POV Manuela Ribeiro.
Acordei com meu pai gritando e torrando minha paciência cedo da manhã dizendo que tínhamos almoçar pra ele poder sair e resolver as coisas. Depois de conseguir me acordar e me fazer almoçar, eu e Pedro voltamos pra suíte e fiquei fazendo o que faço de melhor: perturbar meu irmão mais velho.
- O que tu quer, Manuela, me fala o que você quer, vai, fala. - ele disse irritado e eu gargalhei de rir - Tomar no cu, chata pra cacete.
- Me ajuda a pensar em algum jeito de dizer pro Caíque que eu tô aqui.
- Conhece o telefone? Então, você vai pegar, ligar pra ele e falar coisas simples, Caíque tô em São Paulo, aprendeu? - perguntou debochado e eu ri sem mostrar os dentes -
- Ih, ninguém te merece hein, vou tomar um pouco de ar porque, ficar aqui dentro com você o dia todo não tem condiçōes.
Troquei de blusa, peguei meu celular e a carteira, soltei o cabelo e saí do hotel, na rua o que mais passava era taxi, mas até um parar pra mim levou uma eternidade. Depois de umas meia hora finalmente cheguei no prédio do Castagnoli, eu esqueci a rua e ele esqueceu que tem a porra de um celular porque, não atendeu nenhuma das minhas prováveis cento e vinte mil chamadas.
- Paulo! - gritei enquanto tocava a campainha pela quarta vez e escutei o barulho da porta - Porra parece que ta surdo, me irrita hein.
Pra minha surpresa quando a porta abriu não ela o Paulo, era uma garota que eu não sabia quem, na verdade fazia uma ideia, mas mesmo assim, sei lá, não esperava. Ela estava com uma camisa dele e com o cabelo bagunçado, ok, cheguei em uma péssima hora.
- Opa, desculpa, avisa que eu volto mais tarde e pede pra ele não contar pra ninguém que eu estou aqui. - disse rápido embolado e ela continuou me encarando - Eu sou a Manuela, Paulo provavelmente já falou de mim.
- Ah, prazer, Mariana. - ela disse estendendo a mão e eu apertei - Entra, ele ta tomando banho, mas você já é de casa né.
- Pois é. - respondi simples e entrei - E aí, me fala sobre você, porque pro Paulo estar contigo esse tempo todo e não contar pra ninguém é porque você é "A garota". - disse enquanto me sentava e ela riu e sentou do meu lado e começou a falar.
[...]
Ficamos conversando por tanto tempo que eu nem vi a hora passar, ela e o Paulo realmente faziam um casal bonito juntos e po, tenho que admitir que a Mariana era gente boa e tinha uma coisa com moda que não conseguia entender. Gostei muito dela, de verdade e espero que quando os dois assumirem todo mundo concorde comigo.
- Ao mesmo tempo que eu quero deixar vocês dois sozinhos, não quero ter que falar com o Caíque porque sei que vamos discutir de novo. - disse me jogando no sofá -
- Quando tu e ele começaram a brigar assim? Todo dia tem uma coisa, daqui a pouco ele ta fazendo merda. - Paulo disse levantando minha perna e depois colocando em cima da sua pra sentar no sofá -
- Que tipo de merda? - perguntei e ele abaixou a cabeça - Paulo Augusto Castagnoli, o que você ta sabendo que eu não sei?
- Nada garota, não encarna não. - ele disse dando de ombros e eu cruzei os braços - Só acho melhor os dois se resolverem, antes que seja tarde demais.
- Mas eu não acho que tenha essa de tarde demais, se eles gostam um do outro nenhuma briga acaba com isso, não adianta. - Mariana disse vindo pra sala com uma garrafinha de água e eu assenti -
- Essa é a questão, não existe isso pra gente, eu sou apaixonada por ele e ele por mim, tu sabe disso.
- Ih, olha, eu sei, eu sei, agora chega desse papo né, tenho paciência não. - ele disse irritado e eu ri -
- Chato. - reclamei -
- Manuela, eu acho que você devia ir atrás dele o mais rápido possível, afinal, não foi pra isso que você veio pra cá? - ela perguntou, eu suspirei e assenti -
- Você ta certa, mas antes vou passar no Ibira, ainda são 18:30. - disse depois de olhar o relógio e levantei, Paulo levantou em um pulo junto - Eita, o que foi, maluco?
- Nada, nada, vai direto na casa dele, Ibira pra que, vai pro Ibira amanhã. - ele disse rápido me encarando e eu arqueei a sobrancelha - Ah, quer saber, faz o que você quiser só me avisa no que deu depois.
- Ok. - disse ainda achando aquilo muito estranho e me despedi da Mariana - Foi um prazer te conhecer.
- O prazer foi meu.
- E você...espero que não esteja me escondendo nada. - disse enquanto abraçava o Paulo e ele riu - Amanhã eu passo aqui porque hoje provavelmente vamos nos acertar né e aí você já sabe...
- Poupe-me dos detalhes, vaza. - ele disse rindo e eu ri e saí do seu apartamento -
Minha tarde foi diferente do que eu esperava, mas boa da mesma forma, eu só espero que a noite siga o mesmo caminho.
POV Caíque Gama.
Passei a tarde inteira fazendo porra nenhuma em casa, quando deu a hora de encontrar com a Bruna no Ibira dei graças a Deus, correr pra der menos sedentário. Ou pelo menos tentar né.
Depois de umas voltas no parque a gente parou pra respirar, ficamos conversando sobre coisas aleatórias nas nossas vidas, sobre a banda, sobre a família dela e sobre o tamanho da nossa fome. Ela era bem legal, sem brincadeira, acho que nunca tive um papo tão cabeça com uma mulher assim antes - uma mulher que não tivesse sido minha mãe, ela não conta -. Morena, bonita, alta e mais velha, perfeitinha demais pra ser de verdade.
- Eu já tinha te visto antes, mas você tinha o cabelo maior, topete estilo Justin Bieber. - ela mencionou e eu ri -
- Bons tempos, mudo o cabelo igual você muda de roupa, tenha certeza. - deixei claro e ela assentiu rindo -
- Eu queria lembrar onde te vi, foi há um tempinho já...
- Capricho. - respondi e ela assentiu apontando pra mim e rindo -
- Você era colírio! - disse e eu fiz que sim com a cabeça - Que bonitinho, eu sempre tive quedas pelos colírios da capricho. - ela disse me encarando e eu ri -
Meu celular começou a tocar logo depois, vi o nome da Manuela no visor e resolvi atender, o clima tava ficando estranho.
POV Manuela Ribeiro.
Estava andando pelo Ibira e indo pra casa do Caíque, quando eu simplesmente cruzei com ele ali mesmo e o mais importante, ele estava acompanhado, que maravilha. Eu tinha duas opçōes, ir até ele e fazer um escândalo estilo Manuela Rineiro ou, agir igual uma pessoa normale fingir que não tinha visto nada pra saber se ele ia me contar, e por mais que estivesse morrendo de vontade de fazer o escândalo, escolhi a opção dois.
- Oi meu amor, onde você ta? - perguntei tentando soar o mais normal possível -
- Como assim onde? Em São Paulo ué. - ele disse rindo -
- Eu também, surpresa! - disse rindo e vi ele colocando a mão no rosto tipo fodeu, idiota - Vim pra gente conversar, vou ficar até o final de semana.
- Finalmente né, veio por mim ou pelo zfestival? - perguntou e eu ri debochada -
- Não deixa de ser babaca. - deixei escapar - Ta em casa?
- Ah, eu...sim, em casa. - ri assim que ele falou isso -
- Jura? - perguntei sarcástica - Tô indo pra lá então, beijo, eu te amo. - disse rápida e desliguei -
Entrei no primeiro taxi que vi e fui pra casa dele, vamos ver até que ponto isso vai chegar.
POV Caíque Gama.
Depois de sair correndo o mais rápido que pude pra poder chegar em casa e deixar a Bruna sem explicação, finalmente cheguei e encontrei o que eu menos queria, Manuela e minha mãe conversando lá dentro. Não que elas não pudessem conversar, o problema era a Manuela já ter chegado.
- Oi amor. - ela disse e levantou pulando no meu colo pra me abraçar e depois me selou - Você disse que estava em casa. - disse baixinho -
- Quando tu me ligou eu saí voando pra ver se achava fini, mas ta tudo fechado. - foi a primeira coisa que surgiu na minha mente e aí eu falei -
Ela ficou me encarando por um tempo e depois riu e me abraçou de novo, dizendo que não precisava disso tudo e coisas do tipo. Foi mais fácil do que eu imaginava.
Minha mãe subiu logo depois e ficamos conversando, meio que nos entendendo mesmo, falei tudo que queria e acho que ela fez o mesmo.
- Eu tenho que ir, falei que ia dar uma voltinha e até agora não voltei pro hotel. - disse parando o beijo com um selinho e eu reclamei -
- Tu ta ficando em um hotel? - perguntei e ela assentiu - Essa tem dinheiro mesmo.
- Engraçadinho. - disse debochada e eu ri - Tô no fasano, vou ficar lá até o final de semana e volto pro Rio no dia seguinte do zfestival.
- Só fala desse zfestival, puta que pariu hein. - reclamei e ela gargalhou enquanto levantava -
- Uma das poucas coisas que eu estou ansiosa, tenho que falar toda hora mesmo. - falou e eu a selei de novo e abri a porta - Quando chegar me avisa.
- Caíque, você já mentiu pra mim? - perguntou do nada e eu a encarei -
- Do nada, Manuela? - perguntei tentando mudar de assunto -
- Um dia você me disse que nunca faria uma coisa que fosse me magoar. - ela disse segurando a minha mão e apertou - Eu confio em você, ta?
- Beleza, relaxa. - disse e ela assentiu, dei um beijo na sua testa -
- Ah, eu mando mensagem quando chegar porque esqueci a droga do meu casaco no Paulo e vou ter que passar lá pra pegar. - disse e eu assenti - Boa noite.
- Boa noite.
Boa não vai ser, mas longa com certeza, e pōe longa nisso.
POV Manuela Ribeiro.
23:30 da noite.
Eu já estava desabando antes mesmo do Paulo abrir a porta, as vezes eu queria conseguir simplesmente desligar minhas emoçōes e meus dramas, queria não sentir umas coisas que eu sinto, mas porra, o que eu posso fazer se eu não consigo? Eu sinto, sinto pra caralho e quando vem do Caíque parece que a intensidade multiplica.
Ele abriu a porta esfregando o rosto e me viu naquele estado - chorando igual uma desesperada, com o cabelo bagunçado e a maquiagem borrada - e só me abraçou, sem nenhuma pergunta, sem questionar, ele me abraçou e foi a melhor coisa que ele poderia ter feito.
- Ele mentiu pra mim, Paulo. - disse entre os soluços - Ele mentiu olhando nos meus olhos...como ele teve coragem? - perguntei e me soltei dele, secando meu rosto em seguida -
- Eu disse pra tu não ir pro Ibira. - ele disse enquanto fechava a porta e eu o encarei - Não que a culpa tenha sido sua, mas eu mandei indireta pra você se ligar, Manu.
- Desculpa, Paulo, na próxima vez você tenta ser mais direto, ok? - disse irritada falando a penúltima palavra mais alto que as outras - Eu vi os dois conversande de longe, ela é bonita, tem o cabelo bonito, e provavelmente é mais velha que eu, mas e daí? Ele ta namorando comigo, porra!
- Ué, isso tu tem que perguntar pra você mesma, eu sei que mentir não foi legal, mas Manu ele só saiu com ela, não é crime.
- Você ia gostar se a Mariana saísse com um cara?
- Se eles fossem amigos, sem problemas!
- Ah, faça-me o favor! Desde quando o Caíque e ela são amigos? - perguntei irritada -
- Desde semana passada. - ele falou rindo e eu o empurrei - Ah, qual foi!
- Eu te odeio. - disse e ri, sentei no sofá - Quero o meu namorado de volta.
- Ah, não começa a chorar de novo não. - ele pediu vindo na minha direção e sentou do meu lado - Vocês vão se resolver, sempre se resolvem, calma. - ele tentava me acalmar e eu continuava chorando - Porra amanhã eu acordo cedo, tava tentando dormir quando você chegou.
- Posso dormir com você? - perguntei e ele me encarou - Por favor, quero ficar aqui. - ele assentiu - Obrigada.
Fui andando até o quarto dele e no caminho mandei uma mensagem rápida pro Pedro.
"Estou na casa do Paulo, vou dormir aqui hoje, não precisa se preocupar, te amo"
Me joguei na cama dele e senti que ele ficou me encarando, tive que abrir os olhos.
- O que foi? - perguntei secando o rosto -
- Vou dormir no outro quarto. - ele disse pegando os travesseiros e eu segurei dele -
- Não, a cama é sua, deita aí, eu vazo. - disse com a voz meio mole e ele riu -
- Relaxa, gosto de dormir lá.
- Por que não dorme aqui comigo? Eu não mordo.
- Brigados ou não, tu é a namorada do meu melhor amigo, não rola.
- E você é meu amigo, eu to precisando de carinho, dá pra parar de cu doce e ficar aqui comigo? - perguntei igual uma metralhadora e ele apagou a luz e deitou do meu lado logo depois - Você já sentiu dor de amor?
- Não, mas já causei várias vezes e não me orgulho disso. - ele disse e eu virei pra ele e o encarei -
- Boa noite. - disse baixo -
- Boa noite, Manu. - ele disse e virou pro outro lado -
E quando tudo desmorona, você continua tendo o apoio deles, das pessoas que tem fazem bem, que não te julgam e que te apoiam em qualquer parada. Mato e morro pelos meus amigos, não imagino meu mundo sem um deles, principalmente sem esse loiro de olhos azuis.
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