ANTERIORMENTE:
[...]
— Fica fofa toda vermelhinha. — eu não sei se aguento. — Que tal me apresentar o lugar? Ou é proibido?
— Não é, eu mostro. — me levantei. — Vamos ?
— Vamos. — ele se levantou. — Estou ansioso para conhecer o seu quarto.
[...]
CONTINUA...
Nina Simonetti
Estávamos tão concentrados no passeio e na conversa que tínhamos, que até esquecemos do tempo, que passava involuntariamente.
— Então esse é o muro que tentou fugir? — perguntou Gastón.
— Sim... Mas meio que não deu muito certo, tentei escalar o muro e acabei caindo. Me machuquei toda. — disse e acabei rindo. — Foi extremamente sem sucesso.
— Fizeram algo com você? — indagou ele e pela expressão parecia preocupado.
— Não, graças à Deus, não. Anna não deixou, queriam me deixar trancada no quarto por uma semana, mas Anna não deixou, ela é o único anjo que existe aqui dentro, o resto são tudo os demônios. — disse e Gastón riu das minha palavras.
— Nossa, você é uma pessoa bem delicada, sabia? — disse o loiro com sarcasmo envolvido na voz.
— Eu sei disso. — falei e ri. — Mas então, não vai ver sua mãe hoje?
— Hoje não... Ela tomou uns medicamentos e, meio que adormeceu. — ele disse sem humor e começou a andar.
— Aah... Amanhã eu vou tentar falar com ela, sua mãe me faz grandes companhias, a presença dela é adorável, já sei até de quem você herdou esse jeito. — o acompanhei.
— Minha presença é realmente maravilhosa. — se gabou. — Não precisa se preocupar, a sua também é.
— Nossa, quanto convencimento.
— Sou realista, são coisas completamente diferentes uma da outra.
— Ok, ok, Senhor Realista. Agora vamos que vou te mostrar o quarto que durmo, ele é bem pequeno, não tem muita coisa.
Fomos pra dentro do meu quarto, que era uma coisa bem simples, não podia enfeitar nada do tipo, aliás, isso é clínica psiquiátrica.
— Até que não é nada mal, Nina. Todos os quartos são assim? — indagou ele.
— Acho que sim, o único que eu entrei foi o da sua mãe, para mim não muda absolutamente nada. — me sentei na cama.
— Ah... — ele se aproximou da mesinha. — Isto são folhas e lápis de cores, você desenha?
— Aaan... Não, quer dizer, sim, um pouco, mas nada demais. — disse meio sem jeito.
— Tem guardado os desenhos? Eu gostaria de ver. — ele me olhou e sorriu.
— Tem certeza de que quer ver os horrores que eu desenho?
— Ah Nina! Não deve ser feio. Me mostre, agora estou curioso para vê-los.
— Ok, te mostrarei, mas não ria. — me levantei e abri a gaveta onde eu guardava meus desenhos. — Está tudo embaralhado e desorganizado, espera só um pouco. — peguei tudo e juntei. — Aqui. — entreguei pra ele. — Eu sei que estão horríveis, mas...
— Como horríveis? Eles são lindos, Nina... Quanto talento pra desenhar. — ele disse enquanto passava os desenhos.
— Costumo desenhar as coisas que eu gosto... — dei ombros.
— Eu. — disse Gastón e eu o olhei sem entender.
— Como assim "eu"? — indaguei sem entender.
— Você acabou de dizer que desenha o que gosta. Você me desenhou. — Gastón me mostrou a folha de papel a qual eu tinha o desenhado.
— Aaan... Foi sem querer, eu estava um pouco distraída. — tomei a folha dele.
— Então não gosta de mim?
— O que? Gosto sim... Quer dizer, como amigo, é claro. — disse nervosa. Eu sou burra demais, meu Deus!
— Hmm... Sei. — ele me olhava desconfiado. — Bom, eu gostei do desenho que fez da minha imagem, dos outros também, são incríveis. — ele sorriu.
— Obrigada... Desenhar é só mais um passa-tempo. — dei ombros.
— Você tem um grande talento, então.
— Eu também gostava de fotografar, mas foi um dos meus hobby's que se foi. — disse um pouco triste. — Sabe, todas as noites penso quando vou sair daqui, às vezes eu choro, pensando se sentem minha falta ou se nem se lembram de mim, e é constante que eu pense o mais óbvio, não se lembram de mim... Meus pais não têm atitude de vir aqui para me ver, não ligam para dar notícia e acho que se não fosse minha amiga Luna, eu não teria ninguém conhecido por perto. Dói muito não receber o carinho do pai e da mãe. — a essa altura eu já estava chorando, não dava para conter as lágrimas.
— Nina... Não chore por favor. Faz dois meses que eu também não recebo os carinhos de minha mãe, e o mais triste disso é que por conta de não tê-la em casa, meu pai não consegue esconder as lágrimas, e eu tenho que assistir sua tristeza.
— É diferente, você sabe que eles estão bem, e sabe que eles te amam, independentemente se sua mãe está aqui ou se seu pai está triste. É difícil para mim, Gastón. — enxuguei as lágrimas rapidamente.
— Agora você tem a mim, sou seu amigo agora, e te prometo não te deixar por nada. — o loiro veio até eu sorrindo e segurou minhas mãos. — Sempre que der para vir, eu virei, você é uma pessoa adorável, qualquer um gostaria de te ter por perto.
— São palavras reconfortante... — sorri. — Me sinto feliz em saber que agora tenho um amigo.
— Um amigo não, um melhor amigo, e assim como tenho a Delfi como minha melhor amiga, também tenho você.
— Delfi? Quem que é Delfi? — soltei suas mãos e cruzei os braços.
— Minha melhor amiga do colégio, se eu te apresentasse ela você iria amá-la, Delfi é um doce de pessoa, qualquer dia trago ela.
— Adoraria conhecê-la. — sorri.
— Isso é ótimo.
— Só espero que eu seja mais importante que ela.
— Hmmm.... Delfi é um pouco possessiva, se eu falasse pra ela, estaria morto.
— Ela nem precisa saber. — ri.
— Você é minha favorita, com certeza, não precisa se preocupar, gatinha. — Gastón sorriu com malícia.
— Bom saber disso, mocinho. — disse séria.
— Não se preocupa Nina, seu lugar está reservado no meu coração. — ele deu um piscadinha pra mim. — Olha só, você tem um rádio.
— É a única coisa que me mantém conectada do mundo, umas música nada animadora, mas serve. — dei ombros.
— Bem... É antigo. — ele riu fraco.
— Pois é... Passa algumas músicas francesas, eu gosto.
— Músicas francesas?
— Sim... É bom ouvir sotaques diferentes, acho o francês muito bonito.
— Que interessante. Mas então, vamos voltar lá pra fora? Seu quanto não é nem um pouco refrescante. — o loiro passou a mão nos cabelos.
— Claro, melhor do que ficar nesse lugar apertado, às vezes fico com falta de ar aqui dentro. Se bem que essa janela não serve pra nada. — reclamei seguindo pra fora do quarto.
— Eu já teria tirado a roupa há muito tempo. — eu o olhei séria e um pouco assustada. — Pare de ser pervertida, Nina. — ele riu.
— Eu não sou, só soa estranho você falando assim...
Voltamos para o jardim e Gastón começou a abrir um bolso de sua mochila, de dentro ele tirou um fone de ouvido e o celular.
— Tenho músicas legais. — nos sentamos na grama.
— Vamos escuta-las?
— Sim, vai escutar umas bem diferentes do que escuta naquele rádio. — ele conectou o fone no celular e colou um no meu ouvido e o outro no dele.
O loiro escolheu a música que soava perfeitamente. Quanto tempo eu não escutava músicas tão boas assim.
— Qual é o nome da música? — indaguei.
— Ride, Twenty One Pilots(N/A: Deixarei o link nas notas finais.), conhece a banda, não conhece?
— A banda sim, a música que não.
— Tenho várias músicas, podemos ficar escutando até eu ir embora.
— Isso é ótimo, Gastón. — sorri.
Estava adorando passar o tempo com ele. Gastón é tão legal comigo, deveria existir mais garotos assim no mundo. Dona Clarisse fez um ótimo trabalho.
* * *
Gastón já havia ido embora, eu estava amando suas visitas. Nem me lembro da última vez que me senti tão feliz como estou agora... Ele me faz sentir especial e amada, foi realmente a melhor surpresa que eu já tive na minha vida.
Ainda conseguia escutar as musicas que ele pôs para eu ouvir.
Rodeavam sensações incríveis pelo meu corpo, eu não queria tirá-las de mim tão cedo.
[...]
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