História Muito desprazer, Uchiha - Conhecendo o namorado da Hinata

Infelizmente, o jantar seria na casa deles. Aparentemente, Dona Mikoto sabia cozinhar muito bem e insistiu para que eu provasse da sua maravilhosa comida. Eu só queria deitar na minha linda e cheirosa cama, mas provavelmente eu teria que dormir na casa de Kizashi. Queria poder aproveitar minha última noite antes de começar a faculdade. Aproveitar = Marotonar séries.

Estava sentada na mesa, ao lado de Kizashi, e todos conversavam animadamente. Menos Sasuke Uchiha, o cara que me viu  seminua. Eu não estou sendo dramática, ok? Eu sei que foi um acidente, mas ele poderia ter se desculpado. Além de que eu estava morrendo de vergonha. Ele foi o primeiro cara que me viu só de sutiã e calcinha.

Bom, pelo menos ele é bonito pra cacete.

Mas a personalidade estraga tudo.

-E então, Sakura? Onde vai fazer medicina? –Mikoto perguntou me servindo um purê laranja. Bizarro. Olhei ao redor e todos esperavam a minha resposta, o que fez meu estomago embrulhar mais ainda. Eu não sou boa com essas coisas. Tenho problemas em falar com adultos.

-Em Horwday. –Sorri. Era uma das melhores faculdades no país inteiro, e eu passei no curso mais concorrido. Por mais que eu tenha passado alguns problemas quanto ao stress para passar, eu amava saber que tinha conseguido e me sentia a pessoas mais especial da Terra por isso. Por sorte, era em minha cidade, então consegui continuar morando com a minha mãe. Ino não fez o mesmo. A família dela tinha dinheiro o suficiente para alugar um apartamento perto da faculdade só para ela.

-Oh, é a mesma faculdade que o Sasuke vai! –Ela sorriu para o filho, que fechou mais ainda a cara para mim. Ah, ótimo. Nem comecei a faculdade e já a odeio alguém.

-Ino irá fazer o que, Sakura? –Olhei estranhamente para meu pai. Como ele sabia o nome dela? Ele tinha a conhecido na segunda, mas não me lembro dela ter falado com ele.

-Psicologia…Em Horwday também. –Molhei os lábios com o refrigerante em minha taça. Por que eu estava tomando refrigerante em uma taça? Gente rica tem uns costumes estranhos.

-Agora você já conhece duas pessoas na faculdade, querida. Não irá ficar sozinha, não é, Sasuke? –Oh, inocente Mikoto. Um anjo, pois as mãos tinham sido abençoadas para fazer uma refeição tão deliciosa, porém fez um filho estragado. Itachi era ok. Não sei se era porque eu havia salvo a filha dele, mas ele era gentil comigo. Ele e Izumi, sua mulher.  

-Hm. –O otário resmungou, olhando para o prato.

-Viu? Tio Sasuke faz. –A garotinha na mesa, que até então estava calada, falou apontando para o moreno mais novo, que deu um pequeno sorriso para a sobrinha. Ele era gentil com a sobrinha, pelo menos.

-Ele é sem educação, Hiraku. Não pode ser rude com as pessoas. –Sua mãe chamou sua atenção, o que fez com que ela cruzasse os braços e olhasse para mim.

-Viu? Essa família não me deixa fazer nada! –Ri com seu comentário. Ela estava gostando de mim desde que eu dividi minha torta de chocolate escondido no almoço. Ela já havia comido uma fatia e Izumi a proibiu de ter uma segunda. Poxa, era uma torta de chocolate, ninguém resiste. E também, ela estava fazendo uma carinha tão fofa…Meu coração de manteiga não aguentou.

Olhei para a mesa e todos a encaravam rindo, menos uma pessoa. Sasuke me encarava sério, com os olhos cravados em mim, e pareceu uma eternidade para que deixasse meu olhar se desviar para outro ponto que não fosse aquela imensidão negra e assustadora. Ele conseguia me deixar apreensiva apenas com um olhar. Por que ele estava puto comigo? Ele entrou no quarto!

-Vamos, Sakura? –Desviei meu olhar para o de meu pai. Eu não queria ir. Era muito cedo para eu dormir na mesma casa que ele…Me sentia desprotegida e queria chorar para que minha mãe viesse me buscar, mas, no fim, eu apenas assenti.

-Volte sempre, querida. –Recebi outro abraçado da matriarca da família. Ela e Izumi pareciam ser as únicas que eram carinhosas ali. Não que Itachi ou Fugaku eram psicopatas, incapazes de amar. Não, longe disso, mas elas eram as únicas fisicamente carinhosas.

-Obrigada por tudo. –Senti alguém apertar meus ombros e, ao olhar para cima, vi que era Itachi. Sorri e, dessa vez, era verdadeiro. E logo em seguida fui para casa. Felizmente, Kizashi me deixou em casa, já que não poderia me levar para a faculdade no dia seguinte, pois teria que acordar cedo e o hospital era em direção oposta ao meu campus.

Acordei com o celular vibrando. Não acordava com ele tocando, porque me deixava de mau humor ser acordada com barulho. Suspirei me levantando e indo para o chuveiro, tomar um banho quentinho e me arrumar para a faculdade.

Como não havia uniformes, infelizmente, tive que escolher uma roupa. Então coloquei uma calça jeans clara, um pouco desfiada nos joelhos, uma camisa de star wars , meu lindo coturno e passei um lip balm com uma cor rosinha bem claro.

Ino, assim que me viu nos portões da faculdade, fez um escândalo falando que eu deveria ter me arrumado mais, pois é a primeira impressão que conta e bla bla bla. Por fim, disse que só me perdoava, porque eu havia feito algo no cabelo (só amarrei algumas mechas para trás, nada demais) e porque aquela calça me deixava com “uma raba enorme”. Essa é Ino Yamanaka, senhoras e senhores.

-E como foi ontem? –Quis saber, enquanto caminhávamos para a monitoria de lá. E fui contando no curto caminho como meu dia havia sido e quando acabei, ela perguntou: -Sasuke? Sasuke Uchiha? Há!

-O que foi? Conhece ele? –Franzi o cenho, procurando me recordar de algum Sasuke Uchiha na minha vida e na de Ino, porém…nada.

-Não conheço, mas já ouvi falar. –Ela olhou para a porta da monitoria e depois voltou para me fitar. –Ouvi um boato de que ele e o amigo dele bateram o carro ontem.

-Hm…

-Virou monossilábica agora?

-Foi mal, mas isso explica porque ele entrou no quarto chamando por Itachi. –E ela concordou comigo. –Engraçado como você chega na faculdade e já sabe das fofocas.

-Sou de gêmeos, meu amor. Sei de tudo. –Sim, erámos do mesmo signo. Ela nasceu dia 31 de maio e eu dia 12 de junho (dia dos namorados. Pois é). Ino jogou o cabelo para trás e bateu no rosto de alguém.–Desculpa! Não te vi ai!

-N-não…Tudo bem –A garota respondeu tímida. Seus olhos era mais claros que os de Ino, quase brancos, eu diria. Seu cabelo liso, negro e comprido, estava cortado em uma franjinha que quase escondia seu rosto. Torci a boca ao ver seus peitos esmagados por seus livros grossos. Por que sempre maiores que os meus?

Entramos na diretoria junto com a garota peituda. E advinha? A diretora era mais peituda ainda. O mundo só pode estar querendo me humilhar, não é possível. Ino queria perguntar para Tsunade, a diretora, quais clubes ela poderia participar e se a faculdade permitia que ela assistisse uma aula que não era do seu curso e ao ter todas as respostas, o sinal bateu, não dando oportunidade para a outra garota falar.

-Eu só queria saber onde é a sala de psicologia…-Ela se lamentou sozinha.

-Você faz psicologia? –Ino já estava se intrometendo na vida dos outros. Porém, dessa vez, era por uma causa digna. –Também faço. Se quiser, pode me acompanhar.

-Eu agradeceria muito…-Ela sorriu, ficando com as maças do rosto rosadas. Analisei seu rosto e percebi que haviam algumas sardinhas em seu nariz e bochechas, o que a fazia mais fofa ainda. –Meu nome é Hinata Hyuuga.

-Hyuuga? –Repeti o nome pensativa. Já tinha ouvido esse sobrenome em algum lugar. –Sou Sakura Haruno.

-Ino Yamanaka, prazer. –A loira puxou a outra para um abraço e eu só consegui rir da feição de espanto de Hinata. Coitada. Ino era mestre em contatos físicos de todos os tipos, vai por mim.

Com Ino e Hinata em outro curso, tive que sentar sozinha e me senti extremamente desconfortável com os olhares que caíram sob mim. Ou melhor, sob meu cabelo. Os puxei para dentro da blusa, tentando esconde-los. O que as pessoas tanto encaravam?

-Liga não. O povo daqui é fuxiqueiro mesmo. –Olhei para frente e vi uma garota com os cabelos bem vermelhos e olhos castanhos. Mordi os lábios olhando em volta. Essas pessoas me enchem o saco. –Sou Karin, aliás. Karin Uzumaki.

-Sakura Haruno… Um tanto desconfortável esses olhares julgadores. –Desabei a cabeça na carteira.

-Faz um tempo que eu parei de ligar. Sempre me julgam. –Ela deu os ombros e eu pude ver o porquê das pessoas sempre julgarem ela. Shorts curto, blusa lilás com um decote generoso. Dei os ombros em resposta. Cada um faz o que quer da vida. –Ainda assim, acho interessante como sou a veterana mais cobiçada da faculdade.

Sabia que ela tinha dito aquilo em alto e bom som para que os bisbilhoteiros parassem de nos encarar. Fama de vadia. Que clássico, hein? Se as pessoas cuidassem da sua vida, respeitassem o outro e fizessem sexo, seriam mais felizes, isso eu garanto. Talvez por isso eu seja mau humorada.

-Se quiser, posso te indicar uns caras que são bons de cama daqui. –Ela sorriu maliciosa quando percebeu que eu estava analisando um garoto ruivo rindo com uma rodinha de amigos. –Ou meninas também?

-Não. –Eu ri fraco. –Romance não está na minha lista desse ano.

-Romance? Quem disse em romance? –Ela fez uma careta. –Querida! Dar só por dar, é maravilhoso. Claro, fazer amor também é legal e tals, mas foder…Ah, foder é sensacional.

Olhei espantada para em seguida cair na gargalhada. Nos conhecemos há 3 segundos, como a conversa foi pra esse rumo, meu deus? Karin era excêntrica. Seus óculos davam um ar de secretária sexy para seu look sensual do dia e, por mais que tenhamos estilos e personalidades diferentes, me senti como me sinto com Ino. Uma amizade surgiria ali?

No intervalo, por sorte, foi no mesmo horário de Ino e Hinata. Ino falava sem parar e quando me viu chegando com Karin, arqueou uma sobrancelha.

-Não achei que me substituiria tão fácil, Haruno. –Ela reclamou e eu apenas ri.

-Essa é Karin,Ino. –Enganchei meu braço direito no esquerdo dela. –Você é a loirinha do meu coração, Porca.

-Ai, Testuda. Assim você me emociona.

-Não tinha reparado na sua testa…-Karin ficou encarando o espaço entre meus olhos e meu cabelo.

-Pronto. –Suspirei. –Começou.

-Calma, Saky..-Vi que Hinata estava se perguntando se poderia usar esse apelido mais íntimo comigo e eu sorri em resposta –Não é tão grande assim, Ino. Pare de ser malvada.

Enquanto caminhávamos para a cafeteria da universidade, Ino e Karin conversavam animadamente sobre os caras daqui, e eu e Hinata apenas riamos das duas e de suas loucuras, digamos assim. Porém, no meio do caminho, vi Hinata quase caindo ao trombar com alguém.

-Hina, tá tudo bem? –Corri para lhe ajudar a levantar.

-Estou bem…-Ela apertou a blusa. Coitada. –Foi mal, Sasuke…

-Hm. -Olhei para cima assim que ouvi Hinata falando o nome dele. Parecia tudo em câmera lenta, vi sua calça jeans azul escura, fui subindo para ver o leve volume na sua calça…barriga lisa coberta pela camisa…ombros feitos para arranhar…clavícula perfeita para lamber…pescoço maravilhoso para morder…boca desenhada para dar prazer..e, por fim, os olhos. Ah, esses olhos…me prendiam toda vez que nossos olhares se encontravam.

-Sasuke? –Tudo bem. Eu gaguejei um pouquinho, mas a gente pode relevar isso, por favor? Eu estava tendo algum tipo de avc, por ter aqueles pensamentos com ele! Ele era um idiota.

-Dê um cão guia para sua amiga cega, Haruno. –Ele falou sério, grosso, seco, idiota. Franzi o cenho e iria lhe dar um tapa bem dado, mas Hinata saiu correndo dali, chamando minha atenção.

-Uchiha, você não cansa de fazer garotas chorarem?! –Karin o empurrou, abrindo caminho para correr atrás de Hinata com Ino ao seu lado. Não era surpresa que Karin conhecia ele, mas o que ela quis dizer?

Nos encaramos por segundos, antes de eu murmurar:

-Não vale a pena. –Saí em direção à cafeteria, comprar comida para nós e as encontrar depois.

-Sakura. –me virei para encara-lo e, de novo, apenas nos encaramos. O que esse garoto tem? –Esquece.

O observei voltar para o caminho que seguia. Mordi meu lábio inferior, esperando que ele virasse ou fizesse alguma coisa, mas não, ele não fez nada. Bufei, indo para a lanchonete. Estava lotada, mas pelo menos as filas não estavam grandes. Peguei quatro bento e quatro suquinhos gaseificados de diferentes sabores.

-Quer ajuda com isso? –Me virei assustada. Um loiro de olhos azuis bem chamativos.

-Não, obrigada. –Sorri gentil. –Preciso levar para minhas amigas.

-Estava procurando minha namorada, mas não sei onde ela está…-Coçou a nuca, envergonhado. Hinata tinha dito algo sobre seu namorado ser loiro… “aquele loiro baka”. Algo assim.

-Você é namorado da Hinata? –Foi um tiro no escuro, eu sei, mas o que eu tinha a perder?

-Sou, sim! –Ele gritou. Ele era bem feliz, não? –Onde ela está, você sabe?

-Ah…-Me senti envergonhada por ter que contar que Sasuke fez ela ficar magoada. –Sasuke, Sasuke Uchiha, foi rude com ela, porque ela trombou com ele…Ela saiu correndo…

-Sasuke. –O loiro bufou revirando os olhos. –Ele é um Teme mesmo.

-Conhece ele? –Arqueei as sobrancelhas, surpresa por ele, um cara tão feliz, ser amigo de alguém como…Sasuke.

-Somos amigos de infância. –Sorriu largo. –Ele é meio temperamental, Hinata e ele sempre estão se alfinetando, mas acaba que ela é mais sensível que ele…

-Ele é um babaca.

-O que disse de mim? –Meu cú fechou, isso eu te garanto.