.

- Porque a princesinha está cansada de ter que lidar com opiniões contrárias e muito provavelmente quer utilizar seu tempo em algum spa ou fazendo compras - lança um sorriso irônico enquanto fico completamente estarrecida com o que acabo de ouvir - Acertei?

- O que eu vou fazer não é da sua conta - digo sem deixar de demonstrar meu total desagrado.

- Tudo bem. Nós sabemos que eu tenho razão. Mas pra encerrarmos o assunto de uma vez por todas... - fecha a pasta deixando muito claro sua decisão. - Não, eu não aceito ser comprado. Eu tenho namorada e não pretendo estragar meu relacionamento por causa de uma doida. E você sabe a saída - gesticula pra que eu saia, o que faz meu sangue ferver.

Engulo em seco a vontade de mandá-lo para o inferno. Engolir sapos parece que será uma tarefa constante. Sim, será, porque sei que mais cedo ou mais tarde ele irá mudar de ideia. Então, nós sentaremos para alinhar todos os pontos que não foram colocados no contrato, mas que vão assegurar de que nosso acordo ocorra sem maiores problemas.

- Seu orgulho é bonitinho, mas vai acabar quando perceber que esse acordo é a melhor alternativa para os seus problemas. E eu estarei esperando sua ligação - levanto-me com a clara intenção de sair desse lugar. Minhas mãos estão suando, meu coração parece a ponto de saltar para fora e respiro com certa dificuldade. Sintomas muito claros sobre como conseguiu me atingir com suas conclusões baseadas em meia dúzia de palavras - Mande lembranças a Agnes.

 

Olho para o enorme espelho, situado no canto do quarto, tendo a perfeita visão do quanto estive realmente bonita em meu casamento. Estranhamente esse vestido me agradou mais do que o que demorou meses para ser confeccionado quando noivei com Mats. Não tem todo aquele glamour esperado. A parte de cima possuí bordados delicados. Duas mangas, curtas e caídas, de tecido transparente, que dão a impressão do busto ser um tomara que caia. E a saia não é muito armada, somente o suficiente para evidenciar minha cintura. A maquiagem natural ainda está impecável, principalmente o batom vermelho. E o meu cabelo, preso apenas as primeiras mechas, dando-me um ar jovial, permanece intacto. Todos são detalhes impossíveis de não serem observados e apreciados.

Uma noiva longe de estar feliz, mas inegavelmente belíssima.

Kroos pode tentar negar o quanto quiser, mas em seu interior sei que não consegue controlar o que sente. Pude notar uma fagulha de desejo em seus olhos. Foi por um breve momento, mas eu vi. Ninguém me contou. Nem foi coisa da minha imaginação. Afinal de contas, eu não embarquei nisso para viver um romance de nenhuma esfera.

De forma alguma, diga-se de passagem.

Começo a tirar meu vestido, com a intenção de me livrar de qualquer vestígio que me recorde desse casamento, mesmo que a aliança em meu dedo seja a prova da união que firmei mais cedo. De repente, ouço um barulho que julgo ser de uma porta sendo aberta, e levanto meu olhar, parando por completo o que estava fazendo. Mas minhas mãos permanecem segurando a cinta-liga.

Ok, essa noite vai ser longa mesmo.

Posso apostar com a minha vida de que ele não imaginou me encontrar dessa maneira; usando apenas uma lingerie composta por um espartilho, uma calcinha de renda e uma cinta-liga presa a uma meia calça 7/8. E ao julgar pela forma que seus olhos me encaram, tenho a certeza de que estou sendo milimetricamente analisada.

Kroos está com raiva.

E seus olhos brilham de uma forma que não sei julgar se é algo bom.

Para trabalhar com a verdade, e somente com ela, é preciso salientar que o alemão não tem a menor intenção de ter uma noite de núpcias comigo. Está longe de querer algum contato mais íntimo. Seu coração pertence a sua namorada - a mesma que precisou abdicar para embarcar nessa loucura e que deixou muito claro que continuará fazendo parte de sua vida.

Todavia, sei da minha beleza e de que não é imune a mesma. E se juntarmos esse fato, a raiva que está sentindo após presenciar minha discussão com Hummels, ao beijo que demos assim que o padre lhe deu permissão e como suas mãos gostaram de me segurar quando dançamos, então temos um barril de pólvora próximo a explodir.

- Você não disse que ia dormir no sofá? - questiono ao notar sua presença. Obviamente desisto por completo de continuar me despindo e me concentro em tentar
entender o que faz aqui, segurando uma garrafa de champagne e duas taças.

- Não mudei de ideia - responde de forma simples.

Toni caminha tranquilamente até a mesa, situada no lado oposto onde me encontro, e deposita o que trouxe. Continua não querendo dormir nem cinco minutos comigo. Isso não ia mudar, de forma alguma. Algo que aguça ainda mais minha curiosidade.

O hotel em que nos hospedamos, sendo um dos vários empreendimentos da WHR Corporation, possuí uma sala ampla, com um escritório integrado, dois banheiros; sendo um deles na suíte, além de uma cozinha totalmente equipada - que nunca é utilizada de fato. O conheço perfeitamente bem. E viemos para cá a fim de evitarmos qualquer suspeita que possa surgir nas mentes venenosas que nos cercam. Um passo em falso, pode custar tudo que me propus a realizar em nome de Joseph.

E eu não vou errar.

Claro que, não querendo dividir a mesma cama que eu, ele optara pelo sofá. Mas só quando fosse realmente dormir. Ainda assim, imaginei que ficaria o mais longe possível, como uma forma de respirar e deixar o dia de hoje no passado.

Salvo engano, eu diria.

- Nós precisamos conversar - sua voz soou um tanto grave demais, fazendo meu ventre se comprimir de imediato. Essa é uma sensação praticamente desconhecida pra mim, que sempre fui acostumada a lidar com todo tipo de situação.

Mats não deveria ter vindo. O casamento se restringiu apenas as pessoas mais próximas, sem uma vasta lista de convidados. E, claro, que meu ex não estava incluído. No entanto ele viera com seu pai. Não pude simplesmente mandá-lo embora, mesmo que a ideia me agradasse. E sua permanência causou um mal estar tremendo e ao julgar pela forma como sou encarada, ainda terei de lidar com as consequências de sua aparição.

- Precisa ser agora? - insisto, sentindo ainda mais meu corpo ficar em alerta.

- Sim, precisa. - serve as duas taças com uma dose generosa de champagne, levando a sua até a boca, sorvendo o líquido quase que de uma única só vez. Gostaria de fazer o mesmo, mas com um bom uísque escocês.

- E o que de tão importante, que nós ainda não conversamos, você tem pra dizer?

À medida que as palavras vão saindo de minha boca, o alemão se aproxima de mim, até parar em minha frente. Estende a taça para que eu a pegue e num ato automático faço exatamente isso, mas não a bebo. Só consigo ficar encarando sua face, notando nesse momento o quanto ele parece mais atraente ainda do que quando nos conhecemos. O terno e o colete foram dispensados, ficando apenas com a camisa branca, que fora puxada até os cotovelos.

Merda.

- Por que não me contou que o seu ex-noivo é filho de um dos sócios da WHR? - pergunta tirando-me de meu transe, o que me faz suspirar por notar de qual se trata nosso assunto.

Exatamente o que eu imaginava.

- Porque tínhamos assuntos mais importantes a tratar. - respondo. - Era só isso? - questiono, torcendo para que sua resposta seja afirmativa, porque estou me sentindo totalmente despida diante desse homem e a sensação de nervosismo não me agrada.

- Você não achou importante me comunicar que o Hummels vai conviver diariamente conosco e que eu vou ter que aturar ele flertando descaradamente com a minha esposa?

Cada palavra que sai de sua boca contém um alto teor crítico. Claro que isso poderia me fazer crer que está com ciúmes, mas eu sei bem quais são as cartas do jogo. Elas já foram postas à mesa.

Entretanto...

- Mais uma palavra e eu vou começar a pensar que você se sentiu incomodado com o Mats.

É minha vez de tomar o champagne, sem deixar de emitir um sorriso carregado de deboche. E como se alguma divindade quisesse zombar ainda mais da face do Toni, meu celular começa a tocar. Rapidamente o loiro dirige sua atenção para o aparelho em cima da cama e ergue uma sobrancelha. Não preciso perguntar de quem se trata. A obviedade está explícita no alemão.

- Eu não vou ficar um ano casado com você, tendo que ouvir piadinhas do seu ex ou de qualquer outra pessoa. Então, que se exploda sua provocação. Nós dois sabemos que não há nenhum pingo de ciúmes. - Toni demonstra uma exasperação e raiva que deveriam me fazer repensar minha postura, no entanto eu não me sinto nada inclinada a dar um passo para trás.

Diferentemente de como me sinto quando tenho algum embate com o Mats, meu marido causa em mim uma espécie de medo que me instiga. São completamente distintos.

- Ótimo. Acabamos nossa conversa. Agora eu vou atendê-lo antes...

Tento passar por ele, mas acabo tendo meu braço segurado pela sua mão. E a frase que eu diria fica presa na garganta, tamanha surpresa com seu ato. Entretanto, não para por aí. Porque Toni simplesmente pega a taça de minha mão e a joga no chão, puxando-me para um beijo nada parecido com o que demos em nossa cerimônia.

- Mas que merda... - reclamo, querendo fortemente me ver livre dessa situação, ou nem tanto assim.

Sinto minhas pernas fraquejarem violentamente, no entanto mãos grandes e firmes me seguram me dando a visão clara de que não cairei em nenhum momento.

Quando dou por completo passagem para sua língua, seguro sua nuca, arranhando-a lentamente. Meu gesto faz com que minha cintura receba um aperto forte, não do tipo que machuca, mas que causa um frio na espinha. E quando sua mão vai baixando sorrateiramente até encontrar minha bunda, torna-se impossível não emitir um gemido e o deixo escapar entre meus lábios, enquanto ele puxa o inferior lentamente.

É um indício de que o beijo terá um fim.

Talvez esse seja o momento em que nos damos conta de que um contato mais íntimo não está incluso em nosso acordo. E, principalmente, porque ele ama outra mulher. Sendo assim, me preparo mentalmente para uma frase ríspida, onde o alemão cita as razões para ter feito o que fez e porque não irá continuar. Todavia nada disso acontece. Sou traída por meus pensamentos e quando dou por mim, sinto cada ganchinho do espartilho ser aberto.

Merda, merda, mil vezes merda.

Meus lábios tornam a estar em contato com os seus. Suas mãos continuam com a tarefa de me despir. Sigo sem tentar impedir suas ações. A verdade é que sinto uma umidade no meio das minhas pernas. Essa sensação aumenta a cada segundo. E chega a um nível mais elevado quando meu espartilho cai no chão. Kroos interrompe mais uma vez nosso beijo e encara minha face por breves segundos, até sua atenção ser totalmente voltada a meus seios.

Puta que pariu.

Nunca senti tamanho nervosismo ao ser analisada tão minuciosamente. Talvez, nem quando perdi minha virgindade. A questão aqui é que seus olhos normalmente possuem uma intensidade tão gritante, que já me deixa a ponto de entrar em parafusos. Mas nada se compara a esse exato instante. Então, enlouquecer parece mesmo um fim para meu pobre inconsciente.

- Não estava incluído no contrato nada sobre consumar o casamento, se eu bem me lembro.

Com certa dificuldade consigo abrir minha boca sem demonstrar como realmente me sinto. Aprovo o som das palavras. Mas minha alegria não dura muito tempo, tendo em vista que o loiro solta uma risadinha irônica. E no minuto seguinte sou de virada de costas. Meu corpo é prensado contra o seu, o que me possibilita sentir sua ereção. Respiro com certa dificuldade, mas dessa vez consigo evitar gemer como se estivesse desesperada por seus toques.

No entanto, os instintos sempre acabam falando mais alto, inevitavelmente.

- Não, não tinha. Mas eu tirei um tempo pensando em eventuais problemas. - responde, deixando-me confusa com sua fala.

Quero lhe questionar, pedir que seja mais claro, contudo quando sua mão começa a acariciar meu corpo, minha mente trava. Ele afasta uma mecha de cabelo, tendo acesso a meu pescoço, e não demora nada até começar a chupar essa parte sensível. O sinto brincar com o bico enrijecido do seio esquerdo, causando uma sucessão de pequenos choques. Mas a melhor parte vem quando sua mão afasta minha calcinha de renda.

Minha pele, já sensível, se derrete por inteiro com suas carícias pontuais. A cada segundo que passa, o sinto mais duro. Imagino o quanto deve estar dolorido manter seu pau dentro da calça. Esse pensamento me faz salivar, tendo um vislumbre de como seria engoli-lo por inteiro.

Quando seus dedos começam a explorar minha intimidade, não consigo mais segurar as sensações que me invadem. Fecho os olhos, deixando que os gemidos escapem por minha boca, rendendo-me por completo. Kroos suspira tão pesadamente, em meu pescoço, que sinto um arrepio percorrer todo meu corpo.

- Oh!

Assim que os sons de completa satisfação tomam conta do quarto, passo a rebolar sem pudor algum. Não que eu costumasse ter. Só que estamos falando do filho do meu padrasto. O mesmo cara grosso e estúpido que fiz a enorme burrada de propor um casamento de fachada, onde somente o mesmo vai ter algum tipo de lucro, enquanto finjo ser a pessoa frívola e mimada que ele pensa que sou. Eu devia ter me afastado. Tem essa voz em meu subconsciente que fica martelando isso, mas fui fraca.

Estou sendo.

De repente, seus movimentos circulares cessam. Deduzo que irá tirar minha calcinha, ao sentir essa peça ser segurada, entretanto não é do jeito que imagino. Realmente termino por ficar nua, mas o pedaço de renda torna-se um retalho. Meus olhos abrem por instinto. Quero dizer algo, mas sou impossibilitada. Num rápido movimento sou virada de frente para esse homem e iniciamos mais um beijo tão parecido quanto os outros. Não tem uma pitada sequer de carinho ou cuidado. É mais do tipo agressivo e carregado de desejo. Nada de sutilezas.

É como se estivesse com uma raiva tremenda da mulher que o obrigou a se casar e de si mesmo por sentir-se excitado pela mesma.

Constatações à parte, enquanto nos beijamos aproveito para abrir os botões de sua camisa. Não evito abrir os olhos nesse momento só para ter o gostinho de analisar seu abdômen definido e as várias tatuagens em seus braços. Mas a que mais me chama a atenção é a andorinha, situada perto do ossinho da cintura. A vontade de despi-lo por completo cresce absurdamente, fazendo-me tocar em seu pau por cima da calça. Toni emite gemido arrastado, seguido de um som que mais parece um gemido. E minha mão é bruscamente afastada, para então ser praticamente jogada na cama.

Tudo acontece tão rápido que mal tenho tempo de processar cada passo. Num instante sinto o colchão macio abrigar meu corpo. Noutro, Kroos termina de se despir, avançando sobre mim. E então sua boca passa a trilhar um caminho inebriante, dos meus seios até minha intimidade.

Minhas pernas são afastadas para que assim tenha uma mobilidade maior para fazer o que bem entender. Sua boca logo vai de encontro a pele sensível das coxas, mordendo levemente o local. Seguro com força o lençol, querendo fortemente que meu marido pule todas as etapas de um bom sexo, tudo por conta dessa excitação que eu nem sabia que era capaz de sentir por um completo desconhecido.

Quando suas mãos afastam meus lábios vaginais, mordo o lábio inferior com força. Sei o que está para acontecer, o que me faz querer tentar manter um pouco de dignidade. É estranho usar essa palavra num momento como esse, tendo em vista que no ato de transar espera-se que ambas as partes transmitam o que sentem sem nenhum tipo de pudor. Todavia, parece que se eu fizer isso, estarei perdendo algo importante.

É quase como perder uma batalha.

Um dilema, tendo em vista que minutos atrás eu estava completamente rendida. No entanto há algo em Toni que me faz ter esse receio. Talvez seja seus olhos que refletem o verdadeiro sentimento que tem por mim.

Mas como lutar contra suas emoções, ainda mais quando as mesmas estão sendo estimuladas?

- Você estava mais relaxada segundos atrás. - comenta, passando o dedo lentamente pelo meu pontinho sensível, causando-me uma espécie de choque.

- Toni, eu acho que não...

Sou interrompida quando ele mete dois dedos dentro de minha boceta, enquanto sua língua chupa com voracidade meu clitóris. Cada fibra do meu corpo se derrete ao seu toque tão preciso. É como se já me conhecesse e soubesse exatamente como me fazer delirar de prazer. O que acontece a seguir torna-se um, deleite para o loiro e minha derrota já esperada, apenas se confirma.

- Oh, merda.

- Assim está melhor. - provoca, movimentando os dedos num vai e vem constante.

Uma parte de mim gostaria de mandá-lo para o inferno e negar o quanto realmente estou excitada e sedenta por mais. Porém, inevitavelmente, sou traída pelo meu subconsciente, que não deixa nenhuma sombra de dúvidas sobre a realidade dos fatos.

O tempo passa, meu corpo passa a tremer lentamente, anunciando o que está para acontecer. A sensação de prazer só aumenta. Seguro os fios loiros com força enquanto rebolo literalmente em sua face, pronta para me desmanchar. Quase consigo sentir esse momento mágico acontecer.

Quase.

Toni se afasta, respirando com certa dificuldade. Quero chorar de raiva, mas acredito que esteja tentando apenas prolongar meu estado de excitação. Muito comum. Nada de estranho. Ainda que seja um pouco surpreendente, tendo em vista que não somos um casal tentando dar o máximo de prazer um ao outro.

Apenas detalhes.

Ergo meu tronco para frente, com os cotovelos amparados no colchão. Estreito os olhos em sua direção ao notar o quão excitado está, mas não somente por esse fato e também porque fica nítido que não fará algo de extrema importância.

Kroos leva a mão até o pau grosso, movimentando-a para cima e para baixo. Impossível não grudar meus olhos nessa cena, sem desviar em nenhum momento. É como estar hipnotizada, sem conseguir esboçar uma reação.

- Você está esquecendo de uma coisa. - digo, no exato momento em que ele se aproxima, afastando minhas pernas e metendo-se no meio delas.

Espero por uma resposta, até mesmo uma ação que corresponda ao que me referi, mas nada disso acontece. O alemão solta uma risadinha e no minuto seguinte, seu pau me invade o mais fundo que consegue. Cravo minhas unhas em seus braços sem um pingo de cuidado. Tampouco poderia ter. Seria necessária uma sobriedade enorme para que eu agisse de forma racional e isso não irá acontecer enquanto estiver entorpecida de sensações prazerosas.

Tudo bem, aceito minha derrota.

Estou transando com o filho do meu padrasto.

E estou amando.

Minha perna esquerda é erguida de modo que o loiro tem mais mobilidade para meter seu pau cada vez mais fundo em minha intimidade. Meus seios passam a se movimentar no mesmo ritmo, o que ocasiona uma reação de sua parte. Kroos os segura com força, causando uma sucessão de gemidos audíveis demais.

- Ele ainda não cansou. - reclama, fazendo com que eu preste atenção no som que sai de meu celular.

É nítido o desgosto em sua fala. Também sei que isso é motivado pelo fato de qualquer pessoa não gostar de como os outros a enxergam em determinada situação. Não tem nada a ver com sentimento. É só orgulho ferido. Ele fora atingido com as palavras do meu ex-noivo e com sua insistência em querer falar comigo em minha lua de mel.

- Talvez eu deva atendê-lo. - digo no exato momento em que Toni segura o babado de minha cinta-liga, aumentando a velocidade de suas estocadas.

- Não acho uma ideia de todo ruim. - sorri de um modo bem diabólico, o que me faz entender sua insinuação.

- Kroos...

Tento me soltar, mas ao menor movimento nossos corpos entram ainda mais em contato. Minha intimidade inchada fica mais sensível. E seu sorriso só se intensifica.

Malditamente bonito.

- É seu sobrenome. - provoca, sentando-se a medida que me puxa pelo braço, me fazendo sentar em seu colo.

Não digo nada, apenas engulo em seco. Mas as palavras flutuam em minha mente. É o meu sobrenome a partir de agora. Isso é um fato, assim como ser um dos sobrenomes de Joseph. Uma prova a mais do parentesco de ambos, que pretendo ocultar pelo tempo que for preciso.

- Alguém já te disso o quanto é apertada? - ouço um questionamento sair de sua boca. Quero responder, nem que seja com uma risada sarcástica. No entanto toda e qualquer reação que possa ter, se restringe apenas em cavalgar em seu pau. - Pois você é, Merida. E está me apertando como um punho.

Toda aquela ansiedade de gozar torna a surgir e de modo mais brando. É nítido que não vou durar muito, não enquanto ele seguir nesse ritmo esfuziante, me ajudando nos movimentos enquanto lança frases estimuladoras.

Não há nada a reclamar aqui, muito pelo contrário. Meu corpo todo inflama. A boca do alemão encontra um dos meus seios, chupando e mordendo cada pedacinho. O pau, que faz um trabalho maravilhoso em minha intimidade, parece ficar ainda mais duro. E eu praticamente já consigo enxergar estrelas. Quero isso, inevitavelmente, no entanto não acontece.

- Merida, vou gozar. - avisa, num tom rouco demais. Devia ser o bastante para que eu conseguisse atingir o prazer desejado, mas a vida tem dessas às vezes. Por mais que se queira algo e esteja muito perto de conseguir, simplesmente você não consegue.

Eu não consegui.

Ele sim.

E dentro de mim.

Meu pescoço recebe um chupão demorado, sem nenhum tipo de cuidado. Minha bunda é apertada por suas mãos nada gentis. E sigo sentindo sua porra me invadir enquanto ele mantém seus olhos fechados. Somente quando a última gotinha de seu gozo é despejada, o arquiteto abre os olhos me encarando com uma expressão indecifrável. Os segundos passam e ele desvia sua atenção para meus braços. É possível notar que as mãos de Mats deixaram marcas roxas. Percebo também que há uma mescla de arrependimento com nojo em seus olhos. Então, subitamente, Kroos retira seu pau de minha intimidade, deixando muito claro que não somente conseguira gozar, como o esperado, quanto alcançar outro objetivo.

- Agora é só fingirmos que isso nunca aconteceu. - me empurra para o lado, não de um modo brusco, mas o suficiente para que nosso contato seja quebrado. Levanta-se rapidamente, procura por suas roupas espalhadas pelo quarto e coloca sua cueca na velocidade da luz, sem sequer me olhar nos olhos.

- Claro. - esforço-me para concordar com seu pedido, incapaz de tentar conversar melhor sobre o assunto e acabar deixando evidente o quanto estou afetada.

Burra, extremamente burra.

- Ótimo.

Quem não quer manter nenhum contato visual dessa vez sou eu. Sinto seu olhar queimar em mim, mas sigo olhando para a frente. Respiro fundo inúmeras vezes, torcendo para que se vá o mais rápido possível. Sei que isso vai acontecer, no entanto, parece que os minutos se arrastam de uma maneira mórbida. Tenho a impressão de que ele quer dizer algo mais, como se houvesse algum tipo de arrependimento. Mas nós sabemos que não há.

Pessoas agem o tempo todo.

E nós estamos devidamente incluídos no grupo daqueles que possuem alguma motivação para tais ações.

No fim das contas, quando ouço o barulho da porta sendo fechada, dando um fim por completo em nossa noite de núpcias, percebo o que realmente aconteceu aqui.

Deprimente.

Toni bebeu muito durante horas. Passou boa parte do casamento se esforçando para fingir bem, mesmo que as pessoas presentes soubessem da farsa que nos encontramos. Quando avisou que estaria tentando evitar problemas, deixará claro que transaria comigo por algum tipo de obrigação. Não foi exatamente porque quis. Ele só se assegurou de que nossa união tenha valor. De que eu siga com nosso trato sem tentar invalidar o documento. E a bebida o ajudou a tomar coragem para agir, não que ele não tenha sentido desejo por mim. Claro que sentiu. Mas numa situação de sobriedade de sua parte, não teria me beijado porque só a possibilidade desse contato existir lhe causa repulsa, que dirá o resto.

Não possuo um pingo de sua confiança. Acabei por ser usada e a sensação não poderia ser pior. Sei agora como ele se sente. Todavia também sei que de nós dois, o arquiteto é a pessoa que está sendo enganada para um bem maior e eu...eu só sou uma peça totalmente descartável nessa história - com prazo de validade para permanecer onde estou.


Notas Finais




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