Saí correndo no mesmo momento em que deixei o bilhete sobre a mesa do professor aos risos, apenas imaginando qual seria a reação dos dois garotos ao ler meu convite para a minha festa.
Estava tão animada após receber uma ligação da Marina me perguntando se eu comemoraria o meu aniversário e então eu finalmente parei para pensar.
O que eu faria?
▪▪▪▪▪
-Aniversário? Verdade, você faz aniversário daqui a alguns dias...
-E você não lembrava? Que ótimo namorado fui arrumar... -Cruzei os braços fingindo estar emburrada, porém segurando o riso.
-Mas o que eu vou fazer se eu quase não lembro o meu próprio aniversário?
-Dia 23 de dezembro, você me contou! E você me fez prometer que eu te daria dois presentes: um pelo seu aniversário e outro pelo Natal! É um roubo!
-É a obrigação de todo namorado e namorada! Dar um presente no aniversário, no dia dos namorados, no Natal, na Páscoa... -Ele começou a contar os eventos com os dedos, com um sorriso maroto no rosto.
-Eu acho que eu consigo ouvir a minha mesada chorando na minha carteira...
Eric riu, fazendo com o que o professor nos encarasse por um tempo e nos perguntasse:
-Já terminaram suas atividades em dupla, Eric?
-Sim, senhor. -Eu me intrometi, sorrindo convencida para aquele homem. Argh, o nosso professor de Física é simplesmente o pior!
-Eu disse “Eric”, não “Maggie”.
-E eu respondi no lugar dele porque somos uma dupla, e duplas cooperam juntas uma com a outra, não é mesmo, senhor? -Falei da maneira mais educada possível, sorrindo inocentemente.
-Sim...
Toda a turma riu baixo da expressão de derrota do professor. Numa coisa eu concordava com toda a minha turma: todos nós odiávamos o professor de Física tanto como ele nos odeia.
-Caralho, essa é a minha namorada! -Eric sussurrou, me abraçando de lado.
-Que ótima namorada você foi arrumar...
-Fica quieta... -Ele cruzou os braços como eu, rindo nasalmente.
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-E o que você acha que eu deveria fazer pro meu aniversário? Festa de aniversário comum? Festa chique? Baile? Balada? Cinema? Restaurante? Aaaah me ajuda, eu não sei o que eu faço!
-Se acalma, garota! A sua festa é só daqui a uma caralhada de dias, pode se acalmar!
-Falar pra alguém se acalmar não ajuda ninguém, Mari!
Eu falava ao telefone com Marina, enquanto andava pelas ruas com a mochila sobre minhas costas, indo para casa após uma longa e cansativa manhã de aula. Ela provavelmente estava fazendo a mesma coisa que eu, porém no seu caso, Marina está voltando de seu trabalho chato e entediante, pronta pra voltar pra casa e se encher de comida enquanto assiste TV. Marina obviamente faria algo do tipo.
-Okay, okay. Vamos pensar com calma... Que tal se eu ir na sua casa hoje à tarde e a gente discute sobre isso?
-Tá... Mas vem cedo, porque eu ‘tô realmente ansiosa com isso!
-Se acalma, mulher!
-O que eu te disse sobre falar pra alguém se acalmar, Marina??!
Desligamos a chamada após uma longa discussão sobre “como pedir à uma pessoa para que esta se acalme pode até mesmo piorar a situação da pessoa” e só então ao largar o meu olhar do celular percebi que já tinha chegado em casa.
Entrei no prédio e fui direto ao elevador. Esperei alguns segundos tediosos até que a porta se abrisse em meu andar, corri pelo corredor até a porta de meu apartamento e abri a porta com a chave que sempre guardo comigo.
Esperei ouvir algum resmungo ou elogios desnecessários vindos do Sr. B, porém nada foi falado. Tudo estava um silêncio mórbido, e foi quando eu me lembrei.
Devido ao meu julgamento que B teve a obrigação de participar, ele teve de faltar alguns dias de trabalho e teria que retomar os dias perdidos do mais rápido modo, ou seja: Sem B na hora do almoço ou antes das 19h pela próxima semana. Incrível!
Talvez eu pudesse até mesmo chamar a Mari para ela vir mais cedo ainda pra cá, quem sabe até podemos almoçar juntas. No mesmo segundo peguei meu celular apressadamente e disquei o número da garota, sendo atendida de imediato:
-O que foi, agora?
-Vem aqui almoçar comigo, agora! É uma ordem!
-O que?!! Esqueceu que o puto do seu padrasto tá aí, porra? Eu me recuso a almoçar no mesmo ambiente que esse ser.
-Ele não está aqui, eu estou sozinha em casa pelas próximas... Hã... 7 horas, mais ou menos.
-Mentira!! -Ouvi a voz de Marina se alterar rapidamente. -Vai logo, eu quero dar um “olá” para minha velha escrava! -E então voltar ao seu tom usual. -Cala a boca, Isaac! Tá, então eu estou indo agora!
-Yay, companhia para o almoço!
-NÃO SE ATREVA A COMER ANTES QUE EU CHEGUE, VOCÊ ME ENTENDEU MAGGIE SMITH??!
-ENTENDIDO, MARINA JONES! -Fiz uma posição de soldado, mesmo sabendo que ela nem estava me vendo fazer aquilo do outro lado da linha.
Ela me desligou, mandando um beijo e um “até logo”, e na hora eu corri para a cozinha para preparar ao menos algo comestível para Marina e eu. No fim, decidi fazer uma refeição normal de um dia da semana: arroz, feijão, carne e salada. Almoço digno de um brasileiro.
Arrumei a salada cuidadosamente sem ousar colocar nenhum pingo de vinagre (ugh), esquentei o arroz e o feijão e fiz a carne, sem perceber o tempo passando e quase nem sequer ouvindo quando a campainha tocou.
Na mesma hora corri de volta para a porta, com todo o meu corpo suando graças ao vapor que as panelas exalavam, e abri, revelando uma Marina que ainda usava o seu uniforme de farmacêutica e estava com uma expressão ansiosa no rosto.
-Você realmente fez a comida? -Marina já chegou se sentando na mesa de jantar, batendo os dedos freneticamente contra a estrutura de vidro.
-Porra, nem um “oi” eu recebo? Essa convivência com o Isaac tá te deixando tão mal-educada como ele.
-Vá a merda, garotinha. -Isaac falou, no corpo de Marina. -Para com isso, Isaac. -Desse jeito ela parecia uma louca falando consigo mesma. -Oi, Mag, minha amiga linda do meu coração! O almoço já está pronto?
-Oi, Mari! Sim, já vou servi-lo. -Falei rindo, enquanto despejava cada comida em um prato grande.
Carreguei todos os pratos de comida até a mesa e me sentei ao lado da Marina. Nos servimos juntas pegando absolutamente a maior quantidade de comida possível.
-Parece que a gente passa fome desse jeito. -Comentei rindo
-Eu passo, ué! É difícil a vida de uma farmacêutica.
-Cala a boca, pelo menos tu ganha dinheiro sozinha. -Ri com a sua resposta.
Era bom almoçar com a Marina, ela consegue me fazer rir com a boca cheia de arroz e feijão e me fazer segurar a risada com toda a força para que eu não acabasse cuspindo tudo. Ruiva engraçada de merda.
▪▪▪▪▪
-E então...? Quais são suas ideias? -Perguntei com a cabeça pendendo para o lado.
Após o almoço, Marina e eu lavamos os pratos e limpamos a mesa rapidamente, para que depois de terminarmos nosso serviço saímos correndo para o meu quarto para decidir a questão da minha festa.
-Hum... Bem, você deu umas boas alternativas pelo telefone, eu analisei o planejamento de sua festa-
-Planejamento? -A interrompi.
-Número de convidados, dia da festa, hora, clima que fará no dia, essas coisas...
-Ah, bom!
-E após as minhas análises, eu finalmente descobri a festa de aniversário perfeita pra você fazer.
-Qual? -Perguntei, vibrando de ansiedade.
-Pode parecer infantil, mas... Uma festa à fantasia!
-Sério? Por quê?!
-É o melhor tipo de festa de todos! Você pode se vestir com as roupas da sua personagem ou celebridade favorita e ninguém irá se julgar, porque todos estão do mesmo jeito! Você pode fazer comidas temáticas, a decoração não é necessária já que “as fantasias já são a decoração perfeita” e dá para fazer em qualquer lugar!
-Hum... -Fiz uma expressão exageradamente pensativa, apoiando meu indicador sobre meu queixo. -Até que é uma boa ideia...
-É clichê...
-Mas uma boa ideia. -Respondemos juntas, rindo logo após.
-Vocês são irritantes demais com essas frases açucaradas. -Isaac disse. -É bom que você fale essas mesmas frases açucaradas quando eu for te vestir de loli. -Marina respondeu. -O QUE???
Eu gargalhei vendo a discussão entre Isaac e Marina, mais parecendo uma discussão mental da ruiva. Enquanto eles trocavam xingamentos e deboches, eu apenas pensava...
Essa festa vai ser o máximo.
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