1. Spirit Fanfics >
  2. Mors Sola >
  3. Missão Happy Monster pt. 2: Roleta Russa

História Mors Sola - Missão Happy Monster pt. 2: Roleta Russa


Escrita por: Mrs_Kookie_Kink

Notas do Autor


Oi... Sei que sumi durante muito tempo, (sinto muito, muito mesmo) mas realmente não pude evitar.

Faculdade e trabalho ocupam 80% do meu tempo. No segundo semestre de 2018 houve um óbito na minha família muito impactante pra mim, o que me fez me afastar de muita coisa também.... Mas sinto muito a ausência.

Gostaria de agradecer imensamente a todos os comentários que recebi, foram tão importantes para mim, vcs não tem ideia. ❤

Haverá um mini glossário no final do capítulo, caso alguém fique confuso com alguma palavra ou outra.

Esse capitulo… Tem algumas informações referente ao V na Dark Web. Por favor considerem as tags e classificações da fic, não pretendo ofender ninguém, então se alguém se sente incomodado com os temas apontados nas classificações, sugiro que não leiam. (O conteúdo não é tão assustador, mas sempre pode haver alguém mais sensível a esse tipo de coisa, portanto é bom avisar…) Ah, e esse capítulo é grande pra caralho.

Obrigada novamente. Boa Leitura peoples.

Capítulo 3 - Missão Happy Monster pt. 2: Roleta Russa


Fanfic / Fanfiction Mors Sola - Missão Happy Monster pt. 2: Roleta Russa

 

 

 

Jungkook, diferente do que a maioria pensava, tinha sim sentimentos dentro de si. Tinha até demais, as vezes. A diferença era que Jungkook sabia como lidar com cada um deles e não se deixava levar por nenhum deles. Havia sido treinado para isso, afinal.   

Por de fato ter sentimentos, Jungkook evitava saber sobre as pessoas que se afeiçoava.

Quanto menos soubesse sobre essas pessoas, menos atingido ele seria em suas mortes e, bem, todo mundo morre. Para ele era mais do que lógico criar uma estratégia para não ser tão afetado por algo que é inevitável.

Quando se sabe coisas sobre alguém, você assimila esses dados com as coisas a sua volta. Se você sabe que alguém gosta muito de uma fruta, por exemplo, aquela fruta sempre o lembrará daquela pessoa.

Nesse quesito Jungkook não queria ter uma boa memória.

Mas sua mente absorvia informações com tanta facilidade, como uma maldição.  E como um disco rígido infinito, sua memória não o permitia perder essas informações.

Sabia, por exemplo, que Jin gostava de frutas cítricas, mesmo quando as mesmas lhe davam azia (Sempre precisava lembrar o mais velho de pegar leve no limão, fruta que usava bastante como tempero). Sabia também que Jin não gostava que tocassem em seu cabelo, mas adorava fazer cafuné nos outros. Sabia que a cor favorita de Jin era rosa e não um rosa qualquer, mas rosa claro, como a cor de seu cabelo que, ao acordar, parecia algodão doce. Sabia do amor insano de Jin pelo personagem de videogame Mario, estava junto a ele quando numa Black Friday ficaram cinco horas na fila para comprar o mais novo jogo da Nintendo. Jungkook não entendia porque Jin gostou tanto de sua companhia no dia, pois quase não falou nada a noite toda, apenas ouviu a tagarelice contente do jovem médico, mas sabia que Jin ficou mais que feliz quando aceitou ir junto.

Sabia que Jin não gostava de namorar, por causa de seu trabalho, mas ele e Namjoon já tiveram um relacionamento amoroso antes, muito recentemente na verdade. Jungkook era o único a quem Jin havia revelado sobre seu relacionamento e a quem confessava suas irritações quando algo não ia bem. Dizia que Jungkook era bom ouvinte.

E com isso, Jungkook sabia que a morte de Namjoon machucaria Jin. Muito. Jin não gostava mais de Namjoon como amante, mas o amava como amigo.

Se não conhecesse Jin como conhecia, talvez fosse mais fácil matar o policial como Taehyung queria. Culpa sempre era um sentimento difícil de lidar.

.

.

.

.

.

.

.

 

Suas testas suadas encostavam uma na outra e suas respirações, quentes e erráticas, se misturavam ao que suas bocas entreabertas cumprimentavam-se de tempos em tempos, em encontros longos e molhados.

O familiar som do impacto de pele contra pele, junto ao rangido leve da cama, eram ouvidos pelo quarto juntamente ao som de suas respirações ofegantes. Os gemidos eram baixos, porém definitivamente genuínos. Jungkook tentava encarar sem vacilar os olhos de Taehyung, agora castanhos ao invés do azul artificial de sempre, e tinha o olhar retribuído pelo mais velho que o assistia com quase doentio fascínio.  

Já havia dois dias desde que Jungkook recebera a missão de matar Namjoon – Até então se recuperava de sua ultima punição, Jin havia batido o pé dizendo que as costelas de Jungkook precisavam de tempo para sararem e Taehyung, a contragosto, cedeu o tempo de descanso ao mais novo.

Ficou decidido então que a missão teria início quando Taehyung fosse viajar para Seul.

Taehyung deu um prazo longo para Jungkook realizar a missão, cerca de três meses. As regras, porém, eram de que Jungkook tinha que matar Namjoon no ultimo dia do prazo e na frente de Taehyung.

- Na sua frente? – Jungkook repetiu ao ser informado, tremulamente em prazer, quase tocando seus joelhos em seu próprio peito para que Taehyung o atingisse mais fundo. Era raro sentir apenas prazer nublando seus sentidos, sem dor acompanhando suas sensações.

- Sim, bem na minha frente – respondeu o mais velho, beijando Jungkook lentamente, deixando sua língua deslizar contra a do outro despreocupadamente, num pequeno ato de entrega e proveito – Quero o sangue dele ainda quente nas veias quando você colocar o corpo dele na minha mesa, Kookie. Quero que ele veja meu rosto quando você atirar nele. Se possível, quero foder você na frente dele.

Conforme Taehyung ia falando, o ritmo de seu quadril aumentava energicamente, fazendo Jungkook envergar suas costas para recepcionar tudo que podia de Taehyung. Jungkook estava tão entretido com o prazer que sentia que quase não ouviu os sussurros de Taehyung em seu ouvido.

- Jungkookie... K-Kookie... meu... Jungkookie...

No momento clímax, Taehyung masturbou Jungkook até que ambos gozassem juntos.

Quando a adrenalina baixou e o sono bateu, Jungkook sentiu-se ser puxado para o peito de Taehyung que o abraçava possessivamente e ressonava de leve, já partindo para o quinto sono.

O garoto, no entanto, ficou parado, exausto, olhando para a parede sem conseguir relaxar e dormir. Estava contente pelo gesto quase afetuoso, apesar de claramente possessivo, do mais velho, porém Taehyung era imprevisível e podia do nada acorda-lo e decidir espanca-lo. Ou mata-lo. Ou mesmo simplesmente ir até Jin e sufoca-lo até a morte. Quem sabe até mesmo decidir se matar.

Eram muitas possibilidades. Fechar os olhos era amedrontador. Não saber o que pode acontecer…  

Sua mente, quando não ocupada com ordens, já divagava para lugares perigosos, deixando Jungkook apreensivo com seu próprio cérebro. Taehyung é racional, não me mandaria fazer algo por capricho, ele não é louco, Taehyung é racional...pensava o garoto enquanto encarava fixamente a parede e aguardava o momento de Taehyung acordar para que pudesse iniciar um novo dia e no final do mesmo, quem sabe, ir dormir em momentânea paz.

 

.

.

.

.

.

.

 

 

Aproveitaria o tempo da missão de Jungkook para ir cuidar de seus negócios.

Ocasionalmente acontecia de Taehyung ir viajar para Seul junto a Hoseok e uma equipe de elite para elaborarem novos “jogos” para o pessoal que os requisitava na Dark Net¹. Na maior parte das vezes Taehyung arrastava Jungkook junto, o garoto era a cobaia perfeita para os jogos arquitetados, porém às vezes, Kim mandava Jungkook ficar para trás para realizar alguma missão ou ajudar Bang PD a cuidar das coisas em Busan.

“Sucesso absoluto não vem de uma única fonte” Kim Lawan, pai de Taehyung disse ao filho uma vez. Em seu tempo, onde a Wide World Web² nem sequer existia, Lawan investia em qualquer tipo de negócio em que sua mente geniosa visse lucro, desde comércio de peixes a exportação de escravos.

Taehyung tinha um olhar empreendedor tão frio e genioso quanto o do pai. Continuou os negócios que o pai tinha quando vivo, junto a orientação brilhante de Bang PD que foi parceiro de Lawan desde sempre, e criou novos negócios no submundo virtual, onde seu rastreamento, graças a Hoseok e cia., era quase impossível.

Taehyung tinha quatro websites, cada um com um ‘negócio’ diferente.

Jungkook era o “menino propaganda” dos websites. Essa propaganda consiste em Vídeos onde Taehyung pratica em Jungkook o tipo de ‘dinâmica’ do jogo, para introduzir o cliente a proposta do site.

A propaganda do site RRW (Red Room white), por exemplo, – cuja URL tinha impressionantes 2.500.000 dígitos – foi feita numa antiga senzala na China, onde uma vez abrigara escravos foragidos da Coreia do Norte. Ali Taehyung revestiu as paredes, chão e teto de veludo cor creme e colocou uma cruz de Borgonha (uma plataforma circular de madeira escura com um X de metal no meio) no centro do casebre de cômodo único. Ali, esticado e preso pelos pulsos e tornozelos, estava Jungkook com sua máscara de coelho, nu dos ombros aos pés. Com uma vara de ratã em uma mão, uma Azorrague em outra e uma máscara lustrosa e preta de raposa, Taehyung anunciou para a câmera: “O desafio é fazer tudo que é branco virar vermelho!”.

O vídeo durou pouco menos de uma hora e cumpriu seu propósito: atraiu clientes de toda parte do mundo, quase doze por mês. As paredes, teto e chão da antiga senzala precisava de um novo revestimento a cada vez que um cliente alugava o local com uma nova vítima (ou vítimas - o que saía mais caro, claro).

A propaganda do site Arkhan – URL atual criptografada em 1.788.002 caracteres – mostrava Taehyung usando suas medicinas não convencionais em Jungkook e os efeitos das mesmas.

A primeira gravação foi feita numa sala branca suja e sem janelas, com uma cadeira no centro onde Jungkook ficava. Nos primeiros segundos exibia Taehyung, com uma máscara venesiana, injetando um líquido vermelho-róseo na garganta do mais novo. “Essa belezinha se chama Hulk Vermelho e deixa qualquer um no ponto para uma boa briga”, Taehyung disse lenta e casualmente, empurrando com tranquilidade o êmbolo da seringa “O nome é tosco, mas faz sentido” V falou com voz de riso, voltando-se para a câmera “Vocês vão ver” anunciou, saindo da sala.

Depois de alguns segundos Jungkook fechou as mãos em punho e ofegou. Gotas de suor brotaram, empapando sua camiseta branca e seus braços e seu comportamento ficou enérgico, a ponto de histeria. Nos segundos seguintes Jungkook socava as paredes sujas com fúria animalesca e rosnava ilogicamente. Os socos se intensificaram, tingindo as paredes de vermelho com a forma das falanges proximais das mãos do menino. Depois de menos de cinco minutos Jungkook caía de joelhos no chão, ofegando ruidosamente com o desgaste, suas mãos em carne viva, seus ossos, expostos em meio a esfolação, visivelmente quebrados.

O vídeo então pularia para uma cena em um quarto simples, de paredes sujas, com uma cama de lençóis azuis onda haviam pelo menos vinte tipos diferentes de adereços sexuais. Sobre a cama Jungkook estava amordaçado por baixo de sua máscara, preso pelos pulsos e calcanhares, totalmente nu exceto pela máscara de coelho em seu rosto. Na parte interior de seu braço Taehyung injetava um líquido translúcido, anunciando alto: “Apresento-lhes o viagra mais foda do mundo!”. A máscara negra do Darth Vader brilhou para a câmera “Eu chamo de V do V“, disse se afastando de leve. Taehyung assistiu então com diversão o membro do garoto na cama enrubescer e enrijecer dolorosamente. Em alguns segundos Jungkook já respirava mais rapidamente, perspiração brotando de seus poros, seu corpo tremendo. Em seguida o garoto soltou um ganido, retorcendo-se na cama, jogando a cabeça para trás. “Ah, a doce agonia de um tesão de verdade... Nosso amigo aqui não vai se sentir aliviado se não tiver a devida estimulação por pelo menos quatro horas...” Taehyung narrava acariciando as coxas grossas de seu pupilo, absorvendo a espetacular imagem de seu garoto, tão forte, tão autossuficiente, se retorcendo em desespero por sexo, grunhindo deliciosamente com todo o poder de sua garganta, num pedido implorante pelo mínimo de estimulo.

E como Taehyung era um homem benevolente resolveu se apiedar do garoto e lambuzou superficialmente um vibrador de grossura e comprimento exagerado, enterrando o objeto no mais novo em uma única estocada, lenta e ininterrupta, ligando o objeto na máxima intensidade, fazendo Jungkook se debater inutilmente e berrar em plenos pulmões com a superestimulação recebida. Mesmo após gozar copiosamente duas vezes sob o estímulo do vibrador, a ereção de Jungkook permanecia rígida e em haste. Taehyung utilizou cada um dos adereços; o dildo de vidro, os grampos de mamilos, as bolinhas tailandesas, os vibradores de texturas, tamanhos e cores mais extravagantes... O maior desafio foi no final de quatro horas e meia Taehyung precisar selecionar as melhores cenas para inserir no vídeo de divulgação.

E assim Taehyung prosseguiu as filmagens, a cada cena mostrando o efeito de suas drogas em Jungkook: Cocaína (e similares), Cannabis (e derivados), variantes de LSD, Estimulantes, Fortificantes, Degeneradores (Essa ele não usou em Jungkook, pois, qual é, Taehyung não era doido de usar uma droga degenerativa em seu menino) e afins, cada substância com o nome mais idiota que a outra.

O vídeo teve duração final de 1h:45min, uma produção que durou 30 dias, mas rendeu a taehyung sua mina de ouro. Era o site mais rentável de V, quase 8 mil clientes por dia. (Drogas ilícitas sempre foi a maior renda dos Kim)  

Também havia o terceiro site de V, Bang heads up, – URL atual criptografada em 1.365.222 caracteres – um site de contratação de assassinato profissional. A propaganda era simples, uma filmagem de Jungkook no topo de uma montanha, matando um famoso General Norte Coreano a 2,5Km de distância, explodindo certeiramente a cabeça do homem com sua M-21. A notícia saiu em todos os jornais renomados do mundo, o que deixou V mais famoso ainda por ter sido capaz de matar alguém de tão alta patente dentro de um país como Coreia do Norte apenas para fazer a propaganda de seu site.

E por fim V tinha o site Free Game, onde Taehyung, uma equipe especializada e Hoseok arquitetavam jogos de acordo com as solicitações de seus clientes.

A clientela era criativa e exigente, um luxo garantido por muitos bitcoins³, a moeda virtual que praticamente sustentava o império de V. Como não era possível rastrear o cliente, o mesmo podia ser bem ousado em suas exigências.

Se alguém solicitava assistir um ringue onde de um lado haviam pessoas de mãos nuas  e do outro os famosos animais mecânicos de Hoseok numa luta mortal até sobrar apenas um dos lados, então Taehyung daria ao cliente o que ele queria. Se solicitassem assistir dez homens sob os efeitos das drogas alucinógenas de V caçarem e deflorarem pessoas de aparência e roupas específicas, numa mata fechada, Taehyung faria acontecer.  

Taehyung no entanto não fazia jogos envolvendo menores de idade parecidos com Jungkook, grávidas de cabelos ruivos e elementos que ele decidisse que não seriam usados. Por questões morais? Não exatamente. Isso era apenas mais uma prova de seu poder. Regrar um mundo sem regras. Submeter até o mais rico cliente anônimo a seus caprichos.

Neste mês tinha pelo menos seis jogos para preparar. No momento precisava finalizar um jogo para um cliente muito especial: um anônimo podre de rico que andava muito entediado e queria se distrair com algumas virgens numa masmorra abastecida de álcool, cortantes, maçaricos-lança-chamas, luz vermelha, ceras coloridas, capuzes de couro, cocaína, gasolina, cordas, mesas de ferro e Viagra.

Colocar luz vermelha em uma masmorra natural é que deu um pouco de trabalho, mas como sempre, Taehyung cumpriu seu trabalho.

- As meninas foram colocadas no subsolo do casebre lá em Hallasan(4), vão ficar lá até nosso cliente chegar amanhã de noite.

Hoseok leu alto a mensagem que recebeu de um dos subordinados de Taehyung via chat (o qual ele mesmo criptografou). Kim estava de frente para Hoseok, comendo um coquetel de camarão com uma expressão de puro e absoluto tédio.

- Pergunta pra esses idiotas se amarraram bem as meninas. Da ultima vez tive que arranjar uma pessoa de ultima hora porque algum cretino matou alguém que tinha se soltado e tentou fugir.

Com uma expressão divertida Hoseok digitou conforme mandado. Assim que os capangas confirmaram, Hoseok se recostou na poltrona do jato em que estavam e olhou longamente para o chefe.

Taehyung sentava-se de modo desleixado, comendo fazendo barulhos exagerados, forçando um olhar de tédio para a janela; a perfeita imagem de uma criança podre de tão mimada. Não gostava de Taehyung quando estava longe de Jungkook. O chefe era um pé no saco sem o garoto, pois agia como um chefão do crime babaca, sempre com a cara fechada, sem fazer brincadeiras ou rir de qualquer piada.

Gostava do homem insano que era doente por um garoto apático que tinha um QI monstruoso e olhos enormes. Gostava do homem que, na companhia de seu pet mascarado de coelho, tinha os sorrisos mais espontâneos e assustadores do mundo.

Essa viagem estava se tornando um porre, Hoseok pensava.  Às vezes um kimchi precisava de uma pimenta.

- Ô chefe. Jungkook é sexualmente ativo... Acha que ele é capaz de se apaixonar?

A pergunta saiu com tom despretensioso, porém nunca na história houve pergunta com tanta pretensão. Hoseok não era discreto, sorria de lado descaradamente.

- Jungkook-ah não tem interesse nisso, Jung.

Taehyung respondeu friamente, semicerrando os olhos. Hoseok sorriu largo. O chefe era tão fácil.

- Mas essas coisas acontecem, certo? Um estudo mostra que qualquer pessoa com capacidade de insistência superior à média, como a do policial lá, o tal de Namjoon, ele é bem insistente, né? Esse tipo de pessoa consegue conquistar, intencionalmente ou não, pessoas com 70 vezes mais facilidade após um contato prolongado, tipo... dois meses de contato direto, do que uma pessoa comum, ainda mais uma criança carente feito Jungk—

Hoseok teve apenas um segundo para erguer a cabeça o suficiente para o canivete de prata de Taehyung não lhe cortar alguma artéria ao que Kim avançou contra ele sobre a mesa de madeira clara e o pressionou em sua poltrona. Sua expressão era a mesma de tédio de antes, porém seus olhos tinham aquele brilho insano que Hoseok adorava.

- Jungkookie é inteligente demais para se apaixonar por um cadáver.

Hoseok permitiu-se rir de leve, sentindo a lamina do canivete raspar em sua pele.

- Teremos (ou não) um cadáver só daqui a três meses, não?

Taehyung curvou os lábios em desgosto e voltou a sua poltrona, com a mesma cara de estorvo de anteriormente.

- Sei o que está tentando fazer, Jung. Não vai funcionar. Jungkook não é e nunca será meu ponto fraco. Criei ele para ser do jeitinho que ele é; devoto. Leal. Qualquer um que pensar em usar ele pra me ferir pode ser considerado um cadáver ambulante. Eu não preciso mandar ele matar quem se opõem a mim. – Taehyung então sorriu com superioridade e malicia – Jungkook-ah por si só matará o infeliz.

Hoseok sentiu-se duro de repente. Aquele brilho febril, a fascinação nos artificiais olhos azuis. Esse sim é um Taehyung divertido.

.

.

.

.

.

.

.

- Meu querido, ou você descreve melhor esse diabo desse menino, ou arranja uma galinha uma adivinha pra decifrar como essa praga desse moleque era. Porque essa já é a sexta descrição e toda vez você diz que tá diferente. Assim não dá.

Lee Chae-rin não era uma mulher lá muito paciente, Namjoon sabia disso. Mas a tatuadora era a melhor desenhista que conhecia e, porra, precisava daquele retrato descrito.

- CL, por favor, eu… eu estou tentando, mas só vi o rosto do menino uma única vez e, e eu só lembro que ele tinha esse cabelo castanho, uma franja meio... fofa, dividida no meio - isso, assim. Mais ou menos, era meio curta - isso - e tinha olhos grandes. Mais redondos. Nem tanto. E um nariz pequeno, meio fofinho. Mais ou menos. E, tipo, boca fina. Não, o lábio debaixo era mais cheio. E dente de coelho. Não, mulher, eu disse fofin-

- Namjoon cê tá descrevendo um suspeito ou a merda de um crush seu? Fofinho não é descrição!

- O quê, mas eu não disse isso!

- Já chega, uma pausa. Não to ganhando pra isso. Literalmente!

Disse a tatuadora se levantando e saindo da sala de paredes grafitadas onde estavam. Namjoon bufou alto e passou a mão em seu cabelo loiro, bagunçando-os. Se lembrava bem do garoto, não entendia como CL não estava conseguindo fazer o rosto dele. Caramba, era só um rosto!

Respirou fundo e segurou a ponte de seu nariz com os dedos. Estava frustrado e isso afetava horrores o seu humor.  O banco de dados não tinha nenhum registro do DNA do garoto, sua máscara era a primeira evidência que tinham dele desde sempre.

Pegou um dos desenhos da CL do chão e comparou ao garoto de sua mente.

Os lábios estão muito diferentes, ele tinha o lábio inferior cheio e com marcas de mordidas, como se ele vivesse mordendo ali, num hábito nervoso, mas no desenho os traços não pareciam tão… delicados quanto a realidade. Os olhos não estão parecidos também, ele tinha olhos grandes, como um desenho animado e combinavam bem com o rosto em si, dava-o a impressão de inocência. O nariz não era tão pequeno, era maior e tinha uma curvatura na ponta, para baixo, dando simetria ao rosto em um todo. O contorno do maxilar era mais firme, por mais que ele tivesse faces de aparência macia, quase infantil, dando a ele um ar mais másculo. Imaginou o garoto mastigando algo e o movimento que o maxilar dele faria, o que ele precisava admitir, era uma imagem bem interessante.

Namjoon então estapeou-se mentalmente, notando como descrevia o garoto e para onde seus pensamentos estavam indo. O menino era um suspeito e ele estava descrevendo-o como alguém interessante que viu num bar, analisando suas aspectos físicos em atração ao invés de técnica. Por Deus, que merda ele estava fazendo.

- Você ta olhando meu desenho como se fosse dar um tiro nele a qualquer segundo.

A voz entediada de CL despertou Namjoon do que seria um épico encarar até a morte que ele realizava com o papel em sua mão.

- N-não tenho culpa que não se parece nada com o que eu descrevi.

Se defendeu, encabulado, amassando a folha e jogando-a no lixo. CL revirou os olhos e sentou-se novamente em sua cadeira giratória. Olhou para Namjoon e analisou-o por um momento.

Eles eram amigos desde infância praticamente, quando adolescentes Namjoon e ela cantavam hip-hop nos subúrbios onde tiravam uma grana meramente decente para levarem para casa. Namjoon sempre foi um cara correto, foi educado pela mãe, que o criou sozinha. Senhora Kim era um anjo, ajudou CL quando mais precisava, além de várias outras crianças da garotada do bairro. Não foi surpresa para ninguém quando Namjoon se tornou um policial que lutava para o bem da comunidade.

Mas era preocupante. Namjoon estava lidando com algo bem maior do que ele imaginava. V não é apenas um criminoso, V é o rei da Bangtan K, a gangue mais conhecida da Ásia, o império criminoso que não tinha escrúpulos para matar qualquer coisa que viesse em seu caminho. Sinceramente não entendia como o amigo ainda estava vivo, mesmo sabendo do quão bom policial ele era.

Deve ter alguém interno, pensava a loira. Ou tem um anjo da guarda foda pra caralho.

- Namjoon, o que vai fazer com a caricatura desse garoto? Sabe que ninguém daquele ninho de cobras vai te ajudar a capturar o cara.

- Yoongi vai me ajudar, ele é meu parceiro e com certeza vai gostar de receber créditos por pegar o bandidinho mais procurado de Busan.

CL riu.

- Você é um idiota, Joon. Yoongi faz parte da milícia, ele vai acabar dando um tiro nas suas costas, isso sim!

Namjoon encarou a amiga de longa data com seriedade.

- Yoongi já provou a lealdade dele mais vezes que posso contar. Sei que ele tem seus trâmites e tudo mais, mas ele não me abandonaria sozinho.

- Onde ele estava quando você encarou O Menino Coelho?

CL retrucou. Namjoon se calou, momentaneamente sem palavras. Pigarreou e se aprumou em seguida.

- Ele me avisou para não ir até lá aquele dia.

- Mas qualquer um saberia que você iria mesmo assim (porque você é um idiota) e ele não foi atrás de você, como qualquer amigo faria.

Disse a tatuadora, agora de pé com os olhos semicerrados e os braços cruzados. Namjoon nada respondeu.

- Senta aí. Vamos tentar essa porcaria de retrato de novo.

CL disse depois de um suspiro, voltando-se a se sentar e sendo acompanhada por Namjoon.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

Já faziam dois dias desde que Taehyung havia viajado para Seul e Jungkook se preparava mentalmente para ir até Namjoon e, bem, destruí-lo.

Jungkook sabia que Taehyung não queria apenas matar Namjoon, se fosse isso teria dado-o uma missão de algumas horas para matá-lo e não uma de três meses. Não. Algo que o fazia tão querido por Taehyung era que o entendia sem precisar de explicações explícitas. Entendia como a mente de taehyung funcionava na maior parte do tempo e desta vez não era diferente. Taehyung queria acabar com Namjoon e, alguém tão altruísta como o policial, tinha sua fraqueza exatamente onde sua moral se fundava: confiança e lealdade. Se havia algo que certamente atingiria Namjoon seria traição ou algo tão poderoso quanto. Então era só se tornar importante para o jovem detetive e traí-lo depois. Simples, né?

Isso nunca aconteceu antes. Normalmente Taehyung não queria Jungkook em contato direto com ninguém, nem mesmo dentro da própria Bangtan K, odiava até mesmo a aproximação que tinha com Jin.

Só havia uma explicação para Taehyung fazer isso e o pensamento causava uma pressão insuportável no peito do garoto: Taehyung estava punindo-o também, fazendo-o se aproximar de alguém e criar uma ligação profunda para depois romper a mesma da pior forma possível.

Devia ter mesmo matado Namjoon desde o início, teria sido rápido e indolor. Foi crueldade deixá-lo vivo, pensava agora com culpa.

Mas era tarde para se lamentar. Precisava cumprir sua missão, se falhasse mostraria apenas que não tinha utilidade e era um desperdício de vida.

Com isso em mente só havia uma coisa que Jungkook precisava fazer nesses próximos três meses: Se aproximar de Kim Namjoon, se tornar uma pessoa importante para ele e matá-lo.

.

.

.

.

.

.

.

.

- Princesa?

Namjoon chamou ao smartphone em sua mão.

- Já falei pra parar de me chamar disso, homem.

Retrucou o outro lado da linha, porém Namjoon pôde ouvir o sorriso na voz do outro e sorriu também.

- Tudo bem com você, Jin? Já faz um tempo.

Jin sorriu mais ao ouvir a voz suave do outro, uma alegria singela lhe aqueceu somente por ouvir a voz dele. Somente Jungkook e Namjoon tinham esse efeito no jovem médico.

- Sim, faz mesmo. Estive desocupado essa semana, meu… “chefe” foi viajar, então estou sem muita coisa pra fazer.

- Hm, o gato sai da casa e os ratos fazem a festa, é?

- Nossa, suas piadas de tio são horríveis.

Ambos riram com ternura pela familiaridade.

- O que está fazendo? Quebrando alguma coisa?

- Au, essa doeu. Mas, bem. O mesmo, você sabe. Trabalhando.

Namjoon respondeu, pigarreando. O trabalho foi a razão para o término do namoro entre os dois e sempre era um assunto delicado, pois Namjoon sabia o quanto Jin odiava seu departamento policial, mas ainda assim Namjoon sempre colocava o trabalho como prioridade.

- Que novidade. —Namjoon quase podia ouvir os olhos de Jin rodarem e corou um pouco— Bem, BamBam e o Mark estavam querendo sair e eu estava querendo levar JK para passear um pouco, já que ele nunca tem folga, mas essa semana está por aqui. Só que enfurnado em casa (acabando com a minha comida por sinal).

- JK… Ah, o garoto que mora com seu chefe, né? Acho que nunca o vi na vida.

- Claro que não, se não é ele trabalhando, é você.

Jin disse sem maldade, mas ainda assim deixando Namjoon sem jeito novamente. Não querendo causar clima, voltou logo para o assunto principal.

- Enfim, hoje é sexta, poderíamos ir jantar naquele restaurante Tailandês que o Jackson levou todo mundo na última vez, tem um bar maravilhoso lá dentro. Seria de noite, daria pra você terminar seu expediente, ir pra casa, tomar banho…

Jin se calou, deixando a proposta no ar para Namjoon decidir se ia ou não. O policial sentia falta dos garotos e hoje não teve qualquer avanço nos casos em aberto em sua mesa, então seria bom espairecer um pouco. Além de tudo queria conhecer o tal de JK, Jin sempre falou muito do garoto, mas nunca pôde conhecê-lo.

- É, eu acho que é um ótima ideia sair hoje. Encontro vocês às nove?

- Pode ser. A primeira rodada de drinques é por sua conta.

- Hm, Quem trabalha mais, paga mais?

- Isso aí, as regras ainda são as mesmas.

Namjoon riu e assentiu, se despedindo em seguida. O loiro começou então a se aprontar para ir embora. Reuniu toda papelada de sua mesa, derrubando metade no chão ao tentar empilhar tudo em uma coluna. Bufou em irritação quando abaixou-se para pegar, batendo a cabeça em sua mesa e derramando café frio em cima de seus papéis. Ninguém podia culpá-lo quando grunhiu e xingou alto.

- Pra alguém tão certinho você fala muito palavrão.

Antes mesmo da frase terminar Namjoon já erguia-se e apontava seu revólver para o dono da voz conhecida. Quando confirmou quem era trincou os dentes e manteve-se imóvel, em total alerta.

- Como conseguiu entrar aqui?

Perguntou com seriedade, sua arma firme em suas mãos, sem tremer apesar da adrenalina que percorria seu corpo.

- Escalando.

O outro respondeu, sorrindo de leve.

- Estamos no vigésimo andar.

- Já fui mais alto que isso. Você sabe.

Namjoon se calou e seu olho esquerdo trepidou em irritação. Moleque insolente.

- Não vai ler meus direitos e me prender, sr. policial?

Namjoon não entendia como o garoto conseguia fazer uma troça e continuar com o rosto sério daquela forma. Na verdade era estranho olhar diretamente para o rosto do menino ao invés da estúpida máscara que sempre usava. Não era possível que ele só tivesse a que Namjoon pegou.

- O que faz aqui?

Jungkook inclinou a cabeça para o lado, pensativo, seu olhar não desviando do policial a sua frente nem por um segundo.

Namjoon, por sua vez, tentava impedir-se de achar os gestos do garoto apático a sua frente adoráveis. Mas era difícil com ele ali, olhando-o com a cabeça inclinada, com aqueles olhos grandes, sentado no parapeito da janela, as mãos comportadas em seu colo e seus pés balançando de leve por não alcançarem o chão. Não parecia o sanguinário menino mascarado do V, parecia só… um garoto.

Mas tinha que lembrar que estava diante de um assassino. O contraste da imagem a sua frente e a realidade era estarrecedor.

- Queria te ver, detetive. Sabia que é o único policial que me enfrentou e não matei até hoje?

- Ah, sim? E por que não matou?

Jungkook levou alguns segundos para responder.

- Você também já teve chance de me matar, detetive. Por que não matou?

Aquela dança não ia levá-los a lugar algum, Namjoon pensou.

- Porque diferente de você não sou um assassino. Se mato alguém, é porque não há outro jeito.

Por um momento as sobrancelhas de Jungkook  franziram.

- Você não me matou. Então você acha que eu tenho jeito?

Namjoon não estava esperando por essa.

- Erm... Sim? É claro que acho.

- Você é idiota?

- O q—?

- Nenhuma condição minha dá qualquer sinal de que eu possa ser convertido a algo aceitável pela sociedade. Pessoas que cometem crimes desde muito cedo, principalmente envolvendo mortes e cenas traumáticas, tem 98% de chances de desenvolverem tendências homicidas, psicopatas, sociopatas e—

- E suicidas.

Completou Namjoon, seu braço relaxando, abaixando a arma que segurava lentamente. Jungkook se calou, encarando-o. Namjoon deu um passo para frente.

- Não existe algo (nem ninguém) que não possa ser consertado, garoto. Já vi acontecer várias vezes. É possí—

- Não quero ser consertado.

Namjoon deu mais um passo largo em direção ao garoto.

- Então o que quer?

Jungkook o encarou calado por um momento.

- Cumprir minha missão. Tenho que matar você, mas não hoje. Daqui há uns dois meses e meio, mais ou menos. Na frente do V.

Namjoon franziu as sobrancelhas e puxou o ar, em surpresa. Não esperava uma confissão tão direta.

- Isso é algum tipo de iniciação doentia, por acaso? Seu chefe te fez vir aqui pra me assustar? V te dá essas missões por diversão, por acaso?

A expressão de Jungkook tornou-se sombria. Namjoon o assemelhou àquelas crianças sinistras de filme de terror.

- V não me dá missões por nada. Toda missão tem um motivo importante. —A expressão séria logo foi substituída de volta pela apatia costumeira.— Você irrita o V.

Findou dando de ombros como se dissesse: ‘é óbvio que ele iria querer te matar’.

- E você não liga de fazer o trabalho sujo dele?

- Não.

- Não liga que ele te use desse jeito?

Jungkook não conseguiu evitar de rodar os olhos.

- Faço isso desde que me lembro, detetive, foi pra isso que fui treinado. Se não fizesse isso, não teria o que fazer. Todo mundo precisa de um propósito, não se deve viver a esmo. As pessoas passam a vida procurando seus objetivos. Eu não preciso disso. Recibo um objetivo novo quase todo dia.

- Suas missões.

Disse Namjoon.

- Minhas missões.

Jungkook assentiu. Namjoon franziu mais as sobrancelhas, pensando em como o garoto a sua frente era confuso e como seu psicológico apresentava um comportamento frio e quase auto-destrutivo, como se não importasse o que acontecesse com ele mesmo contanto que cumprisse suas ‘missões’.

Mas não parecia natural. Parecia que esse tipo de raciocínio foi imposto no menino e que, sem opções, o mesmo agregou como mentalidade própria. Namjoon tentava não pensar que o garoto sofria uma constante lavagem cerebral, pois sabia que não resistiria em tentar ajudá-lo. Mesmo que, aparentemente, ele fosse matá-lo em dois meses. Por Deus, só ele era idiota de ajudar seu próprio futuro assassino.

- Por que veio me avisar? Pressão psicológica?

- Não faria isso. Se você por acaso cedesse à pressão e se matasse eu ia falhar na minha missão. Vim porque achei que você tem direito de descobrir algumas coisas antes de morrer. Coisas que você não descobriria sem ajuda. E você se recusa a pedir ajuda pra pessoas que não são como você.

- Não mesmo. Metade desse departamento não sabe que assinou sua sentença de morte ao recorrer a um de ‘vocês’. Mais que isso, venderam sua moral e caráter também.

- Você também está com a sua sentença de morte bem na sua frente agora, policial Namjoon. E você não veio até mim, eu fui até você e não vou pedir nada em troca, então… aproveite, não vai precisar se sentir culpado quando eu te der o que você quer.

Namjoon trincou os dentes e semicerrou os olhos.

- O que você tem a me oferecer?

Jungkook sorriu.

- Tudo o que há para saber sobre o V.

Tentador, Namjoon pensou.

- E você trairia seu chefe porque…?

- Não vou trair ninguém. Ainda vou ter que te matar. Só estou te oferecendo o que você tanto queria. Estava investigando sobre o V, não estava? Você quer uma informação e eu tenho ela. De graça.

Um presente antes de me matar?

- E você vai me ajudar porque é um bom menino, claro.

Namjoon perguntou com sarcasmo e corou em seguida quando Jungkook sorriu de lado.

- Como assim, detetive? Sou sempre um bom menino.

O mais velho pigarreou alto e Jungkook estranhamente quis rir, mas conteve-se. Respondeu no entanto:

- Você conseguiu ver meu rosto e quase viu V. É um dos únicos homens que já enfrentamos mais de uma vez que continua vivo e, ao invés de fugir, quer confrontar a gente de novo. Acho que tem direito de pelo menos saber a verdade sobre as pessoas que vão te matar.

Namjoon não respondeu nada e Jungkook viu que ele queria recusar (por algum motivo moral idiota, provavelmente). Suspirou contendo sua irritação e desceu da beira da janela, andando até parar de frente ao loiro, vendo-o apertar seu revolver em seu dedos. Sorrindo de leve ergueu as mãos como que em rendição, dando mais um passo pra frente, quase colando-se ao mais velho deliberadamente.

- Tem uma Magnum 44 no cós da minha calça. Pode pegar pra mim?

Jungkook disse em voz baixa, pela proximidade, deliberadamente desviando os olhos para os lábios fartos do mais alto. Namjoon encarou-o nos olhos, tentando não corar com a audácia do mais novo que claramente pretendia desarmá-lo com sua indiscrição e lentamente pegou no revolver prateado na cintura do menino.

- Pode me revistar e ver se tenho mais armas se quiser também, não vou reagir. —Prometeu.

Namjoon o fez, achando um pendrive no bolso traseiro da calça e guardando consigo discretamente. Ao se erguer, encarou os olhos do mais novo com desconfiança.

- Vamos fazer o seguinte. Um jogo. Se você vencer, você vai saber tudo que há para saber sobre V e eu não vou te impedir de maneira alguma de usar essas informações.

O sorriso de Jungkook não alcançava seus olhos. Namjoon via melancolia ali e… algo mais.

- Mas se eu vencer, - continuou Jungkook, que semicerrou os olhos e o encarou por entre os cílios por ser levemente mais baixo - você foge do país, muda de nome e nunca mais se intromete com a Bangtan K e o V de novo.

Namjoon piscou, surpreso.

- Você… Mas - O quê?!

- Você não tem opção. Ou você participa do jogo ou mato todos desse departamento policial.

O garoto falava sério, Namjoon viu. Mas por que ele faria uma proposta ridícula dessas?!, pensou. E o jeito como ele falava… Parecia que ele tinha duas armas na mão ao invés de Namjoon. O policial trincou os dentes. O garoto estava tentando afastá-lo do país? Mas por que, se V queria-o morto? Não fazia sentido o garoto estar tentando protegê-lo.

- Que jogo é?

Perguntou por fim, só então notando que ofegava de leve e começava a suar.

Estranhamente sentiu medo pelo mais novo, pois se Namjoon fugisse do país, qual seria a punição de V sobre o garoto? Por que infernos estava pensando nisso aliás?! Seu nível de estupidez alcançava sua genialidade, talvez.

- O jogo é Roleta russa.

A voz do menino o trouxe de volta ao que acontecia. Os olhos de Namjoon se arregalaram.

- Mas—

- Escolha par ou ímpar.

Jungkook mandou, sorrindo. Namjoon fez uma careta de irritação e hesitou antes de responder.

- Par.

- Fico com ímpar, então. — Com facilidade Jungkook tirou sua Magnum da mão de Namjoon, que o encarou com raiva — Agora vou tirar as balas, exceto uma. Vê? Agora vou girar o tambor da arma. Quem acertar o número do tiro ganha o jogo. —Dizia enquanto retirava as balas, uma a uma e girava o tambor metálico— Mas tem um porém. Meu número é ímpar, certo? Então quando eu atirar na minha vez, vou apontar para aquele armário ali. Você é par. Então quando eu atirar na sua vez… Vou apontar para mim.

O quê?! Nanjoon disse em sua mente, atordoado.

Deu um passo para trás, confuso demais para falar o que queria. Falar que aquilo era loucura. Falar que não participaria das chantagens de um moleque. Falar que ninguém devia brincar com sua própria vida daquele jeito! Qual era a do garoto afinal?!

- Isso… Isso é ridículo! Você simplesmente… vai se matar se cair num número par?

- Assim você vence o jogo. - Jungkook disse com um sorriso doce - Veja, nesse pendrive que você achou no meu bolso, (e logicamente pegou), há tudo que você poderia querer saber sobre V. Eu, estando morto, não teria como te impedir de usar essas informações. E ainda por cima V não me teria mais para ajudá-lo, facilitando seu trabalho de pegá-lo. Você estará no lucro, olha só.

Namjoon ofegou e deu mais um passo para trás. Tudo estava confuso em proporções a nível do ridículo. Do absurdo. Da loucura.

- Não, isso é loucura. Eu não — Eu não vou—

- Já disse, detetive.

Jungkook o interrompeu, andando até ele e invadindo seu espaço pessoal novamente.

- Você não tem escolha. E nem eu.

De repente ouviu-se um clique que fez Namjoon se arrepiar intensamente e arregalar os ollhos.

- Tiro numero um. Sua vez.

Jungkook disse e, desviando a arma de sua própria têmpora, apontou o revolver para o armário na parede da sala, atirando um disparo vazio, sem desviar o olhar de Namjoon.

- Tiro número dois. Empatou. Minha vez.

Apontou para sua própria cabeça novamente e atirou sem hesitar. O clique vazio ecoou junto com o engasgo seco de Namjoon. Jungkook nem ao menos piscou.

- Para com isso—

- Três. Sua vez.

O disparo em direção ao armário também não estava carregado, fazendo Jungkook contar ‘quatro’ e apontar para sua cabeça novamente. Quando atirou dessa vez, porém, o som que reverberou foi estrondoso, de um tiro carregado. Jungkook não percebeu que fechou os olhos até que os abriu, lentamente, sentindo uma mão forte segurar a sua que agora apontava para o teto ao invés de sua cabeça. A outra mão de Namjoon segurava com força sua nuca e tremia ligeiramente. Sentiu o calor do corpo maciço de Namjoon colado a sua fronte e ergueu a cabeça, encolhendo-se imperceptivelmente com o peso do olhar de um ofegante e irado Namjoon.

- Garoto… idiota! Ia mesmo jogar sua vida fora assim?! Como pode?!

A voz grave e potente de Namjoon, mesmo sussurrante como estava, fez Jungkook engolir em seco. Não por medo. Por alguma coisa semelhante a culpa.

- Você ganhou.

Respondeu em voz baixa. Namjoon fechou os olhos e pousou sua testa no ombro do mais novo, respirando fundo, recobrando a calma, afrouxando o aperto na nuca do garoto.

- Você vai acabar é me matando do coração, isso sim. Onde já se viu…

O policial ergueu-se e baixou o olhar para o mais novo.

- Brincar com sua vida desse jeito… Você não tem o mínimo de preservação própria?

Jungkook franziu o cenho

- Você tem mesmo um QI maior que 150?

Jungkook perguntou e Namjoon se questionou como o garoto sabia disso.

- Sim, por que?

- Porque você… foi muito burro. Ninguém ia culpar você se me achassem morto aqui. Podia ter ficado com o pendrive e não teria mais que lidar comigo. Na verdade, ainda pode me matar, eu não impediria você e você sabe disso. Então… por que não faz?

O menor perguntou com a expressão de confusão Namjoon se recusou terminantemente a achar fofa. Mais que tudo Namjoon sentia-se triste. O garoto não tinha qualquer apreço pela própria vida. Mais que isso, parecia disposto a… entregá-la a Namjoon, parecia até mesmo pedir isso. Namjoon sabia reconhecer uma tendência suicida inconsciente quando via.  

O detetive baixou os ombros e bufou alto e Jungkook então notou como o mais velho parecia cansado.

- Empatia não é burrice, garoto. Você devia saber que sua vida vale mais que um pendrive. E outra coisa, você sabe muito bem disso: você poupou minha vida também, toda vez que nos confrontamos. Não faria diferente com você agora.

Jungkook, estranhamente, enrubesceu e desviou o olhar. Namjoon sorriu de lado, finalmente sentindo-se mais velho que o pirralho.

- Tá, agora tenho que tirar você daqui. Com certeza alguém ouviu o tiro e vão vir ver o que aconteceu logo, logo.

Namjoon se afastou, pegou ambas as armas que caíram no chão, recolheu seu terno e pegou o pulso de Jungkook.

- Onde vai me levar?

- Pra minha casa. Você disse que tem informações e agora quero saber, vamos.

- Espera, você não pode ir embora.

Namjoon se deteve, olhando confuso para o mais novo que o olhava com irritação e puxava seu pulso para pará-lo.

- Por que não?

- Você prometeu ao Jin que o veria hoje.

Jungkook disse e cruzou os braços, sua expressão apática disfarçando a irritação que sentia pelo policial ter esquecido do encontro com Jin. Namjoon franziu o rosto.

- Como sabe que vou sair com o Jin?

- É claro que sei que vão sair, eu vou junto.

- O que?! Por que?!

Jungkook piscou.

- Ele não te disse? Eu sou o JK.

Foi a vez de Namjoon piscar.

- Você é o que?!

Jungkook não demonstrou por fora, mas internamente sorriu largo pela expressão boboca do mais velho.

A noite definitivamente ia ser interessante.

.

.

.

.

 


Notas Finais


N/A: Olá, seres leitores

Queria introduzir a vocês mais sobre o mundo do V e aproximar mais os personagens para interagirem, pra fic ter movimento. Ou algo assim.

CL aparecer foi super inesperado para mim, queria que Namjoon tivesse vários contatos com seu lugar de origem e na hora quis uma personagem forte e feminina e CL foi a primeira que me veio a mente.

Esse final, onde Jungkook e Namjoon se encontram, não estava nos planos. Mas amo a química desses dois, então fiquei feliz de ter adiantado a interação deles.

De novo quero agradecer ao incentivo e carinho no cap passado, espero gostem desse cap.
Novamente agradeço a leitura ❤

Glossário:

1 - Deep Web é uma internet não acessível por meios convencionais, como por navegadores Chrome, Firefox e semelhantes. Lá é possível navegar sem rastreamento, permitindo ao usuário liberdade para... bem, para tudo, né. Já a Dark Web é uma camada da Deep Web ainda mais difícil de acessar por conter o que consideraríamos como um conteúdo mais “pesado”, como compra de conteúdo ilegal, operações ilegais eeee etc. Não sei se lá há algo de bom e nem procurei referente a isso, pois não é o foco da fic, ok? Enfim, é necessário alguns softwares específicos para acessar essa parte da internet (além de um antivírus porreta e um firewall foda) e de bons (muito bons) conhecimentos em inglês e programação para não cair em algum site que você não queira (ou ser rastreado por alguém, o que é o maior medo da galera, claro)

2 - World Wide Web é o nosso famoso www, nas URLs dos sites que acessamos. No texto é apenas uma referencia a internet. (URL, apenas em caso de dúvidas, é o endereço de algum site)

3 - Na Deep Web o interesse é não ser rastreado. Então, em transações financeiras, não há Paypal (que exige diversos dados pessoais), mas sim o Bitcoin, uma moeda virtual que hoje em dia tá cara pra cassete (mais de dez mil pila cada). Se é possível usar Paypal na Deep Web, no entanto, eu não sei, mas acredito que sim, pq na deep web os caras conseguem fazer quase tudo, então por que não?

4 – Hallasan, pra vocês verem o quanto eu piro ao fazer uma fanfic, é a montanha mais alta da Coreia do Sul e é um vulcão inativo. Sim. Taehyung tem um casebre (para fins não convencionais) num vulcão inativo. #LikeABossMan


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...