História Mundos Opostos - Do dia pra noite tudo muda.

POV Manuela Ribeiro.

No dia seguinte eu acordei super cedo, me arrumei pra escola toda bonitinha como se nada de ruim tivesse acontecido, mandei mensagem pro Marcelo e pedi pra ele me buscar na esquina porque, ele sempre passava por ali pra ir pra escola. Quando deu a hora que marcamos ele parou lá e eu entrei no carro, coloquei o cinto e minha mochila no colo, tirei os fones de ouvido pra falar com ele.
           

             - Bom dia aê. - disse e ele arrancou com o carro - Sabe se a Babi vai pra escola hoje?
             

          - Que eu saiba vai sim...achamos que você não viria. - ele disse meio sem graça e eu ri - Tu ta legal?
           

         - Marcelo, olha pra mim, olha bem pra mim. - disse irritada e ele me encarou - eu passei maquiagem, quando você me viu ir pra escola de maquiagem? Porra, óbvio que eu não tô bem, eu tô acabada. - eu disse e ele ficou quieto, aí disparei a falar - Eu amo o Caíque, mas destruí meu namoro porque não consigo lembrar o que aconteceu naquela festa e por mais que eu tenha certeza que não traí ninguém, não é o suficiente porque, mais de mil pessoas estão contra mim no momento.
             

            - Mais de mil? Que exagero. - ele disse estacionando o carro na frente do prédio da escola -
           

          - Mais da metade das fãs do Caíque tão me xingando e 10% tão mandando mensagens perguntando se é verdade ou não, não sabem no que acreditar sabe? Porra, o que eu faço?
             

        - Fala com o Igor, simples. - ele disse saindo do carro e eu saí em seguida - Se tão dizendo que tu traiu seu namorado com ele, nada mais óbvio do que tu tirar satisfação com ele.
           

        - Eu já tentei isso tudo, já liguei, mandei mensagem e até liguei pro fixo da casa dele e os pais dele disseram que ele não está em casa desde ontem. - disse e respirei fundo antes de entrar na escola - Bom dia, inferno. - falei baixinho enquanto ia atrás da Ana e da Bárbara - Babi, sabe do seu primo?
           

          - Sabia que tu ia perguntar, não faço ideia, mas assim que souber te falo. - ela disse e foi falar com o namorado, eu sentei do lado da Ana -
           

        - Eu ia perguntar como você está, mas aí eu vi que tu ta usando maquiagem. - Ana disse simples e eu ri e encostei minha cabeça no ombro dela - Vai dar tudo certo.
         

      - Assim eu espero. - eu disse e suspirei depois - Preciso ir atrás do Igor, mas também quero tentar de novo com o Caíque, ele tem que confiar em mim.
         

      - Ele confia em você, mas pensa que se fosse ao contrário, se surgissem boatos de que ele te traiu com uma amiga e ele não lembrasse de nada, o que você faria no lugar dele? - ela perguntou e eu a encarei - Ta vendo como não é tão fácil quanto parece. - ela disse e o sinal bateu, levantamos pra irmos pra sala - Preparada pra encarar a Júlia e sua patotinha?
           

      - Ai, eu achei que essa fase já tivesse passado... - reclamei olhando pro alto - Um dia eu ainda me estresso com essa garota, mas dessa vez vai ser de porrada mesmo.
           

       - A última vez eu fiz por você. - ela disse e eu ri lembrando - Aquele dia foi muito bom, dei um
tapão no rosto dela, ficou a marca! 
         

      - Ai Ana, só você pra me fazer rir hoje. - disse rindo e entrando na sala de aula -
Quando eu entrei o povo lá de trás começou a batucar na mesa e fazer batidinha de funk, eu não entendi porra nenhuma.
         

        - Manu, a gente ta sabendo do seu término e tem uma música que combina muito com isso. - O Samuel, que nunca falava comigo chegou em mim do nada e eu fiquei quieta prestando atenção - vai ser legal, só que também fiquei sabendo que tu dança pra caralho, então é o seguinte: Eu canto, eles batucam, você dança, eu filmo e posto pra animar nossos dias, beleza? - eu olhei pra Ana e ela assentiu gargalhando, eu fiz que sim com a cabeça e dei minha mochila pra ela -
           

       - Não pode ficar pior do que já tá. - ela disse e eu ri e fui pro meio da sala -
         

      - Mas quem pensou que ela tava, depressiva em casa só porque o namorado terminou com ela, que ela só sabia chorar, muito errado você ta, a partir desse momento a cena é toda dela... - ele continuou cantando e eu dançando e rindo -

Pra minha sorte a Júlia não estava lá, nem as suas amiguinhas e eu sou muito grata por estar nessa turma, de verdade, tudo eles conseguem levar pra alguma coisa boa sabe, chega a irritar as vezes, mas dessa vez eles realmente conseguiram me animar.

[...]

POV Caíque Gama.

Passei na casa do Marcelo e fiquei por lá a tarde toda, ele não falou nada pra ninguém porque eu pedi, nem quero imaginar a confusão que daria se ele tivesse comentado. Eu ainda precisava de um tempo sozinho pra digerir toda aquela confusão, tudo que estava acontecendo, tudo que estava passando pela minha cabeça...coisa pra caralho pra organizar antes de meter o pé na estrada e voltar pra Sp o mais rápido possível.
         

           - Péssima ideia ter vindo pra cá, péssima. - eu pensei alto e o Marcelo me encarou - Se arrependimento matasse, puta que pariu!
             

       - Ta arrependido de ter terminado o namoro né? Eu sabia disso cara, Manuela não te trairia e você sabe disso. - ele disse e eu o encarei sem entender - Opa, tu não tava falando disso, ok, parei.
         

        - De boa. - respondi e fechei a mala - Mas tu acha que eu fiz errado? - perguntou e ele assentiu meio óbvio, eu coloquei a mão na cabeça - Ah, porra! Marcelo, tu sabe que eu precisava que ela me disesse que não, que não tinha me traído e ela não pôde me dizer isso, o que mais eu faria?
           

    - Cara, eu não sei...nunca tive esses problemas com namorada. - ele respondeu simples - Mas eu sei que a Manu ta na sua de verdade e que não vai desistir nem tão cedo.
         

     - Tô ligado nisso. - respondi e meu celular tocou, era ela, eu mostrei pra ele - Décima terceira vez.
         

       - Caralho. - disse espantado e eu desliguei e ele riu - Será que ela liga de novo? - perguntou e o celular tocou de novo, mostrei e ele riu - Como tu aguenta? Porra
         

        - 14 é o número da sorte dela, sabia que ia ligar. - disse e levantei pra sair do quarto - Essa eu atendo. - respondi e suspirei saindo so quarto e atendendo a chamada - Fala.
         

       - Oi. - ela disse baixinho e eu fiquei quieto - Não sei por que liguei, acho que só queria ouvir a sua voz.
         

       - Se foi só isso já pode desligar. - disse seco e ela ficou quieta por um tempo - Foi mal.
           

       - Confia em mim só mais uma vez. 
         

    - Por que eu faria isso? Pra você beber de novo daqui uns meses e não conseguir me dizer se me traiu ou não? 
         

   - Caíque, eu vou me lembrar! - ela disse elevando o tom de voz -
         

     - E o que você quer que eu faça até lá, velho? Porra, não sou seu brinquedinho não! - respondi com o mesmo tom de voz dela - 
         

    - Naquele dia que eu apareci na sua casa, eu já tinha te visto com a Bruna no parque e mesmo sabendo que você tinha mentido pra mim, eu confiei em você, meio no meio de todas aquelas mentiras baratas Caíque, eu confiei em você! - ela jogou na minha cara de uma só vez - E eu preciso só de mais uma chance.
       

        - A única diferença é que eu posso te dizer com todas as letras que sou fiel, que eu não te traí e nunca trairia e você? como vai me dizer se não lembra? 
         

      - Você não podia estar fazendo isso, porra, eu achei que fosse confiar em mim.
         

      - Você ainda não entendeu que a questão não é mais essa? Eu não tenho no que confiar, Manuela! Você me disse que não sabe, não falou sim, nem não, ficou entre os dois. - eu disse rápido e um pouco alto de mais - Desculpa, mas não dá mais.
           

      - Você que sabe. - ela respondeu simples e eu até estranhei - Tu me conhece bem o suficiente pra saber que eu não vou desistir de você. Só você sabe o quanto isso me machuca.
         

     - Você não pareceu nem um pouco triste no video que postou hoje.    
         

       - Nossa, nem parece você falando uma coisa dessas pra mim. - ela disse e riu - Eu tô tão acostumada com a dor que aprendi que as pessoas não precisam saber dela, quanto menos souberem, melhor.
         

       - Eu vou desligar, vou voltar pra casa, tenho show pra fazer no final de semana.
         

     - Tem como passar aqui só pra me dar um tchau? - perguntou e eu respirei fundo - Ok, nem precisa responder.
         

       - Tchau Manuela. 
         

     - Eu amo você. - ela disse e eu encerrei a chamada -
Ah, o amor. Só fodendo com a minha vida.

POV Manuela Ribeiro.

Uns dez minutos depois que desliguei o celular com o Caíque recebi uma mensagem do Igor dizendo que estava na porta da minha casa e como já era de se esperar, eu desci as escadas correndo louca pra falar com ele e por incrível que pareça, me senti aliviada ao encontrá-lo sentado do outro lado da calçada. Aliviada e esperançosa.
               

            - Eu só preciso que você me diga que não estava tão bêbado quanto eu naquela festa. - eu disse enquanto caminhava na sua direção e ele olhou pra baixo - Igor!
             

        - Eu tava tentando criar coragem e mentir pra você, mas não consigo. - ele disse olhando pra mim e eu sentei do seu lado - Não aconteceu nada entre a gente. É chatão dizer que eu tentei, mas quando insisti deu merda.
             

       - E por quê você deixou chegar a esse ponto? Deixou o Caíque terminar comigo, me deixou ser feita de otária na mão da Júlia de novo, Igor. De novo, você. - eu disse e ri fraca lembrando das poucas e boas que eu já passei naquela escola por culpa dele - Eu esperava mais de você.
           

           - Eu também esperava mais de mim. - ele respondeu e eu levantei - Quer que eu converse com o Caíque? ele deve estar querendo me. matar, mas não custa nada tentar.
         

      - É o mínimo que você pode fazer. - respondi grossa e ele levantou e puxou meu braço -
           

      - Continuamos amigos? 
         

     - Igor, querendo ou não nós temos e sempre vamos ter uma história juntos. Já fomos melhores amigos, namorados, amigos de novo, mas agora...agora eu não sei o que quero ter contigo. - respondi sendo sincera e ele assentiu - 
         

    - Só me perdoa que tá ótimo. Vou pra Cali semana que vem, devo ficar lá por um tempo estagiando. 
       

      - Aproveita o tempo lá e vê se não some dessa vez. - disse simples e ele riu e deu pra ver que pegou o celular antes que eu me virasse - Espero que esteja pensando em ligar pro Caíque! 
         

      - Fica tranquila que eu não vacilo mais. - ele disse e eu ri e entrei em casa -

Respirei fundo e sorri aliviada e agradecida, ainda tem gente que diz que o Igor não presta e na moral, ele pode ser tudo, tudo mesmo, mas desonesto não é, disso eu tenho certeza.

[...]

Acordei com a campainha tocando, peguei meu celular e vi que eram três horas da manhã, puta que pariu, que maravilha, tinha apenas mais três pra dormir e ainda tinha alguém atrapalhando meu sono, tomar no cu né. Desci correndo as escadas - lutando contra o meu sono - pra atender a porta antes que minha mãe ou Pedro acordassem, porque acredite, no quesito mau humor e grosseria eles me vencem.

Abri a porta e levei um susto com quem estava na minha frente, não sabia se ria ou chorava. Fiquei sem reação - ah, novidade! - Era o Caíque. 
           

            - O que você ta fazendo aqui essa hora? - perguntei ainda sonolenta -
           

       - Igor falou comigo, eu ia embora, mas pensei em voltar, depois em ir de novo e agora tô aqui.  - ele disse e eu fiquei quieta - Será que dá pra gente conversar? - perguntou e eu mordi o lábio e sorri pra ele -
         

            - Eu te odeio. - disse dando de ombros e abri a porta liberando a passagem - Entra, babaca.