História More Than Friends - Dramione - Segundo Capítulo

Segundo Capítulo

​Draco estava parado em frente ao seu espelho avaliando seu reflexo; terno cinza, camisa branca, finalizando com uma gravata azul que realçava seus olhos que estavam mais cinza do que nunca hoje de manhã. Ele lembrou que a gravata tinha sido um presente de Hermione por ele ter fechado um negócio que rendeu muito para a empresa deles, com um herbologista da china. E por último, seu cabelo loiro platinado estava desorganizadamente arrumado. Ele sorriu aprovando o conjunto da obra, ele realmente parecia um homem de negócios. Pelo reflexo ele viu seu kneazle esparramado na sua cama.

​- O que você acha, Loki? – Draco perguntou e a resposta do gato foi simples, ele deu as costas para Draco e desceu da cama andando lentamente para fora do quarto, seu rabo balançando bem alto no ar.

Draco riu sozinho. Ele e seu gato tinham um acordo, ele teria comida e dessa forma não atrapalharia os encontros de Draco. Há um ano atrás esse mesmo gato seguiu ele e Hermione por todo o beco diagonal até a entrada da empresa deles. Sua amiga então sugeriu que ele deveria adotá-lo, porque ele realmente precisava de uma companhia já que ele se recusava a ter um relacionamento que durasse mais de uma noite. Draco aceitou a sugestão - como ele sempre fazia quando se tratava de Hermione - e então o acolheu, jogou fora sua coleira cor-de-rosa e Hermione lhe deu um nome compatível com sua masculinidade. Era um relacionamento, onde os dois só tinham a ganhar. No sábado à noite, por exemplo, Loki não iria ficar se lamuriando nem enchendo o saco de Draco quando ele chegasse em casa tarde. Porque muito provavelmente ele iria entrar cambaleando pela porta, de madrugada, já que ele tinha combinado de sair para beber com Theo. Eles pretendiam ia a um lugar onde tinha uma especialista em drinks que era muito gostosa. Ele não lembrava seu nome, mas lembrava que ela sabia preparar bebidas fantásticas, ou seja, a noite soava promissora.

Draco desceu até a garagem do apartamento e saiu com seu carro pelas ruas de Londres. Normalmente, ele aparataria para seu destino. Porém a reunião que iria acontecer durante o café-da-manhã era em um restaurante trouxa chique no centro de Londres. Durante seu percurso Draco passou por um desses quarteirões perfeitos de Londres - com prédios de tijolos vermelhos e árvores frondosas a cada dez passos. Parecia até o set de filmagem de uma comédia romântica. Hermione sempre falava isso quando passava por ali. Draco chegou ao seu destino e entregou a chave para o manobrista entrando no restaurante em seguida. Ele logo avistou seus pais em uma mesa no canto. Os dois conversavam baixinho sussurrando palavras no ouvido do outro. Apesar de todos os perrengues que eles enfrentaram durante e após a guerra, a família Malfoy se reergueu. Eles eram uma família unida e ele amava seus pais, que por sua vez o amavam. E apesar do que muitos achavam, o casamento dos seus pais não fora um casamento arranjado, todos estavam muito enganados, eles tinham se apaixonado quando estudavam em Hogwarts e continuavam apaixonados desde então. E ele tinha certeza disso, já que tinha escutado muitas vezes eles fazendo “aquilo” quando ele era criança. Eles eram tão empolgados que muitas das vezes se esqueciam do feitiço de silenciamento. Antes de caminhar até a mesa, Draco pegou seu celular e enviou uma mensagem para Hermione pedindo para ela ligar pra ele às oito horas em ponto, sem falta. Ele colocou o celular no bolso novamente, certo de que mesmo sem entender Hermione faria o que ele pediu e então se aproximou dos pais.

- Draco! – Falou sua mãe se levantando para abraça-lo. Lucius levantou e deu dois tapinhas nas costas de Draco.

- Obrigado por vir. – Disse o patriarca dos Malfoy’s. – Você recebeu meu comunicado, não é? – Ele perguntou quando os três se sentaram. Desde a guerra Lucius tinha estado em uma crescente e sua mudança era visível para todo o mundo bruxo. Ele continuava um pouco arrogante, mas sua postura tinha mudado completamente e o fato de Hermione estar presente na vida deles foi um divisor de águas para o comportamento do pai dele. Hermione com seu jeito doce de ser tinha o conquistado e mostrado a ele tudo que anteriormente ele se negava a enxergar. Desde então Lucius passou a tratar os nascidos-trouxas perfeitamente bem, tanto que agora estava disposto a passar uma parte do império dos Malfoy’s para as mãos de um.

- Claro que sim, além do mais, Granger me deu umas dicas ontem. – Ele falou acenando. – Estou convincente como o filho bem sucedido de um puro-sangue? – Draco perguntou passando a mão pela gravata, fazendo seus pais sorrirem para ele e acenarem concordando.

- Você sempre está, filho. – Falou Narcisa.

- Ver você aqui me deixa tão feliz. – Lucius diz. – Escute filho. – Ele diz baixando a voz. – Você sabe que eu não me importo com o que você faz em suas horas de folga. – Ele para, para que Draco entenda e prossegue. – Mas Garret Guillaume, ele prefere uma certa...

- Aparência de perfeita virtude e respeito. – Draco completou abrindo seu melhor sorriso de bom moço e Lucius concordou, feliz que Draco tinha entendido seu pensamento. – Ela virá com a família dele hoje? – Draco perguntou ao pai enquanto olhava o cardápio.

- Hoje somos só nós três e o Sr. Guillaume. – Lucius respondeu fala para o filho. – Ele quer conhecer vocês dois. Só quero que entenda que quanto menos nos lembrarmos dessa sua condição de "famoso playboy do mundo bruxo", mais feliz ele vai ficar. E quanto mais feliz ele ficar, mais feliz eu vou ficar. Você pode fazer isso? – Lucius perguntou sério.

- Não sei, não, papai. – Draco falou soltando um suspiro. – Isso vai limitar seriamente minhas habilidades de comunicação. – Ele fala sério. – Você sabe que eu geralmente só falo de mulheres e de sexo. – Falou o loiro em um tom frustrado antes de começar a sorrir.

- Draco, isso é sério. – Falou Narcisa.

- Acho que vou ter de pôr uma bela mordaça em você. – Lucius falou dando um soco no ombro de Draco.

- Pelo amor de Merlin, não se preocupem. – Ele falou para os pais. – Não vou destruir o seu sonho, eu prometo. – Ele diz segurando a mão da mãe por cima da mesa. – Enquanto durar essa reunião, eu serei um filho perfeitamente obediente e um homem de negócios. – Draco garantiu. Ele poderia agir como um playboy ou um empresário sério. Ele poderia agir como alguém que obteve doze Newts ou como um solteiro que só pensa com a cabeça de baixo. Mas hoje ele iria invocar o acadêmico exemplar que ele sempre foi.

- Obrigado pela colaboração e por entender o meu ponto de vista. – Diz Lucius. – Eu procurei pelo comprador certo nos últimos anos e acho que finalmente encontrei. Faltam apenas alguns detalhes para concretizarmos tudo. Se as coisas correrem bem, serão poucos meses até a assinatura dos papéis. – Falou Lucius.

Depois de muito pensarem, Lucius e Narcisa decidiram passar seus negócios de joias e pedras preciosas. A Narcisa’s era muito famosa e o empreendimento era a definição de classe no ramo de joias. As caixas verde-água da loja se transformaram em um ícone no mundo bruxo. Quem fosse presenteado com a famosa caixinha tinha a certeza de que um lindo presente estava a caminho. Pérolas, diamantes, rubis, prata, ouro e principalmente esmeraldas que era o carro chefe da loja. Batizada em homenagem a mãe de Draco, a Narcisa's era um palácio de sofisticação, e os dois fizeram da loja no Beco Diagonal o ponto de partida de uma rede com unidades em doze cidades espalhadas pelo mundo bruxo. Só que agora Lucius queria se aposentar e viajar pelo mundo com Narcisa. Era o sonho deles, e agora ele finalmente tinha encontrado o comprador certo, alguém com a elegância refinada em que ele investiu e com o perfil financeiro para uma transação de tamanha grandeza.

Deixar o negócio para Draco nunca esteve em seus planos e nem Draco tinha o menor interesse em gerir uma cadeia internacional de joalherias. Ele já fazia o que amava ao lado de Hermione.

- Lucius. – Falou um homem e o mais velho dos Malfoy’s se levantou para cumprimentar Garret Guillaume.

- Garret. Deixa eu te apresentar minha esposa, Narcisa e meu filho, Draco. – Draco também se levantou, assim como sua mãe e os dois cumprimentaram educadamente Garret. Logo Draco se lembrou de quem ele era. Eles já haviam se encontrado em alguns eventos do Ministério e ele sempre tinha sido educado, mas distante. O homem era alto e confiante, com muitos cabelos grisalhos que brilhavam sob as luzes do restaurante e seus olhos verdes e seu baixo tom de voz expressavam cordialidade.

- É um prazer conhecê-los. – Disse Garret e os quatro se sentaram juntos, mas antes que Draco pudesse falar qualquer coisa, seu telefone tocou. Oito horas, ele sabia que Hermione não iria decepcioná-lo.

- Me desculpem. – Draco disse olhando para tela do telefone, esperando parecer envergonhado. – Preciso atender. Peço desculpa. – Ele repetiu.

- Sem problema, Draco. – Respondeu Garret sorrindo. – Preciso de um café. – Ele falou se servindo enquanto Draco atendia.

- Hermione. – Draco murmurou, baixando o tom de voz. Por um instante, ele escutou Hermione falando com o que ela acreditava que era a secretária dela antes de responder.

- Malfoy? – Ela falou aguardando Draco dizer o que precisava.

- Sim. – Draco respondeu rindo, sabendo que isso a confundiria.

- Hum, você me pediu para te ligar, posso saber que merda você está aprontando? – Ela perguntou rindo, ela sabia que era alguma artimanha de Draco, certa vez ele fez ela se passar por sua irmã pra se livrar de uma mulher, e eles nem ao menos se parecem, ridículo. E o pior é que a mulher acreditou.

- Claro que podemos almoçar juntos. Está tudo bem aí? – Ele perguntou e sorriu quando Hermione bufou do outro lado da linha.

- Draco, você está bem? – Ela perguntou confusa com o que essa ligação significava.

- Claro que estou. – Ele disse ainda rindo e não resistiu em estender mais um pouco a ligação e confundir ainda mais a amiga. – Por quê? – Ele perguntou.

- Isso está estranho, até pra você. – Ela falou e ele a imaginou recostada na sua cadeira e tamborilando os dedos na mesa. Ela odiava não saber o que estava acontecendo.

- Pare de se preocupar, amor. – Ele falou baixo sabendo que Garret estava ouvindo.

- Okay. – Ela falou suspirando.

- Se cuide, eu te vejo quando eu voltar. – Draco desligou o telefone ainda sorrindo antes de levantar os olhos para as três pessoas que olhavam para ele com a sobrancelha levantada. – Minha sócia. – Disse Draco se explicando para Garret que lhe deu um olhar de sabedoria. Seus pais continuaram a olhar para ele sem entender, porque assim como Hermione eles sabiam que Draco estava agindo estranhamente.

- Sua sócia não é Hermione Granger? – Perguntou Garret e Draco abriu o maior sorriso que ele poderia, um sorriso de quem se sentia orgulhoso por ser sócio da bruxa mais brilhante da sua idade, ele sabia que Hermione conquistava todos e Garret saber que eles eram próximos só iria beneficiar nas transações. E quando Garret sorriu, Draco sabia que o tinha ganhado. – Me conte sobre você, Draco. – Draco sorriu para o pedido de Garret e olhou para o pai que lhe deu um olhar de aviso.

- Acho que você já sabe muito sobre mim, Sr. Guillaume. Pelo menos já ouviu falar de mim. – Draco falou e Garret assentiu, bebendo seu café.

- Me conte algo que eu não sei então, tipo, o que lhe traz mais satisfação em seu trabalho, Draco? – Ele perguntou.

- Trabalhar com a Granger é ótimo. – Draco falou orgulhoso, porque ele sabia que não havia como cometer erros com essa resposta. – É quase como se nós dois tivéssemos nascido para tocar esse negócio juntos. Nós concordamos em tudo. – Ele falou pensando na sua amizade com Hermione e o quanto eles se davam bem. Um sorriso se desenhou no canto dos lábios de Garret.

- Eu só imagino como deve ser trabalhar com Hermione Granger. – Ele falou se recostando na cadeira depois de fazer o pedido. – Como ela é? – Perguntou Garret curioso. Era assim com todos quando Hermione era mencionada.

- Ela é perfeita. – Draco falou sem pestanejar e Garret riu.

- Imaginei que você fosse falar isso. – Ele falou e gesticulou para que Draco continuasse.

- A maioria dos seus amigos a chamam de Mione, mas eu gosto de usar seu sobrenome. – Draco disse e Garret assentiu. – Todos a amam, funcionários, clientes, parceiros. Ela é daquelas pessoas que fazem cookies para os outros, e todos amam isso. – Ele disse lembrando que Hermione sempre chegava com cookies às segundas-feiras. – Sem falar que ela me mantém na linha, é uma sócia maravilhosa e eu ficaria perdido sem ela. – Disse Draco suspirando.

- Isso é excelente. Desde quando você e ela... – Garret parou de falar quando o garçom trouxe seus ovos benedict, e os outros pedidos, mas Draco conseguiu captar a intenção dele. Pelo visto, ele gostaria de saber a quanto tempo ele e Hermione eram amigos.

- Desde que voltamos para Hogwarts depois da guerra. – Draco respondeu antes de agradecer o garçom que havia servido sua torrada, ovos e bacon.

- Que formidável. – Disse Garret entre as mordidas. – Gostaria de convidá-los para ir a um jantar que minha esposa e eu vamos dar no sábado. Gostaria que vocês a conhecessem e também as outras pessoas. – Ele olhou para os três Malfoy’s. E Draco sabia o que aquilo significava. Aparentemente ele havia passado no teste.

- Eu me sinto muito honrado com o convite, senhor. – Disse Draco, pensando que ele teria que que desmarcar as bebidas com Theo, mas ele sabia que o amigo entenderia. Draco olhou para os pais que pareciam satisfeitos com o andamento da conversa.

- E talvez você possa levar também a sua namorada. – Diz Garret fazendo Draco se engasgar com o suco de laranja que estava tomando. Ele percebeu que seu pai fez menção de corrigir o homem, mas foi impossível porque ele continuou falando. – Minha esposa adoraria conhecer a Srta. Granger, assim como todos os meus filhos. Nós temos uma empresa muito voltada para a família e é de suma importância manter essa imagem durante um evidente período de transição. É ótimo saber que eles verão esse seu lado de homem comprometido! – Ele falou sorrindo para Draco que abriu a boca para acabar com o mal entendido. Para dizer que Hermione era apenas uma amiga e sócia. Mas o sorriso estampado no rosto de Garret Guillaume naquele momento era totalmente expressivo e parecia dizer: "Senhores, negócio fechado! Vamos assinar os papéis.”. Então Draco pensou rapidamente e tomou uma decisão difícil.

Ele quis sim usar a imagem de menina de ouro de Hermione, porque se Hermione era amiga dele, sinal que ele era uma boa pessoa; e era apenas isso que Garret Guillaume precisava ver, mas já que ele acreditava que Hermione era namorada de longa data dele e parecia bastante contente com isso. Draco pensou um pouco mais a frente. E se ela fosse mais do que uma namorada? Era a hora dele deixar a poção fermentar para que ela fizesse efeito.

- Na verdade, Granger e eu somos amigos desde que voltamos a Hogwarts. – Draco falou e fez uma pausa dramática antes de entregar ao homem ainda mais do que ele esperava. – Mas nós começamos a namorar somente um mês atrás e justamente na noite passada demos mais um passo em nosso relacionamento. – Draco disse falando não só com Garret agora, mas também com seus pais. – Eu fico extremamente feliz por poder compartilhar com vocês as boas novas: ela é minha noiva agora! – Draco falou sorrindo e mostrando todos seus trinta e dois dentes perfeitamente brancos e alinhados. Narcisa deixou cair o garfo que segurava, Lucius arregalou os olhos e Garret espelhou o sorriso de Draco. Ele pensava que estivesse lidando com um libertino e em vez disso teve a grata surpresa de constatar que Draco era um homem comprometido e a caminho do altar. – E eu ficarei encantado em levar minha magnífica noiva ao seu jantar. – Acrescentou Draco antes de dar uma mordida na sua torrada.

Narcisa estava olhando fixamente para ele, como se estivesse pronta para iniciar uma inquisição. E Draco não tinha dúvidas que ela faria isso assim que os três ficassem a sós, mas o que preocupava Draco era se seria difícil convencer Hermione de que fingir um noivado também fazia parte do pacto deles.