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História Moe Uhane Aloha - Um Sonho De Amor - The Hooligans


Escrita por: Minejas

Notas do Autor


Aloha, menines! ^-^/ Tudo right?
O casal Jasmin e Peter estão vivendo momentos mágicos de amor e paixão intensos! Dias perfeitos e ensolarados! :D A partir deste capítulo as coisas irão esquentaaar! Preparem-se, e por favor me dêem sua opinião!! Mahalo nui loa por ler, e vamos lá! Aproveitem!! :* Honis
~Mine

Capítulo 20 - The Hooligans


Fanfic / Fanfiction Moe Uhane Aloha - Um Sonho De Amor - The Hooligans

 

 Pela manhã ao acordar vi uma lasca do céu entre as leves cortinas marfim; era um azul claro de tinta aguada do alvorecer, e tudo estava silencioso. A não ser pelo ressonar tranquilo de Peter. Um pouco desorientada pelo sono ergui-me pelos cotovelos no colchão olhando em volta, procurando-o.

 Bruno dormia no sofá próximo a sacada; suas pernas estavam cruzadas, esticadas para fora do sofá pequeno. Um braço pendia para fora do estofado e outro jazia pousado sobre sua barriga. Parecia tranquilo, em sono profundo.

Oh, meu Deus! Eu adormeci! Tomei consciência de minha gafe com uma pontada de raiva. Joguei-me preguiçosa no colchão, olhando o céu lá fora. Provavelmente Bruno me transferira do tapete oriental no chão para a cama; lembro-me de sentir seus braços me envolverem. E ele ficou, imaginei-o me observando dormir, fiquei enrubescida ao pensar nisso. Virei-me na cama, procurando pela coberta, a noite havia feito muito calor, mas agora ao alvorecer o clima era gelado.

 Aos poucos o céu tomou um tom rosado ao dourado do amanhecer; e eu permaneci deitada observando sua mudança; Então me levantei e fui até o sofá onde Bruno dormia. Seu rosto expressava fleuma, seus olhos meia-lua fechados e a boca entreaberta, como um menino ele parecia a mim. Com cuidado peguei sua mão para fora do sofá e pousei-a sobre a barriga. Bruno suspirou e virou-se de lado, esperei que acordasse, mas continuou a dormir, roncando baixinho.

 Achando aquela cena linda demais relutei em me afastar, mas depois de alguns instantes resolvi tomar banho. Após pedir o café da manhã ao serviço de quarto, sentei-me no braço da poltrona ao lado da que Bruno dormia.

 A minha direita encostado num vazo de planta o violão descansava, peguei-o, alisando as cordas, imaginando os dedos de Bruno tirarem dali melodias. Pousei-o em minha coxa e arrisquei um acorde; soou suave e afinado, mas mesmo assim olhei rapidamente para Bruno, não queria acorda-lo. Guardei o violão na capa e voltei a sentar na poltrona de um lugar, abraçando as pernas.

 Bruno ainda vestia a bermuda branca estampada, seus cabelos estavam cacheados e bagunçados e a camisa verde-bandeira que ele usava combinava com a cor de sua pele. Vi em seu pescoço o colar; e instintivamente toquei o meu, eu não o usava. Com uma preocupação apontando virei-me para a cama, soltei um suspiro quando o vi na mesa-de-cabeceira. Voltei a contempla-lo.

E com um sobressalto ouvi o interfone tocar.

Quando voltei empurrando o carrinho repleto de frutas, bolinhos, pães e sucos, vi que eu não fora a única a me sobressaltar. Bruno se espreguiçava no sofá, ao me ver sorriu; “Bom dia” falou com a voz rouca e sonolenta.

– Bom dia – sorri – café? – parei o carrinho a frente do sofá, servi dois copos de suco de laranja e duas tigelas de salada de frutas.

– Mahalo – agradeceu ele pegando o copo que eu lhe oferecia. Sorri e beberiquei o meu suco, empoleirando-me no braço do sofá.

–Dormi demais, está acordada há muito tempo? – perguntou ele.

– Não – menti – também estava cansada. Tão cansada que dormi antes da hora na noite anterior. Pensei.

Estiquei o braço para pegar um pão, Bruno aproximou mais o carrinho.

– Hoje vamos ter ensaio – enfiou um morango na boca – amanhã é a primeira apresentação.

– Oh! – eu sorri – Como está se sentindo? – disse empolgada.

– Ansioso – ele sorriu reflexivo – e nervoso…

– Esperou muito por isso não é?

Bruno assentiu dando um gole no suco – será a primeira vez desde que viajei para Los Angeles.

– Sua família vai?

– Ahan. Quero todos vocês na área VIP – ele piscou.

– Ãh, todos nós? – arregalei os olhos.

Ele deu uma risadinha – não se preocupe Dona Bernadett é tranquila. Desde que elogie o seu prato especial de lagostas.

–Ah – eu ri – Mahalo pela dica.

Bruno sorriu – quer ir comigo ao ensaio?

– Ãh? Eu? Ir ao ensaio, com você? – engrolei.

–É. Você, no ensaio da banda Hooligans, comigo. – ele sorriu.

Pulei para o assento ao seu lado e enlacei seu pescoço, Bruno me beijou saboroso.

– Por que você esconde seus cachos embaixo do chapéu? Adoro seu cabelo. – Bruno voltava do banheiro usando um de seus chapéus Fedora marrom.

– Estou sempre descabelado – ele sorriu torto.

– Eu gosto – paramos na porta.

– Ás 15h00min venho te buscar. Daqui vou encontrar com o Phil no 20º andar e vou pro estúdio, até lá será só decisões e assuntos cansativos.

– Tudo bem. Estarei te esperando – sorri e beijei-o.

– Até mais.

– Aloha Peter. E ele se foi.

 Fechei a porta e fui para a varanda. Meu coração saltou pela boca; em frente ao hotel uma dúzia de paparazzi esperava Bruno sair com as câmeras em punho e no mínimo umas 20 pessoas – provavelmente as Hooligans, roíam as unhas ou conversavam elétricas.

 Alguns minutos se passaram e Bruno acompanhado por Phil desceu a escadaria do hotel; imediatamente foram cercados pela horda de pessoas, flashes pipocaram e as meninas deram gritinhos histéricos.

 Bruno acolheu a todos com seu sorriso de covinhas; as fãs se reversaram para abraçar, tirar fotos e pedir autógrafos, umas conseguiram até alguns segundos de conversa.

 Os paparazzi se acotovelavam pedindo atenção. Eu sorri admirando seu comportamento carinhoso com os fãs.

 Ao seu auxilio meia dúzia de seguranças apareceram, mas Bruno não aproveitou a primeira oportunidade para se mandar, cedeu mais alguns minutos e com jeitinho conseguiu atravessar a rua, pegou a chave com o manobrista do hotel, Phil e ele entraram na Ferrari. E antes de dar a partida o vi acenar para cima.

 Ainda absorvendo aquela cena não pude corresponder e ouvi os pneus da Ferrari cantarem no asfalto, sumindo de vista.

 Aos poucos a pequena horda de pessoas foi se dispersando e pela primeira vez desde que conheci Bruno eu tive a noção da realidade, oque eu teria de passar para ficar com ele; ciúmes das fãs, paparazzi intrometidos. Reflexiva, porém não preocupada - afinal se eu estivesse com Peter, nas demais coisas eu daria um jeito - voltei para o interior do quarto.

 Sentei-me a escrivaninha e abri o notebook, enquanto ligava procurei na bolça a câmera.

 Havia dias que eu não acessava a internet, geralmente eu ficava online no MSN e Facebook enquanto usava o computador para trabalhar em casa. Lembrei-me que tinha prometido a Julia de publicar s fotos das férias no Face – como se eu fosse ficar na internet durante minha estada no Hawaii. Como alguém pensaria em levar a Microsoft ou a Apple em peso nas férias? Eu agora não me ligava mais nisso, e por um breve instante pensei com pesar em ter de voltar a minha rotina de escritório.

 Conectei a câmera ao notebook e selecionei a opção ‘abrir pasta e exibir arquivos’; passei as fotos – o litoral ás margens da feira de Waikiki, o primeiro lugar em que passeei em meu primeiro dia de estadia. Fotos com Nina, Bane e seus demais amigos, em companhia de Josh naquela tarde, com os havaianos desconhecidos, e chegando ao final da lista meu coração bateu mais forte.

 As três últimas fotografias; em Ohahu. Em uma delas eu estava sentada em uma pedra, com os pés na água que jorrava da cachoeira. Provavelmente Bruno a tirara em segredo quando estava deitado na relva, enquanto eu nadava distraída.

 Na segunda eu estava em pé, emergido da água de olhos fechados, passando as mãos pelos cabelos ruivos molhados – com o corpo molhado, a pele muito branca brilhando ao sol, uma foto sensual até. Eu ri – ‘Bruno, Bruno’.

 E a mais linda que qualquer por do sol havaiano: a terceira foto; Bruno sorria aquele sorriso com covinhas apaixonante, seus olhos meia-lua semicerrados por causa do enorme sorriso. Os cachos de seu cabelo estavam castanhos claros a luz do sol forte que fazia naquele dia; ele fazia o Hang Loose, sem camisa e ao fundo a vegetação muito verde.

 Sorri boba admirando aquela última foto durante longos minutos.

Salvei as fotos no computador, ao som de Bruno, Jason Mraz e Bob Marley e até de algumas músicas da System Of a Down publiquei as fotos no Facebook, afora a foto de Peter. A última coisa que eu queria era expor nossa relação assim. Alguns amigos curtiram e comentaram as fotos, entre eles Julia.

– Aloha! =D – cumprimentei-a pelo bate-papo.

– Ahaha, ALOHA! To vendo as fotos, que maravilha! Se divertindo muito? :D

– Oh, sim! Aqui é o paraíso Ju! Na próxima você tem que vir comigo! Tenho tanta coisa pra te contar, mas pela net fica difícil…

– Rs, ok. Vou ficar muito curiosa até você voltar. To com saudade.

– Hmmm’ *-* eu tbm! Amanhã irei ao show do Bruno Mars amigaaa! – eu ri ao digitar isso. Era estranho falar assim dele e mais ainda não contar abertamente a Ju.

– ‘o’ Caaara! Jura? Ahaha Ele tái? Woool! DIVIRTA-SE! Que invejinha Myn! xD

“Myn?!” – ouvi a voz de Nina chamar do outro lado da porta.

– Oi! Peraí!

– Rs, sim, ele tá aqui! \o/ Mahalo amiga! Amo você! Agora eu tenho que ir tá? – digitei para Julia.

– :D Tudo bem! Grande honi :*

– rs, honi :* - há anos eu falo palavras em havaiano com meus amigos, eles adotaram a ‘gíria’.

Sai do Facebook, desliguei a música e fechei o notebook.

– Hey, Nina. – sorri ao abrir a porta.

–Aloha – entrou no quarto com um sorriso presunçoso no rosto.

–Hmm, que cara é essa? – eu ri desconfiada.

– Hm? Que cara? – e jogou-se na cama.

– Rá! Nina que você aprontou?

–Eu? Me diga você! O Bruno dormiu aqui sua danada! Ahaha.

–Quê? Como você sabe? – meu coração acelerou e sentir meus olhos saltarem da cara.

–Calma Myn! – ela riu - É claro que mais ninguém além de mim sabe que foi com você que ele dormiu. – ela se abanou com a mão - Como o Phil tá hospedado aqui, estão pensando que o Bruno também. Aliás, nem sei como não souberam de vocês ainda. – refletiu ela.

–Ah… – suspirei aliviada – e eu não dormi com ele exatamente. Ele dormiu no sofá.

– Por quê?- exclamou ela escandalizada.

– Como assim por quê? Bruno é um cavalheiro. – disse com as mãos na cintura.

– Hmm… Certo – levantou-se e dirigiu-se à sacada.

– Já foram embora! Gritou ela.

– Ah, ótimo! – respondi do quarto, sentada no sofá em que há menos de uma hora Bruno estava dormindo.

– Quer dar uma volta? – propôs ela de volta ao quarto.

– Pode ser – peguei minha bolsa e descemos.

 

 

 

 

 A praia de Leahini é esplendorosa; um local em que no lugar dos grãos branquíssimos de areia há o paredão e o chão coberto pela pedra Coani, as águas que transbordam do rio Olike nau Mikeh há quilômetros dali se acumulam formando bacias d’água verde cristalina. Nina e eu passamos algumas horas ali, entre as 11 da manhã e 14 horas.

“… os ingressos esgotaram em dois dias! Eu já comprei o meu; a galera toda vai!” Disse uma Nina empolgada.

 Eu sorri “Bruno disse que a família vai – mordi o lábio – nós vamos ficar na área VIP.”

 Nina não pareceu surpresa, deu uma golada em seu coquetel Tropic “Foi oque imaginei – ela sorriu – Sabe que eu conheço a família dele?” – ela fez aspas com os dedos ao dizer a palavra “conheço”.

 Ergui as sobrancelhas. “Como?” Não pude disfarçar minha surpresa.

“Myn, isso aqui é Honolulu. Bruno Mars nasceu e cresceu aqui, como você bem sabe. – Eu assenti – Ele e a família faziam shows por toda a Honolulu e Waikiki… A família dele ainda toca, eu já assisti a muitas apresentações pelos hotéis em que trabalhei.”

“Ah…” Foi oque eu disse.

“E quando as músicas dele estouraram nas rádios – prosseguiu ela – todos os havaianos reconheceram seu ‘Little Elvis’. Ele demorou a voltar…”

 Recostei-me na cadeira de praia, ela, Nina conhecia o outro lado da história. “E amanhã será seu primeiro show aqui – eu disse – Ele me contou que se passaram anos até ele conseguir lançar uma música nas paradas. A família ligava; “…já tem três anos que você está ai Bruno… Quatro anos… Cinco… e até agora nada. Por que você não volta?” eles diziam. Mas ele negou, persistiu.”

“E conseguiu.” – Completou Nina.

–É… – eu sorri, senti uma onda de orgulho, uma admiração imensurável.

Um silêncio reconfortante se seguiu enquanto relaxamos sob a luz clara do sol.

O sol brilhava dourado pouco depois do ponto máximo de seu esplendor. Olhei no relógio; poucos minutos para as 15h30min. O céu estava perfeitamente azul, o clima quente com o ar parado e denso do eterno verão havaiano.

Os fiapos de meu short ripied balançavam fazendo leves cócegas em minhas coxas, conforme eu caminhava na orla da praia Mahina. Bruno passaria ali de carro a qualquer instante.

Distraída ouvindo “Marry You” nos fones de ouvido continuei meu caminhar lento e descompassado. Mais à frente sentado em uma das mesas de concreto um homem me fitava. De inicio dei de ombros; homens me fitarem era comum. Mas quando passei por ele meu coração acelerou; ele levantou e tocou em minha mão caminhando ao meu lado. Puxei minha mão como se tivesse tocado em um bicho morto e apertei o passo. Ele continuou a me seguir.

– Que que é?! - Gritei em português aborrecida. E parei fincando os pés na calçada, Pela primeira vez olhando no rosto do homem.

  Seus olhos eram verdes cristalinos, como vidro, sobrancelhas negras e espessas os emolduravam. Possuía cabelos pretos que cintilavam como cetim, penteados para trás de maneira simples e despojada. O nariz aquilino e queixo quadrado. Havia um toque de arrogância em sua face proeminente e levemente encovada. Lembrou-me aqueles personagens de filmes de terror clássicos que eu tanto gostava em minha adolescência - os galãs vampiros ou mafiosos.

 Fitamo-nos por alguns segundos, ele parecia analisar-me, avaliar-me. Esperei carrancuda, sustentando seu olhar a altura.

– E então? – por fim disse eu em inglês.

 Ele piscou, parecendo voltar ao presente – me desculpe. Você é linda – tinha um sotaque forte, e ele falou em português. Sua voz era grave, gutural e baixa. Muito agradável.

Pisquei aturdida – Ok. É só isso? Então, aloha! – disse tentando manter o mesmo tom irritado; recomecei a andar. Ele seguiu ao meu lado; coloquei os fones de ouvido ignorando-o.

 Então ele precipitou-se á minha frente caminhando de costas; um sorriso torto distendeu seus lábios, lembrei imediatamente de Bruno, sorri sem perceber. E fui cega por um flash da câmera que eu não havia visto nas mãos do homem. Parei, queimando de raiva, fuzilando o homem esguio de preto social à minha frente – aliás, preto social na praia?

– Você tirou foto minha?! Você não pode fazer isso! Quem é você?! – disse em português novamente, agora sabendo que ele sabia falar o meu idioma. Ele deu um passo à frente, á poucos centímetros de mim disse.

– Sim, eu tirei uma fotografia. Sim, eu posso fazer isso. Santiago, é o meu nome. Fotografo. – ele sorriu levemente, um sorriso quase debochado e estendeu-me a mão. Olhei de seu rosto para sua mão, eu podia sentir meus músculos do cenho franzidos de irritação.

– E daí que você é fotografo? Não pode sair tirando fotos minhas sem permissão!

Ele baixou a mão ignorada por mim - eu não tirei fotos sua, foi apenas uma. E não tirei uma foto sua, tirei da paisagem havaiana – disse lenta e calmamente.

– Santiago é? É português? – perguntei sem pensar.

 Ele sorriu revelando dentes perfeitos – Hm, estamos progredindo. Não, sou espanhol. E você? Brasileira não?

Franzi o mais cenho – é sou.

– Você explodiu em português, sua língua natal, imaginei. Mas eu juraria que você é italiana ou alemã.

–Hm? – Como ele supunha tão certo? -Sou brasileira, filha de brasileira com descendente de italianos.

–Não precisa se preocupar, não sou nenhum psicopata, por mais que pareça. – ele sorriu – Só conheço bem as características brasileiras e você não as tem – ele me olhou de cima a baixo – A não ser pelas curvas. - Ele sorriu torto, fazendo-me lembrar de Bruno novamente, mas ao contrário de Bruno que sorria doce, meigo e fofo com uma pitada de travessura, esse cara sorria debochado e presunçoso. – E seu português é inconfundível – concluiu ele.

– Por acaso você já foi ao Brasil? – eu não sabia oque mais falar, ele me despertara uma vontade de desafia-lo, mas eu não queria dar trela àquele intrometido. Mordi a língua repreendendo-me.

 Ele fitou-me nos olhos e sustentando o olhar por apenas mais um segundo antes de dar um passo atrás e olhar por cima de meu ombro. Segui seu olhar. Um carro vermelho-sangue estacionado reluzia a luz do sol. Bruno estava encostado em sua lateral, fumando.

 Meu coração tresloucou; ele estaria observando-nos há quanto?

– Ele veio buscá-la – o homem de olhos de vidro disse com seu tom gutural, ao meu ouvido, de repente próximo demais novamente. Não fora uma pergunta, e sim uma afirmação, quase soando como uma conclusão.

–Quê? – eu despertei lembrando dele ali, me virei e dei um passo atrás – É – eu disse.

 Olhei novamente pra trás, Bruno agora dirigia lentamente em nossa direção, rente à calçada, com uma das mãos para fora da janela segurando um cigarro pela metade.

 Aproximei-me da beira da calçada; dei um tchauzinho. Bruno parou o carro, desceu, deu uma ultima tragada no cigarro e descartou-o com a ponta dos dedos como ele fazia – como me deixava louca. Sua imagem era reluzente tanto quanto o carro vermelho carmim lustroso ao seu lado; o topete de Elvis cintilava castanho claro, o RayBan espelhado refletia o litoral e sua boca carnuda estava vermelhinha.

 O xadrez vermelho por cima da camisa branca estampada, e bermuda jeans dobrada nos joelhos, usava AllStar. Sim, eu absorvi cada detalhe. Senti meu corpo derreter na calçada. Esquecendo-me completamente do tal fotografo irritante, dei um passo à frente de encontro ao andar de Peter, ele puxou-me com força pela cintura e me beijou provocante, quase com raiva.

– Hmr Hmr. Tossiu o homem de negro. Bruno mordeu meu lábio inferior e roçou sua língua. Olhei em seu rosto; ele sorriu torto, as covinhas marcadas nas bochechas. Vi meu reflexo de cabelos de fogo em seus óculos, sorri surpresa e satisfeita com sua atitude e aparição. Então virei para trás, Bruno prendeu-me junto ao seu corpo.

– Olá, Bruno – disse Santiago e estendeu a mão, por um instante pensei que Bruno fosse ignora-la, mas ele apertou-a com firmeza.

– Amanhã é o grande dia. Ansioso? – olhei de um para outro, perguntando-me se já se conheciam.

– Preparado – Bruno sorriu duramente.

– E então, sua namorada? – ele fez um meneio de cabeça indicando a mim.

– Isso não é uma entrevista, Michael.

– Claro que não. Bom, nos veremos por ai. – seu tom de voz soou mais como um aviso, em seus olhos vi cobiça. Imaginei que fosse impressão de sua face naturalmente arrogante.

– Entra no carro – Bruno disse com voz grave ao meu ouvido, obedeci. Mas antes que eu pudesse dar mais que meio passo, o fotografo disse em português.

–Espere. É sua. – estendeu-me um pedaço de papel. Hesitei por um instante e peguei; era a foto que ele tirara de mim.

– Ah, obrigada – eu disse também em português.

 Ele sorriu maliciosamente, eu desviei rapidamente o olhar e me mandei para o carro. Sentada no banco do passageiro os vi falarem brevemente, olhei a foto; eu sorria boba, ao fundo a rua com palmeiras e o céu muito azul, meus cabelos pareciam em chamas á luz do sol. Distraída virei a foto nas mãos e vi, um nome e número de telefone. Incrédula, enterrei a foto na bolça, “Que idiota!” Vi Bruno fazer um meneio com a cabeça e com as mãos nos bolsos da bermuda jeans voltar ao carro.

Peter entrou no carro e deu logo a partida seguindo pela Ennis Ave.

– Você o conhece? – perguntei cautelosa.

 Bruno fez uma curva fechada virando a esquina para a New York Ave – digamos que sim. Ele é fotografo da Vogue, tem tentado fazer um furo na revista com meu nome. – ele sorriu torto ao dizer isso, eu franzi o cenho pensando nessa semelhança entre eles.

–Então você acha que ele quer nos botar na capa da Vogue? – arregalei os olhos.

–É provável que sim. Todos querem – deu de ombros.

– Quê? Como assim?

– Eu tenho tentado ser o mais discreto possível, mas você viu os paparazzi hoje de manhã no hotel? – assenti – Me perguntaram sobre a minha namorada – ele riu.

– E oque você disse? – minha voz subiu uma oitava.

– Isso é problema para você? Namorar uma celebridade, sair em revistas? – ele ignorou minha pergunta, mas seu tom de voz era mais preocupado do que provocativo.

– Eu prefiro que sejamos discretos, por enquanto. Só pra evitar perseguições. Oque falam não me importa não. Bruno assentiu, minutos depois, sem que eu esperasse ele tocou meu joelho com o seu, inclinou-se para mim, e beijou-me.

–Bruno! – ele desviara a atenção da rua, um carro passou raspando no retrovisor, o Genesis vermelho de Bruno cantou pneu quando ele rentabilizou a condução e acelerou, fazendo tudo passar em um borrão por nós.

– Bruno! Você está insano hoje! – eu ri.

Ele olhou pra mim de esguelha e sorriu torto. – Gosto disso – eu disse. Ele tocou minha coxa e subiu ao máximo de meu short jeans curto, olhei para baixo; o contraste de sua pele morena com a minha muito branca, sua pele quente, a mão grande com as veias saltadas. Perdi o ar. Bruno apertou-a gostosamente e sorriu “Chegamos!” ele disse.

– Ah… – eu olhei em volta. Bruno estacionou numa vaga em frente ao que me pareceu uma casa. A fachada era clara, uma varanda na entrada com parapeito de madeira escura. Mini coqueiros decoravam a entrada serpenteando o caminho da pedra do portão até a porta.

Bruno pegou minha mão e logo que pisei no terreno gramado pude ouvir o som vindo de lá de dentro. Entramos na casa, passamos pela sala – um cômodo de paredes em um tom de salmão em contraste a mobília de carvalho – viramos à direita percorremos um corredor não muito longo que deu em uma porta de madeira escura; Bruno abriu-a, o som agora bem alto, em uma música bem familiar. O cômodo era bem extenso, também com paredes claras, havia fios pelo chão, caixas de retorno, instrumentos, e uma dúzia de pessoas. Quando Bruno entrou seguido por mim, ouviram-se urros e cumprimentos. Segurando sua mão adentramos desviando de caixas de som e pedestais ali e aqui. O som baixou um pouco; “Jasmin, essa é a minha banda. Apresento a você os Hooligans! Hooligans esta é a Jasmin!” Disse Bruno.

– Hey, Hooligans! – eu acenei. E uma mistura de ‘iai’ ‘hey’ e ‘ois’ se fundiram. Eu sorri e sentei-me em uma poltrona de couro preto ali perto, quando Bruno beijou minha mão e se afastou; pegou um violão e se pôs em frente a um dos pedestais. Observei-o sorrindo e rindo em seu ambiente; Bruno falou algo com a banda, eles assentiram e ; “one, two, three, one, two, three, four.” E seus dedos deslizaram nas cordas do violão ;

“Today I don’t feel like doing anything

I just wanna lay in my bed

Don’t feel like pickin up my phone

So leave a message at the tone

‘Cause today I swear I’m not doing anything…” Bruno cantou, as palavras dançaram em seus lábios sorridentes. O homem de cavanhaque e chapéu que reconheci como o Phil cantava em segunda voz; “então aquela voz é a do Phill” refleti lembrando-me da segunda voz no cover de ‘California Gurls’. Observei-o avidamente, encantada, apaixonada; seus olhos encontraram os meus, ele sorriu, nesse momento sua voz soou risonha ao microfone. Correspondi seu sorriso, cantando um trecho de ‘Count On Me’ junto com ele.

Depois de brincadeiras, risos e muita música, Bruno deu um longo gole numa garrafa d’água a sentou no braço da poltrona onde eu ainda estava sentada.

–Eai?

–Já acabou? – disse decepcionada.

Bruno riu – ainda não. Você não quer comer algo? Vem, comigo. – ele pegou minha mão e conduziu-me à mesa no canto do estúdio. Se eu disser que havia dezenas de Hambúrgueres e sacos de fritas do Macdonald; é verdade. Um banquete de fastfood estava posta a mesa, várias latas de Coca e bebidas alcoólicas – vodcas e uísques especialmente.

–Hey Phil! – cumprimentei-o quando cheguei a mesa. Ele deu um gole em sua lata de Coca.

–Iae Jasmin! Vai cantar com agente? – ele sorriu aquele sorriso enorme e simpático.

Eu ri – não! Só canto no chuveiro mesmo.

–Que por sinal você arrasa – disse Bruno. Olhei para ele confusa.

–Eu ouvi você cantar hoje de manhã – ele encolheu os ombros, sorrindo. Phill deu uma risada sacana.

–Aah… eu ri.

– Oi Jasmin – disse um homem corpulento de olhos puxados, parou ao meu lado e pegou um Hambúrguer..

–Oi – sorri.

–Esse é o Erick, meu irmão e baterista da banda. – disse Bruno dando uma tapinha no ombro do cara.

–Mais conhecido como E-Panda. – riu-se Phil.

Todos ao redor riram. Eu analisei-o; seus ombros eram largos e o rosto quadrado emoldurado pelo cabelo negro. Entendi o porquê do apelido, ele lembrava mesmo um Panda fofo, sacando a piada de Phil eu soltei uma risada, atrasada, e todos riram novamente.

– Discreta, ela – Erick riu.

– Desculpe – eu disse rindo.

–Ahahaha! – Gargalhou Bruno.

Devoramos alguns hambúrgueres com fritas e deu-se seguimento ao ensaio após alguns minutos de conversa descontraída. “Você canta uma com a gente?” – convidou Phil depois de passarem ‘Nothing On You’. Arregalei os olhos e olhei para Bruno, ele sorriu encorajando-me. Eu só cantava entre amigos na praia... Mas pigarreei; “Hm, canto sim.” Levantei-me, ziguezagueando entre as caixas de retorno e fios. Entre Phil e Bruno peguei o violão que Jamareo me oferecia.

–“I’m Your’s” Pode ser? – olhei em volta. Erick rugiu os tambores; Jamareo disse “I’m your’s” com a voz grave ao microfone; todos riram. E; “one, two, three, one, two, three, four.” Disse Bruno ao microfone e dedilhou o violão. Eu dei as primeiras notas no violão e Bruno acompanhou. “Well you done done me and you bet

I felt itI tried beat you but you’re so hot that

I meltedI fell right through the cracks, now I’m trying to get back…” Minha voz soou como sinos de vento graves. Na primeira frase senti minhas mãos suarem na madeira lustrosa do violão, mas lembrei-me das tardes que passei com minha família na praia, eu já fizera aquilo antes, então fechei meus olhos e entreguei-me a canção. Havia meia dúzia de pessoas sentadas no chão ou nas poltronas, cantando junto. “So please don’t, please don’t, please don’t

There’s no need to complicated

Cause our time is short

This is, this is, this is our fate, I’m yours!” Bruno cantou a ultima frase comigo. Seguiu-se então uma mescla de aplausos com elogios “Oooh, arrasou!” “Lindo!” “ Ae bruno, vai te substituir!”

Eu ri “Obrigada pessoal; mas eu não ficaria bem de topete” eles riram. (…)

 

 Eu olhava o reflexo do céu azul-marinho salpicado de estrelas no vidro da janela do carro de Bruno. O clima estava quente, porém uma leve brisa – anda que abafada – aliviada um pouco o calor. Eu aguardava Bruno que fora procurar as chaves do carro no interior do estúdio, quando um reflexo humano surgiu atrás de mim, virei-me esperando ver Bruno.

– E ai? – Um homem alto de ombros largos sorriu para mim com um jeitão moleque, seus cabelos no cumprimento do queixo pendia repartido no meio como cetim. Exibia seu físico muito bem definido sem camisa.

– Iai! – sorri.

– O Bruno ainda tá ai? – seu tom era urgente e suas sobrancelhas se uniram.

– Tá, foi lá dentro.

–Ah – ele pareceu mais sossegado – Quem sabe se eu disser que estava no… – terminou a frase em um murmúrio inteligível. Olhei-o confusa, de repente ele pareceu lembrar de mim ali ; “Ah, quem é você? Eu sou o Ryan!” Estendeu a mãozorra.

– Sou Jasmin, Ryan, prazer – sorri a apertei sua mão.

– Ah, a namorada do Bruno! Maneiro, veio assistir ao ensaio?

Eu reprimi uma risada – É, ahan!

Ryan aproximou-se mais um passo e disse baixinho – por acaso alguém perguntou por mim?

Franzi o cenho – Hã, não que eu tenha ouvido. Tá fugindo de alguém Ryan?

Ele fez cara de sonso – er, houve um imprevisto. Não pude vir ao ensaio… – disse em tom de confissão.

Eu ri – Ah.. ai, ele tá vindo. – fiz um meneio com a cabeça olhando por cima do ombro de Ruan, ele se virou. Bruno fechava a porta distraído mexendo no celular.

– Iai Bruno! –Disse Ryan andando de encontro a Bruno, eles se encontraram a meio caminho, apertaram as mãos descontraídos e conversando vieram de encontro a mim na calçada.

–… a revista filipina. Mas isso achei melhor marcar para o final dessa semana de shows. – disse Ryan.

– Ótimo! Essa semana tá cheia mesmo. Quando eu voltar a gente conversa – ninguém mandou ter amnésia logo hoje. Vou levar Jasmin ao hotel – e virando para mim – aliás já conheceu o Ryan? Ele é meu amigo de longa data e agente pessoal.

– Já, estávamos aqui trocando uma ideia, né Ryan?

–Isso ai! Linda mesmo ela, Bruno! – disse aprovador.

– Ram, se liga hein! – Bruno pegou minha mão – já volto aí.

Ryan riu – Valeu, vou esperar. E dizendo isso se mandou para o estúdio.

Bruno abriu a porta do carro para mim, em seu lugar atrás do volante deu a partida. – Curtiu?

Eu sorri – claro! Adorei. Sua banda, conhece-los pessoalmente.

– Você canta muito bem – ele sorriu.

– Não precisa mentir.

–Não, é sério! Eu gostei. Pensei até em um dueto.

Ergui as sobrancelhas – poderia ser só entre nós, algo nosso, se preferir ele sorriu torto.

– Hmm, é…

Bruno parou o carro em frente ao hotel aproximadamente ás 23h00min.

– Amanhã se eu não puder o Phil virá busca-la. Ás 16h00min.

–Ok, meio cedo não? O show não começa ás 19h30min?

–É, imaginei que gostaria de conhecer o lugar antes…

–Ah, claro! – sorri.

Bruno pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, fitamo-nos por alguns instantes, senti sua mão apertar de leve a minha; Peter se aproximou, roçou a língua em meus lábios, sorriu com covinhas. Meu coração metralhou audivelmente; ele segurou em meu rosto com uma das mãos e beijou-me.

 

 

Continua...


 

 

 

 

 

 Pela manhã ao acordar vi uma lasca do céu entre as leves cortinas marfim; era um azul claro de tinta aguada do alvorecer, e tudo estava silencioso. A não ser pelo ressonar tranquilo de Peter. Um pouco desorientada pelo sono ergui-me pelos cotovelos no colchão olhando em volta, procurando-o.

 Bruno dormia no sofá próximo a sacada; suas pernas estavam cruzadas, esticadas para fora do sofá pequeno. Um braço pendia para fora do estofado e outro jazia pousado sobre sua barriga. Parecia tranquilo, em sono profundo.

 

Oh, meu Deus! Eu adormeci! Tomei consciência de minha gafe com uma pontada de raiva. Joguei-me preguiçosa no colchão, olhando o céu lá fora. Provavelmente Bruno me transferira do tapete oriental no chão para a cama; lembro-me de sentir seus braços me envolverem. E ele ficou, imaginei-o me observando dormir, fiquei enrubescida ao pensar nisso.

 Virei-me na cama, procurando pela coberta, a noite havia feito muito calor, mas agora ao alvorecer o clima era gelado.

 

 Aos poucos o céu tomou um tom rosado ao dourado do amanhecer; e eu permaneci deitada observando sua mudança; Então me levantei e fui até o sofá onde Bruno dormia. Seu rosto expressava fleuma, seus olhos meia-lua fechados e a boca entreaberta, como um menino ele parecia a mim. Com cuidado peguei sua mão para fora do sofá e pousei-a sobre a barriga. Bruno suspirou e virou-se de lado, esperei que acordasse, mas continuou a dormir, roncando baixinho.

 

 Achando aquela cena linda demais relutei em me afastar, mas depois de alguns instantes resolvi tomar banho. Após pedir o café da manhã ao serviço de quarto, sentei-me no braço da poltrona ao lado da que Bruno dormia.

 A minha direita encostado num vazo de planta o violão descansava, peguei-o, alisando as cordas, imaginando os dedos de Bruno tirarem dali melodias. Pousei-o em minha coxa e arrisquei um acorde; soou suave e afinado, mas mesmo assim olhei rapidamente para Bruno, não queria acorda-lo. Guardei o violão na capa e voltei a sentar na poltrona de um lugar, abraçando as pernas.

 Bruno ainda vestia a bermuda branca estampada, seus cabelos estavam cacheados e bagunçados e a camisa verde-bandeira que ele usava combinava com a cor de sua pele. Vi em seu pescoço o colar; e instintivamente toquei o meu, eu não o usava. Com uma preocupação apontando virei-me para a cama, soltei um suspiro quando o vi na mesa-de-cabeceira. Voltei a contempla-lo.

 

E com um sobressalto ouvi o interfone tocar.

 

Quando voltei empurrando o carrinho repleto de frutas, bolinhos, pães e sucos, vi que eu não fora a única a me sobressaltar. Bruno se espreguiçava no sofá, ao me ver sorriu; “Bom dia” falou com a voz rouca e sonolenta.

 

– Bom dia – sorri – café? – parei o carrinho a frente do sofá, servi dois copos de suco de laranja e duas tigelas de salada de frutas.

– Mahalo – agradeceu ele pegando o copo que eu lhe oferecia. Sorri e beberiquei o meu suco, empoleirando-me no braço do sofá.

–Dormi demais, está acordada há muito tempo? – perguntou ele.

– Não – menti – também estava cansada. Tão cansada que dormi antes da hora na noite anterior. Pensei.

Estiquei o braço para pegar um pão, Bruno aproximou mais o carrinho.

– Hoje vamos ter ensaio – enfiou um morango na boca – amanhã é a primeira apresentação.

– Oh! – eu sorri – Como está se sentindo? – disse empolgada.

– Ansioso – ele sorriu reflexivo – e nervoso…

– Esperou muito por isso não é?

Bruno assentiu dando um gole no suco – será a primeira vez desde que viajei para Los Angeles.

– Sua família vai?

– Ahan. Quero todos vocês na área VIP – ele piscou.

– Ãh, todos nós? – arregalei os olhos.

Ele deu uma risadinha – não se preocupe Dona Bernadett é tranquila. Desde que elogie o seu prato especial de lagostas.

–Ah – eu ri – Mahalo pela dica.

Bruno sorriu – quer ir comigo ao ensaio?

– Ãh? Eu? Ir ao ensaio, com você? – engrolei.

–É. Você, no ensaio da banda Hooligans, comigo. – ele sorriu.

Pulei para o assento ao seu lado e enlacei seu pescoço, Bruno me beijou saboroso.

 

 

 

– Por que você esconde seus cachos embaixo do chapéu? Adoro seu cabelo. – Bruno voltava do banheiro usando um de seus chapéus Fedora marrom.

– Estou sempre descabelado – ele sorriu torto.

– Eu gosto – paramos na porta.

– Ás 15h00min venho te buscar. Daqui vou encontrar com o Phil no 20º andar e vou pro estúdio, até lá será só decisões e assuntos cansativos.

– Tudo bem. Estarei te esperando – sorri e beijei-o.

– Até mais.

– Aloha Peter. E ele se foi.

 

 Fechei a porta e fui para a varanda. Meu coração saltou pela boca; em frente ao hotel uma dúzia de paparazzi esperava Bruno sair com as câmeras em punho e no mínimo umas 20 pessoas – provavelmente as Hooligans, roíam as unhas ou conversavam elétricas.

 Alguns minutos se passaram e Bruno acompanhado por Phil desceu a escadaria do hotel; imediatamente foram cercados pela horda de pessoas, flashes pipocaram e as meninas deram gritinhos histéricos.

 Bruno acolheu a todos com seu sorriso de covinhas; as fãs se reversaram para abraçar, tirar fotos e pedir autógrafos, umas conseguiram até alguns segundos de conversa.

 Os paparazzi se acotovelavam pedindo atenção. Eu sorri admirando seu comportamento carinhoso com os fãs.

 

 Ao seu auxilio meia dúzia de seguranças apareceram, mas Bruno não aproveitou a primeira oportunidade para se mandar, cedeu mais alguns minutos e com jeitinho conseguiu atravessar a rua, pegou a chave com o manobrista do hotel, Phil e ele entraram na Ferrari. E antes de dar a partida o vi acenar para cima.

 Ainda absorvendo aquela cena não pude corresponder e ouvi os pneus da Ferrari cantarem no asfalto, sumindo de vista.

 

 Aos poucos a pequena horda de pessoas foi se dispersando e pela primeira vez desde que conheci Bruno eu tive a noção da realidade, oque eu teria de passar para ficar com ele; ciúmes das fãs, paparazzi intrometidos. Reflexiva, porém não preocupada - afinal se eu estivesse com Peter, nas demais coisas eu daria um jeito - voltei para o interior do quarto.

 

 Sentei-me a escrivaninha e abri o notebook, enquanto ligava procurei na bolça a câmera.

 Havia dias que eu não acessava a internet, geralmente eu ficava online no MSN e Facebook enquanto usava o computador para trabalhar em casa. Lembrei-me que tinha prometido a Julia de publicar s fotos das férias no Face – como se eu fosse ficar na internet durante minha estada no Hawaii. Como alguém pensaria em levar a Microsoft ou a Apple em peso nas férias? Eu agora não me ligava mais nisso, e por um breve instante pensei com pesar em ter de voltar a minha rotina de escritório.

 Conectei a câmera ao notebook e selecionei a opção ‘abrir pasta e exibir arquivos’; passei as fotos – o litoral ás margens da feira de Waikiki, o primeiro lugar em que passeei em meu primeiro dia de estadia. Fotos com Nina, Bane e seus demais amigos, em companhia de Josh naquela tarde, com os havaianos desconhecidos, e chegando ao final da lista meu coração bateu mais forte.

 As três últimas fotografias; em Ohahu. Em uma delas eu estava sentada em uma pedra, com os pés na água que jorrava da cachoeira. Provavelmente Bruno a tirara em segredo quando estava deitado na relva, enquanto eu nadava distraída.

 Na segunda eu estava em pé, emergido da água de olhos fechados, passando as mãos pelos cabelos ruivos molhados – com o corpo molhado, a pele muito branca brilhando ao sol, uma foto sensual até. Eu ri – ‘Bruno, Bruno’.

 E a mais linda que qualquer por do sol havaiano: a terceira foto; Bruno sorria aquele sorriso com covinhas apaixonante, seus olhos meia-lua semicerrados por causa do enorme sorriso. Os cachos de seu cabelo estavam castanhos claros a luz do sol forte que fazia naquele dia; ele fazia o Hang Loose, sem camisa e ao fundo a vegetação muito verde.

 Sorri boba admirando aquela última foto durante longos minutos.

 

Salvei as fotos no computador, ao som de Bruno, Jason Mraz e Bob Marley e até de algumas músicas da System Of a Down publiquei as fotos no Facebook, afora a foto de Peter. A última coisa que eu queria era expor nossa relação assim. Alguns amigos curtiram e comentaram as fotos, entre eles Julia.

 

– Aloha! =D – cumprimentei-a pelo bate-papo.

– Ahaha, ALOHA! To vendo as fotos, que maravilha! Se divertindo muito? :D

– Oh, sim! Aqui é o paraíso Ju! Na próxima você tem que vir comigo! Tenho tanta coisa pra te contar, mas pela net fica difícil…

– Rs, ok. Vou ficar muito curiosa até você voltar. To com saudade.

– Hmmm’ *-* eu tbm! Amanhã irei ao show do Bruno Mars amigaaa! – eu ri ao digitar isso. Era estranho falar assim dele e mais ainda não contar abertamente a Ju.

– ‘o’ Caaara! Jura? Ahaha Ele tái? Woool! DIVIRTA-SE! Que invejinha Myn! xD

“Myn?!” – ouvi a voz de Nina chamar do outro lado da porta.

– Oi! Peraí!

– Rs, sim, ele tá aqui! \o/ Mahalo amiga! Amo você! Agora eu tenho que ir tá? – digitei para Julia.

– :D Tudo bem! Grande honi :*

– rs, honi :* - há anos eu falo palavras em havaiano com meus amigos, eles adotaram a ‘gíria’.

 

Sai do Facebook, desliguei a música e fechei o notebook.

 

– Hey, Nina. – sorri ao abrir a porta.

–Aloha – entrou no quarto com um sorriso presunçoso no rosto.

–Hmm, que cara é essa? – eu ri desconfiada.

– Hm? Que cara? – e jogou-se na cama.

– Rá! Nina que você aprontou?

–Eu? Me diga você! O Bruno dormiu aqui sua danada! Ahaha.

–Quê? Como você sabe? – meu coração acelerou e sentir meus olhos saltarem da cara.

–Calma Myn! – ela riu - É claro que mais ninguém além de mim sabe que foi com você que ele dormiu. – ela se abanou com a mão - Como o Phil tá hospedado aqui, estão pensando que o Bruno também. Aliás, nem sei como não souberam de vocês ainda. – refletiu ela.

–Ah… – suspirei aliviada – e eu não dormi com ele exatamente. Ele dormiu no sofá.

– Por quê?- exclamou ela escandalizada.

– Como assim por quê? Bruno é um cavalheiro. – disse com as mãos na cintura.

– Hmm… Certo – levantou-se e dirigiu-se à sacada.

– Já foram embora! Gritou ela.

– Ah, ótimo! – respondi do quarto, sentada no sofá em que há menos de uma hora Bruno estava dormindo.

– Quer dar uma volta? – propôs ela de volta ao quarto.

– Pode ser – peguei minha bolsa e descemos.

 

 

 

 

 

 A praia de Leahini é esplendorosa; um local em que no lugar dos grãos branquíssimos de areia há o paredão e o chão coberto pela pedra Coani, as águas que transbordam do rio Olike nau Mikeh há quilômetros dali se acumulam formando bacias d’água verde cristalina. Nina e eu passamos algumas horas ali, entre as 11 da manhã e 14 horas.

 

“… os ingressos esgotaram em dois dias! Eu já comprei o meu; a galera toda vai!” Disse uma Nina empolgada.

 Eu sorri “Bruno disse que a família vai – mordi o lábio – nós vamos ficar na área VIP.”

 Nina não pareceu surpresa, deu uma golada em seu coquetel Tropic “Foi oque imaginei – ela sorriu – Sabe que eu conheço a família dele?” – ela fez aspas com os dedos ao dizer a palavra “conheço”.

 Ergui as sobrancelhas. “Como?” Não pude disfarçar minha surpresa.

“Myn, isso aqui é Honolulu. Bruno Mars nasceu e cresceu aqui, como você bem sabe. – Eu assenti – Ele e a família faziam shows por toda a Honolulu e Waikiki… A família dele ainda toca, eu já assisti a muitas apresentações pelos hotéis em que trabalhei.”

“Ah…” Foi oque eu disse.

“E quando as músicas dele estouraram nas rádios – prosseguiu ela – todos os havaianos reconheceram seu ‘Little Elvis’. Ele demorou a voltar…”

 Recostei-me na cadeira de praia, ela, Nina conhecia o outro lado da história. “E amanhã será seu primeiro show aqui – eu disse – Ele me contou que se passaram anos até ele conseguir lançar uma música nas paradas. A família ligava; “…já tem três anos que você está ai Bruno… Quatro anos… Cinco… e até agora nada. Por que você não volta?” eles diziam. Mas ele negou, persistiu.”

“E conseguiu.” – Completou Nina.

–É… – eu sorri, senti uma onda de orgulho, uma admiração imensurável.

Um silêncio reconfortante se seguiu enquanto relaxamos sob a luz clara do sol.

 

 

 

O sol brilhava dourado pouco depois do ponto máximo de seu esplendor. Olhei no relógio; poucos minutos para as 15h30min. O céu estava perfeitamente azul, o clima quente com o ar parado e denso do eterno verão havaiano.

 

Os fiapos de meu short ripied balançavam fazendo leves cócegas em minhas coxas, conforme eu caminhava na orla da praia Mahina. Bruno passaria ali de carro a qualquer instante.

 

Distraída ouvindo “Marry You” nos fones de ouvido continuei meu caminhar lento e descompassado. Mais à frente sentado em uma das mesas de concreto um homem me fitava. De inicio dei de ombros; homens me fitarem era comum. Mas quando passei por ele meu coração acelerou; ele levantou e tocou em minha mão caminhando ao meu lado. Puxei minha mão como se tivesse tocado em um bicho morto e apertei o passo. Ele continuou a me seguir.

– Que que é?! gritei em português aborrecida. E parei fincando os pés na calçada.

 Pela primeira vez olhando no rosto do homem; Seus olhos eram verdes cristalinos como vidro, sobrancelhas negras e espessas os emolduravam. Possuía cabelos pretos que cintilavam como cetim, penteados para trás de maneira simples e despojada. O nariz aquilino e queixo quadrado. Havia um toque de arrogância em sua face proeminente e levemente encovada. Lembrou-me aqueles personagens de filmes de terror clássicos que eu tanto gostava em minha adolescência - os galãs vampiros ou mafiosos.

 Fitamo-nos por alguns segundos, ele parecia analisar-me, avaliar-me. Esperei carrancuda, sustentando seu olhar a altura.

– E então? – por fim disse eu em inglês.

 Ele piscou, parecendo voltar ao presente – me desculpe. Você é linda – tinha um sotaque forte, e ele falou em português. Sua voz era grave, gutural e baixa. Muito agradável.

Pisquei aturdida – Ok. É só isso? Então aloha! – disse tentando manter o mesmo tom irritado; recomecei a andar. Ele seguiu ao meu lado; coloquei os fones de ouvido ignorando-o.

 Então ele precipitou-se á minha frente caminhando de costas; um sorriso torto distendeu seus lábios, lembrei imediatamente de Bruno, sorri sem perceber. E fui cega por um flash da câmera que eu não havia visto nas mãos do homem. Parei, queimando de raiva, fuzilando o homem esguio de preto social à minha frente – aliás, preto social na praia?

– Você tirou foto minha?! Você não pode fazer isso! Quem é você?! – disse em português novamente, agora sabendo que ele sabia falar o meu idioma. Ele deu um passo à frente, á poucos centímetros de mim disse.

– Sim eu tirei uma fotografia. Sim, eu posso fazer isso. Santiago, é o meu nome. Fotografo. – ele sorriu levemente, um sorriso quase debochado e estendeu-me a mão. Olhei de seu rosto para sua mão, eu podia sentir meus músculos do cenho franzidos de irritação.

– E daí que você é fotografo? Não pode sair tirando fotos minhas sem permissão!

Ele baixou a mão ignorada por mim - eu não tirei fotos sua, foi apenas uma. E não tirei uma foto sua, tirei da paisagem havaiana – disse lenta e calmamente.

– Santiago é? É português? – perguntei sem pensar.

 Ele sorriu revelando dentes perfeitos – Hm, estamos progredindo. Não, sou espanhol. E você? Brasileira não?

Franzi o mais cenho – é sou.

– Você explodiu em português, sua língua natal, imaginei. Mas eu juraria que você é italiana ou alemã.

–Hm? – Como ele supunha tão certo? Sou brasileira, filha de brasileira com descendente de italianos.

–Não precisa se preocupar, não sou nenhum psicopata, por mais que pareça. – ele sorriu – Só conheço bem as características brasileiras e você não as tem – ele me olhou de cima a baixo – A não ser pelas curvas. Ele sorriu torto, fazendo-me lembrar de Bruno novamente, mas ao contrário de Bruno que sorria doce, meigo e fofo com uma pitada de travessura, esse cara sorria debochado e presunçoso. – E seu português é inconfundível – concluiu ele.

– Por acaso você já foi ao Brasil? – eu não sabia oque mais falar, ele me despertara uma vontade de desafia-lo, mas eu não queria dar trela àquele intrometido. Mordi a língua repreendendo-me.

 Ele fitou-me nos olhos e sustentando o olhar por apenas mais um segundo antes de dar um passo atrás e olhar por cima de meu ombro. Segui seu olhar. Um carro vermelho-sangue estacionado reluzia a luz do sol. Bruno estava encostado em sua lateral, fumando.

 Meu coração tresloucou; ele estaria observando-nos há quanto?

– Ele veio buscá-la – o homem de olhos de vidro disse com seu tom gutural, ao meu ouvido, de repente próximo demais novamente. Não fora uma pergunta, e sim uma afirmação, quase soando como uma conclusão.

–Quê? – eu despertei lembrando dele ali, me virei e dei um passo atrás – É – eu disse.

 Olhei novamente pra trás, Bruno agora dirigia lentamente em nossa direção, rente à calçada, com uma das mãos para fora da janela segurando um cigarro pela metade.

 Aproximei-me da beira da calçada; dei um tchauzinho. Bruno parou o carro, desceu, deu uma ultima tragada no cigarro e descartou-o com a ponta dos dedos como ele fazia – como me deixava louca. Sua imagem era reluzente tanto quanto o carro vermelho carmim lustroso ao seu lado; o topete de Elvis cintilava castanho claro, o RayBan espelhado refletia o litoral e sua boca carnuda estava vermelhinha.

 O xadrez vermelho por cima da camisa branca estampada, e bermuda jeans dobrada nos joelhos, usava AllStar. Sim, eu absorvi cada detalhe. Senti meu corpo derreter na calçada. Esquecendo-me completamente do tal fotografo irritante, dei um passo à frente de encontro ao andar de Peter, ele puxou-me com força pela cintura e me beijou provocante, quase com raiva.

– Hmr Hmr. Tossiu o homem de negro. Bruno mordeu meu lábio inferior e roçou sua língua. Olhei em seu rosto; ele sorriu torto, as covinhas marcadas nas bochechas. Vi meu reflexo de cabelos de fogo em seus óculos, sorri surpresa e satisfeita com sua atitude e aparição. Então virei para trás, Bruno prendeu-me junto ao seu corpo.

– Olá Bruno – disse Santiago e estendeu a mão, por um instante pensei que Bruno fosse ignora-la, mas ele apertou-a com firmeza.

– Amanhã é o grande dia. Ansioso? – olhei de um para outro, perguntando-me se já se conheciam.

– Preparado – Bruno sorriu duramente.

– E então, sua namorada? – ele fez um meneio de cabeça indicando a mim.

– Isso não é uma entrevista Michael.

– Claro que não. Bom, nos veremos por ai. – seu tom de voz soou mais como um aviso, em seus olhos vi cobiça. Imaginei que fosse impressão de sua face naturalmente arrogante.

– Entra no carro – Bruno disse com voz grave ao meu ouvido, obedeci. Mas antes que eu pudesse dar mais que meio passo, o fotografo disse em português.

–Espere. É sua. – estendeu-me um pedaço de papel. Hesitei por um instante e peguei; era a foto que ele tirara de mim.

– Ah, obrigada – eu disse também em português.

 Ele sorriu maliciosamente, eu desviei rapidamente o olhar e me mandei para o carro. Sentada no banco do passageiro os vi falarem brevemente, olhei a foto; eu sorria boba, ao fundo a rua com palmeiras e o céu muito azul, meus cabelos pareciam em chamas á luz do sol. Distraída virei a foto nas mãos e vi, um nome e número de telefone. Incrédula, enterrei a foto na bolça, “Que idiota!” Vi Bruno fazer um meneio com a cabeça e com as mãos nos bolsos da bermuda jeans voltar ao carro.

 

Peter entrou no carro e deu logo a partida seguindo pela Ennis Ave.

– Você o conhece? – perguntei cautelosa.

 Bruno fez uma curva fechada virando a esquina para a New York Ave – digamos que sim. Ele é fotografo da Vogue, tem tentado fazer um furo na revista com meu nome. – ele sorriu torto ao dizer isso, eu franzi o cenho pensando nessa semelhança entre eles.

–Então você acha que ele quer nos botar na capa da Vogue? – arregalei os olhos.

–É provável que sim. Todos querem – deu de ombros.

– Quê? Como assim?

– Eu tenho tentado ser o mais discreto possível, mas você viu os paparazzi hoje de manhã no hotel? – assenti – Me perguntaram sobre a minha namorada – ele riu.

– E oque você disse? – minha voz subiu uma oitava.

– Isso é problema para você? Namorar uma celebridade, sair em revistas? – ele ignorou minha pergunta, mas seu tom de voz era mais preocupado do que provocativo.

– Eu prefiro que sejamos discretos, por enquanto. Só pra evitar perseguições. Oque falam não me importa não. Bruno assentiu, minutos depois, sem que eu esperasse ele tocou meu joelho com o seu, inclinou-se para mim, e beijou-me.

–Bruno! – ele desviara a atenção da rua, um carro passou raspando no retrovisor, o Genesis vermelho de Bruno cantou pneu quando ele rentabilizou a condução e acelerou, fazendo tudo passar em um borrão por nós.

– Bruno! Você está insano hoje! – eu ri.

Ele olhou pra mim de esguelha e sorriu torto. – Gosto disso – eu disse. Ele tocou minha coxa e subiu ao máximo de meu short jeans curto, olhei para baixo; o contraste de sua pele morena com a minha muito branca, sua pele quente, a mão grande com as veias saltadas. Perdi o ar. Bruno apertou-a gostosamente e sorriu “Chegamos!” ele disse.

 

– Ah… – eu olhei em volta. Bruno estacionou numa vaga em frente ao que me pareceu uma casa. A fachada era clara, uma varanda na entrada com parapeito de madeira escura. Mini coqueiros decoravam a entrada serpenteando o caminho da pedra do portão até a porta.

 

Bruno pegou minha mão e logo que pisei no terreno gramado pude ouvir o som vindo de lá de dentro. Entramos na casa, passamos pela sala – um cômodo de paredes em um tom de salmão em contraste a mobília de carvalho – viramos à direita percorremos um corredor não muito longo que deu em uma porta de madeira escura; Bruno abriu-a, o som agora bem alto, em uma música bem familiar. O cômodo era bem extenso, também com paredes claras, havia fios pelo chão, caixas de retorno, instrumentos, e uma dúzia de pessoas. Quando Bruno entrou seguido por mim, ouviram-se urros e cumprimentos. Segurando sua mão adentramos desviando de caixas de som e pedestais ali e aqui. O som baixou um pouco; “Jasmin, essa é a minha banda. Apresento a você os Hooligans! Hooligans esta é a Jasmin!” Disse Bruno.

 

– Hey, Hooligans! – eu acenei. E uma mistura de ‘iai’ ‘hey’ e ‘ois’ se fundiram. Eu sorri e sentei-me em uma poltrona de couro preto ali perto, quando Bruno beijou minha mão e se afastou; pegou um violão e se pôs em frente a um dos pedestais. Observei-o sorrindo e rindo em seu ambiente; Bruno falou algo com a banda, eles assentiram e ; “one, two, three, one, two, three, four.” E seus dedos deslizaram nas cordas do violão ;

 

“Today I don’t feel like doing anything

I just wanna lay in my bed

Don’t feel like pickin up my phone

So leave a message at the tone

 

‘Cause today I swear I’m not doing anything…” Bruno cantou, as palavras dançaram em seus lábios sorridentes. O homem de cavanhaque e chapéu que reconheci como o Phil cantava em segunda voz; “então aquela voz é a do Phill” refleti lembrando-me da segunda voz no cover de ‘California Gurls’. Observei-o avidamente, encantada, apaixonada; seus olhos encontraram os meus, ele sorriu, nesse momento sua voz soou risonha ao microfone. Correspondi seu sorriso, cantando um trecho de ‘Count On Me’ junto com ele.

 

Depois de brincadeiras, risos e muita música, Bruno deu um longo gole numa garrafa d’água a sentou no braço da poltrona onde eu ainda estava sentada.

 

–Eai?

 

–Já acabou? – disse decepcionada.

 

Bruno riu – ainda não. Você não quer comer algo? Vem, comigo. – ele pegou minha mão e conduziu-me à mesa no canto do estúdio. Se eu disser que havia dezenas de Hambúrgueres e sacos de fritas do Macdonald; é verdade. Um banquete de fastfood estava posta a mesa, várias latas de Coca e bebidas alcoólicas – vodcas e uísques especialmente.

 

–Hey Phil! – cumprimentei-o quando cheguei a mesa. Ele deu um gole em sua lata de Coca.

 

–Iae Jasmin! Vai cantar com agente? – ele sorriu aquele sorriso enorme e simpático.

 

Eu ri – não! Só canto no chuveiro mesmo.

 

–Que por sinal você arrasa – disse Bruno. Olhei para ele confusa.

 

–Eu ouvi você cantar hoje de manhã – ele encolheu os ombros, sorrindo. Phill deu uma risada sacana.

 

–Aah… eu ri.

 

– Oi Jasmin – disse um homem corpulento de olhos puxados, parou ao meu lado e pegou um Hambúrguer..

 

–Oi – sorri.

 

–Esse é o Erick, meu irmão e baterista da banda. – disse Bruno dando uma tapinha no ombro do cara.

 

–Mais conhecido como E-Panda. – riu-se Phil.

 

Todos ao redor riram. Eu analisei-o; seus ombros eram largos e o rosto quadrado emoldurado pelo cabelo negro. Entendi o porquê do apelido, ele lembrava mesmo um Panda fofo, sacando a piada de Phil eu soltei uma risada, atrasada, e todos riram novamente.

 

– Discreta, ela – Erick riu.

 

– Desculpe – eu disse rindo.

 

–Ahahaha! – Gargalhou Bruno.

 

Devoramos alguns hambúrgueres com fritas e deu-se seguimento ao ensaio após alguns minutos de conversa descontraída. “Você canta uma com a gente?” – convidou Phil depois de passarem ‘Nothing On You’. Arregalei os olhos e olhei para Bruno, ele sorriu encorajando-me. Pigarreei “Hm, canto sim.” Levantei-me, ziguezagueando entre as caixas de retorno e fios. Entre Phil e Bruno peguei o violão que Jamareo me oferecia.

 

–“I’m Your’s” Pode ser? – olhei em volta. Erick rugiu os tambores; Jamareo disse “I’m your’s” com a voz grave ao microfone; todos riram. E; “one, two, three, one, two, three, four.” Disse Bruno ao microfone e dedilhou o violão. Eu dei as primeiras notas no violão e Bruno acompanhou. “Well you done done me and you bet

I felt itI tried beat you but you’re so hot that

I meltedI fell right through the cracks, now I’m trying to get back…” Minha voz soou como sinos de vento graves. Na primeira frase senti minhas mãos suarem na madeira lustrosa do violão, mas lembrei-me das tardes que passei com minha família na praia, eu já fizera aquilo antes, então fechei meus olhos e entreguei-me a canção. Havia meia dúzia de pessoas sentadas no chão ou nas poltronas, cantando junto. “So please don’t, please don’t, please don’t

There’s no need to complicated

Cause our time is short

This is, this is, this is our fate, I’m yours!” Bruno cantou a ultima frase comigo. Seguiu-se então uma mescla de aplausos com elogios “Oooh, arrasou!” “Lindo!” “ Ae bruno, vai te substituir!”

 

Eu ri “Obrigada pessoal; mas eu não ficaria bem de topete” eles riram. (…)

 

 

 

 

 

 

 Eu olhava o reflexo do céu azul-marinho salpicado de estrelas no vidro da janela do carro de Bruno. O clima estava quente, porém uma leve brisa – anda que abafada – aliviada um pouco o calor. Eu aguardava Bruno que fora procurar as chaves do carro no interior do estúdio, quando um reflexo humano surgiu atrás de mim, virei-me esperando ver Bruno.

 

– E ai? – Um homem alto de ombros largos sorriu para mim com um jeitão moleque, seus cabelos no cumprimento do queixo pendia repartido no meio como cetim. Exibia seu físico muito bem definido sem camisa.

 

– Iai! – sorri.

 

– O Bruno ainda tá ai? – seu tom era urgente e suas sobrancelhas se uniram.

 

– Tá, foi lá dentro.

 

–Ah – ele pareceu mais sossegado – Quem sabe se eu disser que estava no… – terminou a frase em um murmúrio inteligível. Olhei-o confusa, de repente ele pareceu lembrar de mim ali ; “Ah, quem é você? Eu sou o Ryan!” Estendeu a mãozorra.

 

– Sou Jasmin, Ryan, prazer – sorri a apertei sua mão.

 

– Ah, a namorada do Bruno! Maneiro, veio assistir ao ensaio?

 

Eu reprimi uma risada – É, ahan!

 

Ryan aproximou-se mais um passo e disse baixinho – por acaso alguém perguntou por mim?

 

Franzi o cenho – Hã, não que eu tenha ouvido. Tá fugindo de alguém Ryan?

 

Ele fez cara de sonso – er, houve um imprevisto. Não pude vir ao ensaio… – disse em tom de confissão.

 

Eu ri – Ah.. ai, ele tá vindo. – fiz um meneio com a cabeça olhando por cima do ombro de Ruan, ele se virou. Bruno fechava a porta distraído mexendo no celular.

 

– Iai Bruno! –Disse Ryan andando de encontro a Bruno, eles se encontraram a meio caminho, apertaram as mãos descontraídos e conversando vieram de encontro a mim na calçada.

 

–… a revista filipina. Mas isso achei melhor marcar para o final dessa semana de shows. – disse Ryan.

 

– Ótimo! Essa semana tá cheia mesmo. Quando eu voltar a gente conversa – ninguém mandou ter amnésia logo hoje. Vou levar Jasmin ao hotel – e virando para mim – aliás já conheceu o Ryan? Ele é meu amigo de longa data e agente pessoal.

 

– Já, estávamos aqui trocando uma ideia, né Ryan?

 

–Isso ai! Linda mesmo ela, Bruno! – disse aprovador.

 

– Ram, se liga hein! – Bruno pegou minha mão – já volto aí.

 

Ryan riu – Valeu, vou esperar. E dizendo isso se mandou para o estúdio.

 

Bruno abriu a porta do carro para mim, em seu lugar atrás do volante deu a partida. – Curtiu?

 

Eu sorri – claro! Adorei. Sua banda, conhece-los pessoalmente.

 

– Você canta muito bem – ele sorriu.

 

– Não precisa mentir.

 

–Não, é sério! Eu gostei. Pensei até em um dueto.

 

Ergui as sobrancelhas – poderia ser só entre nós, algo nosso, se preferir ele sorriu torto.

 

– Hmm, é…

 

Bruno parou o carro em frente ao hotel aproximadamente ás 23h00min.

 

– Amanhã se eu não puder o Phil virá busca-la. Ás 16h00min.

 

–Ok, meio cedo não? O show não começa ás 19h30min?

 

–É, imaginei que gostaria de conhecer o lugar antes…

 

–Ah, claro! – sorri.

 

Bruno pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, fitamo-nos por alguns instantes, senti sua mão apertar de leve a minha; Peter se aproximou, roçou a língua em meus lábios, sorriu com covinhas. Meu coração metralhou audivelmente; ele segurou em meu rosto com uma das mãos e beijou-me.

 

 

*Continua!


Gostando? Mande um comentário? Mahalo por  ler! :*


Notas Finais


:) Emoções estão por vir...


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