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História Moonshine - Então temos duas coisas em comum


Escrita por: nocologne

Notas do Autor


É importante que ouçam Stay (deixarei o link nas notas finais). Pode ser antes de lerem, depois que lerem ou enquanto lerem. Mas, POR FAVOR, ouçam.
Boa leitura <3

Capítulo 8 - Então temos duas coisas em comum


Fanfic / Fanfiction Moonshine - Então temos duas coisas em comum

 

Chegamos á um parque que não ficava muito afastado do sobrado aonde eu estava á uma semana. Era um parque calmo e com bastante árvores. Havia algumas crianças brincando em balanços e escorregadores, casais passeando de mãos dadas dentre o curto bosque dentro do parque, cães passeando com seus donos, e finalmente, a cena que mais me agradou e chamou minha atenção: skatistas fazendo manobras fantásticas com seus skates. Era fascinante. Era admirável e intrigante como Justin sábia das coisas que eu gostava, sem ao menos eu ter lhe falado.

Justin estacionou o carro perto á alguns bancos que havia no parque que ficavam próximos á calçada. Ele andou em direção á pista de skate, eu o acompanhei. Ele se encostou em uma mesa de jogos de dama feita de puro cimento que ficava á alguns metros de onde quatro garotos andavam na larga pista. Alguns faziam manobras radicais, outros só brincavam com o skate, como se já estivessem ali á bastante tempo e já estivessem cansados.

Eu continuei parada, ao lado de Justin, mas não tão próxima. Justin observava os garotos da pista com uma significativa atenção. Eu me perguntei mentalmente se viemos aqui apenas para olhar os skatistas. Essa foi mais uma das perguntas que estavam se acumulando dentro de mim, que claro, eu não o perguntaria.

- O quê você quis dizer com que não sente falta da sua vida? - Justin disse, se referindo ao dia no balanço, no meu "desabafo".

- Eu nunca tive uma vida normal. - respondi. - Nuca tive uma família normal, amigos normais, relacionamentos normais... Por algum tempo, eu senti falta disso. - Justin não me olhava, olhava para os skatistas, que agora, só estavam dois. Mas eu sábia que sua atenção estava voltada á minhas palavras. - Mas hoje... - continuei. - Hoje eu não sinto falta. Não sinto falta de ter uma família normal, de ter amigos e relacionamentos normais. - pausei. Ele continuava da mesma forma, calado, com os olhos voltados aos dois garotos na posta de skate, sem demonstrar nenhuma expressão. - Eu não sinto falta da minha vida. - repeti a frase que disse no dia do balanço e do desabafo. 

- Eu também não sinto falta da minha vida. - finalmente ele disse alguma coisa. Anteriormente, ele queria saber o quê eu queria dizer com aquilo, agora, ele havia entendido, e afirmou a mesma coisa que eu. 

Que não sente falta da sua vida.

- Então temos uma coisa em comum. - sorri de canto. Ele tirou seus olhos da pista de skate, e me olhou, virando um pouco seu pescoço, já que eu estava do seu lado, um pouco afastada.

- Você gosta de andar de skate? - me perguntou, assenti positivamente. - Então temos duas coisas em comum. - sorriu.

Justin me puxou pelo braço e fomos até a pista de skate que era de um tamanho médio. Dois garotos que aparentavam ter uns dezessete anos estavam com seus skates, eles não faziam manobras ou coisas do tipo, estavam só encima de seus skates, andando bem devagar com ele, sem animação. 

- Podem nos emprestar seus skates? - Justin perguntou se dirigindo aos garotos. O garoto que tinha olhos verdes, disse que sim e deu seu skate para Justin, ou outro de olhos escuros, entregou seu skate em minhas mãos. Agradeci com um sorriso e eles saíram dali, indo se sentar na mesa em que eu e Justin estávamos encostados anteriormente.

Justin subiu no skate e começou a andar. De uma pista para a outra. Ele sorria. Subi no meu, e comecei a andar devagar, sem fazer muitas manobras, ao contrário de Justin. Ele girou o skate, fazendo uma manobra espetacular, que eu, certamente, não conseguiria fazer. 

Subi até o topo da rampa e desci a mesma deslizando no skate. Não fazia muito tempo que eu andava em um, lembrava de uma coisa ou outra, mas não andava tão bem quanto Justin. 

Mais uma descida, eu, lenta e Justin com suas manobras. E assim foi por algum tempo.

Justin parecia já ter cansado daquilo. Eu subi mais uma vez até o topo da rampa e desci sobre o skate, só que desta vez, sentada. Sim, sentada. Me mexi um pouco enquanto descia rampa á baixo, não era muito alta, mas era alta ao ponto de me deixar jogada no chão, meio constrangida por aquilo. Não me machuquei, mas aposto que minhas bochechas denunciaram o fato de eu estar extremamente envergonhada por tal ato. Justin riu e foi até mim. Achei que ele fosse me ajudar a me levantar, mas ele se sentou, sobre seu skate, ficando á minha frente.

Me ajeitei e esperei que ele dissesse algo. Já estava começando á escurecer. Olhei pra trás e não vi os garotos que nos emprestaram os skates. Justin olhava em meio as árvores á nossa volta. Eu o olhava. Eu sempre o olhava, e nunca me cansava. Era como uma hipnose. Era uma coisa estranha. Não sábia se era bom ou ruim, se era atração ou curiosidade em saber mais sobre ele. Talvez fosse tudo isso junto. Bom e ruim. Atração e curiosidade.

- Você sente medo de mim? - ele perguntou, quebrando o silêncio. Mais uma de suas perguntas que eu não entendi. Eu sábia a resposta, eu não tinha medo dele, medo não era a palavra. Demorei pra responde-lo porque não entendi o propósito de tal pergunta. Justin me olhou. Não sei porquê, mas me sentia intimidada quando seus olhos pairavam sobre mim.

- Não. - enfim respondi. Ele sorriu sem mostrar os dentes e voltou á olhar o lugar envolta. Ele parecia pensativo. 

Mesmo nos conhecendo á tão pouco tempo, de um jeito confuso e estranho, eu gostava de estar perto dele. Ele me fez me sentir leve no dia do desabafo no balanço. Ele estava me protegendo, mesmo não me conhecendo direito. Ele poderia estar fazendo qualquer outra coisa. Poderia estar em um casino em Las Vegas, ou em alguma praia em Miami, mas não, ele estava aqui, comigo. Mesmo sendo apenas dois recém-conhecidos. Ele era um cara legal, assim como Ryan havia me dito. O sorriso dele era raro de se ver, mas quando aparecia, era sincero, era intenso, era lindo

Só nesse instante eu consegui entender tudo o quê Ryan disse. Justin é um cara legal. Ele tem um lado melhor, que poucos conhecem. O lado em que eu vi aquele dia no passeio de bicicleta, o lado que eu vi hoje... Ele tem um lado bom, ele só precisava de alguém que lhe mostrasse que ele pode ser feliz com esse lado, que ele pode ter apenas um lado.

Me aproximei mais de seu corpo, tirando a atenção que ele dava as árvores ao redor, e tomando-a para mim. Estávamos muito próximos. Tão próximos que eu podia sentir a respiração quente dele pairar sobre meu rosto. Pude ver perfeitamente a cor intensa de seus olhos, sua pele branca e aparentemente macia, sem imperfeições vistas á olho nu. Seus lábios, que, por um instante pude ouvi-los gritarem meu nome. Poderia ser loucura de minha parte, talvez fosse, mas era inevitável vê-lo tão próximo de mim e não querê-lo. Talvez fosse paranoia da minha cabeça, coisas que mesmo sem querer, eu insistia em acreditar, mas ele dividia seus olhares entre meus olhos e minha boca. De três em três segundos trocava a direção do olhar entre eles. Era tentador. Era tentador a forma como ele me olhava, era tentador vê-lo morder seus lábios e molha-los em seguida com a própria saliva. Era tentador o jeito com que ele fazia qualquer movimento, por mínimo que fosse. Justin era tentador.

Talvez eu estivesse louca, talvez a lucidez tivesse me abandonado, mas, por um impulso, me aproximei ainda mais dele, se é que isso era possível. Eliminando assim, todo o pouco espaço que havia entre nós dois. Coloquei minha mão em sua nuca, e o puxei para perto. Quase que colando nossos rostos. Ficamos assim por alguns minutos, apenas nos olhando. Justin fechou os olhos, mas logo os abriu, e me beijou. Ele fez o quê eu estava com medo de fazer. Talvez ele quisesse aquilo tanto quanto eu. O beijo foi calmo e demorado. Minha mão esquerda estava em sua nuca, e meus dedos acariciavam seus cabelos em movimentos lentos. A única parte do corpo de Justin que tocava o meu corpo era sua boca. E meus joelhos que estavam praticamente encima das pernas dele. Foi um beijo meio desajeitado. Nós dois, no centro de uma pista de skate em um parque, encima de skates de dois caras que não conhecíamos.

Nossas línguas entraram em uma deliciosa guerra, uma acariciando a outra em busca de espaço. A língua de Justin era quente, tinha um gosto ótimo e indescritível. 

Eu não sábia se aquilo era certo, mas, se não fosse, deixaria para me lamentar depois.

Apesar do beijo estar calmo, nos afastamos em busca de ar. Abri meus olhos e vi Justin se levantar, pegando o skate em suas mãos. Eu o olhei desentendida. Ele agia como se aquilo não tivesse acabado de acontecer. Milhões de coisas passaram em minha cabeça, mas preferi ignora-las. Eu não devia ter o beijado. Aquilo não deveria ter acontecido.

Me levantei, também pegando o skate e seguindo Justin que ia em direção á uma mesa um pouco afastada da pista, e entregando os skates aos garotos. Agradecemos e fomos até onde o carro de Justin estava estacionado. Estávamos ambos em absoluto silêncio. O único som presente era de nossos passos apreçados até o automóvel.

Entramos no carro. Coloquei o sinto de segurança e esperei com que Justin desse partida, o quê, até então não aconteceu. Ele olhava para frente, pensativo, com a mesma expressão que estava a minutos atrás, antes do nosso beijo.

- Talvez eu sinta falta da minha vida... - disse, assim, do nada, voltando ao assunto que tivemos á pouco tempo atrás. Tirei a conclusão de hoje Justin não estava muito bem. Ele dizia coisas que faziam sentido, mas as dizia sem propósito algum, do nada, sem iniciarmos ao menos um diálogo sobre aquilo. Ele estava estranho.

Eu optei por não responde-lo. Ficamos mais algum tempo ali, até ele dar partida e o carro começar a se mover.
                                                            
                                                                        . . .

 

Três dias se passaram desde que saí com Justin, desde que andamos de skate juntos, desde que nos beijamos. Eu não sábia o quê pensar sobre aquilo. Não poderia negar para mim mesma que não queria aquilo, seria muita hipocrisia de minha parte. Eu só não entendi o quê deu em mim. Mas, pra falar a verdade, não queria saber. Acho melhor esquecer o quê aconteceu. Foi apenas uma coisa do momento, que não se iria se repetir.

Desde aquele dia, eu e Justin trocamos poucas palavras. Ele na maioria das vezes saía e me deixava presa no quarto, dizendo que era para a minha segurança, que homens de Jeremy rondavam o local próximo de onde estávamos.

Ryan veio aqui ontem e trouxe uma televisão nova para mim. Colocou em meu quarto , já que a TV da sala tinha quebrado. Achei legal de sua parte. Ele trouxe a TV, instalou, assistimos um programa de calouros que passava em um cana qualquer, conversamos bem menos do quê das vezes anteriores e ele foi embora. Disse que tinha muitas coisas pendentes para resolver. Era impressionante como ele e Justin sempre tinham coisas para resolver. As vezes eu me pegava imaginando que tipo de coisas eram essas. 

Justin saía, Ryan saía. As únicas companhias que eu poderia ter no momento mal ficava comigo. Mas eu não podia reclamar. Quando Justin estava aqui ele sempre fazia algo por mim. Trazendo comida, roupas, me levando para sair, ouvindo minhas lamentações um tanto quanto dramáticas, e me fazendo ficar leve. E com Ryan não era diferente.

O medo e a insegurança que eu inicialmente tinha em relação a eles diminuiu bastante. O medo sumiu por completo. Um pouco da insegurança ainda estava presente, mas á cada conversa com eles isso ia mudando. A porcentagem que eu criei mentalmente na minha inabalável imaginação nos longos dias presa neste quarto, diziam que a insegurança em relação á Justin e Ryan estava em torno de 45%. Uma porcentagem bastante significativa, por sinal.

Eu estava com saudades de Ashley, de Logan, do meu pai... Eu sentia falta deles. Pensei em pedir para Justin para fazer um telefonema para Ash, mas ele, com toda a certeza não permitiria. Pouparia as perguntas. Sei que ele as odeia. Então, preferi deixar tudo como está. Uma hora ou outra, isso acabaria.

Peguei o controle remoto da TV, pressionando o botão vermelho para liga-la. Fui mudando de canal depressa, passando um por um, sempre vendo a mesma coisa na tela da televisão LCD de vinte e poucas polegadas: nada que me interessasse.

Após percorrer todos os canais existentes na TV, a desliguei, desistindo de procurar algo que me distraísse um pouco. 

Me levantei da cama e saí do quarto, indo até a cozinha. Abri as portas do armário á procura de algo para comer, até achar alguns biscoitos que estavam em um pote de vidro de tamanho médio. Abri e peguei um. Me sentei em um dos quatro bancos vermelhos que havia dos dois lados da bancada, com o pote em meu colo. Ouvi um som vindo da porta de entrada do apartamento. Era um som de chaves girando dentre a fechadura. Me inclinei um pouco tentando ter a visão de quem era. Provavelmente seria Justin, ele havia saído á bastante tempo, e ele não costumava me deixar muito tempo sozinha, digo, me deixar muitas horas seguidas sozinha. Segundo ele, não era seguro.

Vi Justin adentrar ao pequeno apartamento. Ele trancou a porta e colocou as chaves sobre uma mesa de madeira de pernas longas que havia na entrada do cômodo que era divisão entre a porta e a sala-de-estar. Ele usava uma calça jeans escura, uma camisa preta lisa e uma jaqueta da mesma cor por cima.

Ele estava lindo.

Ele percebeu que eu estava ali, e me olhou bem, rindo fraco ao me ver agarrada ao pote com biscoitos.

- Que sena típica. - ele disse. Sua voz estava fraca. Ele parecia cansado. - Parece que estamos casados. - Justin se jogou no sofá e tirou o par de tênis que usava sem tocá-los com as mãos, em um movimento rápido, os jogando em um canto qualquer da sala. 

Eu peguei mais um biscoito e coloquei o pote sobre o balcão. Em seguida mais um biscoito, depois outro, e depois outro. O único som que se ouvia ali era dos biscoitos se desfazendo em minha boca, e os suspiros pesados de Justin.

Passaram-se alguns minutos. Estranhei o fato de que Justin estava quase imóvel no sofá, sem dizer nada. Ele estava dormindo?

Me levantei com cuidado do banco, aquilo poderia fazer algum barulho e eu não queria acorda-lo. Fui em passos lentos até a sala e o vi dormindo. Jogado de um modo totalmente desajeitado no sofá. Ele mal cabia naquele móvel.

Involuntariamente, sorri ao ver aquela cena. Ele era lindo até enquanto dormia.  Seu sono parecia profundo. É, ele estava definitivamente cansado.

Não me senti bem em vê-lo naquela posição. Ele estava cansado e precisava descansar em um lugar apropriado. Me aproximei um pouco dele e levantei sua cabeça da almofada que a abrigava, a colando agora, no colo de minhas pernas cobertas por minha calça moletom cinza. 

Ele dormia como um anjo. Com um sono calmo e profundo, mesmo tendo deitado á pouco tempo. Não sei ao certo por quanto tempo fiquei ali, o olhando, mas fiquei o tempo suficiente para me dar conta de que precisava tirá-lo daquele sofá.

Sussurrei por seu nome várias vezes, tentando o despertar, mas não adiantava. Passei meus dedos em sua testa, delicadamente, sussurrando mais uma vez seu nome.

- Justin... acorde. Vá dormir em sua cama. - minha voz saiu bem suave. Justin se mexeu um pouco, e ainda com os olhos fechados sussurrou:

- Selena... - ele abriu um sorriso largo. - Me leve até lá...

- Tudo bem. Mas preciso que se levante. - dito isso, ele, cambaleando um pouco, se levantou quase que em câmera lenta, apoiando seu braço em volta do meu pescoço. A sala de estar não ficava longe do quarto de Justin. Muito pelo contrário, era do lado. O apartamento era bem pequeno e os cômodos ficavam uns ao lado do outro.

Chegamos ao quarto de Justin. O cômodo era um pouco maior que o quarto onde eu dormia. Tinha móveis e mais objetos. Coloquei Justin sobre a cama que ficava ao centro do quarto. Ele parecia estar meio dormindo e meio acordado. Justin se aconchegou na cama sem abrir os olhos, colocou sua cabeça sobre dois travesseiros e suspirou pesadamente.

Eu fiquei ali por mais alguns segundos para me certificar de que ele não precisaria mais da minha ajuda, até que

- Selena - ouvi Justin murmurar meu nome mais uma vez, me fazendo virar para olha-lo. Ele ainda estava de olhos fechados. - Fique. - arqueei uma de minhas sobrancelhas, não entendendo o quê ele queria dizer com aquilo. - Fique aqui. - pediu mais uma vez, batendo de leve, sua mão esquerda do outro lado do colchão. Pisquei forte e pensei se deveria ou não atender seu pedido. Dei alguns passos até a cama. Passos bem lentos. Subi na cama e me sentei do outro lado, com a coluna apoiada em dois travesseiros, me dando a visão perfeita do corpo de Justin repousando ao meu lado. Ele queria que eu ficasse ali? O vendo dormir? Tudo bem. Acho que posso fazer isso.

Me mexi um pouco, relaxando meu corpo sobre a ama. Posicionei minhas mãos em minha barriga, brincando com meus polegares. Olhei para Justin, ele sorriu, ainda sem me ver, permanecia com os olhos fechados. Seu sorriso fora meigo, encantador. Um sorriso sincero. Seu sorriso era lindo. Era o sorriso mais apaixonante que eu já vi.

Ele desfez aos poucos o sorriso, e pareceu se render ao sono, pois logo o som de sua respiração pesada e seu abdômen subindo e descendo ficaram em evidência.

Me deitei de lado, e encolhi meu corpo, abraçando meus joelhos. Fechei meus olhos, mesmo não estando com sono.

 

[...]

Acordei e senti minhas pálpebras dilatarem por causa da luz forte que as invadia. Pisquei diversas vezes, tentando me acostumar com a claridade. Olhei á minha volta, Justin não estava mais ao meu lado. Passei as mãos em meus cabelos e me levantei. Percorri meus olhos pelo quarto, reparando em cada detalhe. Vi que havia uma sacada. Como eu não havia percebido aquilo antes? Fui até lá e abri as portas da janela, me dando a vista de boa parte da cidade. Percorri meus olhos pela extensão daquilo, vendo Bakersfield de cima pela primeira vez. Dei dois passos, chegando a parede que barrava a sacada. Era pequena, como todo o apartamento. O sol estava se pondo, me proporcionando uma bela vista. O vento estava calmo, mesmo assim o sentia presente quando os fios castanhos do meu cabelo flutuavam. Eu me senti bem ali.

Havia uma poltrona de um material que eu não reconheci. Parecia ser a mesma poltrona que eu vi dentro do quarto de Justin outro dia. Ele havia a trazido para cá. Me sentei nela, cruzando minhas pernas uma na outra. Encostei minhas costas no encosto confortável da poltrona marrom, e observei o por do sol.

Fiquei ali por mais alguns minutos, até sentir a presença de alguém.

Era ele.

Seu perfume inconfundível o denunciava. O olhei de canto. Ele estava parado na entrada da sacada, com os olhos fixados na mesma direção em que eu estava á segundos atrás.

Justin tirou um maço de cigarros do bolso e logo um já estava em sua boca. Senti o cheiro da fumaça adentrar sem permissão em minhas narinas.

- Você quer? - ele perguntou. Eu o olhei, peguei o cigarro de sua mão e o traguei, sem delongas. Fechei os olhos ao sentir a fumaça sair da minha boca. Aquilo sempre me acalmava. 
Justin tirou mais um cigarro do maço, me deixando ficar com o outro.

- Você gostou do Ryan? - me perguntou, sem por olhos em mim. Resolvi concentrar meu olhar na mesma direção que ele encarava.

- Ele é bem legal. - respondi, soltando em seguida, mais fumaça.

- Ele é a pessoa mais confiável que eu conheço.

- Ele disse exatamente o mesmo sobre você. - Justin riu, e novamente, tragou seu cigarro. O olhei disfarçadamente, e, que droga! Encontrei mais um ponto nele que me atraía. Ele ficava extremamente sexy fumando. - Onde ele mora? - perguntei, me referindo a Ryan. Na verdade, eu não estava curiosa em saber aonde Ryan mora. Só queria puxar algum assunto com Justin. E esse foi o único que eu consegui encontrar.

- Ryan mora no mundo. - disse com certa firmeza nas palavras. - Ele não tem endereço fixo.

- Mas onde ele está agora? - continuava o olhando.

- Acho que ele está em São Francisco. A família dele mora lá. - deu de ombros. - A mãe dele está doente. 

- É algo grave?

- Ela está morrendo. - houve humor em sua fala, não entendi isso. Era a mãe do melhor amigo dele. Ele não sentia, sei lá... remorso ou algum tipo de preocupação? - Acho que isso é grave. - completou. Ele jogou o seu cigarro sacada á baixo em um movimento simples e único.

Justin se agachou e se sentou no chão da sacada, apoiando suas costas na lateral que dava acesso a mesma. 

- Acho que você não se lembra, mas... - começou - nós já nos vimos antes. Quer dizer, nos vimos á alguns anos atrás. - o olhei curiosa, esperando que ele dissesse mais sobre isso. Justin não me olhava. Ainda olhava para o céu, que já estava começando á escurecer. - Você tinha doze anos, e eu treze. - ele abaixou um pouco o olhar. - Era um domingo quando nos vimos pela primeira vez. Eu e minha família fomos almoçar na sua casa. Nossos pais eram amigos naquela época. - me contou. Eu realmente estava interessada naquilo. O ouvia atentamente, quase me perdendo na melodia de sua voz rouca, com qual eu ainda não tinha me acostumado. Cada detalhe nele era como uma descoberta para mim. - Lembro que você usava um vestido roxo. - pausou. Eu me surpreendi por ele lembrar a cor do vestido que eu usava em um almoço de domingo, á sete anos atrás. - Você estava linda. - pude vê-lo sorrir. - Depois do almoço, você me chamou para ir ver o jardim, enquanto nossos pais conversavam na sala. - recordou. Eu não desgrudava meus olhos dele por um só segundo. - Você me disse que estava triste porquê seu pai tinha esquecido seu aniversário, que tinha sido no dia anterior. - Ele estava certo. Meu pai esqueceu meu aniversário de doze anos. Eu nunca me esqueci isso. Me recusava á esquecer. Enquanto ouvia atentamente as palavras de Justin, memórias deste dia que ele se referia começaram á vir á tona. Eu não podia acreditar que só fui me lembrar disso agora.

- E você tirou uma rosa amarela do jardim e me deu. - completei, e  vi abrir o tão bonito sorriso que me deixava hipnotizada. 

As palavras, automaticamente ficavam belas quando ele as pronunciava. Era incrível o modo como um simples gesto, um simples movimento, uma simples frase vindas dele, ficavam encantadoras.

Eu percebi, naquele momento, que eu estava ficando louca.

Talvez esse fosse o efeito colateral do beijo de Justin.

 

 

 

 

 

 

 

"Não tenho muita certeza de como me sentir quanto a isso
Algo no seu jeito de se mexer...
Isso me leva do começo ao fim
Quero que você fique"

 


Notas Finais


ELES SE PEGAAAAAAAAAAARAMMMMMM, FINALMENTE lol
Foi apenas um beijo, mas já é um começo, certo?
Então, na verdade, eu tinha feito esse capitulo divido em dois, mas aí juntei os dois porquê achei que preciso fazer capítulos maiores e com mais conteúdo, então, ficou assim.
Gente, eu já fui leitora silenciosa, e as que estão acompanhando a fic e são assim, POR FAVOR, abandonem essa vida. Sabe, é muito bom ler os comentários, saber que existem pessoas que leem o quê você escreve e gosta do quê você escreve. Então, se você gosta de Moonshine, acompanha, mas nunca comentou pq tem preguiça, ou sei lá, por favor, comente :( É um incentivo muito grande e é bastante importante.
Ah, vocês ouviram Stay enquanto liam? Não? Então ouça agora, please bitches. Uma leitora me deu essa ideia, fora que o capitulo está a cara dessa música, até coloquei a tipica frase do final com um trecho dela.
https://www.youtube.com/watch?v=JF8BRvqGCNs

bom, é isso, tchauzinhoney <3


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