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História Morse Code - ...--


Escrita por: Sabiny

Capítulo 3 - ...--


Fanfic / Fanfiction Morse Code - ...--

Do meio de seu quarto, aonde se encontrava de pé e pensativo, Baekhyun encarava a máquina de código Morse. Seus pais já estavam trabalhando. A casa estava vazia, assim como seu estômago, já que não conseguiu comer nada naquela manhã. 

No entanto, não sentia fome. Seu estômago estava embrulhado, a mesma sensação que tinha quando estava nervoso ou ansioso com alguma coisa. 

E desta vez, ele estava nervoso para falar com Chanyeol. 

Sabia que normalmente naquela hora da manhã eles já estariam conversando. O aparelho fez barulho algumas vezes, indicando que alguém do outro lado o chamava, mas Baekhyun primeiro precisava reunir coragem para falar com ele. 

A verdade é que ele nunca havia tido uma prova tão concreta de que o outro era real, e isso o assustou. O que não fazia sentido, pois ele já tinha tido muitas outras evidências de que de fato conversava com aquela pessoa. 

Baekhyun achou que seu medo era irracional, e respirou fundo antes de enfim se sentar na cadeira e mandar os códigos de sempre.

 

 

Bom dia

 

 

A resposta chegou rápido, algo pelo qual ele já esperava. 

 

 

Bom dia, acordou tarde

 

 

O rapaz não sabia dizer se Chanyeol estava falando aquilo num tom preocupado ou descontraído. Achava conhecer a personalidade do outro o suficiente para saber que ele não estava chateado, mas ficou triste ao perceber que não poderia ouvir sua voz e a maneira com que ele falava para ter certeza. 

 

 

Eu achei uma partitura

 

 

Não esperou Chanyeol responder e continuou, não sabendo exatamente o que dizer. 

 

 

Se chama Para B

 

 

Hesitou um pouco e então transmitiu o resto. 

 

 

 

Foi escrita por você 

 

 

Baekhyun não sabia se aquela última frase devia ser uma afirmação ou uma pergunta, mas agora já a havia mandado e resolveu esperar para ver. 

 

 

Como você encontrou?

 

 

Isso basicamente confirmou que realmente havia sido Chanyeol que a havia escrito, o que estranhamente relaxou Baekhyun.

 

 

Não se pode esconder nada do futuro

 

 

Ele respondeu dramático e riu com a própria resposta. Poderia admitir que achou na internet, mas não queria voltar naquele assunto que já haviam repetido tantas vezes nas últimas semanas. 

 

 

Achei que tinha escondido tão bem

 

 

Baekhyun quase pôde ouvir o tom melancólico do outro com aquelas palavras. Encarou a máquina por alguns segundos, seu semblante se tornando cada vez mais suave conforme o nervosismo ia embora e aquele calor brando aquecendo seu interior retornava. 

 

 

É uma bela música Chanyeol

 

Fico feliz que tenha ouvido

 

 

Ele sorriu, e quando a confusão da noite anterior finalmente saiu de sua mente, foi dado espaço para outra pergunta, que Baekhyun não hesitou em fazer. 

 

 

Quem é B?

 

 

Esperou ansiosamente a resposta, que levou alguns segundos para chegar. 

 

 

Baekhyun

 

 

Ele inclinou levemente a cabeça para o lado, confuso. Baekhyun? A melodia que Chanyeol havia escrito... era para ele?

 

 

Eu?

 

Você

 

 

O rapaz sentia aquele calor brando em seu coração se espalhando pelo corpo inteiro, principalmente para seu rosto. Colocou a mão contra a bochecha, e não precisava de um espelho para saber que estava corando. 

 

 

Obrigado

 

Disponha

 

 

Baekhyun sabia que aquela não era a conversa apropriada para quando se descobre que alguém escreveu uma melodia tão bonita para você, entretanto seu coração acelerado parecia estar o impedindo de pensar em qualquer outra coisa.

E, de alguma forma, ele podia sentir que Chanyeol estava na mesma situação que ele. Nunca poderia confirmar, mas sabia. 

Seu estômago estava num nó; contudo, mais uma vez não era uma sensação ruim. Baekhyun, mesmo nervoso, estava feliz, e um pequeno sorriso enfeitava seu rosto ruborizado.

Chanyeol mudou de assunto e conversaram sobre coisas triviais como o clima ou que cor eram os lençóis de sua cama, mas pelo resto do dia Baekhyun sentiu aquela mesma sensação de quando ouviu a melodia pela primeira vez no piano de cauda da sala de estar. 

Agora, porém, era um pouco diferente. Pois Baekhyun sabia que havia sido escrita para ele, e o mesmo piano em que a ouviu ser tocada, era o que Chanyeol havia usado para a criar. 

 

 

Quero mais músicas 

 

 

Baekhyun brincou no final daquela noite, antes de se despedirem. 

 

 

Que exigente

 

 

O outro o respondeu e ele riu. 

Aquele sorriso não deixou seu rosto nem quando já dormia e sonhava que Chanyeol tocava para ele aquela melodia no piano, enquanto o sol da manhã iluminava seus sorrisos. 

 

 

 

「  . .  」

 

 

 

Conforme mais tempo passava, Baekhyun descobriu que Chanyeol tinha realmente escrito mais canções para si. 

As achou em um dia que acidentalmente tropeçou na caixa que guardava os outros cadernos e partituras, a mesma caixa onde anteriormente estava guardada a máquina de códigos. 

Enquanto guardava de volta as folhas espalhadas, percebeu que haviam mais do que da última vez. E estas que surgiram depois possuíam títulos como "Para B - 2", ou "Para B - 3". 

Ele pedia para que sua mãe as tocasse quando ela estava disponível, e dizia que as havia achado pela internet. Ela não argumentava ou questionava por que aquelas folhas pareciam tão antigas. Ao invés disso, ficava feliz em ter algo novo para tocar. 

O rapaz se sentava ao lado dela e ouvia as melodias secretamente escritas para ele, e seu rosto corava ao imaginar Chanyeol sentado naquele mesmo lugar, pensando em Baekhyun enquanto as criava. 

Percebeu então que Chanyeol era muito criativo com notas e teclas, mas não muito com os nomes para músicas. 

Depois de muito insistir ele até mesmo conseguiu fazer que o outro mostrasse uma das músicas, a primeira que criou, para um grande músico da cidade. Baekhyun sabia o quanto elas eram boas tanto quanto sabia que mereciam reconhecimento. 

Conforme a contagem de partituras chegava a quase quinze, Baekhyun descobriu que o outro o surpreendia cada vez mais. 

Um dia, enquanto andava pela casa em uma das pausas de suas conversas — pois a mão de Baekhyun já estava dolorida — ele passou por uma das partes da casa em que o papel de parede estava desgastado e descolando. 

Por algum motivo seus olhos foram atraídos para aquela parte exposta da parede, e foi assim que ele descobriu que ali estava escrita uma mensagem em uma letra cursiva que conhecia muito bem. 

 

 

Caro B,

Gosto muito de nossas conversas

Espero que sua mão melhore logo

P. C.

 

 

Não sabia desde quando aquilo havia surgido ali, mas ficou muito feliz em achar. 

Sorria galgava os degraus novamente em direção ao seu quarto para voltar a falar com Chanyeol, mesmo que sua mão ainda estivesse um pouco dolorida. 

Não sabia se seu coração estava acelerado pela forma que subiu rapidamente os degraus ou por algum outro motivo, no entanto preferiu não pensar nisso enquanto sentava de volta na cadeira com um sorriso no rosto. 

 

 

 

「  - . .  」

 

 

 

Quanto mais tempo mantinham aquela rotina, mais Baekhyun se sentia ansioso para falar com Chanyeol. Às vezes pulava da cama logo cedo de manhã e chamava o outro, pressionando continuamente a ferramenta, até que Chanyeol o respondesse e ele pudesse o desejar um bom dia. 

Ignorava quando o outro reclamava que havia sido acordado cedo demais, pois a alegria que o invadia só de estar falando com ele já era o suficiente para o levar às nuvens. 

Os recados escondidos atrás dos papéis de parede descascando apenas aumentavam, e Baekhyun achava que em breve não sobraria mais espaço para escrever. Com o tempo ele achou recados escritos no chão de madeira, o que o fez rir ao ver a que ponto haviam chegado, e sua mãe a lhe perguntar o que tanto fazia ajoelhado pelo chão da casa. 

Um dia, quando Baekhyun estava voltando do mercado onde sua mãe havia lhe pedido para comprar alguns condimentos, passou pela árvore que ficava na frente do jardim. 

Era uma árvore grande, e o agente imobiliário havia dito que era extremamente antiga. Baekhyun sempre gostou de a observar de seu quarto e ver o vento balançando suas folhas verdes. 

Hoje, porém, o que lhe chamou atenção de verdade estava no tronco de madeira escura. 

Colocou as pesadas sacolas de compra na soleira da porta principal e voltou à árvore para ver o que estava riscado ali. 

Prendeu a respiração quando reconheceu aquela caligrafia.

 

 

Caro B,

Nos falamos há pouco tempo mas já sinto sua falta

Gostaria de poder lhe abraçar e matar toda a saudade que sinto

P. C. 

 

 

Era isso. Baekhyun já podia sentir sua alma deixando o corpo. 

Ele devia estar achando um absurdo Chanyeol ter maculado uma árvore tão antiga e lendária quanto aquela, mas sua mente não estava sequer conseguindo fazer suas pernas se mexerem. 

A única coisa que se mexia eram seus olhos, que piscavam continuamente ao tentar inconscientemente gravar aquelas palavras na memória. 

Quando finalmente conseguiu voltar para dentro de casa e guardar as compras na dispensa, sua mente pensava em que tipo de abraço Chanyeol se referia. 

Baekhyun, ao mesmo tempo que achava o pensamento bobo, achava uma pergunta muito importante. 

Seria um abraço de amigos? Como as pessoas daquela época consideravam um abraço?

Ele se arrependeu de não ter prestado mais atenção nas aulas de história; talvez tivesse obtido alguma informação útil. 

Enquanto subia para seu quarto, o rapaz se peguntou comicamente se as pessoas do início do século XX não consideravam um abraço como uma declaração de amor, mas o sorriso divertido que iluminava seu rosto com a ideia logo se desfez para dar lugar a um tom rubro que cobriu seu rosto por completo. 

Apressou os passos e chegou rápido em seu quarto. Não pensou duas vezes antes de se enfiar debaixo das cobertas e esconder seu rosto cada vez mais vermelho, enquanto respirava profundamente tentando acalmar o coração ainda acelerado. 

A pior parte era que ele sabia muito bem o que era aquilo que estava sentindo. E sabia ainda mais que era um completo absurdo estar apaixonado por Chanyeol. 

Completamente absurdo. 

E ainda assim ele não conseguia evitar. 



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