História Motel Bieber - E se for uma Menina?

Minha barriga aumentava a cada dia. Eu já estava no quinto mês de gravidez e ainda não sábia o sexo do bebê. Justin não concordou de início com isso, mas depois de ver que eu não mudaria de ideia ele apenas parou de insistir. Eu não estava pronta, sabia que o resultado poderia mudar muitas coisas, por mais que eu tentasse ignorar essa parte.

Estava na sala com uma xícara de café em uma mão enquanto a outra repousava sobre a minha barriga, o dia era cinzento como na maioria das vezes. Puxei a manta que estava ao meu lado jogando em cima das minhas pernas. Justin já havia acordado e estava no porão, como na maioria das vezes nesses últimos dias. Eu odiava aquele lugar desde daquele sonho então me recusava a ficar lá.

Passava meus dias pensando no bebê. Quando não estava falando sobre ele com Diana, ela tem sido uma ótima companhia. E isso era mais outro fator para Justin se trancar lá embaixo. Quando não no motel, ele tentava levar como se tudo estivesse bem, mesmo não havendo um hospede. Todo dinheiro que ele recebia para manter aquilo ali vinha da sua tia na Europa.

Vantagens de se casar com um homem bilionário.

A campainha tocou fazendo com que eu saísse dos meus pensamentos. Coloquei a minha xícara na mesinha ao lado e segui até a porta. Abri a mesma dando de cara com o casal do ano.  

– Não são nem nove horas ainda. – Falei os vendo cheios de sacolas.

– E olha só você já está acordada. – Quinn passou por mim entrando.

– O que fazem aqui tão cedo?

– Bom dia para você também.

– Bom dia, o que fazem aqui tão cedo?

– Vamos pintar o quarto do bebê. – Quinn soltou um gritinho batendo palmas fazendo eu revirar os olhos.

– Não Quinn.

– Sim Margot, você e o Justin já enrolaram muito.

– Você não precisa fazer isso. – Falei tentando fazê-la mudar de ideia.

Eu não queria começar com aquilo porque eu ainda tinha medo do que poderia acontecer com esse bebê.

– Eu faço questão. – Falou segurando minhas mãos. – Pode deixar as tintas lá em cima por favor. – Disse para o Khalil que me olhou pedindo permissão.

– Segundo quarto a esquerda. – Falei dando permissão para ele ir.

Quinn sorriu pegando os restos da sacola que havia na varanda.

– Posso saber o que rola entre você e o Khalil? – Disse enquanto ajudava a pegar as sacolas. Quinn ficou em silêncio por alguns segundos voltando a falar:

– Nós ficamos, damos uns amasso nada demais.

– Amasso? Sério Quinn? Ninguém mais diz isso. – Falei rindo.

– Tem uma criança aqui. – Ela apontou para minha barriga. – Você quer que eu diga o que? Que nós fazemos sexo sem compromisso.

Comecei a rir sem se capaz de me segurar. Quinn me olhou com raiva batendo a mão em sua testa.

– Olha aí falei. Você é uma péssima mãe, Margot Backer.

– Não sou não, aposto que ela nem está te ouvindo agora. – Quinn me olhou debochada enquanto eu ainda ria.

– Cadê o Justin, Margot? – Khalil perguntou fazendo com que nós o olhássemos.

– No porão, tentando achar o berço que era dele.

– Vou lá. – Ele falou rápido passando por nós.

– Boa sorte. – Gritei enquanto pegava as últimas sacolas para levar para o segundo andar.  

Entramos no antigo quarto que era dos pais dele. Justin havia tirado tudo que estava ali dois dias atrás, junto com o Khalil e Bruce. O quarto parecia muito maior do que era antes e as únicas coisas que havia nele agora era algumas sacolas.

– Como eu não vi isso tudo antes? – Falei deixando as outras sacolas ali.

– Não exagera, isso não é nem a metade. – A olhei com a sobrancelha arqueada.

– Não faz essa cara, você vai amar quando ver o que eu vou fazer com esse quarto. – Ela pegou até uma sacola tirando de lá uma lata de tinta.

– Eu comprei branca já que alguém se recusa a descobrir o sexo desse bebê. – Assenti enquanto ela pegava alguns pinceis.

– Então eu pensei em fazer tudo branco, desde os moveis, ao lustre, berço, coxas, ursinhos e etc. Quando o bebê nascer e nós descobrirmos o sexo, começamos com a parte colorida, mas nada chamativo e sim um detalhe aqui e outra ali como uma manta sobre a poltrona, um enfeite na cômoda, um detalhe na cortina, um quadro na parede e essas coisas. O que você acha? – Ela me olhou animada enquanto eu reparava no quarto imaginando cada detalhe.

– Vai ficar lindo. – Quinn gritou animada me abraçando.

– Eu vou começar hoje mesmo. Trouxe uma lista com tudo que nós vamos precisar. – Quinn se virou pegando um caderno.

– Quinn, calma. – Falei vendo que ela já começava a ficar agitada.

– Me desculpa, é que eu tenho medo de não conseguir terminar antes de ir.

– Você vai mesmo? – Falei me referindo a faculdade.

– Vou. Eu não sabia se iria ou não até receber a carta de aprovação.

– Meus parabéns.

– Obrigada, mas e você?

– Bom eu sou mãe agora, isso muda tudo. – Me sentei no chão vendo a Quinn fazer o mesmo.

– Eu sei, mas você poderia arranjar uma faculdade mais perto eu iria com você e...

– Eu vou ficar bem não se preocupe. Vá para a sua faculdade e aproveite o máximo que puder. Eu não sabia o que fazer nem ao certo sabia se queria ir mesmo, então não me importo em adiar isso por mais um tempo. Eu irei ter muito tempo para isso. Já a senhorita tem que aproveitar essa oportunidade. – Falei vendo seus olhos se encherem de lágrimas.

Nós planejávamos ir para a mesma faculdade desde o sexto ano. Os próximos cinco anos, nós já havíamos planejado desde o que fazer, como agir e para onde ir. Estava tudo programado até as coisas mudarem drasticamente esses últimos meses. Era difícil deixar todos esses planos para traz, mas eu não poderia fazer nada agora e não poderia ser egoísta demais e pedi para ela ficar.

– Tudo bem, eu prometo vim todo final de semana, para ver essa coisa linda. – Quinn falou secando as lágrimas e colocando a mão sobre a minha barriga.

– Eu preciso te falar uma coisa. – Disse atraindo a sua atenção tendo a certeza de que aquele era o momento perfeito.

– O que foi?

– Aceita ser a madrinha do meu bebê? – Quinn abafou um grito enquanto me olhava surpresa. 

– É claro que eu aceito. – Me abraçou deixando as lágrimas caírem. – Muito obrigada, eu estou tão feliz que tenha me escolhido, eu serei a melhor madrinha do mundo para esse bebê, eu prometo.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa. Um grito alto soou pela casa atraindo a nossa atenção. Quinn se levantou, me ajudando a fazer o mesmo e seguimos para fora do quarto. Quinn desceu rápido, gritando para que eu descesse devagar. Seguimos para o porão vendo a cena mais cômica de todas. Khalil estava em cima de uma mesa enquanto Justin estava encostado na parede oposta rindo.  

– O que houve? – Quinn gritou atraindo a atenção para nós.

– Khalil viu um rato. – Justin falou rindo ainda mais.

Eu comecei a rir junto enquanto Quinn olhava para o Khalil que não dizia nada.

– Vocês enlouqueceram? Margot está gravida não pode se assustar e eu quase morri por nada.

– Eu tenho pânico ok. – Ele se pronunciou pela primeira vez.

– Ok, agora desce daí. – Falei parando de rir.

– Sem chance. – Respondeu se mantendo no mesmo lugar.

– Desce logo. – Quinn disse sem paciência.

– Eu vou ligar para virem dedetizar agora sai daí! – Justin falou passando por nós.

– Aonde estava o rato? – Perguntei olhando em volta.

– Nesse berço ainda aos pedaços. – Khalil apontou para os pedaços de madeira em sua frente.

– Sem chances, meu afilhado não vai dormir aí. – Quinn disse fazendo cara de nojo.

– É só lixa e pintar que ele fica novinho. – Justin falou parando ao meu lado.

– Sem chances Justin. – Disse olhando para aquilo.

Ele bufou e se virou para sair dali. Conforme ele saia, nós o seguíamos.

– Qual é vocês não podem me deixar aqui. – Khalil gritou atraindo nossa atenção novamente.

– Tem sorte de eu não te trancar aqui que nem meu pai fazia. – Justin falou ainda de costas subindo os degraus.

– O que foi isso? – Quinn falou se referindo a atitude dele.

– Me desculpem pelo Justin, ele não tem lidado muito bem com o fato da Diana estar frequentando mais essa casa. – Segui até onde o Khalil estava olhando em volta. Eu não tinha medo de rato era mais uma repulsa, mas se ninguém checasse ele não sairia nem tão cedo dali.

– Pode sair da mesa, não tem nada aqui.

– Você. – Quinn veio até mim me segurando pelos ombros e me guiando até a escada. – Fique bem longe de qualquer animal que possa transmitir qualquer doença.

Seguimos até a cozinha onde Justin estava. Ele mexia em algo na pia ficando de costas para nós. Fui até ele, passando meus braços por volta da sua cintura.

– Então já que a Margot autorizou, nós começamos a montar o quarto hoje mesmo. – Quinn falou animada atraindo a minha atenção.

– O que?

– Não podemos perder mais nenhum minuto. Vamos lá meninos paredes tem que serem pintadas. – Falou se referindo ao Justin e Khalil. – Móveis tem que serem comprados entre outras mil coisas.

– Eu não quero que façam nada. – Justin falou tirando meus braços e saindo dali.

– Acho que temos um problema. – Khalil falou se levantando. – Está na hora de irmos, se você conseguir convencer a fera me liga Margot.

– Mas... – Quinn ia falado quando ele a interrompeu.

– Vamos Quinn está na hora de deixar os dois. – Pegou em sua mão a tirando dali.

– Tchau Margot. – Quinn se despediu junto com o Khalil.

– Tchau. – Falei vendo os dois saírem. Subi as escadas encontrando Justin jogado na cama.

– O que aconteceu para você agir assim? – Disse me sentando ao seu lado.

– Nós nem sabemos qual é o sexo ainda e ela já quer montar o quarto, isso é ridículo.

– Ela só está fazendo isso porque quando o bebê nascer ela não irá estar aqui.

– Eu não quero que ela decore nada. – Respondeu grosso.

– E por que não? Outra regra idiota da sua família. – Falei me levantando.

– Porque é meu filho e eu irei fazer isso. – Justin deu ênfase no eu, se levantando também.

– Quer saber tanto faz, você não precisava ter agido daquela forma.

– Não começa com o discurso de boas maneiras Margot. – Ele seguiu para fora do quarto.

– E se for uma menina? – Falei sem pensar, sentindo as lágrimas caírem. Eu sabia que aquela irritação toda não era por quem iria decorar o quarto e sim porque eu não queria saber o sexo do bebê.

– Acho melhor você rezar para que não seja. – Justin falou sem me olhar saindo de vez.

Fiquei parada olhando para o corredor enquanto ouvia a porta abrir e fechar. E como nas últimas semanas ele ia se esconder naquele maldito porão.

Limpei as lágrimas que insistiam em cair e desci atrás dele. Entrei no porão relutante, o vendo mexer naqueles animais.

 – O que custa você dizer que isso não importa? – Falei segurando o choro, ele se manteve de costas sem me responder.

– Margot agora não.

– Agora sim Justin, se você diz que está tão apaixonado por mim. Por que você não me diz que o sexo do bebê não importa?

– Porque importa! – Ele falou alto se levantando. – Por mais que eu não queira importa e muito ok, mas agora nós temos outras coisas para nós preocupar ou você acha que seus pais estão todo esse tempo afastados porque eles finalmente aceitaram você comigo?

– Não faça isso. Não mude de assunto assim.

– Eu não estou mudando de assunto, já disse o que você queria ouvir. – Ele se sentou novamente. – Agora se me der licença eu tenho muitas coisas para fazer.

Fiquei parada por alguns minutos sem saber o que fazer. Justin nem sequer me olhou e continuou fazendo o que fazia antes. Segurei o choro até sair dali. Segui para o segundo andar me trancando no quarto que seria do bebê. Olhei para as paredes e todas as coisas que estavam no chão.

Eu não poderia culpa-lo por ter falo a verdade. Eu não poderia fazer nada a não ser rezar. Rezar para que eu estivesse carregando um menino e caso isso não acontecesse eu teria que rezar para que ela fosse capaz de fazê-lo mudar de ideia.