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História Murphy - Drarry - Cap. 1 - 22 de Julho


Escrita por: izukuart

Notas do Autor


Essa fanfic está sendo postada também no Wattpad! Espero que gostem dela! ^^

Capítulo 1 - Cap. 1 - 22 de Julho


 

Dia 1

22 de Junho de 2001

 

 Ter vencido a guerra trouxe a Harry uma nova forma de enxergar a vida. Ele era O-Garoto-Que-Sobreviveu, não uma, várias vezes. Harry sentiu ser morto a cada pessoa que perdeu, ele viu sua vida se despedaçar por causa de ganância e cede por poder, ele viu pessoas ir para o lado daqueles que lutaria um dia, foi uma época difícil de lidar.  E todos o invejavam e o idolatravam, mas ninguém faz ideia do quão difícil é ser Harry Potter. E ele agradece de outras pessoas não se sentirem como ele, não terem que carregar esse fardo nas costas como se fossem um gnomo carregando um troll.  Foram tantos problemas desde tão novo, Harry se frustra sempre que pensa sobre eles.

Sentado no sofá de seu apartamento, Harry divagava sobre como está sua vida atualmente. Recém formado em auror, mas desde o término da guerra participa das batidas e buscas por comensais ou qualquer sinal de magia negra. Continua nas manchetes dos jornais e revistas bruxas, mas não os acompanha pois está cansado de ver matérias sobre o que O-Garoto-Que-Sobreviveu comeu pela manhã, ele sabe já que foi ele quem comeu.  O que tinha de especial em sua vida agora? Nada demais, ele vive um pouco solitário depois que todos seus amigos começaram a construir suas vidas, a maioria ocupados agora que começaram uma família ou pretendem começar. Era estranho, pois Harry pensou que estaria noivo de Ginny esse ano. Mas com a ajuda de sua doce amiga Luna, Harry abriu os olhos e percebeu que não era aquilo que deveria ser, nem Ginny gostava daquilo, só estavam juntos por maior influência de outras pessoas.  No fim, Luna se sentiu culpada depois que ambas iniciaram um romance, e Harry assegurou a loira de que estava tudo bem e elas podem ser felizes juntas sem se preocuparem com ele. Harry está feliz pelas amigas. 

Ele se lembra do dia que teve aquela conversa com Luna.

"Eu quero pedir Ginny em noivado, comprei a aliança a algum tempo, mas eu não sei o que fazer." disse rapidamente e suspirando frustrado logo após. 

Luna o encarou por alguns segundos antes de abrir a boca em um pequeno sorriso. 

"Isso é ótimo, Harry."

"Eu sei, eu apenas-..." cortou a fala e reformulou a frase. "Eu não sei como fazer o pedido e você é a melhor amiga dela, o que pode me sugerir?"

"Você não me parece seguro disso." sua expressão havia se tornado séria.

"Eu tenho medo dela dizer não."

"Harry, você tem medo dela dizer sim."

O homem piscou os olhos verdes confuso, a mulher lhe lançou um olhar compreensivo.

"Você tem coragem de fazer o pedido, mas você não sabe se é a coisa certa."

Harry desabafou para a amiga antes de decidir que não era aquilo que ele queria. Luna sempre foi boa em conselhos, mesmo que às vezes eles fossem confusos com frases peculiares ou enigmáticas.

Bem, é a Luna. 

"Luna." Harry murmurou para si mesmo pensativo, com um pequeno sorriso nos lábios ao pensar na amiga tão doce. 

Mas seus pensamentos fluíram novamente, e ele se perguntou o que teria acontecido se Cedric não tivesse-... Deus, quantas vezes Harry se torturaria pelo o que aconteceu a tanto tempo?  Era difícil, ele se lembra como se fosse ontem quando agarrou no corpo morto do garoto a qual se apaixonou, e o levava consigo para de volta o torneio.  Não queria soltá-lo, não iria, mas o arrancaram do corpo já gélido do outro. Harry tem arrepios sempre que se recorda daquele dia.

O barulho semelhante a sinos o fez girar a cabeça para o lado e avistar sua fada de enfeite sobre a mesa de centro, que esperava por sua atenção já que é extremamente vaidosa.  Os cabelos azuis eram quase do tamanho do seu corpo minúsculo, os olhos escuros olharam para Harry enquanto se mexia para mostrar a sua beleza, ele sorriu observando sua colega de apartamento, a única "pessoa" que tem tanto contato durante o tempo em casa.  Ele já se pegou desabafando sobre seu dia para a pequena fadinha enquanto se enrolava nos lençóis, comia yakisoba e algum programa trouxa e entediante passava na televisão. E ela sempre pareceu ouvi-lo ao que se deitava nos seus cabelos negros e ele sentia minúsculas mãozinhas enrolar os fios soltos para o confortar. 

"O que é que está fazendo, Camellia?" ele perguntou. A ideia do nome veio quando ele encontrou a fada em um canteiro escondida entre as flores camélias, no mesmo dia a batizou com o nome da flor e levou-a para casa.

A fada, obviamente, apenas soltou seu barulho de sinos em resposta antes de lhe dar as costas por não ganhar um elogio. A extrema fixação por beleza estava deixando-a tristonha por não ter mais ninguém para a elogiar na casa. 

Então, ele ouviu a campainha tocar e se levantou desconfiado, quem a essa hora da manhã estaria em sua casa? Hoje é sua folga, mas todas as pessoas que conhece estão trabalhando por ser uma quinta-feira. Harry se aproximou receoso e checou se sua varinha estava fácil de pegar do seu bolso, ele girou a chave na fechadura antes de abrir a porta. 

"Malfoy?" Harry fala confuso e surpreso, olhando para o homem loiro na sua frente, que carrega uma criança desacordada em seus braços. "O que está fazendo aqui?"

"Potter, eu não gostaria de estar aqui, mas precisamos conversar urgentemente." Malfoy o olhou esperando o outro permitir sua entrada, a criança está com a cabeça deitada no ombro do loiro e seu rosto escondido no pescoço dele, não dando para Harry vê-la. Harry finalmente da passagem para ele entrar.

"O que você quer?" perguntou ainda receoso sobre Malfoy, fechando a porta de sua casa e pousando a mão sobre o bolso onde sua varinha está.

"Onde está seu quarto?" Malfoy pergunta sem respondê-lo, encarando Harry com seu costumeiro olhar superior. 

"O que?"

"Preciso deixá-la em algum lugar." ele fala balançando ligeiramente a criança em seus braços. 

Harry, ainda confuso, caminhou em direção o corredor e andou até o quarto de hóspedes, abrindo e apontando para a cama arrumada. Malfoy atravessou a soleira sem olhá-lo e caminhou até a cama, colocando a criança devagar sobre a cama, Harry o observou de braços cruzados e confuso, achando tão estranho ver Malfoy ajeitar uma criancinha na cama e cobri-la com o edredom, tirando a franja loira da testa. Desde quando ele tinha uma filha? Harry está realmente por fora da vida de todos. 

Harry o encarou fazer um movimento sutil com a varinha e murmurar algo, a criança se mexeu mas apenas se aconchegou na cama, provavelmente um feitiço de conforto. Em seguida, o loiro se levantou e passou por Harry sem olhá-lo, caminhando para a sala novamente e ficando parado ao lado do sofá, Harry o seguiu ainda confuso e duvidoso sobre a presença do outro em sua casa. 

"Malfoy, o que faz aqui?" Harry tornou a perguntar, olhando para o rosto pálido, que parecia até mais do que o normal. 

"Acredite, eu não queria estar se não fosse realmente necessário." ele respondeu, parecendo aflito. Harry apontou sutilmente para o sofá e se sentou, Malfoy fez o mesmo mas um pouco afastado do grifinório.

"Diga." 

"Aquela garota apareceu na minha casa, dizendo ser minha filha." Harry arregala os olhos com a notícia, mas permanece quieto para ouvi-lo falar. "E ela trazia isso consigo."

O sonserino retirou do bolso da calça um objeto brilhante, mostrando para Harry. O moreno percebeu de imediato ser um vira-tempo prateado, mas está quebrado, Malfoy mostrou a segunda parte dele. 

"E você veio atrás de mim porque sou o único auror que estaria disposto em ajudar, certo?" Harry perguntou olhando para os olhos azuis-acizentados, que o encararam com certo orgulho, antes de mexer a cabeça ligeiramente em um aceno. 

"Também. Mas a situação piora..." 

"O quê tem de pior? Ela lhe contou algo sobre o futuro?"

"Sim."

"O que?"

"Ela disse que também é filha de Harry Potter, ou neste caso, você." 

***

Draco estava ruborizado com tantos olhares direcionados a ele, mais do que o costume. Esses não são com nojo como a maioria costumava lhe lançar desde o final da guerra, esses são confusos e surpresos, assim como o olhar que recebeu de Potter ao bater em sua porta hoje mais cedo. 

Ele estava sentado em um dos bancos na parte central do Ministério, com uma garotinha ao seu lado em pé no banco, mexendo em seus cabelos loiros platinados. Draco nunca socializou com crianças tão novas, a única que ele realmente já parou para brincar era Teddy, seu primo de segundo grau órfão que vive com sua tia Andrômeda.   Foi a única família que lhe restou após seu pai ser condenado ao beijo do dementador em Azkaban e sua mãe desaparecer deixando tudo para ele antes da audiência de ambos.  Teddy tem seus quatro anos de idade, um doce garotinho que adora brincar com a cor de seus cabelos e modificá-los sempre que possível, Draco se lembra das vezes que foi visitar eles e encontrou Potter lá, já que é o padrinho do garoto. Eles não se falaram em nenhuma das visitas que acabaram acidentalmente indo nos mesmos dias, mas estavam em algumas brigas silenciosas para ter a atenção do bebê que alternava entre eles, e mudava seus cabelos para loiros e negros sempre que trocava de pessoa.

"Fique quieta um pouquinho." Draco falou, sua voz soando o mais calma possível para não magoar a criança. Apesar de sua postura dura, ele sempre acabava sendo amoroso com Teddy, e ocasionalmente acredita que ser o mesmo com a garota fará a mesma obedecê-lo. 

"Sim, papai." ela falou um pouco triste, se sentado no banco ao seu lado, cruzando os bracinhos.

Ela fez um leve bico suspirando e balançando os pés no ar ao se sentar. Draco arrependeu-se imediatamente achando que a garota começaria a chorar a qualquer momento.

"Não pense que estou te proibindo de algo, apenas obedeça por enquanto, ok? Não estou tendo um bom dia." Draco explicou com a voz serena, pousando a mão sobre o ombro pequeno da criança, trazendo-a para mais perto.

"Vocês brigaram de novo, não foi?" ela o encarou, Draco piscou os olhos confuso. "Era por isso que o papai H estava chorando ontem à noite?" 

Draco a olhou com dúvida, mas antes de dizer qualquer coisa a menina, uma mulher que devia trabalhar no ministério, surgiu lhe avisando que a reunião iria começar em breve. Ele pegou a garotinha nos braços que foi de bom grado, e caminhou em direção ao local.

Em pouco tempo, todos estavam em suas devidas posições nas "escadas", o ministro no centro, Potter de um lado, Granger do outro, Draco e a criança um pouco mais a baixo. A pequena logo se distraiu após Granger a azarar para que ela não ouvisse da conversa, fazendo-a ficar distraída com pequenas luzes em formatos divertidos a sua frente, deixando-a alheia sobre a situação a qual falarão.

"Eu os convoquei aqui por algo importante que acabou de acontecer, precisamos que prestem devida atenção." Granger disse com a sua varinha no pescoço aumentando sua voz, mas logo todos se calaram para poder ouvirem sem a necessidade de uma varinha. "Harry, pode prosseguir."

"Bem..." Potter começou e Draco sentiu vontade de girar os olhos, detesta como Potter parece gostar de se mostrar com seu jeito tímido tentando soar adorável aos demais, Draco simplesmente desta o outro por sempre encantar as pessoas a sua volta. "Essa garotinha apareceu hoje cedo, ela diz ser minha filha. Nós precisamos de alguém que tenha algum vira-tempo funcional, os nossos, como todos devem saber, foram destruídos na Batalha do Departamento de Ministérios. Ela não pode ficar aqui, temos que mandá-la de volta ou ela pode prejudicar a si mesma e sua futura geração."

A garota nem mesmo prestou atenção, continuava a rir baixinho e observar as faíscas coloridas com corações ou formatos de animais mágicos.

O silêncio continuou, todos esticam os pescoços para olharem a criança, eles não acharam ela parecida com Harry, exceto os olhos... os olhos são iguaizinhos, verdes intensos e inocentes, a mesma se ergueu ao que a borboleta mágica e brilhante começou a descer as escadas do palco, e ela começou a seguir, Granger preferiu manter o encanto para que ela não ouça da conversa. Draco a seguiu com o olhar, pensando se ela poderia acabar se perdendo e preferiu acompanhá-la com a vista.  

"Como sabe que é sua filha?" um bruxo ancião perguntou. 

"Eu não sei, mas ela me chamou de pai." Potter respondeu.

O silêncio se fez presente, ela surgiu novamente de volta ao palco quando a borboleta voltou, mas desapareceu repentinamente, cortando o efeito de azaração. Granger decidiu deixá-la sã para que tirassem dúvidas com a mesma, a menina abraçou Potter pelas pernas, Draco continuou de onde estava a observando.

"Estou com fome, papai. Podemos fazer biscoitos?" Harry corou olhando para ela sem saber o que dizer.

"Qual o nome dela?" uma bruxa perguntou em curiosidade, fazendo-a guiar o olhar até a pessoa e abrir um sorriso envergonhado e se esconder atrás das pernas de Potter ao perceber o aglomerado de pessoas a olhando.

Potter abriu a boca e a fechou novamente, Draco então percebeu que não havia perguntado o nome dela.

"Eu me chamo Murphy." ouviram sua doce e infantil voz soar pelo local. "Mas podem me chamar de Phy ou Lírio, como papai Harry me chama às vezes."

Draco pode perceber a expressão de afeição de Potter com o último apelido citado, e se na estava enganado, Lírio era o apelido da mãe falecida dele, já ouvirá sua mãe Narcisa se referir assim ao falar da mulher com Andrômeda, claro que Draco não entrava nas conversas de sua mãe e tia, mas não podia deixar de ouvi-la falar que já fora amiga da ruiva radiante que era a mãe de Potter sem ficar curioso. 

"Qual a necessidade do Malfoy nesta reunião?" um dos bruxos perguntou, causando o olhar raivoso de Draco para ele ao perceber o tom de desgosto que o homem usou.

"Meu pai?" Murphy fala confusa, girando a cabeça olhando para Draco. Todos soltam barulhos de supresa e confusão. 

"Harry, o que?" Draco pode ouvir Granger falar baixo para Potter.  "Murphy, seu pai é o Harry, certo?" Granger falou sem esperar resposta de Potter, Murphy a encarou e confirmou com a cabeça. "Então por que está chamando Draco Malfoy de pai?"

Murphy ergueu uma das sobrancelhas de cor semelhante à seus cabelos, quase não visíveis em seu rosto, seus olhos verdes fitavam a mulher mais velha quase como se ela estivesse louca ou algo do tipo. Os lábios finos se prensaram em linha reta antes de falar.

"Eu sou uma Malfoy, ele é meu pai também. Por que a senhora está tão surpresa se sempre soube?" ela pergunta com a voz um pouco enrolada, a confusão da garota era notável, ela não estava entendendo e todos sabiam que aquilo poderia prejudicá-la.

Os bruxos então começaram a reparar as semelhanças da garota com Draco: a pele pálida, os cabelos loiros platinados, os lábios finos e o nariz, um pequeno e arrebitado nariz, uma herança genética que os Malfoy's sempre carregaram. 

"Espera, o que você disse?" Granger perguntou incrédula, Draco pensou que era a primeira vez que via a grifinória não entender algo, e achou aquilo de certa forma cômico.

"Nós podemos ir para casa?" ela pediu puxando a camiseta de Potter para ter sua atenção, sua voz manhosa e quase chorosa.

"Você pode me dizer seu nome completo?" pediu Granger, se baixando diante da garota, que mesmo confusa, assentiu. 

"Murphy Potter-Malfoy."

O barulho coletivo de surpresa só a fez choramingar e retornar a pedir por atenção de Potter, puxando sua camisa com mais força. Granger decidiu que aquele era outro momento de agir, e a azarou novamente. Ela se acalmou enquanto e foi em direção a Draco, pedindo por colo um pouco sonolenta, o loiro não negou e se abaixou para pegar a garotinha e senti-la o abraçar e deitar novamente a cabeça e seu ombro como aconteceu em sua casa quando decidiu levá-la até Potter.

"Alguma ideia onde mantê-la durante a procura de um vira-tempo?" Potter perguntou, um pouco pálido, Draco já perdeu tantas oportunidades de comentários maldosos, mas continua a optar por manter-se calado. 

"Harry, talvez... talvez ela deva ficar com você, afastá-la pode prejudicar sua capacidade mental por ser tão nova." Granger sugeriu, e alguns bruxos concordam.

"Não, não posso cuidar de uma criança." Potter falou, soando um pouco desesperado.

"Não podemos simplesmente deixá-la isolada de todo o resto, ela tem que interagir, crianças são mais sensíveis em viagens do tempo." Granger rebateu.

"Não!" Potter exclama em irritação.

"Alguém tem ideia melhor?" Granger ignorou o que Potter disse e olhou para o restante das pessoas, ninguém disse nada. Draco pensou em como ele sempre odiou está pose mandona que a sangue-ruim sempre tinha com todos. "Malfoy, você vai ter que participar disso também."

"Não, absolutamente não!"

"Você também não tem escolha." ela falou com firmeza, o que o fez gruir em irritação.

"Granger, eu não quero fazer parte disso!"

"Levante as mãos quem acha que Malfoy deve, e vai, participar até mandarmos ela de volta?" Granger também o ignorou e olhou para os bruxos, grande parte deles ergueram as mãos em uma votação silenciosa. "A maioria vence, Malfoy."

"Está decidido, Potter e Malfoy estão sobre vigilância da criança até encontrarmos um meio de mandá-la para casa." disse o Ministro, tendo a última palavra sobre o assunto.

E Granger tomou a fala novamente, pedindo a Potter que vá para casa com a criança, e isso incluía levar Draco junto para que possam conversarem e planejarem uma forma de socialização sem que haja brigas ou sem prejudicarem a saúde mental de Murphy. Draco foi de mal gosto atrás de Potter segurando a pequena em seus braços, ele andava a passos rápidos para seu escritório pois precisava pegar algumas coisas antes de retornar para casa.

***

Murphy andou pelo escritório como se já o conhecesse, subiu na cadeira de rodinhas e começou a brincar sozinha com os enfeites da mesa assim que Malfoy a deixou no chão após a acordar pouco depois de adentrarem no local.

"Como quer resolver isso, Potter?" Harry olhou para ele após um tempo observando a garotinha. 

"Não faço ideia."

Eles se encararam com indiferença, Malfoy com seu típico ar de superioridade, Harry na defensiva.

"Não acho necessário minha participação nisso." Malfoy falou em um tom baixo para que a garota não ouça, a voz levemente rouca, as mãos ajeitando a blusa branca social de manga longa que estavam um pouco amassadas depois de carregar Murphy.

"Infelizmente teremos que te incluir. Você ouviu o que Hermione disse, não podemos deixá-la enlouquecer, é uma criança, ela não tem noção que voltou no tempo." Harry estava odiando tudo aquilo, mas a vida de uma criança estava em suas mãos e ele precisava ser responsável. 

"Eu sei, a questão é que não importa o que fazemos, ela pode envelhecer ou desaparecer caso prejudique sua própria linha temporal."

"Não faz sentido." Harry responde um pouco irritado, desviando o olhar. "Ela não pode ser... nossa filha."

Malfoy bufou ao seu lado e ambos olharam para Murphy, que distraidamente usava o enfeite na mesa como um divertimento, murmurando enquanto mexe ele em suas mãozinhas.  Algo dentro deles os fizeram lembrar de suas próprias infâncias solitárias e sem pessoas a sua volta para realmente cuidar deles.  Eles não podiam abandoná-la ou deixar que o ministério tomasse conta disso, aquela garotinha se sentiria sozinha nas mãos de pessoas que seriam cruéis, e eles já sentiram esse sentimento de vazio, sabiam como era, não podiam fazê-la sentir também. Harry sabia que precisava tomar parte disto, algo dentro dele dizia.

"Não temos escolha." Harry murmurou, Malfoy virou o rosto para ele e fez uma confirmação com a cabeça, a expressão de desapontamento bem aparente em seu rosto.

"Certo, onde?" perguntou Malfoy, Harry o olhou confuso.

"Quê!"

"Onde quer fingir sermos uma família?" perguntou sem o encarar, Harry pode notar o tom de deboche claramente, mas guardou um comentário de desagrado para si.

Harry piscou os olhos em confusão. Não iriam fingir ser uma família... ou iriam? A ideia era fingir serem os pais dela. O que faz com que sejam a única família que ela tenha aqui. 

Talvez tenham que fingir serem uma família, Harry só está aceitando isso pela saúde mental da criança ou negaria mesmo se o oferecessem um milhão de euros e galeões.

"Talvez fosse melhor no meu apartamento por enquanto, você não precisa necessariamente ficar lá."

"Certo."

***

A garotinha entrou saltitante no apartamento, os cabelos curtos balançando de um lado para o outro, ela não falou muito desde o ministério. Ela se virou para os dois e piscou os belos olhos verdes curiosa, Draco e Potter se sentiram constrangidos com o olhar da criança para eles. 

"Onde estamos?"

"Por enquanto ficaremos aqui." Potter respondeu, ela ergueu uma das sobrancelhas claras, olhando para ele confusa, mas logo após dando de ombros.

"Onde está Teddy?" ela questiona, balançando o corpinho. Eles se entreolharam sem saberem o que dizer, ela provavelmente conhece um Teddy bem mais velho e para ela seria estranho vê-lo da sua idade.

"Murphy, o que acha de dar uma volta pelo apartamento?" Draco perguntou com uma voz um pouco mais calma do que Potter está acostumado a ouvir, Draco se inclinou pousando as mãos nos joelhos e olhando para ela com certa seriedade. Ela mexeu a cabeça em afirmação varias vezes seguidas, sorrindo largo para ele. "Ok, me diga depois o que achar de interessante." 

Murphy correu para longe, dobrando o corredor e invadindo um dos quartos que Draco não entrou na sua primeira visita à casa.

Draco observou toda a decoração, tem um sofá cinza, uma poltrona da mesma cor, uma 'telezão, ou algo assim, Draco já ouviu falar sobre algo parecido com aquilo, mas não lembra o nome dessas coisas muggles e não faz questão de saber. Alguns vasos com flores nos cantos da parede, as cortinas brancas tampando a visão do lado de fora, uma mesa redonda pequena para quatro pessoas, uma agradável estante com alguns livros, mais vasos com flores, um ou dois quadros de Potter e seus amigos, uma caixa pequena com qualquer coisa guardada. No centro da sala, entre o sofá e a televisão, há um tapete branco redondo e provavelmente deve ser muito agradável ficar sem sapatos em cima dele, tem uma abertura que dá acesso a cozinha, um corredor dando à vista de duas portas, mas pareceu mais extenso que aquilo, ele virou o rosto e algo lhe chamou a atenção era um quadro sobre a mesa de centro, um quadro com um casal dançando agasalhados, uma ruiva e um homem idêntico a Potter.

"Pode se sentar." ouviu a voz de Potter atrás de si, Draco se acomodou no sofá cinza. Potter se sentou ao seu lado, afastado.

"Estamos em uma boa encrenca." Draco murmurou, voltando a encarar o retrato. Seus olhos observando a ruiva sorrindo enquanto dança com o homem no quadro. 

"É, estamos... você pode ir embora depois que ela dormir."

"Sem problema." murmurou, sua língua formigando para perguntar algo sobre o retrato que observava desde sua chegada, na primeira vez que esteve ali de manhã não teve tempo de ver nada.

E o silêncio se formou entre eles por um longo tempo, constrangedor e estranho. Seus pensamentos fluindo e eles se perdendo neles. Draco pensando sobre a garotinha e em como ela é realmente parecida com ele, exceto os olhos... olhos verdes, tão intensos e atrativos, cheios de pureza e inocência, olhos idênticos aos do homem ao seu lado. Como ele e Potter puderam um dia ter pensado na hipótese de ficarem juntos e terem essa garotinha? É ridículo, é uma ideia absurdamente ridícula, nunca nem em um milhão de anos se imaginou se casando com Potter. Draco está bem com Theo, embora eles não sejam realmente namorados.

Theodoro Nott, um pouco perseguido pelo ministério, mas nada que não possa resolver. Ou ele acredita nisso. 

"Malfoy?" piscou os olhos ao ouvir Potter o chamar provavelmente pela terceira vez.

"Hm?" limpou a garganta e virou o rosto para olhá-lo. "O que disse? 

"Perguntei se quer chá?" Draco assentiu. 

Ambos se levantaram e Potter foi na frente, passando pela mesa e a abertura que da acesso à cozinha. Draco acomodou-se no banco em frente a bancada e Potter procurou pelo necessário para fazer o chá.

E lá está Draco novamente distraído. A criança não saia da sua cabeça. Ele apoiou a mão esquerda sobre o mármore, sua cabeça erguendo levemente para observar Potter que também estava distraído imerso em seus próprios pensamentos, provavelmente até esquecendo a presença do loiro ali. 

Potter despejava o líquido quente e aromático da chaleira no interior das xícaras. O aroma do chá fresco sempre o agradava. Levou o recipiente até as narinas e aspirou a fumaça fumegante. O calor parecia aquecer os poros de sua face e embaçava as lentes dos óculos. Potter riu consigo, virando e pousando duas xícaras com pires no balcão e ajeitando-se no banco ao lado de Draco.

O loiro murmurou um agradecimento e pegou a xícara com cuidado, o odor lhe agradava muito, aproximou dos lábios e engoliu um pouco do líquido quente, sentindo o formigamento em sua língua descer por sua garganta. 

"Seu namorado já sabe? Digo, teve tempo de mandar uma coruja?" Potter perguntou de repente, Draco negou com a cabeça sem olhá-lo. 

"Sua noiva já sabe?" murmurou outra vez, o silêncio de Potter fez Draco girar o rosto para olhá-lo, o encontrando com um olhar confuso.

"Noiva?"

"A Weasley." Draco falou, a última vez que viu o Profeta Diário haviam notícias de que Potter tinha saído de uma joalheria e poderia ter comprado um anel de noivado e sua namorada na época era Ginny Weasley. Ele abaixou o olhar para as mãos do moreno, não encontrando nenhum anel. "Ah, eu pensei que estava."

Draco o analisou rapidamente, apoiou o cotovelo no balcão e descansou o queixo na mão, um sorrisinho sacana nos lábios. 

"Murphy tem seus olhos." Draco provocou, ele sabe que deve ser uma frase que significa para Potter por ter ouvido por toda sua adolescência.

"Ela parece muito com você, talvez seja sua com outra pessoa, ou até mesmo Nott." Potter desviou o olhar, engolindo em seco, desejando mudar de assunto ou até mesmo não ter um assunto.

"Nott não tem olhos verdes." Potter se mexeu inquieto com a voz cínica de Draco. "Não conheço mais ninguém com olhos como os seus, Potter."

E o silêncio se instalou mais uma vez, Draco encarava Potter, que mexia desconsertado em um fio solto da sua camisa. 

"Preciso ler algo sobre o trabalho, se importa se eu voltar para a sala?" Draco perguntou depois de perceber que o outro não sabia o que responder. Potter negou com a cabeça, Draco mexeu a varinha para fazer a xícara ir para a pia, se lavando sozinha. Ele caminhou para a sala e pegou sua maleta, lembrou de ter deixado ali pouco antes de se sentarem, se acomodou na poltrona e puxou alguns papéis para ler distraidamente, e Potter passou por ele, indo para o corredor e entrou em um dos quartos. 

Provavelmente essa será sua vida nos próximos dias, na presença de Potter e sendo ignorado por ele.

 

 

 

 

 

PERGUNTA DO CAPÍTULO:

Quais suas teorias sobre como Murphy voltou no tempo e por quê?  Expliquem.



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