História Monólogo Interno - Capítulo único

-Não sei por onde começar

-Comece do que sente agora. Eu falei.

-É confuso até para mim. Não sei ao certo. Às vezes sinto que gosto de tanto. Outras vezes, apenas um vazio. Embora eu não consiga esquece-lo. E isso já faz mais de um ano. Nem sei mais quanto tempo. Mas sei que as vezes dói. Que meu coração palpita. Uma vez faltou sair do lugar... Realmente não sei explicar e tão pouco entendo. Não tem coerência ou razão que descreva o que sinto. Apenas sinto. E não consigo parar. Sempre volta. Já tentei odiá-lo, mas, simplesmente não consigo. Então apenas sigo na esperança de que um dia passe.

Ela olhou para a janela tentando esconder a lágrima que escorria. Esperei alguns segundos e disse:

-Não precisa ter pressa ou vergonha. Se quiser continuar sinta-se à vontade.
 

Então ela prosseguiu:

-Não queria confessar, mas me sinto mais idiota do que aquelas personagens de meninas bobas apaixonadas. Porque ao menos elas, sabem o que sentem e fazem o possível para conseguir o que querem. Eu... eu apenas escondo. Não sei, tenho tantos outros problemas que penso que isso não é importante. Mas, eu sei que sim. Cresce dentro de mim. Do mesmo jeito meloso que falam e que vi nos filmes... A vontade de ver, de conversar, de saber se está tudo bem. Até desvio caminhos esperando encontrá-lo. E o mais triste é que já chorei por isso, já me machuquei e ele não precisou saber. Se quer percebe. Talvez simplesmente não goste de mim. Mas eu, bom, eu gosto tanto. Desejo que ele seja muito feliz, sorria. Continue com toda essa graciosidade que só ele tem... Sabe, acho bom que não reparem muito em mim, pois se o fizessem, veriam claramente que gosto muito dele. Pois, sua presença me tira deste plano, viajo nos meus pensamentos, esqueço o mundo a minha volta. Ele me faz sorrir sem precisar contar piada, me alegra apenas falando comigo... Invejo aquelas meninas sortudas das quais ele já gostou. Como desejei que aquelas palavras, aqueles versos, fossem para mim.

Ela parou para limpar as lágrimas, respirou e continuou:

-Eu sei, apenas sei que é impossível. Não tem um motivo real aparente. Apenas sei. Sabe quando você tem certeza? Sabe aquelas coisas da vida que você sabe mesmo se não falarem? Então, é assim, eu sei. E justamente por isso reuni coragem para contar para alguém. Não irei contar a ele, jamais! Mas não quero que morra assim comigo. Quero que fique registrado até que eu possa esquecer. Desejo poder parar esse sentimento. Mas, que pelo menos alguém saiba que é real. Que um dia eu gostei tanto dele. Que talvez eu tivesse sentido o que é amar alguém pela primeira vez... Talvez.

Após isso, eu esperei. Dei tempo para ver se ela continuaria. Quando percebi, ela havia adormecido.

-É, dorme meu Eu. Suas palavras foram gravadas aqui, descanse. Seu desejo foi realizado. Mesmo que talvez essas sejam as suas últimas palavras e você não acorde mais.

Então eu apaguei as luzes e saí.