História Mudança no Destino (HIATUS) - Especial II - Só Agora

Um sentimento estranho abraçava o coração do mestre. Olhando ao redor, percebeu uma calmaria diferente. Tudo estava meio cinzento, algo estava faltando... E, se tudo estava em paz, só poderia faltar uma coisa. Ou melhor, alguém.

– Cheguei! – a porta da guilda foi aberta com brutalidade quando Natsu chegou, um sorriso enorme estampado em seu rosto.

Todos responderam automaticamente o costumeiro “bem-vindo de volta” enquanto o garoto entrava na guilda. Quase que imediatamente, uma briga entre Gray e Natsu se iniciou, fazendo o mestre suspirar. Eles brigavam, mas era perceptível que uma peça ainda faltava.

– Quando Lucy volta, mestre? – a dona da pergunta era Mirajane, um semblante preocupado ocupando seu rosto.

Para falar a verdade, era estranho ficar na guilda sem a Lucy para fazer suas reclamações sobre o aluguel ou espalhar seu carisma para deixá-los mais animados. O que mais sentia falta da garota era Natsu. Ele mesmo já tinha feito essa mesma pergunta diversas vezes para o mestre, sendo que não faziam nem dois meses que a garota tinha partido. Era difícil de lidar, principalmente porque a garota não parecia ter muito tempo para ligar para eles por meio da lacrima.

– Não faço a menor ideia, Mira – disse o mestre, suspirando enquanto via Erza rapidamente acabar com a confusão que já estava se instalando.

Natsu acariciou onde tinha levado um soco da Titânia e foi na direção do mestre. Repetiria a mesma pergunta que fazia todos os dias. Tinha ficado realmente irritado quando soube que Lucy tinha ido embora sem lhe avisar, mas agora ele só sentia saudade.

Antes que abrisse a boca para fazer a pergunta de sempre, um barulho bem conhecido por todos da guilda começou, e logo todos estavam ao redor do mestre, esperando-o ansiosamente atender a lacrima para que pudessem falar com a loira tão amada.

­– Oi pessoal! – sua voz saiu um pouco alterada, mas ainda assim era a voz de Lucy. A imagem mostrava-a em uma sala, sem ter pessoas ao redor. O sorriso dela imediatamente animou as pessoas da guilda – me desculpem por não ter ligado antes, eu estava realmente ocupada.

– Luxyy, sua estranha! Quando é que você volta? Quem mais vai me alimentar além de você? – Happy ficou acima da cabeça de todos, ele chorava e tinha uma espinha de peixe nas mãos.

– Não me chame de estranha! – todos engoliram em seco vendo a face irritada dela – e peça para Mira, ela sempre te ajuda. Mas como vocês estão? Eu estou com saudade.

– Nós estamos bem, na medida do possível – foi Mira quem falou dessa vez, sorrindo de forma gentil – é difícil controlar Natsu sem você por perto.

– Ei Luce, como vai aquele seu amigo emo? E diga ao Sting que nós vamos lutar! – o peito de Natsu se encheu de alegria ao ouvir a risada de Lucy. Tinham passado por maus bocados há pouco tempo, mas agora tudo estava normal.

– Rogue está bem, Natsu – ela cora levemente ao falar dele. – E tenho certeza de que Sting também quer lutar com você.

– Lucyyy, o Rogue não quer fazer a janta... – a figura de Sting aparece na câmera da lacrima, seus olhos azuis se voltaram para lá e ele sorriu. – Oe fadas! Não se preocupem, estamos cuidando muito bem da Lucy.

– Você quis dizer que eu estou cuidando muito bem de vocês, certo? – Lucy diz em tom debochado, empurrando Sting com o ombro.

– Sting! Lute comigo! – Natsu empurrou as outras pessoas para ficar na frente da lacrima para que o loiro o visse.

– Com certeza! – afirmou Sting, levantando os punhos como se fosse socar Natsu.

– Nem pensar! Se você quebrar essa lacrima, Lucy te quebra – Rain chuta Sting para longe e acena para a Fairy Tail enquanto abraçava a loira de lado – não se preocupem não, ela alimenta a gente, tá? Ela é tipo nossa mãe.

– Se ela é a mãe, então quem é o pai? – se intrometeu Cana, achando aquela conversa interessante. Já estava na hora da loira arranjar um namorado.

– Claro que só podia ser o...

– Sou mãe solteira! Solteira, ok? – Lucy empurra os outros dois para o lado e suspira.

– Ei Lucy, não tá faltando um? – Cana dá um de seus sorrisos maliciosos e Lucy cora só de imaginar o que ela estava pensando.

– Rogue está no andar de cima. Daqui a pouco ele desce pra ajudar a fazer a janta.

– E posso saber por que você está tão corada, Lu-chan?  – o tom malicioso de Cana só fez Lucy corar mais.

– Ei! Só eu posso chamar ela assim! Lu-chan, não nos ligue quando eu estiver em missão – Levy aparece e empurra as pessoas para que ficasse visível – sorte a sua que cheguei a tempo, se não eu mesma te achava só pra te dar uma bronca.

– Levy-chan! Comprou o livro que recomendei? – o assunto da conversa era completamente diferente, mas eles não ligavam. Só a visão da loira ali, sorrindo e brincando com eles, já era o bastante para deixá-los calmos e alegres.

Para falar a verdade, eles queriam trazê-la de volta e guardá-la num potinho pra mais ninguém tocar. Mas quem disse que isso deixaria ela feliz? Lucy tinha um espírito livre que clamava por liberdade, sempre achando novas maneiras de se divertir. Eles sabiam que tinham que deixá-la ir, pois apesar dessa vontade de ser livre, ela sempre voltava, como a maré que traz de volta o que se joga nela. E com aquilo em mente, eles se contentavam apenas de ver uma projeção holográfica da loira. Porque apesar de ser uma projeção, ainda assim era Lucy.

– Oe Lucy, vai me ajudar a fazer a janta ou não? – Rogue apareceu por trás da loira, colocando uma faca em uma das mãos dela e logo depois olhando para a lacrima – Ah, são vocês. Natsu-san, isso é pra você.

O moreno se curvou por trás dela e, olhando provocativo para a lacrima, deu-lhe um beijo em sua face.

– Não demore, preciso de você para cortar batatas.

– Oe maldito! Volte aqui, quem deixou você fazer isso com a Luce?

– Lu-chan está namorando e nem me contou? Achei que fôssemos melhores amigas – Levy disse indignada.

– Eu sabia! Esse é o pai Lucy? Acho melhor sair para ajudá-lo a cuidar das crianças – Cana ria enquanto colocava mais saquê em seu copo.

– O que? Não é isso... É só... – Lucy se atrapalhava com a bagunça que faziam na guilda e com os chamados de Rogue da cozinha – Eu preciso ir! Amo vocês, tchau!

A lacrima se desligou e a imagem de Lucy sumiu. Todos se silenciaram, sentindo falta da risada da loira, mas aos poucos voltaram aos seus lugares e passaram a conversar sobre ela.

– Você acha que ela realmente arranjou um namorado?

– Se ele magoá-la, nós acabamos com ele!

– Será que haverá briga entre ele e Natsu?

– Mas Lucy parecia feliz, então não precisamos fazer nada.

Do balcão, o mestre ouvia cada um dos comentários. Sabia que a filha ainda não estava namorando, mas não demoraria tanto para que acontecesse.

Suspirando, o baixinho pulou do balcão e subiu as escadas.

– Ah, eles crescem tão rápido...

Baby

Tanto a aprender

Meu colo alimenta a você e a mim

Deixa eu mimar você, adorar você

Agora, só agora

Por que um dia eu sei

Vou ter que deixá-lo ir