História Mudanças (Naruhina) - A família Hyuuga

Depois da ressaca fenomenal, prometi a mim mesmo que nunca mais encheria a cara. Acordei com o estômago embrulhado e nem o rámem de todo o dia me pareceu uma boa opção. Passei o dia, recluso, em meu apartamento.

Não estava a fim de ver ninguém. Dormi a maior parte do tempo e assim, o dia transcorreu e logo era noite. E logo a noite se transformou em dia novamente.

Dia seguinte quando acordei, estava sem pique para me levantar, mas eu precisava. Então reuni toda a coragem que habitava em mim e sai debaixo das cobertas. Com a cara amassada de sono, coçava as costas displicentemente avaliando o que poderia comer e por sorte tinha uma maçã sobre a mesa. Dei a primeira mordida quando alguém bateu forte na minha porta.

Suspirei cansado, passando a mão nervosamente pelo rosto.

Mas que porra! Um homem não pode ter seu momento de fossa em paz?!

- Já vai, cacete! Deixa a porta onde ela está! – Reclamei segurando a maçã na boca (como um porco assado) enquanto abria a porta abruptamente.

De todas as pessoas de Konoha, eu não esperava dar de cara com Hiashi-sama, o pai de Hinata.

- Hi-Hiashi-sama – gaguejei ao saudá-lo.

Ele me fitou de cima abaixo com aquele olhar seco e eu gelei com aquilo. O pai de Hinata era assustadoramente frio.

- Não esperava vê-lo – eu disse, tentando manter a compostura.

- Eu deveria ter enviado uma mensagem dizendo que viria visitá-lo. A indiscrição foi de minha parte. Posso entrar?

Mentalizei toda a zona que tinha espalhado em casa e não seria uma boa ideia que o líder do clã Hyuuga – e se Kami quisesse, meu futuro sogro – visse aquilo.

- Só um minuto! – pedi.

Entrei correndo, fechando a porta atrás de mim. Puta que pariu! Eu fechei a porta na cara de Hiashi. Ele vai me matar!!!

Fiz 3 clones de sombra e eles me ajudaram a esconder a bagunça e tirar o lixo. Taquei um difusor de aroma cítrico e coloquei uma roupa decente que não o pijama.

Reabri a porta, ele ainda estava lá, com a mesma cara, como se fosse uma estátua de pedra.

Céus! Como alguém tão feio pode fazer alguém tão doce e bonita quanto Hinata? Questionei-me.

- Entre, por favor.

Hiashi entrou acompanhado de um guarda-costas de seu clã. Foi aí que me lembrei que ele deveria ter visto a bagunça do meu quarto enquanto eu o arrumava e se quisesse, poderia vê-la toda escondida no armário. Quis morrer naquela hora. Eu era muito idiota!

Ele sentou-se em uma das cadeiras simples que tinha na cozinha enquanto seu guarda-costas continuou de pé, me olhando feio.

- Naruto, fiquei sabendo que encontrou minha filha.

- Sim, senhor.

- E como ela está? Bem?

Surpreendi-me com a pergunta. Todos sabiam que Hiashi não tratava Hinata com carinho e que na verdade, ele deixava claro a todos que a filha preferida era Hanabi. Ele deve ter notado meu semblante, pois, foi logo se explicando.

- Eu sempre fui muito rígido com Hinata. Queria que ela fosse algo que ela não era. Hinata sempre foi doce e gentil. O que para o líder de um clã como os Hyuuga não poderia ser aceito jamais. Eu tentei moldá-la para o papel que eu queria que ela desempenhasse. Eu... eu acabei pisando nela de uma forma que um pai não deveria fazer com a filha. Eu, como pai dela, fracassei, enquanto você, Uzumaki Naruto, foi a luz da vida dela. Eu sei que o que vou te pedir é demasiado difícil, mas por favor, traga a minha filha de volta – dizendo isso, Hiashi-sama se ajoelhou à minha frente. – Fiquei sabendo por Hanabi que conversou com os amigos de Hinata, o que minha primogênita fez para se tornar mais forte. Eu... eu sou o responsável por ela ter tão pouca confiança em si mesma, por ela se detestar a ponto de destruir a coisa mais linda que ela tinha, o seu coração.

Eu não sabia o que falar. O guarda-costas menos ainda. Hiashi continuou:

- E se há alguém capaz de trazê-la de volta. Esse alguém é você, Uzumaki Naruto. Herói da Quarta Grande Guerra Ninja e dono dos pensamentos de amor de Hinata. Sim, eu sei disso. Sempre soube, mas sempre achei você um lixo indigno. Não acho mais. Desculpe-me por antes. Enfim, quando trazê-la de volta, se ela ainda o querer, eu faço muito gosto da união dos dois.

Wooooooooooooow!

“Hehe! Já tem aprovação do sogrão!” Kurama fez piada.

- Eu não sei o que dizer, Hiashi-sama. Obrigado. Eu acho. – Respondi sem graça, coçando a nuca e acrescentei: - Pode ter certeza que trarei Hinata de volta para nós. Não há nada nesse mundo que eu queira mais do que fazê-la feliz e protegê-la.

Vi os olhos prateados do líder dos Hyuuga ficarem marejados. Ele se levantou do chão e me deu um abraço.

- Eu não poderia pedir genro melhor para minha primogênita. Obrigado, Naruto. Obrigado.

Correspondi ao abraço, constrangido, mas feliz por saber que ele não seria um empecilho para que eu ficasse com Hinata. No entanto, havia um empecilho maior que eu esperava que ele pudesse me ajudar.

- Hiashi – tomei a liberdade de chamá-lo somente pelo nome – preciso que me ajude a retirar o selo amaldiçoado do Byakugan.

- Eu não tenho conhecimento para isso, mas talvez, os anciãos do clã saibam de algo. Por favor, me acompanhe.

- Hai.

Partimos para o clã Hyuuga. Acompanhado do líder e seu guarda-costas fui muito bem recebido. As pessoas me olhavam com reverência. Estranhei aquilo. Um misto de orgulho com vergonha se apossou de mim. Hinata deveria querer se esconder como um avestruz quando mais nova. Ri com o pensamento. Pelo menos a antiga Hinata sim, já a atual talvez não tivesse problema algum em lidar com toda aquela atenção.

Caminhamos por um tempo e no meio do caminho, encontramos com Hanabi que me saudou feliz.

- Finalmente, você percebeu que minha onee-chan te ama!

Eu fiquei vermelho.

- Eu sou meio lento, Hanabi. Perdoa.

- Meio? É inteiro lento!

- Hanabi! Isso não são modos! – seu pai ralhou com ela.

- Oto-san, Naruto é praticamente da família agora. Tenho essas liberdades – dizendo isso, saiu toda cheia de si.

Eu não conseguia tirar o sorriso besta da minha cara. De uma hora para outra, a família Hyuuga me aceitou como um de seus. Bastava Hinata me aceitar para valer e finalmente eu teria uma família para chamar de minha.

Finalmente, Hiashi e eu chegamos a um casarão antigo, porém, bem cuidado. Ele foi recebido bem e eu fui atrás, apenas observando tudo.

Uma senhora muito velha nos esperava sentada no sofá e cercada por almofadas. Era tão velha que as rugas lhe caiam sobre a face, parecia um pug.

- Hiashi-sama – ela cumprimentou o pai de Hinata – Vejo que finalmente trouxe o menino raposa para conhecer esta velha senhora.

- Oi, senhora...? – Eu me adiantei.

- Hyuuga Akiro, mas pode me chamar de Akiro Baa-chan.

Sorri para ela instantaneamente. Eu tinha ganhado uma avó agora! Hehe.

- É um prazer conhecê-la, Akiro Baa-chan. Obrigado por me receber tão bem.

- Óh, não é nada, meu menino. Imagine! Vejo que você já sofreu muito nessa vida, mas como prêmio por nunca ter desistido, o destino te brindou com o amor verdadeiro dos Hyuuga.

- Uhm?

A velha senhora riu antes de explicar.

- Há muito tempo atrás, quando Hagoromo e Hamura selarem Kaguya, como você e Uchiha Sasuke fizeram novamente nesta era, cada um dos irmãos criou civilizações para passarem adiante seus ensinamentos de Jutsus e uso de chackra. Veja bem, meu querido, os ninjas da Terra são descendentes de Hagaromo, já os da Lua são de Hamura, o irmão mais novo que amava muito o mais velho, e por isso, criou a Lua afim de sempre ficarem próximos e proteger um ao outro caso necessário. Foram milênios de muita harmonia entre nosso planeta e o satélite, entretanto, com o tempo, alguns discípulos de Hamura distorceram seus ensinamentos e acharam por bem destruir a Terra, já que os ninjas faziam mau uso do jutsu ensinado por Hagoromo. Mas uma parcela não concordava com aquilo e então eles se mudaram para a Terra a fim de proteger o legado do irmão mais velho de Hamura. Eles lutaram contra os próprios conterrâneos e isso acabou por dizimá-los. Os que restaram da descendência de Hamura que possuíam seu real intuito e ensinamento no coração, permaneceram na Terra e criaram raízes. Esses são os usuários do Byakugan; aqueles que amam com tanta força que são capazes de dar a própria vida para salvar aqueles quem estimam.

Assimilei o que a vovó Akiro me dizia. Fazia muito sentido. Hinata tentara se sacrificar por mim infinitas vezes e numa dessas vezes, Neji se sacrificara por ela.

- O amor dos Hyuuga é sacrifical, quase divino, menino raposa. Se mesmo sendo portador de um Bijuu, você consegue sentir o fogo de Hagoromo em você, com certeza é digno do amor de uma Hyuuga, na verdade, de todos nós. Obrigada por salvar a Terra.

Eu estava completamente emocionado. Dei meu melhor sorriso para a senhora.

- Não precisa agradecer. Eu... eu fiz o que tinha de ser feito. Faria de novo se fosse preciso.

- Eu sei que sim. Neji te disse que você era um Hyuuga quando morreu por você no lugar de Hinata. Isso faz parte de quem você é agora, Naruto. E eu sei que vai encontrar um caminho para o coração de Hinata, pois, esse caminho existe. Ele só está soterrado por pedras, por assim dizer.

Apertei os olhos para tentar apartar as lágrimas que apareceram. Era só falar nela que pronto... Eu estava virando um manteiga derretida mesmo.

- Não se envergonhe, menino – Akiro baa-chan me disse – Você passou por coisas demais. É normal extravasar de algum modo.

Respirei fundo para me recuperar. Eu seria Hokage um dia. Tinha de ser forte, porra!

- E como faço para tirar essas pedras do caminho, vovó?

Ela respirou dramaticamente antes de responder:

- Para tudo se dá um jeito, menos à morte. Se bem que, usuários de Rinnegan podem falar o contrário... que seja. O ponto é que da mesma forma que Hinata fez o selo, ela pode desfazê-lo. O amor que ela nutre dentro dela, assim como sua força interior, são capazes de desfazer o selo. Veja bem, um usuário de Byakugan capaz de suportar o poder de um Tenseigan não pode ser nada mais senão forte. Forte demais para falar a verdade. A carga de poder somado aos sentimentos desligados podem tornar o usuário do Tenseigan um ser inescrupuloso que deixa o poder subir à cabeça, mas vejo aqui, com estes olhos que Hamura me deu, que Hinata não se deixou influenciar pela escuridão. Há dentro dela um fogo que arde, e este fogo é de Hagoromo. O mesmo fogo que há em você, Naruto.

- Eu sempre soube que Hinata era forte.

Lembrei-me do exame chunnin, quando ninguém acreditava nela, mas eu estava lá, torcendo por ela. Lembrei também de algumas coisas que aconteceram durante a guerra. Hinata se manteve firme e corajosa, enfrentando os obstáculos mesmo sem saber se ia conseguir. Assim como eu, ela não desistia. Eu sabia que havia uma parte dela que não desistiria de nós tão facilmente. Agarrei-me a essa esperança como se fosse minha tábua de salvação.

A velha riu.

Olhei para ela confuso.

- Você realmente a ama, não é, menino?

- Sim. Mais do que a própria vida.

- Eu vejo – ela me olhou com mistério. – Não é de se espantar, visto que você e Hinata estão juntos há muitas reencarnações. Um amor igual o de vocês é um em um milhão.

“Eu disse”, Kurama ressonou em minha mente.

Senti meu coração explodir dentro do peito. Aquela informação pareceu triplicar meu amor pela menina de olhos Lua. Por Kami, eu iria salvá-la de qualquer maneira, ttebayo!!!

- Então, o que eu posso fazer para ajudá-la, Baa-chan?

- Esperar.

- O QUE???

Ela riu com meu descontrole. Eu era impaciente mesmo. Mas quem podia me culpar? Já tinham se passado 2 anos. Na verdade, uma vida inteira sem estar ao lado dela para valer!

- Veja bem, menino, o amor que Hinata sente fica pulsando como uma energia viva contra o selo que ela tem no peito, porque é natural para o ser humano amar. Especialmente para um Hyuuga. Tudo é muito mais intenso. Somente o amor dela será capaz de quebrar o selo e para isso, você precisa acreditar nela. Esperar e continuar amando-a, mas sem forçar a transição. Isso deve ser feito por ela somente. Me diga, menino raposa, você acredita no amor de vocês?

- E se ela não conseguir? – Hiashi perguntou.

- Eu sei que ela vai conseguir – eu disse - Hinata sempre foi forte. Mais forte do que qualquer um podia imaginar. É por isso que ela aguentou me amar e é por isso, que eu a amo.