— Estou tão feliz por hoje ser sexta-feira, tenho apenas dezenove anos, mas me sinto tão cansado, que nem tenho vontade de ir no karaokê que os meus amigos me chamaram hoje… — Park Jimin murmurou enquanto arrastava a sua mochila, que mais parecia um paraquedas de tão grande e lotado de coisas.
— Menino do céu, o que você traz nessa mochila? — Sun-Hee inquiriu, dando tapinhas no objeto preto nas costas do nosso amigo.
— O meu notebook gamer é muito pesado, meninas, foi uma péssima escolha ter comprado-o tão grande. — ele deu de ombros e se jogou na cadeira assim que a puxou.
Nós estávamos no refeitório, já tinha passado de meio dia, por isso estávamos famintos e cansados. A semana tinha sido bem corrida. Deixei a minha mochila na cadeira já para reservar o meu lugar e fui comprar o almoço. Na noite anterior tive que assistir o filme sozinha, Jungkook realmente não estava nem um pouco animado para vê-lo comigo e acabou dando uma desculpa esfarrapada de que precisava estudar. Cogitei que ele estava com medo das cenas pesadas que o filme tinha, porém não fez sentido, já que ele lia gibis de terror. Não quis insistir para ter sua companhia, pois a mesma estava me deixando um pouco esquisita, algo que eu não conseguia compreender.
— Vocês querem ir ao karaokê com os meus outros amigos? — Jimin questionou enquanto bebericava seu suco de manga.
— Mas não é restrito apenas para a sua turma? — Sun-Hee franziu as sobrancelhas, olhando-o.
Ele sacudiu a cabeça para os lados.
— Dessa vez podemos levar quem quisermos. — respondeu, bagunçando seu cabelo.
Franzi a testa.
— Inclusive fiquei sabendo que alguns veteranos de arquitetura vão… — emendou imediatamente, enquanto me fitava. — O Jungkook confirmou sua presença.
Sorri minimamente ao ouvir seu nome e assim que percebi estar fazendo cara de idiota depois de ouvir o nome do cabeça de algodão-doce, me repreendi e fechei a cara no mesmo segundo.
Por que diabos eu estava sorrindo assim?
Pisquei os olhos fortemente e bebi a minha coca-cola diet.
— Eu não vou poder ir, Jimin! — falou Sun-Hee. — J-Hope me chamou para uma festinha que vai ter no campus dele…
Jimin arregalou os olhos e apoiou o queixo na palma de sua mão.
— Que festa é essa? — e balançou as sobrancelhas, doidinho para ir soltar a franga em mais uma festa universitária.
— Nem me fale em festas, depois daquela porcaria que fomos eu não piso mais em nem uma. — proferi, ainda rancorosa daquela enrascada que por pouco não escapamos ilesos.
— Não vai ser nada demais, pelo que ele me falou. — ela prosseguiu falando, enrolando sua franja no dedo indicador. — Só uma festinha para aproximar algumas pessoas, se é que você me entende. — riu, o olhar sugestivo.
Fiz uma careta.
— Eu quero me aproximar de muita gente da faculdade dele. — gritou animado. — Tenho tantos crush's por lá. — piscou pidão. — Quando vai ser?
— Amanhã à noite, mas você já não tem planos? — relembrou e o mesmo soltou um grunhido.
— Mas você vai hoje?
Suguei mais a coca-cola no canudo enquanto prestava a atenção na conversa deles, que estava bem engraçada.
— Sim, vou pra lá hoje mesmo. — ela falou. — Mas não tem como você ir comigo, já que vai ao karaokê.
— É Jimin, o karaokê… — recordei e o mesmo me olhou assustado.
— O quê? — perguntou indignado. — Você vai?
— Não, só estava te lembrando. — dei de ombros e amassei a latinha.
— Yejin, você não me engana, sua safada, está querendo ir porque o Jungkook vai? — me olhou de maneira suspeita.
— Claro que não, eu quero distância daquela cabeça de algodão-doce. — respondi ligeiramente. — E amanhã é o meu primeiro dia no estágio, preciso estar descansada. — fiz bico.
Sun-Hee e Jimin se fitaram com olhares suspeitos.
— O quê está acontecendo, Yejin? — ela perguntou. — Desembucha, queremos saber! — sacudi a cabeça.
— Não é nada, fiquem tranquilos. — tentei soar convincente e acho que deu certo. — Mas Jimin você disse que estava se sentindo idoso, como assim quer arrumar vários programinhas no fim de semana?
Ele riu e a conversa continuou, mas para minha felicidade ninguém me colocou na rodinha novamente.
[...]
Aproveitei que estava sozinha no apartamento e resolvi tomar um banho bem demorado. Hidratei o cabelo, fiz skin care e usei cremes com cheiros frutais. Resmunguei um palavrão quando constatei ter esquecido o meu pijama e enrolei o meu corpo em uma toalha para poder ir pegá-lo em meu quarto. Abri a porta devagar e suspirei aliviada ao perceber que ainda estava sozinha. Comecei a correr em direção ao meu quarto enquanto gotinhas de água caiam do meu cabelo até o rosto e desciam até o pescoço.
Resgatei o short em cima da minha cama e a blusa que estava em cima da penteadeira, virei para voltar ao banheiro, mas quando dei cinco passos para frente, a porta se abriu, revelando Jungkook com óculos escuros em cima de seu cabelo rosa.
Eu arregalei os olhos e fiquei ali petrificada, enquanto apertava forte a toalha de banho contra meu corpo com medo de que ela caísse. Comecei a praguejar mentalmente o fato de eu ter lembrado dos produtos para passar no corpo e esquecido completamente do pijama, já que isso nunca tinha acontecido. Acredito que também por estar sozinha, algo que raramente ocorria, fiquei mais empolgada e por isso esqueci das coisas mais importantes. A vergonha fazia-se presente em mim que nunca tinha ficado desse jeito na frente de alguém do sexo oposto, por mais que eu estivesse com a toalha cobrindo as partes principais do meu corpo. Maldita hora que inventei esse bendito banho demorado.
Jungkook tinha uma expressão bem séria no rosto, que logo deu lugar a um sorrisinho de canto quando começou a descer o olhar para o meu corpinho enrolado na toalha. Céus, eu só queria correr para dentro do banheiro e me trancar lá, mas não conseguia mover os pés de tanta vergonha acumulada. O cabeça de algodão-doce bem que poderia se virar para trás e fingir não ter visto nada, mas conhecendo-o, sabia que não faria isso.
Ele fechou a porta atrás de si e eu aproveitei para correr até o banheiro, passando ainda mais vergonha. Que ódio, por isso eu preferia estar morando sozinha, maldita proprietária que me obrigou a morar com esse garoto chato e maldito contrato que eu assinei sem ler, a realidade é que a culpa era completamente minha por se empolgar demais com as coisas, da mesma forma que me empolguei com esse banho e paguei esse mico gigantesco. Eu não gostaria nem de imaginar o que Jungkook estava pensando naquele momento. Os meus pés se embolaram de nervoso e eu quase caí ao trancar a porta do banheiro.
— Se você contar para alguém o que acabou de ver eu literalmente te mato! — gritei, ameaçando-o de dentro do banheiro com o peito subindo e descendo pelo meu desespero.
Ouvi apenas um risada e pude adivinhar que ele estaria balançando a cabeça para os lados naquele momento, mas assim que me recostei na porta para retomar a consciência de que pelo menos não estava completamente nua, um pontinho de cor vermelha se mexendo no teto captou a minha curiosidade. Quando me dei conta do que se tratava, congelei imediatamente e aquele inseto nojento da pior espécie começou a voar e se mover em minha direção.
Eu comecei a gritar de pânico e nem me importei de estar apenas usando a toalha. Abri a porta em um solavanco e comecei a correr para longe daquela barata nojenta, enquanto gritava estridente. Jungkook estava sentado no sofá com um livro em mãos, ficou com uma interrogação na cabeça ao me ver voltando ainda com aquela toalha envolta do meu corpo e os meus gritos o assustaram tanto que ele se levantou rápido.
Já não bastava passar toda aquela vergonha uma vez, tive que passar de novo e agora sem poder voltar para o banheiro, onde um inseto maligno voava por lá.
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