Pov Emma
-“Uma perguntinha para você: do que as crianças mais precisam, de “uma família” ou uma “boa família”? Qual a diferença? Da forma que eu vejo quase todo mundo pode ser uma mãe, mas nem todo mundo tem a paciência e dedicação para ser uma boa mãe. Quanto a mim, eu sempre quis ser uma boa mãe. Depois de muitos relacionamentos fracassados finalmente encontrei a mulher da minha vida, atualmente estamos casadas há dois anos e moramos em Boston com nossos dois filhos. Eu realmente amo ser mãe e amo a minha família”. Penso enquanto arrumo o lanche da escola para as crianças, logo em seguida vejo Henry entrando na cozinha.
-Eai, Henry. Bom dia!
-Não enche!- ele diz se sentando na bancada.
Tá bom, eu não sou a mãe deles. Eu sou a madrasta.
-Bom dia, senhora Swan.- Lucy diz assim que entra na cozinha.
-Ah. Bom dia, Lucy.
-Pode pôr na geladeira?- ela diz enquanto me dá um desenho.
-Mas é claro. Você fez outro desenho da nossa família?
-Aham. Esta sou eu, o Henry e a mamãe.
-Está ótimo.- digo esperando ela continuar.
-E aqui, bem bem longe, é você.
-Ah e eu estou usando um boné de beisebol?- tento inutilmente decifrar o que está na minha cabeça.
-É uma faca na sua cabeça porque eu estava mantando você no olho.- ela fala com uma naturalidade que às vezes até me assusta.
-Ah entendi. Eu adorei o meu cabelo.- digo e rezo para que aquilo realmente seja cabelo.
-É cocô- ela diz enquanto se afasta indo sentar na bancada da cozinha.
-Está bem desenhado! Aposto que é de cachorro!
-É de mendigo.- com a boca cheia de cereal ela me responde.
-Tá legal.- digo colocando o desenho na geladeira.
-Bom dia, meus amores.- Regina entra na cozinha dando um abraço em Henry e Lucy, logo em seguida caminhando em minha direção e me dando um rápido selinho.
-Desculpa a demora- ela diz se sentando na bancada- Vou mostrar um prédio a uns clientes novos.
-É eu lembro que você falou- a observo tomar rapidamente uma xícara de café- Tome com calma, desse jeito vai se engasgar- dou uma risada fraca. Vejo Henry e Lucy se levantarem assim que escutam a buzina do ônibus da escola na frente de casa.
-Até depois, mãe.- Henry dá um beijo em Regina já se dirigindo à saída.
-Te amo, mamãe.- Lucy diz e segue Henry.
-Tchau, eu amo vocês!- Regina diz um pouco mais alto para que eles possam escutar.
-Eu também amo vocês!- digo mesmo sabendo que já tinham ido.
-Ah, eu esqueci a merenda das crianças.
-Já preparei.- digo rapidamente quando ela ameaça se levantar para correr atrás deles- E escrevi os bilhetinhos motivadores também.
-Você não existe- ela me dá um sorriso, não quero me gabar, mas é o sorriso mais lindo do mundo.
-Outro desenho da família?- ela pergunta observando a porta da geladeira.
-Sim, Lucy fez esta manhã.
-Eu sinto muito...- diz se referindo ao fato de Lucy ter tentado me matar no desenho.
-Não não, acho que está entendendo errado. É o primeiro desenho em que eu não to morta AINDA. Claro que tem uma faca no meu olho e cocô de mendigo na minha cabeça, mas isso mostra um grande progresso. Acho que ela está começando a me aceitar.- digo sorrindo orgulhosamente, afinal aquele era um mérito todo meu.
-Eu não sei como você consegue ver o lado bom nisso, mas temos que concordar que você não estar morta ainda já é um grande progresso.
Seis meses depois
Pov Emma
Bom, ao longo desses meses eu gostaria de destacar que no último desenho que Lucy desenhou eu estou VIVA, sem ferimentos e apenas a alguns centímetros do resto da família. Estou pensando seriamente em fazer um quadro do desenho, minha vontade é colar ele na testa e sair desfilando por aí. Sou formada em letras e dou aula em uma escola de ensino médio faz cinco anos. Hoje é sexta feira, o expediente termina no fim da tarde, entro em casa já imaginando o que poderia fazer para o jantar.
-Olá cheguei!- digo caminhando em direção à cozinha- Como foi o...- paro de falar quando vejo Regina e Henry sentados na bancada da cozinha- O que aconteceu?- percebo a expressão triste de Henry, provavelmente estava chorando.
-Ele não me conta só quer falar com você.- okay eu não consigo acreditar no que acabei de ouvir, esperei por esse momento desde que conheci as crianças. Ele quer falar comigo, somente comigo. Esse é um daqueles momentos que tenho que me controlar pra não surtar ou começar a chorar compulsivamente. Não me julguem, esse é um grande momento na vida de uma mãe, principalmente se você é a madrasta que as crianças não gostam.
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