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História Mortal loucura - Confortavelmente entorpecido


Escrita por: Mione16

Notas do Autor


Olá!
Há alguém aí dentro?
Só acene com a cabeça se você consegue me ouvir
Há alguém em casa?
Vamos, vamos, agora
Ouço dizer que você anda deprimido
Posso aliviar sua dor
Pôr você em pé de novo
Relaxe
Precisarei de alguma informação primeiro
Apenas os fatos básicos
Você poderia me mostrar onde dói?

Não há nenhuma dor, você está recuando
Um navio distante soltando fumaça no horizonte
Você só está sendo captado em ondas pelo receptor
Seus lábios se movem mas não consigo ouvir você
Quando era criança, tive uma febre
Minhas mãos me pareciam dois balões

Agora tenho essa sensação mais uma vez
Não consigo explicar, você não entenderia
Não é assim que eu sou
Me tornei confortavelmente entorpecido
Me tornei confortavelmente entorpecido

(Comfortably numb - Pink Floyd)

Capítulo 12 - Confortavelmente entorpecido


Foi como um estalo,como se um temporal imaginário caísse agora sobre a enorme felicidade da festa.Como um véu negro que podia cobrir e matar toda a alegria.Sim,um véu...mais especificamente uma mortalha

Assim que perceberem o que acontecia , imediatamente ,Miguel e Olívia correram até onde estava Tereza.

Chegando lá ,apenas uma palavra foi proferida.Mas foi o necessário para o filho se ajoelhar e partilhar do choro da mãe...

Martim

 

E lá estavam eles,boa parte dos convidados do casamento ,agora no velório, na manhã do dia seguinte.

Normalmente eles se absteriam de ir por causa do Coronel ,mas ele nem se quer apareceu..

A única família realmente presente ali eram Tereza , Miguel e Iolanda.Encarnação tentou ir,porém sua saúde a impediu e pela primeira vez na vida a matriarca dos Saruê não teve resposta a dar... apenas se trancou em seu quarto e ignorou qualquer coisa que não fosse a sua dor de perder o neto.

O filho caçula de Afrânio e Leonor  havia sido encontrado no meio do nada.Não tinha morrido há muito tempo.Ou melhor sido morto..

Ele faleceu com um único tiro no peito,certeiro no coração.Martim teve a morte tão rápida e poeticamente irônica quanto sua própria vida fora.

A irmã não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.Ele era seu menino,seu irmãozinho,seu melhor amigo,que cresceu sob seus cuidados,era a melhor pessoa que já havia conhecido e uma das que mais amava.

Miguel nem se falava,o tio era seu exemplo desde pequeno,seu modelo.Nunca foi parecido com Carlos,nem mesmo a personalidade ou gostos.E sempre deixou claro ser contra tudo o que fazia o avô.

O padre se postou frente ao caixão.O velório estava sendo realizado em área aberta.Tereza nunca deixaria o corpo do caçula ser velado naquela casa ,onde ambos foram prisioneiros.Preferiu que fosse assim,à céu aberto.

-Meus filhos...é com pesar em nossos corações ,que nos reunimos hoje para nos despedirmos dessa alma...dessa pessoa indescritível que tenho certeza de que todos aqui já tiveram o prazer de conhecer..Martim de Sá Ribeiro ,tinha tudo para ser alguém que arruinaria essa cidade.Mas, foi o contrário..Eu poderia vir aqui e dizer pra todos o quanto ele foi uma pessoa maravilhosa e boa até seu último suspiro, o que é verdade ,e acabaríamos aqui.Cada um ia pra sua casa e acabávamos aí..mas eu não vim falar isso.

Não vim falar da morte, vim falar da vida...um grande filósofo,Platão, uma vez disse ,que uma criança pode  muito bem ser perdoada por ter medo da escuridão.Mas nunca um homem por ter medo da luz..a vida é curta,meus filhos e como é !mais rápida que a vida , só a morte.Construimos tudo durante anos,dinheiro,casa, família,sucesso...tudo isso é rapidamente derrubado com apenas um sopro e em um só instante perdemos tudo .Por isso eu lhes​ s digo.Vivam!amem,chorem ,sofram e façam tudo o que puderem durante o tempo que for possível!esse homem a quem vinhemos hoje nos despedir fez isso,por mais que lhe custasse aprovação paterna,por mais que isso tenha lhe causado sofrimento e desgosto.Ele viveu..Martim não tinha medo da luz,não tinha medo das consequências do que sentia..Por isso peço que sejam iguais a ele,não tenham medo da luz da vida,vivam o quanto podem ,para quando o tempo se escoar,saberem que ao menos fizeram tudo o que podiam fazer...

 

No cemitério,Miguel encarava o túmulo do tio,uma grande coroa de flores recentemente colocada sob o mesmo.

Todos os outros já haviam ido embora.Tereza e Iolanda saíram abraçadas e ofereceram para espera -lo.Mas ele preferiu ficar mais um pouco.

-Eita,caba véi..tu nem se despediu de mim.-disse passando a mão por cima do túmulo,ele quase podia ouvir a resposta do tio.

Suspirou ,sentindo mais uma presença ali com ele.Não era a do tio,essa ele já sentia normalmente.Virou-se minimamente e sorriu um pouco.

Lá estava Olívia,vestida num vestido de renda preta,o vento batendo no rosto, os braços cruzados no peito e o olhar triste.Era estranho o quanto apenas saber que ela estava ali ,já o confortava.

-Tu demorou e eu me preocupei.-disse ela.Já havia dado seus pêsames e dizer que sentia muito não ajudaria em nada agora.

-Precisava não.. tá tudo bem.-disse ele.

Ela​ acenou afirmativamente com a cabeça.

-Eu vou lhe dar privacidade,então.-disse ela fazendo menção de sair.Com medo de o estrangeiro incomodando com sua presença.

-Não me deixe sozinho,por favor..-ele disse com a voz embargada.Já de costas,ela sentiu seus próprios olhos se encherem quando ouviu ele repetir o que ela havia antes pedido a ele.

Virou​ de uma só vez e viu seu rosto,ele estava destruído,havia perdido mais que um tio,havia perdido um irmão.

Correu p​ara abraça-lo ,ele logo se acomodou em seus braços,o choro preso saindo de uma só vez..

-Não,eu nunca lhe deixaria sozinho..-disse ela.

A diferença de  altura entre eles era grande,por isso o tanto que ele se curvava,ela se erguia,cada um se esforçando para completar o abraço um do outro.

 

Haviam se passado alguns minutos desde que os dois tinham saído do cemitério .Andavam de volta à fazenda Piatã.Quando para sua infelicidade(ao menos Olívia sabia que para a sua era sim..)Sophie apareceu na frente deles,com cara de chateação.

-Por onde você andou,Miguel?-pergunta ela esbaforida.

-Meu tio morreu,se você não percebeu ,Sophie.-ele fala,sem se preocupar em soar rude.

-Depois que saimos do enterro disse que não demoraria...e o que ela está fazendo com você?-pergunta olhando a outra com nariz empinado.A dos Anjos revira os olhos e suspira.Ô mulher chata! misericórdia,senhor.

Realmente parece que uma surra só foi pouco pra essa vaca..pensa Olívia,sem externar sua vontade.

-Ela está me acompanhando e caso você não tenha notado ainda.Ela é minha família..-ele fala.A olhando com firmeza e fazendo a última palavra soar forte.

 

A francesa tenta abrir a boca para contra-argumentar.

-Nem me peça pra escolher, nem nada dessas suas idiotices,se for assim tu já perdeu.Eu sempre vou preferir ficar com ela ao invés de você.-diz ele pegando na mão da garota e saindo de perto da namorada boquiaberta.Sua voz exala raiva para a outra moça ,que os segue com o olhar, tão ou mais embasbacada do que Olívia.

 

-Nossa..-Olívia fala baixo ,quando já estão longe da outra.Seu coração praticamente pulava do peito,tamanha satisfação e alegria de ouvir aquelas palavras.Pelo menos disso ela não conseguia se sentir mal ,aquela surucucu tinha merecido aquele tapa com luva de pilica.

-Ela mereceu.-disse ele olhando para ela,agora com olhar suave.

-E você gostou, neguinha,não minta.-ele diz sorrindo.

-Não vou...pra melhorar o fora  só mesmo a marca dos cinco dedos da minha mão direita na cara dela.-ela disse, séria.

Fazendo ele  rir genuinamente pela primeira vez no dia.

-Vamos pra casa,sua peitica.-ele diz,fazendo ela sorrir, satisfeita.

Seguiram em frente,ainda de mãos dadas e sorrisos nos lábios.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Então,oq acharam???comentem,favoritem e não percam o próximooo
Até mais!!
Bjs😘😘


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