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História Mortal Kombat Dark Shadows - Transcedental


Escrita por: bellafsr

Notas do Autor


Depois de meses, mais um capítulo dessa história linda tá saindo! E ainda tem muito mais pela frente, mas devo confessar que fui altamente influenciada por Resident Evil Revelations 2 e as frases de Franz Kafka (resultado do início da preparação para jogar Resident Evil 7 e assistir RE: the Final Chapter), mas é isso aí! Espero que vocês gostem e até o próx capítulo (onde as tretas começam ^^ )!

Capítulo 5 - Transcedental


“Se estou condenado, não estou somente condenado à morte, mas também a defender-me até a morte.”

Franz Kafka

 

Abri meus olhos devagar, já beirava o meio dia e pude enxergar meu pai sentado, recostado em uma cadeira ao lado da porta. Não sabia qual sentimento deveria florescer naquele instante, felicidade e alívio por ter Hanzo do meu lado ou um terror inimaginável por saber que aquela visão... aquele sonho... havia sido real.

- Papai? – Sussurrei bem baixo

Assim que me ouviu chama-lo, tão rápido quanto a luz ele se pôs em pé ao meu lado, pude sentir sua respiração forte e ofegante, sentia também seu medo, apesar de ainda não saber o motivo. Mesmo deitada, conseguia sentir que algo estava errado comigo, mais errado do que o de costume, era como se eu tivesse voltado de uma guerra. Minhas mãos e pernas tremulavam um pouco, eu podia sentir o suor frio escorrendo sobre minha testa, ao mesmo tempo me perguntava o que estava acontecendo, no fundo da minha alma eu esperava que fosse algo não tão grave e que logo eu estaria bem e disposta novamente.

Perguntei a meu pai o que havia acontecido comigo, descrevi os meus sintomas “pseudo pós-guerra”, ele permaneceu em silêncio absoluto por alguns instantes, como se estivesse pensando em um jeito de me contar alguma notícia infeliz, até que ele me contou que segundos após eu ter saído da cama, quando ele achava que eu estava bem e precisava apenas descansar mais um pouco, eu tive uma convulsão forte, ele tentou me descrever a cena, mas ele se conteve e se impediu de entrar em detalhes, tudo o que ele me contou enquanto seus olhos enchiam de água foi que Sub zero o ajudou a me conter e a me por novamente na cama... Enquanto era a minha vez de procurar palavras para me expressar, só conseguia pensar que o meu maior medo estava se tornando realidade... Eu estava me tornando um fardo para todos aqueles que eu amo, ainda não conseguia decifrar se isso era resultado daquela visão maldita, se de fato o destino estava de alguma forma me punindo ou simplesmente me matando aos poucos.

- Seu marido me contou a respeito da sua visão Sarah – Disse meu pai quebrando o silêncio

- É claro que contou... – Resmunguei em um tom irônico

- Eu estou falando sério Sarah, se o que você viu for de fato acontecer, devemos alertar aos outros.

- E apressar a morte deles? Pai, acho que o senhor ainda não entendeu... – Reuni um punhado de forças para me sentar na cama – Se o que eu vi for mesmo verdade, todos nós morremos... Não há como escapar, como impedir ou como simplesmente alterar o curso do destino... – Suspirei – Se for realmente verdade, estamos condenados... E nem todo esse poder que flui dentro de mim e acaba com o resto de humanidade que ainda habita na minha alma é capaz de impedir.

- Então você vai apenas aceitar a sua morte?

- Acho que nós já a adiamos por tempo demais... Está nas mãos do destino agora.

Inconformado com as minhas palavras ele se dirigiu até a porta, podia sentir o medo dentro dele crescendo, medo de me ver morrer talvez, medo de Shinnok destruir seu lar e não poder impedir... Eu também não me conformava em simplesmente aguardar a morte bater à porta, mas aquela idéia milagrosa e que salvaria a todos ainda não havia aparecido... Então não me restava muito a fazer a não ser procurar um meio para adiar esse futuro inevitável.

- Houve um tempo em que você era diferente Sarah, em que você lutaria com a própria morte pela sua vida se fosse necessário, lutaria por mais uma chance do lado daqueles que você ama.

Não havia o que responder nada mais além do básico “Onde você está indo?”, Não é fácil você conviver com dois lados querendo tomar o controle o tempo inteiro, não é fácil você ser espectador do seu próprio fracasso e do sofrimento de todos ao seu redor, me custou a admitir mas eu havia me tornado um fardo, um animal doente que a qualquer hora poderia morrer. Pensava apenas em Kuai, eu o amava mais do que tudo, talvez mais até do que minha própria vida, lutamos tanto para finalmente ficar juntos, e agora eu era a única que realmente sabia a forma trágica que essa história iria acabar, era a única que havia sentido noite após noite a dor de perder um pai, um marido amado, amigos que eram capazes de arriscar a própria vida, mesmo que em vão para proteger o plano terreno... Não existe uma doença pior do que a culpa, e naquele momento eu tomava sem pensar duas vezes incontáveis doses dela.

- Eu vou até Raiden, ele saberá se esse seu pesadelo é realmente uma visão do futuro... Eu estou disposto a lutar Sarah, e lhe imploro que faça o mesmo – Disse meu pai um pouco antes de sair do meu quarto e me deixar sozinha com os meus pensamentos.

E agora? O que eu devia fazer? Reunir o pouco de esperança que eu ainda tinha para morrer lutando? Ou aproveitar cada segundo precioso ao lado daqueles que eu mais amava e aceitar a minha morte sem ao menos pensar em desistir? Estava perdida, condenada... Mesmo com tanto poder correndo nas minhas veias, ainda era atormentada pelos fantasmas do meu passado, e pelo visto as aparições do futuro também resolveram se juntar na luta. Aquilo não era mais uma vida, era uma guerra apenas, eu lutava para manter o amor e a humanidade aquecendo meu coração, lutava contra a culpa de ter deixado meus amigos se tornarem escravos de Quan Chi, lutava contra as minhas visões... As vezes cogitava o fato da morte não ser a minha punição, mas uma chance oferecida pelo destino para que eu finalmente tivesse paz.

         Pude sentir minhas forças finalmente voltando, e em um pulo me libertei da cama, troquei a minha roupa e fui até o pátio do templo Lin Kuei, onde de longe vi Sub zero treinando Frost, recostei na porta que dava acesso ao belo lugar e apenas fiquei a observar, naquele momento eu tive uma revelação e as palavras que meu pai havia dito mais cedo repetiam incessantemente na minha cabeça, eu precisava lutar, não apenas por eles, mas por mim também. Um dia a minha história seria contada, e a quem quer que a fosse ouvir, deveria saber que Sarah Hasashi morreu com honra e fazendo o que era certo, esse seria o meu legado, por que se uma coisa que essa vida condenada me ensinou, é que sempre existe esperança.

Alguns minutos já haviam se passado e Kuai encerrou o treino com Frost, ela partiu por uma passagem lateral no templo que dava acesso a entrada do nosso lar. Sub zero apenas sentou e começou a meditar, como sempre fazia. Eu me levantei e segui em sua direção.

- Espero não estar atrapalhando...

Um sorriso escapou pelo canto de sua boca, não havia palavras para dizer o quanto a presença dele me acalmava.

- Não está... – Disse ele – Na verdade, eu estava me perguntando qual é a mágica que sempre te avisa quando estou meditando.

- Mágica? – Eu ri

- Sempre que eu penso em meditar, você aparece... Como se fosse um anjo respondendo ao meu chamado.

- Engraçadinho... Escuta, ainda está de pé aquela visita do Johnny e da equipe dele mais tarde?

- Está, por que a pergunta?

- Bom... é que eu estive pensando em talvez... quem sabe, visitar a Sonya e ver se ela tem alguma missão em que eu possa participar, sabe eu acho que preciso de um pouco de trabalho em campo.

Era loucura eu sei disso, podia ler a expressão dele, era quase como se ele dissesse “você está louca? Acabou de ter uma convulsão não vai sair assim!” Ele se preocupava muito comigo, amava isso nele, mas eu precisava focar em algo que mandasse os fantasmas embora. Precisava me sentir forte de novo, só assim eu estaria pronta para encontrar o meu fim. 



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