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História Must Be Love - Chapter 50


Escrita por: vikyyh

Notas do Autor


MEU AMORES FINALMENTE VOLTEI! T--------T

Senti tanta saudades de postar aqui, de ler os coments de estar por dentro do carinho que vocês tem por minha fic <3

Gente, mil desculpas pela demora horrível, além das dificuldades que me impediram d escrever eu passei por um leve bloqueio de criatividade, mas me recuperei e aqui estou! *-*

Sim, estamos na retas finais e bora começar essa bagaça cheia de surpresas para vocês!

Encontro vocês lá embaixo e antes que eu me esqueça, quem ama ler escutando música (like me) baixem ou quem já tiver apertem o play nas musicas: Stay - Rihanna e The night we met - Lord Huron (para quem não tiver essas músicas vou deixar o link nas notas finais okay?)

É isso, beijos e até lá embaixo love voces <3

Capítulo 50 - Chapter 50


Fanfic / Fanfiction Must Be Love - Chapter 50

Simon não esperava tudo aquilo vindo de seu amigo. Não podia acreditar em tudo que estava acontecendo, era muita informação para uma noite só e ainda tinha o fato de Jay ser capaz de estar mentindo só para fazê-lo ficar do seu lado. Surpreso e atordoado, mesmo em meio a questionamentos, não deixou de se irritar com tudo o que acabara de ouvir, Crane poderia ser mesmo um deles, ou não, tudo isso em sua cabeça caía como um furacão, parecia um pesadelo que o forçava a continuar dentro do sonho. Justo Crane, sua inspiração em sua carreira, e em todos os seus atos era praticamente seu inimigo.

- Não... Não pode ser verdade... – Consolou a si mesmo, ou pelo menos tentou.

Seu subconsciente ainda levantava questões sobre tal assunto, mesmo ainda lutando para esquecer-se de tudo aquilo. Era demais para o pobre Simon, o mesmo naquele momento perante suas dúvidas e acusações decidiu que Jay estava mentindo, e ele não iria cair em sua armadilha. Decidido, foi para seu quarto tentar esquecer tudo aquilo e focar no seu trabalho que era mais importante.

Dois dias depois, recebeu uma informação de alguém anônimo, avisando algo sobre uma certa gangue que estava no outro lado da cidade. Mesmo a tal informação sendo duvidosa, ou, provavelmente, uma armadilha, Simon resolveu arriscar e ir até lá.

- Esta é minha chance de fazê-los ver o Sol nascer quadrado. – Sorriu ao pensar na possibilidade de encontrar Jay e prendê-lo. Chegou até a pensar na satisfação de esfregar na cara dele o quanto era mais esperto que ele.

Chegando ao local informado, que era basicamente um galpão-depósito, entrou silenciosamente. Estranhou ao não ver ninguém por perto, mas ao dar mais alguns passos ouviu o que seriam as vozes de duas pessoas. Chegando mais perto ainda, visualizou um pequeno escritório e confirmou o que previra: eram sim duas pessoas conversando. Percebeu ainda que não era uma simples conversa, era uma discussão bastante acalorada. Apesar da dificuldade tentou se esconder e sacou o walkie-talkie de seu bolso, precisava comunicar aos seus colegas que ficaram do lado de fora com as duas viaturas, e talvez até chamar reforços. Prevenção nunca seria demais.

- Josh, câmbio, Josh. Josh? Aish! Josh? Câmbio! – Simon o chamou insistentemente em busca de apoio dos seus colegas. O estranho é que a resposta não foi imediata, então continuou chamando baixinho com medo que as pessoas no escritório ouçam a sua voz, mesmo Simon se asseguro que daria conta caso fosse pego, resolveu não arriscar-se tanto assim, ele não sabia quantas pessoas exatamente estavam ali. E se Jay também estivesse no recinto.

- Simon... Me desculpe...  – A resposta de Josh não foi o que Simon esperava, este que tentou sair do local assim que juntou as peças.

- O que? – Respondeu de imediato com o cenho franzido. – Como assim?

- E-eles me... – Sua fala foi cortada por alguma coisa, esta que fez um barulho enorme forçando Simon afastar o aparelho do ouvido.

- Mas que porra...

Ao virar-se na tentativa de sair dali o mais rápido possível, sentiu uma picada no braço direito, rapidamente sua vista começou a escurecer e logo em seguida cobriram seu rosto com um saco de pano preto, o impedindo de ver alguma coisa.

Passado o efeito do sonífero, Simon abriu os olhos devagar, seu coração estava acelerado mas o mesmo não se importava ou sequer sentia medo, infelizmente sua visão ainda estava tampada pelo saco em volta do seu rosto. Praguejou baixinho ao tentar movimentar o braço e perceber que estava amarrado. Começou a se debater insistentemente, tentando soltar-se, mas foi em vão, a corda estava amarrada fortemente na cadeira em que estava sentado. Parando com a tentativa inútil de se soltar, ele fechou os olhos respirando fundo, irritar-se ou se desesperar naquele momento não iria ajudar em nada, ele precisava pensar.

Seus pensamentos foram interrompidos quando ouviu um barulho de porta se abrindo, porém parou e o silencio voltou a reinar pelo local. Simon esperava ouvir uma resposta, uma piadinha ou até uma confissão de seja lá quem for do porquê de estar ali naquela situação, apesar de desconfiar um pouco de quem havia tramado tudo isto.

- Quem está ai? – Questionou perdendo a paciência. – Eu sei que tem alguém ai!

Um suspiro foi ecoado pelo local e logo depois sua ansiada resposta foi dada, no entanto Simon surpreendeu-se ao ouvir a voz da tal pessoa, a qual lhe soava bastante familiar e não pode acreditar em confirmar tudo aquilo que haviam lhe dito anteriormente.

- Tsc... Tsc... – O homem que agora estava totalmente dentro da sala, suspirou fundo. – Eu sabia que esse dia seria possível de acontecer, mas não esperava que realmente fosse acontecer. – Olhou para Simon com desaprovação.

- Crane? – Indagou, incrédulo.

- Yah... – Respirou fundo olhando para o alto, ignorando o questionamento do mais alto. – Confesso que tinha me apegado com você, felizmente você foi o único que nunca me decepcionou. – Tornou a olhá-lo. – Mas infelizmente, pela primeira vez eu estou decepcionado com você.

Simon riu, mesmo sem vê-lo permitiu-se imaginar a cara cínica do seu chefe, ou ex, ele não tinha mais certeza de nada.

- Só pode ser brincadeira... – Disse entre os dentes.

- Você sempre foi certinho, competente e muito eficaz. – Sorriu de canto. – Mas ai eu percebi... Eu mimei muito você, te deixei livre demais. O suficiente para se meter onde não era chamado, em certas coisas que você não deveria procurar.

- Eu não acredito nisso! – Bufou, movendo as mãos numa tentativa de soltar-se. – Me deu “liberdade demais”? Você só pode estar de brincadeira!

- Sim, Simon. – Respondeu com sinceridade. – E assim que percebi meu erro eu tinha que repará-lo, você não era mais aquele garoto que só obedecia minhas ordens. Você passou a seguir suas próprias ordens, então pensei que poderia rebaixar você ao colocá-lo num caso, um caso o qual ficaria ocupado demais para continuar a seguir meus rastros. – Diz Crane seu chefe, andando de um lado para o outro na sala. – Mas, mais uma vez eu cometi um erro, um erro que não tinha idéia que iria acontecer. – Encarou Simon com seriedade, ficou alguns segundos em silencio antes de continuar logo após. – Confesso que por um tempo até que consegui tirá-lo da minha cola, porém, infelizmente você vem evoluindo muito rápido atualmente, e isso me forçou a agir.

Simon mexeu-se juntando as peças em sua mente, era difícil acreditar, mas as verdades agora estavam em sua frente praticamente soletrando o quanto Jay estava certo, infelizmente o maldito estava.

- Mas já era tarde demais, seu amigo resolveu agir perante minha jogada. – Aproximou-se dele. – Confesso que foi muito esperto da sua parte me esconder uma parte tão importante da história, Simon. – Tocou de leve no ombro dele, sem tirar o saco em seu rosto. – Como pôde esconder isso de mim? – Afastou-se suspirando. – Como pôde estar do lado errado? Estou triste, muito triste. Meu melhor homem esse tempo todo estava me traindo.

- Quem disse que sou amigo dele?! – Retrucou com a respiração alterada. - Está profundamente enganado. Diferente dele... De vocês que matam os outros por puro prazer, ou por rivalidade... Sei lá! – Gritou Simon desesperadamente se debatendo contra o espelho da cadeira, ainda em vão. – Eu nem tinha idéia que até você estava nessa! Eu estou do lado da justiça, não preciso escolher um lado Crane, eu já tenho um, a verdade.

- Nem pra admitir seus erros você é útil, seu idiota! – Cuspiu. – Para mim, não vale nada, exatamente nada! Suas desculpas e mentiras não são suficientes para mim! Eu conheço muito bem seu amiguinho, e pelo certo “carinho” que ele tem com você, com certeza vocês estão nessa juntos há muito tempo! Eu já caí nas suas mentiras uma vez e não vou cair nessa novamente! – Completou autoritariamente.

- Digo o mesmo! Eu confiava em você! – Confessou, levantando o rosto mesmo sem vê-lo por causa do maldito saco preto.

– Sinto muito, mas agora não tem escapatória, você sabe demais e não posso arriscar-me nessa altura do campeonato. – Virou-se de costas pensativo. – Porém existe um modo, uma solução na verdade para te perdoar. Não quero perder um soldado como você. – Tornou a olhá-lo.

- Não acredito nisso... – Riu, já imaginando a tal solução.

- Junte-se a mim.

- ESTÁ DE BRINCADEIRA?! – Rugiu. – QUEM VOCÊ PENSA QUE EU SOU?

Crane, perante a resposta clara do mais alto, suspirou com tristeza lançando um olhar para um moreno alto que acabara de entrar na sala.

- É uma pena que o mundo irá perder uma pessoa tão inteligente quanto você, que é quase tão esperto quanto eu. – Fez uma breve pausa. – Mas é melhor assim, duas mentes brilhantes não cabem e um mundo como o nosso. O mais esperto, que no caso eu, sempre ganha. – Diz prendendo um botão de sua camisa que havia se soltado, e sua calça que estava apertando sua protuberante barriga. – Prepare-se para dar adeus a este mundo. Faça suas últimas orações. Minha voz será a última que irá escutar, considere-se sortudo. – Diz saindo porta afora.

- CRANE, SEU COVARDE! – gritou Simon, que mesmo encapuzado sabia que Crane havia ido embora pelo som de seus passos. – EU VOU ATRÁS DE VOCÊ E DE TODOS QUE ESTÃO POR TRÁS DISSO, PODE ANOTAR, VOCÊS IRÃO APODRECER NA CADEIA!

- Mate ele e não deixe rastros, já tenho problemas demais para resolver, não quero mais um na minha lista. – Ordenou para o moreno. – Fui claro?

- Sim senhor.

Durante alguns segundos o silêncio reinava naquele lugar, junto ao desespero de Simon, que já nem conseguia pensar em alguma solução para sair daquele lugar, ele nem conseguia tirar aquilo que tampava sua visão.

- Desgraçado... – Esbravejou.

Foi aí que ele ouviu alguns barulhos, seu coração batia cada vez mais forte, pois pensava que era seu algoz.

- Olá, Simon. – Cumprimentou o moreno, enquanto acariciava sua arma nas mãos.

- Aidan? – Indagou tentando enxergar algo além do imenso preto do pano em volta a sua cabeça. – Não acredito até você?

- Sabe... – Sorriu, aproximando-se do mais velho. – Não vou convencer você do certo, eu não quero você conosco. – Inclinou a cabeça encarando a arma. – Você é muito certinho para nós, e eu sempre quis matar você – Tornou a encarar Simon, agora com um novo sorriso nos lábios. – Ou acha que eu me esqueci do que fez no ano passado?

- Você sabe que não foi culpa minha... – Trincou os dentes.

Aidan cerrou os punhos criando uma sombra no seu rosto, mas antes que respondesse ou fizesse algo, sua conversa foi interrompida por um grito vindo no lado de fora.

- O que está acontecendo? – Indagou caminhando até a porta.

Simon piscou os olhos com a respiração alterada, queria poder estar vendo algo mas aquele maldito saco em sua cabeça estava o irritando. Passaram-se alguns segundos e Aidan não tinha voltado ou dado sinal de que ainda estava ali.

- Aidan?

Ninguém respondeu.

- Droga Aidan, chega de joguinhos porra! – Irritou-se. – RES-...

Sua frase foi cortada por um enorme barulho de gritos e tiros vindo do lado de fora, Simon pôde ouvir a voz do moreno dando ordens para matar o tal do desgraçado, seu olhos arregalaram-se com a tamanha surpresa, alguém estava atacando, seria Jay?

Simon aproveitou o momento para tentar se soltar-se, mas como das outras vezes que tentou não adiantou de nada, irritado, bateu o pé esquerdo no chão.

- Droga!

Respirou fundo fechando os olhos, tentando pensar em algo coerente que o tirasse dali, foi perdido nos pensamentos que Simon percebeu que tudo estava em um completo silencio. Estreitando os olhos continuou em silencio, na tentativa de ouvir algo porém o silencio parecia gostar do lugar.

No entanto, um novo barulho surpreendeu Simon, o barulho dessa vez parecia ser dentro do local onde estava, parecia que um corpo foi empurrado com muita força contra a parede e o gemido que ecoou pela sala foi reconhecido por Simon, era Aidan.

- Quem está ai? – Ousou perguntar, mexendo-se na cadeira.

- Desgraçado... – Aidan gemeu, enquanto tentava levantar-se. – Acha mesmo que isso vai ficar assim? – Tateou sua arma. – Vocês não são nada comparado a... – De repente uma bala atravessou a garganta do moreno, o mesmo arregalou os olhos caindo novamente no chão entalando-se com o próprio sangue.

- Quem está ai?! – Simon insistiu.

De primeira ele não teve uma resposta, e para sua surpresa ouviu passos aproximando-se dele, logo Simon viu sua visão devolvida, pela pessoa que tinha tirado o saco de sua cabeça ainda em silencio. Piscando os olhos algumas vezes acostumando-se com a claridade, aos poucos seus olhos avistaram o ser que estava em pé o encarando como se fosse uma arte sem sentido de um museu. Gray estava vestindo uma jaqueta preta, jeans também preto e luvas, seu cabelo impecavelmente penteado sem nenhum vestígio de lutas o suficiente para bagunçá-lo.

- Gray – Chamou Ugly, entrando no local. – Precisamos ir, já achou o cara? – Olhou para Simon e suspirou. – Vamos, tem mais deles vindo e não vamos dar conta! – Completou, retornando seu olhar para o outro.

- Você... – Simon disse com os olhos arregalados, mas antes que terminasse sua fala, Gray o acertou em cheio no rosto, o desmaiando.

- Encontrou Crane? – Indagou enquanto desamarrava o desmaiado na cadeira.

Ugly piscou os olhos pressionando os lábios antes de responder.

- Ele fugiu... Desculpe.

Gray o encarou com frieza, porém não disse nada. Aliás, a missão era resgatar Simon.

Ao retomar os sentidos, Simon percebeu estar em outro ambiente, outro cativeiro. Ainda amarrado.

- Era só o que me faltava... – Resmungou.

Pelo menos agora não estava vendado e ele pôde observar o local com mais atenção. Simon estava numa casa, especificamente em uma sala vazia... Novamente, mas a porta estava aberta, mostrando parte de uma cozinha.

Assustando-o, Gray apareceu na porta com uma faca na mão e aproximou-se de Simon.

- O que está fazendo? – Questionou com o cenho franzido.

- Não vou te matar, se é isso que está pensando.

- Então o que eu deveria pensar?

Gray o encarou com um sorriso no canto dos lábios.

- Um agradecimento talvez por salvar seu lindo rabinho.

- Seu... – Cerrou os dentes tentando levantar-se e acabar com a raça daquele maldito.

- Gray... – Repreendeu alguém na entrada da porta.

Simon levou o olhar até o ser parado na entrada, e lá estava Jay, sem camisa, vestindo apenas uma calça moletom, seus olhos estavam encarando o mais velho com ironia, parecia que era super normal amarrar seus convidados em uma sala vazia atrás de uma cozinha estranha, incluindo melhores amigos, como ele mesmo considerava Simon, ou fingia.

Jay lançou um olhar para Gray, o qual entendeu o recado e desamarrou Simon e saiu.

- Desculpe o j... – Começou, porém o moreno foi surpreendido por um golpe de Simon em seu rosto, tal ato que o fez cambalear para trás.

- Desgraçado!

O moreno respirou fundo se recompondo da pancada e logo voltou seu olhar para seu amigo, um novo sorriso brotou nos lábios do mais baixo.

- Seja o que for que esteja tramando, EU estou fora disso okay? – Simon continuou. – Se pensou que me salvando iria me fazer colocar o rabinho entre as pernas e aceitar a sua oferta RIDÍCULA, está muito enganado! – Finalizou, aproximando-se do moreno.

- Simon. Eu não preciso te forçar ou muito menos insistir. – Sorriu de canto. Eles estavam tão próximos que seus narizes quase se roçaram. – Você virá até mim por pura espontânea vontade.

- Tem razão – Foi a vez de mais alto sorrir. – Eu virei sim... Com um mandado de prisão – Encostou o dedo no peitoral do moreno sem quebrar o contato visual. – Eu juro Jaebum que colocarei todos vocês nas grades, e não vai ser uma velha amizade que vai me impedir... – Afastou-se. – Sinto muito. – Saiu do local, deixando Jay sozinho.

- Eu sei que sente... – Murmurou mordendo o lábio inferior.

Continua...

 

 

 

Presente

 

 

 

O toque suave da música ecoava pelo quarto, tudo parecia estar em ordem e em plena calma, mas tal coisa não durou por muito tempo, a calma foi expulsa bruscamente do local por causa do nervosismo de Taewoon. Ele saiu às pressas do banheiro com o celular colado no ouvido enquanto segurava a toalha em volta da cintura com a outra mão. A música ainda continuava, porém, não tinha mais o efeito de antes, agora ela estava apenas tocando para os ventos, pois os ouvidos do mais velho ali presente não estavam mais atentos a sua melodia, e sim no timbre de voz de alguém que sussurrava no outro lado da linha da ligação.

- Ele fez o que? - Respirou fundo fechando os olhos por alguns segundos. - Como isso aconteceu? - Marchou até uma gaveta. - Okay, okay... Não, eu vou lá - Suspirou enquanto tentava vestir a calça apenas com uma mão, mas não conseguiu. - Porra... - Praguejou baixinho. - Faz assim, fique de olho nele, vou primeiro resolv-

Sua conversa foi interrompida por um barulho vindo da sala.

- O que foi isso?

- Aconteceu alguma coisa, chefe? – O cara perguntou do outro lado da linha, preocupado.

- Não sei, vou verificar – Apressou-se até a cama. – Mais tarde ligo novamente! – Vestiu uma camiseta às  pressas.

- Tem certeza que...

- Só o siga e descubra o que merda ele está fazendo okay? – Pediu, logo desligou, porém antes de mover-se para fora do quarto seus olhos enxergaram um homem em pé na entrada, o impedindo de sair. Sorriu. – Até que demorou, pensei que me encontraria mais rápido... Mad.

O mais velho sequer moveu um músculo, ignorou totalmente o comentário de Taewoon.

- E agora? Vai me matar? – Lançou um breve olhar para o cômodo ao seu lado, onde estava sua arma.

Mad arqueou uma sobrancelha e abriu um sorriso largo, muito largo, ele parecia feliz, muito feliz. Tal ação fez Taewoon preocupar-se, pelo tempo que veio observando o Lord e Mad, sabia que o mais velho não costumava sorrir daquele jeito, não que aquilo fosse relevante, porém, aquele sorriso era um grande motivo para manter-se alerta, Taewoon sabia o nível de Mad e também sabia que se não formasse um plano rapidamente, iria morrer.

Sem esperar mais um segundo, correu até a gaveta mas antes que conseguisse pegar a arma, Mad foi mais rápido, o afastou do cômodo puxando-o pela camisa, Taewoon girou-se levantando seu braço a fim de acertar o rosto do mais velho, porém, mais uma vez Mad foi mais rápido e o acertou em cheio do abdômen, fazendo-o recuar alguns passos. Praguejando alto, Taewoon marchou para cima de Mad no intuito de acertá-lo novamente, no entanto o mais velho mais uma vez previu o ataque do outro e espalmou uma mão no rosto dele e o arrastou até o encontro do mesmo cômodo o qual ainda estava arma dentro da maldita gaveta.

O irmão mais velho de Zico não desmaiou, porém foi o suficiente para seu nariz protestar pelo ato, transbordando sangue. Balançou a cabeça na tentativa de focar novamente sua visão em Mad, mas já era tarde demais, Mad com o último golpe acertou seu punho em cheio na mandíbula do mais novo o fazendo cair na cama desnorteado.

- Ah, Taewoon... – Disse Mad, estralando os dedos. – É só isso que tem? – Suspirou, arrependo-se em criar expectativas demais. Até mostrou seu melhor sorriso de vitória, para nada.

Taewoon tentou levantar-se com rapidez, porém não deu certo. Cambaleou para o lado pegando um impulso para atacá-lo novamente, jurou que não iria morrer por aquele maldito. Mad riu anasalado e o acertou novamente, mais forte dessa vez, estava bravo pelo fato de estar perdendo seu tempo com alguém tão fraco.

Mad tinha algo em comum com Jay, ambos odiavam e achavam entediante lutar com alguém fraco, eles preferiam os mais fortes, de preferência aqueles que se dizem mais “fodas” que eles. E Taewoon era um desses, pelo menos para Mad, pelo fato de ter sido o braço direito do Lord, mas naquela noite ele percebeu o quão ingênuo estava sendo.

- Não acredito que me preparei para lutar com você! – Admitiu. – Não acredito que já foi um dos nossos!

O irmão mais velho de Zico sentou-se na cama e com um sorriso banhado encarou o mais velho.

- Vai para o inferno.

Mad respirou fundo perdendo sua paciência, agora estava super irritado, aquele maldito não servia para nada. Sem pensar duas vezes – coisa que ele raramente fazia – acertou mais uma vez o rosto do mais novo, e assim que o mesmo caiu sobre o colchão novamente, sacou sua arma.

- Você é perda de tempo.

- Mad – Disse alguém na porta. – Não assuste nosso... – Olhou com desprezo para Taewoon antes de continuar. – Amigo. – Sorriu.

Taewoon virou o rosto reconhecendo aquela voz, porém seus olhos precisavam provar que aquilo era verdade. Mad suspirou, marchou entediado até ele e o amarrou enquanto o mesmo encarava com o semblante sério o ser chamado Lord dentro do seu quarto.

- Olá Taewoon – Prosseguiu. – Lembra de mim? Claro que sim, aliás, fugiu da cadeia para me matar não foi mesmo? – Deslizou os dedos pelos botões do seu terno Slim preto com cuidado. – O que foi bem ingênuo da sua parte.

- Desgraçado...

- Achou mesmo que eu nunca iria te encontrar e seus amiguinhos? – Inclinou a cabeça para o lado. – Parker foi muito mais esperto que vocês dois, vocês deveriam seguir o exemplo dele.

- Ele só foi um covarde! – Vociferou.

- Não Taewoon – Ficou a frente do mais novo. – Ele foi esperto, mas lhe agradeço por me lembrar do meu erro em deixar aquele desgraçado vivo. – Suspirou. – Deveria ter o matado.

- Não foi a primeira vez. – Debochou.

- Tem razão. Deveria ter te matado quando tive a chance também.

- Eu sinto muito, não sabia. – Prosseguiu com o deboche.

O Lord sorriu, escondendo perfeitamente sua irritação com aquele homem.

- Se já sabia do meu ridículo plano, por que só veio atrás de mim agora?

- Porque, infelizmente, eu precisava de você. – Explicou sentando-se em uma cadeira. – Depois que salvou Lee eu tive uma ideia: “Por que não matar os dois de uma vez?” – Sorriu. – Mas ai você foi atrás de Parker, aí as coisas mudaram, não podia te matar mais, eu resolvi deixá-lo agir como bem quisesse, queria apostar uma corrida de quem chegaria primeiro até mim. E assim as apostas foram feitas, entre você e Jay, até que me diverti, aliás, estava tudo sob controle, meu plano estava indo muito bem, até o momento em que Nate resolveu mostrar os dentes... – Riu coçando o queixo. – Infelizmente eu perdi o meu interesse em vocês depois disso. Eu pretendia te matar logo após completar meu plano, porém mudei de idéia, percebi que estava na hora de começar agir.

- Por quê? Nate não estava nos seus planos? – Questionou com ironia.

- Não. – Respondeu calmamente. – Nunca considerei Nate um perigo para mim, eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele tentaria me parar. Mas foi outra coisa que me chamou atenção, ou melhor, alguém. – Lançou um olhar para a porta, e lá estava Zico.

Taewoon riu.

- Então esse é o seu plano? Colocar meu irmão contra mim?

- Nunca mencionei isso. – Lambeu o lábio inferior. – A questão é que ele é mais interessante que você, você ainda não entendeu? – Mexeu-se na cadeira. – Todos vocês são peças que eu estou jogando, e infelizmente você não está mais nele Taewoon. Eu planejava usar você para atrair Jay, e Lee a Fei, graças a conexão entre os dois. – Revirou os olhos. – Mas vocês foram lentos! – Levantou-se.

- Então seu plano é fazer os dois disputarem? – Indagou franzindo o cenho.

- Não preciso fazer isso... – Virou-se, voltando a deslizar os dedos pelo terno caríssimo. – Sempre soube que Fei era incompatível.

- Você é louco!

- Louco? – Encarou Taewoon gargalhando de uma forma estranha. – Você não sabe ainda o que é loucura filho! – Aproximou-se novamente do mais baixo. – Ainda não terminei o que quero fazer e convenhamos, você me entende muito bem quando o assunto é vingança, não é mesmo? – Afastou-se. – Mas infelizmente você não está mais no jogo, é inútil para mim. – Caminhou até Zico. – Sabe o que fazer, filho.

- Ele nunca vai aceitar quando souber a verdade... – Alertou enquanto Zico aproximava-se do irmão. – E você sabe disso. – Encarou o Lord sorrindo.

O mais velho respirou fundo parando por alguns segundos, logo saiu do quarto sem dizer uma palavra.

- E quanto o mordomo? – Mad questiona, logo após sair do quarto também.

- Ainda o quero vivo. – Respondeu depois de um tempo pensativo.

Mad estranhou a decisão do mais velho, porém não contestou.

 

 

 

 

 

 

- O que está fazendo é errado! – Krystal protestou, enquanto era arrastada para uma cela.

- Não, Alice, o que você está fazendo que é errado, muito errado. – Respondeu com seriedade.

- Cass, eu não entendo. – O olhou. – Por que está fazendo isso?

- Você sabe muito bem porquê.

- Não, não sei. – Bufou. – Você diz que eu fiz algo muito errado, o qual eu não sei o que é, porque sinceramente, estou muito ciente do que tenho feito ultimamente e não me lembro de ter feito algo errado como me acusa! – Suspirou quando ele a virou para tirar as algemas de suas mãos.

- Não piore as coisas que já estão muito pretas para o seu lado! – Alertou, fechou a cela e a encarou.

- Isso é um erro! – Defendeu-se irritada. – Eu nem tenho direito a uma ligação?

Cass ignorou a ex-esposa por alguns instantes para dar ordens para os demais dos policiais presentes ali saírem do local, bastou um olhar mal humorado do detetive que eles entenderam o recado e deixaram os dois a sós.

- O que merda está acontecendo, pode me explicar? – Expirou.

- Eu que deveria te perguntar isso! – Tentou o máximo não levantar a voz. – O que porra você anda fazendo nos últimos anos? Tem ideia do que fez? Do enorme erro que vem fazendo?

Krystal sentiu suas pernas ficarem bamba, foi preciso segurar firme na grade para não cair, seu coração passou a acelerar e seu subconsciente logo começou a surtar. Cass sabia.

- Não sei do que está falando... – Murmurou sem olhá-lo.

- VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA! – Foi a gota d’água, Cass costumava ser calmo, porém perdeu toda sua paciência com a coragem dela em mentir na maior cara dura. – Como tem coragem em mentir para mim?!

Ela continuou com a cabeça baixa sem falar nada, e naquele momento Krystal praguejou mentalmente, infelizmente James estava certo. Aquele maldito.

- Quando me pediram para investigar o caso de um possível infiltrado na nossa equipe nunca suspeitei que fosse você! – Expirou, passando nervosamente uma mão pelo rosto. – Sua missão era descobrir tudo sobre eles para nos ajudar na investigação, mas passaram-se anos e você não nos ajudava em quase nada, eu entendo que se fosse preciso, precisaria fingir atração por um deles... Mas apaixonar-se de verdade por um deles? – A olhou incrédulo. – Ao invés de ser nossa informante você é deles.

- Você sabe muito bem que não! – Soltou, finalmente o encarando.

- Não parece! – Retrucou. – Alice, você enganou a FBI por anos, sua missão não era cair na tentação por um mero bandido de merda, vidas inocentes estão envolvidas nisso!

- Ele não é um bandido! – Disse num tom irritado.

- Olha só para você. – Fez um gesto com a mão. – Defendendo um bandido, e nem me venha com papinho de que ele não é!

- Você não o conhece! – Ralhou entre os dentes.

- Alice se ele fosse inocente não estaria nesse mundo!

- Você não entende...

- Realmente, não entendo... – Suspirou. – Eu não te conheço mais, onde está aquela mulher que lutava com todas suas forças pela justiça, era competente e era extremamente de confiança... – Fechou os olhos por alguns segundos.

- Sério que vai falar de traição? Logo você? – Riu com desdém. – Faça-me um favor!

- Não me venha com argumentos de merda Alice! Não sou eu que traiu o país por causa de um bandido qualquer! E eu não estou atrás das grades por várias infrações contra a lei, creio que não preciso citar os fatos provando a sua traição para esfregar na sua cara a pura verdade. – Aproximou-se da grade. – Você não traiu só a mim Alice, e no fundo você sabe que estou certo, só estou fazendo o meu trabalho, coisa que você deveria ter feito. Por sua causa ficamos numa tremenda caça as bruxas por anos, enquanto escondia o rabinho do seu... – Fez uma breve pausa. – Deixa para lá.

Krystal iria retrucar porém um barulho ecoou pela sala. Os dois olharam para a porta imediatamente, algo acontecia lá fora.

- Que porra é essa? – Indagou.

- Cass, você precisa me soltar, eu prometo te explicar, acredite, o que venho fazendo... – Sua fala foi interrompida pelo grunhido do mais velho, este que voltou a encará-la com fúria.

- Mas que porra Alice, será que não percebe o quão exposta está? Pelo amor de Deus! Não acredito que mesmo nessa situação continua protegendo eles!

- Eu não estou protegendo ninguém, eu-

- CHEGA! – Bufou. – Vou ver o que merda aconteceu lá fora e torça que não seja seus amiguinhos, e principalmente seu marido que tanto defende. – Caminhou até a porta.

- Cass... – Seu coração apertou, no fundo tinha esperanças de que não fosse Simon e sim algum bêbado fazendo bagunça por ter sido preso.

Por favor Simon, não me rastreie... Não agora...

Cass tentou abrir a porta porém ela estava trancada, praguejando alto o moreno esmurra com força a porta, e o surpreendendo as luzes apagam e tudo fica um completo silencio.

- Com licença. – Alguém exclamou saindo de uma das celas. – Vocês têm algo que é meu... – Lentamente a pessoa foi mostrando o rosto na luz do luar que passava pelas janelas do local. – E eu quero de volta. – Sorriu de canto.

Krystal arregalou os olhos quando viu o rosto da tal pessoa. Na verdade ela nem precisou ver o rosto, pois já tinha reconhecido a voz.

- Simon... – Sibilou com o coração acelerado.

 

 

 

 

 

 

O silencio ainda passeava livremente pelo local, Paul continuava em pé de braços cruzados, tentando entender o que diabos estava realmente acontecendo, enquanto isso seus olhos congelaram na morena sentada no sofá de cabeça baixa. Jia por sua vez, sentou ao lado da amiga e esperou ela molhar os lábios secos com um copo de água que ofereceu minutos antes.

Fei sentiu-se estranha perante aqueles pares de olhos cravados nela, para começo de conversa ela não sabia o que realmente dizer para Jia, a morena sabia que iria ser interrogada pela mais velha e pelo estado em que estava não foi muito difícil perceber que ela estava todo esse tempo a procurando. O problema era que Fei estava incerta na decisão que iria tomar, por um lado queria contar toda a verdade para a amiga, mas por outro o medo não permitia, com certeza Jia iria querer ir até a polícia após escutar toda a história, porém, a morena não estava com cabeça para ser interrogada por policiais ou sabe lá Deus, seu subconsciente ainda estava digerindo tudo que tinha acontecido naquela maldita noite, era para tudo sair perfeito, como nos planos, no entanto tudo foi por água abaixo e ela se viu em um muro fino e frágil, onde qualquer movimento iria quebrá-lo.

Ela precisava tomar uma decisão.

- Fei... – Jia murmurou, quebrando o silencio. – Minha amiga... – Seus olhos voltaram a encherem-se de lágrimas assim que os pequenos olhos tristonhos da coelhinha encontraram com os dela. – O que aconteceu com você?

A morena mordeu os lábios na tentativa de segurar o choro, mas foi inútil, observando sua velha amiga naquele estado era demais para ela.

- Jia... – Sussurrou a abraçando.

Paul continuou assistindo as duas amigas chorarem feito crianças abraçadas no sofá, resolveu esperar passar o momento do tão sonhado reencontro com sua amiga. Na verdade, Paul estava um pouco desconfiado, algo ali não estava certo, primeiro ele a encontra na rua e imediatamente foge ao encontrá-lo, e a gora ela aparece na porta de Jia aos prantos... Nada fazia sentido. Se Fei realmente tivesse sido sequestrada, porque ela estava naquele dia “passeando” pela cidade como se não tivesse acontecido nada? Porque ela não ficou e pediu sua ajuda? Se nada daquilo que os dois pensavam aconteceu, porque então Fei desapareceu e não deu sinais de vida?

Avaliando a morena pelo olhar, Fei parecia muito bem, seu corpo estava saudável, suas bochechas rosadas não só por causa do choro, unhas pintadas, roupas de marcas caras, apesar de serem roupas simples Paul sabia reconhecer uma roupa cara. Sua vontade era de enchê-la de perguntas e ao mesmo tempo continuar calado, podia ser que tudo fosse apenas coisa da sua cabeça, podia ser que a morena realmente tivesse passado por coisas ruins. O enorme sintoma em uma das suas bochechas deixou bem claro isso.

- Onde você estava? Quem fez isso com você? Como chegou aqui? Deus, você não tem noção do quanto estive preocupada, desde que desapareceu nunca parei de te procurar... Infelizmente a... – Sua voz falhou por conta dos soluços, os quais vinham um atrás do outro. – Eu por um momento... Pensei que você estava m... – Fechou os olhos com força, afastou tais pensamentos. Amaldiçoou a si mesma por ter tido esses tipos de pensamentos.

Fei tornou a encarar suas próprias mãos tentando não pensar em muita coisa, na verdade ela só queria ficar sozinha por um tempo e pensar no que realmente iria fazer, já que finalmente conseguiu a sua tão esperada liberdade. Perante aquelas perguntas a morena sentiu-se agoniada, não queria soltar tudo de uma vez para Jia, não queria envolver sua querida amiga nessa história maluca a coitada não merece, Jia merecia ser feliz.

Porém, ela sabia que mais cedo ou mais tarde teria que contar, a verdade ou uma desculpa...

O que merda eu estou fazendo?

- Jia – Paul finalmente pronunciou-se, percebendo que Fei não iria falar nada no momento. Talvez seja por causa do trauma. – Por que não a leva para o quarto? Fei passou por muita coisa, deixe-a... – Respirou fundo. – Digerir tudo o que aconteceu primeiro.

Fei o olhou rapidamente, agradecendo-o mentalmente.

- Você está certo... – A amiga disse, fungando uma última vez e levantou-se.

Segurando firmemente a mão gelada da amiga, Jia a guiou até o antigo quarto onde a morena dormiu durante sua estadia na casa quando voltou para Coréia.

- Desculpe estar um pouco bagunçado, não tive tempo para limpar... – Sorriu fraco abrindo a porta.

- Não se preocupe com isso. – Permitiu-se sorrir minimamente.

Jia observou a morena entrar no seu antigo quarto, por um momento o clima ficou estranho entre as duas, a mais velha queria conversar mais com Fei, queria saber o que aconteceu nesses longos meses e porque, porém não podia, Paul estava certo. Fei precisava botar seus pensamentos no lugar, não iria adiantar de nada enche-la de perguntas as quais ela quer no momento esquecer.

- Fei... – Aproximou-se da morena com um bico nos lábios, assustando a morena com seu repentino abraço. – Desculpe enche-la de perguntas e forçá-la a lembrar de coisas que no momento quer esquecer... – A olhou com os olhos embargados. – É que estou muito feliz que esteja aqui e... Viva.

Fei sorriu.

- Eu também.

As duas sorriram uma para a outra e antes da mais velha propor algo para comer, seus olhos enxergaram um enorme rosado na bochecha de sua amiga, parecia estar também inchado.

- Oh meu Deus! – Arregalou os olhos. – O que... – Antes de sua mão e voz referir-se ao machucado no rosto da mais nova, Fei tratou em afastar-se dela.

- Não é nada... – Virou-se, escondendo o motivo atual daquela conversa com uma mão. – Não se preocupe... – Respirou fundo fechando os olhos. – Eu estou bem...

Na verdade, ela nem tinha percebido que seu rosto estava inchado, aliás, ela não gostava de lembrar-se daquela cena. De como os olhos furiosos de Jay a julgavam sem pudor, sem pena. De como foi doloroso machucar-se da pessoa que jurou nunca fazer tal coisa.

Mas, como antes, Fei não se importava com a dor da sua bochecha. Sua dor principal era a interna.

Jia abriu os lábios para indagar algo sobre o possível agressor, porém, desistiu.

- Vou preparar algo para você okay? – Murmurou ainda a olhando, na esperança de que a morena virasse para ela.

- Okay... – Concordou, ainda de costas.

Suspirando fundo resolveu por fim deixar a morena sozinha, decidiu falar sobre o assunto depois.

- Bom, se precisar de mim estou na cozinha okay? – Parou na porta.

Mais uma vez a morena concordou sem olhá-la e só virou-se quando escutou o barulho da porta sendo fechada.

Paul ainda estava na sala perdido em pensamentos, dúvidas, questões as quais precisavam de respostas, o fato da policial Alice não ter aparecido e pelo seu mau interesse no caso. Algo muito estranho estava acontecendo ali.

Logo seus devaneios foram para Marte assim que dois braços envolveram seu corpo, abrindo um sorriso o mais velho retribuiu o afeto e beijou o topo da cabeça da menor.

- Como ela está? – Indagou.

- Eu não sei... – Fungou.

- Vamos dar espaço para ela.

- Eu sei... Mas... – Suspirou. – Só de imaginar o que fizeram com ela...

- Jia. – Aninhou o rosto dela com as duas mãos.

- O que fizeram com minha amiga, Paul? – O olhou, entregando-se ao choro mais uma vez.

- Calma... – Tornou a abraçá-la. – Não vamos tirar conclusões precipitadas, vamos esperar que Fei nos conte o que realmente aconteceu, okay?

Sem forças para argumentar, ela só concordou com a cabeça.

 

 

 

 

 

 

Aquela com certeza seria a noite mais longa de toda a história de Jay. O moreno se encontrava em um bar qualquer, afogando-se no álcool e afundando-se na tristeza, não poderia citar “sem saber o motivo”, porque nosso leão sabia muito bem a razão da sua tristeza. Esta que acomodou-se nos seus ouvidos e passou a sussurrar mais razões e motivos para o mesmo estar ali, sozinho.

All along it was a fever, a cold sweat hot-headed believer, i threw my hands in the air and said show me something, he said, if you dare come a little closer...

(Foi uma febre o tempo todo, Uma pessoa crédula, medrosa e impulsiva, Joguei minhas mãos para o alto, eu disse 'mostre-me algo', Ele disse, 'se você se atreve, chegue mais perto’...)

Round and around and around and around we GO, Ohhh, now tell me now tell me now tell me now you know...

(Por aí, por aí, por aí nós vamos, Oh, diga-me agora, diga-me agora, diga-me agora, o que você sabe...)

Tomou o resto que continha no copo e despejou com rapidez outra dose, sua garganta reclamou pela pressa da golada, porém o moreno não se importou com o arder insuportável, sua cabeça estava em outro lugar, não duvidava que até seu corpo também estivesse.

Seria a primeira vez após tantos anos o leão sentir-se deprimido, o olhar confuso e amedrontado, os lábios trêmulos, a forma de como a tratou... De como despejou sua raiva em um único golpe... Tudo aquilo rodava em sua cabeça como uma roda gigante, quanto mais se aproximava do céu mais doía, mais a culpa ria maleficamente, ele não queria que fosse daquele jeito, mas esse era Jay Park, impulsivo e que só pensa em si mesmo, e mesmo querendo acreditar em suas próprias palavras que nunca a machucaria Jay sabia de que um dia iria quebrar tal promessa. Se conhecia muito bem. No entanto, esforçou-se em acreditar, esforçou-se em não machucá-la... Mas a quem ele estava querendo enganar?

Not really sure how to feel about it, something in the way you move, makes me feel like I can't live without you, it takes me all the way, i want you to stay...

(Não tenho muita certeza de como me sentir quanto a isso, algo no seu jeito de se mexer, faz com que eu acredite não ser possível viver sem você, isso me leva do começo ao fim, quero que você fique...)

Seu desejo era esquecer tudo aquilo, continuar sua vida, MOVE ON! Afinal, ele era Jay Park, o mother fucker boss! O qual desprezava o amor e todos os sentimentos ao redor e que causa sentido a esse maldito sentimento, nunca precisou se preocupar com mulheres, ou se importar, o plano era só sexo casual, ele pagava e elas faziam seu trabalho, simples... Seu único objetivo e preocupação estavam focados em sua vingança pessoal, aliás, não foi até longe para nada.

Mas, porque ele não conseguia seguir em frente? Ela só era uma prostituta – era o que ele empenhava-se em acreditar, como se fosse possível uma simples mulher mexer com o coração do leão inquebrável.

Só bastou certa frase da música que tocava no local sussurrar em seus ouvidos, e lá se estava Jay, sendo abraçado por lembranças com Emma ao seu lado, lembrou da forma de como ela assustava-se facilmente, da forma como suas bochechas coravam-se com um comentário sacana dele ou quando escondia o rosto em seu pescoço quando sentia-se envergonhada, lembrou-se do motivo de ter a apelidado de coelhinha, de como ela ficava linda vestida com as roupas dele, cobrindo aquele pequeno corpo com uma única camisa, e como ele adorava ouvir as risadas dela.

Quando as cenas passaram a mudar de cor e de clima, Jay passou a remexer-se no banco, começou a ficar excitado ao lembrar-se das curvas, dos lábios pequenos e deliciosos, dos gemidos manhosos enquanto seus corpos se uniam cada vez mais, aquelas mãos pequenas e macias passeando por suas costas ou cabelo, da forma de como o chamava durante o ápice glorioso que ele a proporcionava... Emma era única, em todos os sentidos. Tomou mais um gole na tentativa de afastar tais lembranças, praguejou baixinho para si mesmo, como era possível ficar excitado com simples lembranças? Seria a primeira vez que isso acontecera com Jay.

Maldita! Praguejou mentalmente levando o copo mais uma vez até os lábios, porém uma mão desconhecida o impediu de terminar a ação. Irritado o leão lançou um olhar nada agradável para o estranho sentado ao seu lado.

- Não acha que já bebeu demais? – Questionou, tirando o copo da mão do moreno.

- Cai fora! – Ordenou fazendo um gesto com a mão.

- Não arrisquei minha vida para discutir com um bêbado. – Suspirou.

- Mandei cair fora! – Pegou o copo novamente.

- Não até você me ouvir.

- Estou ocupado, procure outro!

- Preciso te contar algo. – Insistiu.

- Porra... que insistência, cara! – Esbravejou, batendo com força o copo no balcão assustando o barman. Logo respirou fundo e o olhou. – Olha, eu não estou de bom humor então acho melhor ir embora enquanto estou lhe dando chance.

- Então você não lembra de mim. – Sorriu fraco. – Não sei se fico feliz ou triste com isso.

- Isso, e nem desejo lembrar de ninguém! – Bufou.

- Nem sobre ela? – Indagou com o semblante sério e isso chamou a atenção do moreno. – Creio que sabe de quem estou falando.

- Não sei de quem está falando. – Soltou com as sobrancelhas unidas.

- Tem certeza de que não conhece a... – Pensou um pouco. – Emma... Você a conhece por esse nome não é?

Jay piscou fechando a cara, cerrou os punhos em cima do balcão e tornou a encará-lo.

- Quem é você?

- Então você realmente não lembra de mim. – Tentou manter-se relaxado perante o olhar penetrante do mais novo, era incrível como Jay era parecido com seu pai. – Fui mordomo do pai de Fei no passado, sou mais conhecido como Sr. Lee.

Jay riu.

- Muita ousadia da sua parte... – Mordeu os lábios com força. E mais uma vez Emma brotava em seus ouvidos novamente.

- Pela sua reação me parece que já sabe de alguns detalhes.

- Detalhes? – Riu soprado.

- Jay, peço que me escute antes de tirar conclusões precipitadas. – Iniciou, porém foi interrompido por um grunhido vindo do mais novo.

- Conclusões precipitadas? – Piscou incrédulo. – Esse tempo todo, a mulher com quem dormia na mesma cama escondia certos segredos de mim, meus melhores homens sabiam da verdade e o mais importante, ninguém me contou. Engraçado como não posso ter o direito em tirar conclusões precipitadas.

- Ela não teve escolha.

- E eles? – Bufou. – Todos do meu império sabem que odeio mentiras, principalmente uma mentira que envolve a porra do Lord! – Alterou o tom de voz. – Me fizeram de idiota não só por um ou dois meses, foi por QUASE UM ANO!

- Sei que está irritado, mas já parou para pensar no motivo deles não terem lhe contato? Talvez por que sabiam que aquela criança era inocente, talvez decidiram esperar ela mesma lhe contar. – Explicou.

O moreno negou com a cabeça, preferiu ficar calado, aqueles argumentos ainda estavam sendo inúteis para acalmar sua raiva.

- Okay – Suspirou. – Vamos para o início de tudo.

- Que início? Não existe início nessa história!

- É claro que existe! – Franziu o cenho. – Para começo de conversa vocês dois só se viram uma vez na vida, eram novos demais e passaram longos anos sem se verem novamente, então seria normal não se reconhecerem logo de cara, inclusive por causa do nome dos dois que foram mudados.

- Eu nem sei mais em quem acreditar! – Despejou outra dose no copo. – Como posso ter certeza que isso tudo aconteceu, que ela realmente é essa tal de Fei? – O olhou.

- Por que eu estava lá, Jay. – Ajeitou-se no banco. – Nunca se perguntou como ela se transformou em uma prostituta? Analisando esses meses todos que passou com ela me responda, ela parece ser uma prostituta para você?

Jay abriu os lábios para argumentar, mas desistiu.

- Diferente de você ela é inocente, aquela criança não merece conhecer esse mundo que nós conhecemos. – Inclinou-se para frente, apoiando o cotovelo no balcão. – Senhorita Fei foi enganada e ameaçada, foi mais uma vítima daquele desgraçado.

O mais baixo riu.

- Não me surpreendia em ter sido um trabalho em família. – Retrucou com desprezo.

Sr. Lee fechou a cara ficando vermelho.

- Como ousa?! Acha mesmo que aquela criança se aliaria o pai depois de tudo que ele fez?! – Exclamou cerrando os punhos. – Ele nunca a amou, e para começo de conversa ela nem sabia da verdade sobre a identidade do pai! Acha mesmo que ela iria arriscar sua vida e vender seu corpo por pura espontânea vontade por um pai que nunca sequer a olhou nos olhos, e na primeira oportunidade que teve jogou-a para longe da Coréia a proibindo de ver sua amada mãe que estava entre a vida e a morte?! – Fez uma pausa para respirar, nem percebeu que todos ali estavam olhando para os dois, porém não se importava. – Ela só pôde voltar quando ele resolveu sumir levando todo o dinheiro, e assim que voltou perdeu sua mãe. – Fechou os olhos por alguns segundos ao lembrar a Sra. Wang. – Mesmo perante toda a dificuldade que teve após sua esperada volta, a senhorita Fei nunca se rebaixou a tal...

- Se sabia de tudo isso então porque não a ajudou?

- Infelizmente eu fui pego de surpresa por uns homens dele que tentaram me matar, então não pude a ajudar naquele momento tão difícil. – Suspirou triste. – Por um milagre sobrevivi e quando acordei, ela já estava nessa situação... Após descobrir quem estava por trás disso eu tentei ajudá-la, mas falhei... – Tornou a encará-lo. – Jay... Acha mesmo que eu iria tão longe, me transformar no que sou hoje e arriscar minha vida vindo até aqui para contar uma história de ninar para você? Acha mesmo que estou de brincadeira?

Jay continuou em silencio encarando aquele homem.

- Eu estou desesperado, Wang Fei corre risco de morrer e você fica aqui sentado resmungando para os ventos porque foi “traído”? Sinto muito, você até merece, mas ela não. – Relaxou o corpo no banco antes de continuar. – Não vê que ela foi empurrada para essa situação sem saber da verdade? Como ela poderia confiar em você em contar tal coisa que a própria nem sabia o real motivo? Como ela iria explicar? Pelo amor de Deus ela só é uma vítima. Sei que falhei com ela e por isso estou aqui pedindo sua ajuda.

E então o silencio se estendeu entre os dois.

- Eu não entendo... – Disse o moreno. – Você deve estar mesmo desesperado para vir pedir minha ajuda. – Riu soprado olhando para o teto.

- Não estou pedindo para protegê-la e sim para salvá-la. Faça uma coisa certa pelo menos uma vez na vida, não deixe ela afundar-se no ódio como um dia você escolheu.

Jay riu batendo os dedos no balcão pensativo na proposta do mais velho.

- Jay, eu sei que no fundo você sabe da verdade, ela é inocente e não tem culpa do estrago que o pai dela fez na sua vida e com sua família. Não foi ela que matou seus pais.

- É melhor parar... – Pediu cerrando os dentes. Novamente o leão estava ficando irritado.

- Pense bem no que conversamos, só peço que não falhe como eu falhei com ela. Agora ela só tem você, não estou dizendo que ela é sua responsabilidade, estou dizendo que você é o único que pode ajudá-la. – Levantou-se. – Aliás, mesmo depois de anos separados vocês ainda continuam predestinados.

- O que quer dizer com isso?

- Antes de se conhecerem, vocês dois eram prometidos. O casamento iria servir como prova de uma aliança entre sua família com a dela, tudo foi planejado, até o dia que vocês se conheceram quando eram crianças. – Respirou fundo passando os dedos finos nos fios do cabelo. – Mas infelizmente deu no que deu, seus pais brigaram e criaram uma guerra... Mesmo o destino mudando de rumo totalmente, aqui estão vocês dois, não sei se fico feliz ou triste com isso. Sem ofensa, mas não confio a senhorita nas suas mãos, talvez se fosse diferente ou em outro futuro onde você não seja o que é hoje. – Analisou o moreno por alguns segundos. – Sei que está apaixonado por ela.

- O que? – Encarou o velho rindo. – Que baboseira.

- É? – Ergueu as sobrancelhas. – Então o que está fazendo aqui Jay Park?

O mais novo murchou o sorriso encarando o mais velho.

- Bom, adeus, e pense no que te falei.

- Não sou um cara de fazer muitas promessas. – Voltou com sua feição irritada.

- Sei muito bem disso, aliás, você é muito parecido com o seu pai, ele também era durão, mas amava sua mãe... Até onde eu sei. – Tocou com uma mão no ombro do moreno. – Só espero que não se torne no que um dia seu pai se tornou.

De repente o mordomo sentiu seu corpo congelar perante aquele olhar raivoso lançado feito uma espada afiada para si.

- Quem é você para falar o que bem entender sobre minha família? – Levantou-se. – Não foi porque trocou algumas palavras comigo que tem o direito de sair falando o que bem entender na minha cara. – Aproximou-se do mais velho. – Você não sabe de nada.

Não Jay, você que não sabe de nada sobre seu pai. Pensou.

- Se você diz. – Permitiu-se sorrir. – Adeus. – Fez uma leve referencia e saiu.

O leão continuou em pé perdido em pensamentos maldosos, logo saiu do transe e virou-se para a pequena platéia formada no local, estes que resolveram seguir suas vidas assim que um grunhido saiu dos lábios do moreno. Mesmo desarmado, Jay tinha fama o suficiente para qualquer um acreditar que ele não precisava de uma arma para matar alguém, só bastava irritá-lo.

 

 

 

 

 

 

 - Quem é você? – Indagou virando-se.

- Um bandido qualquer – Abriu mais ainda o sorriso. – Acho que ela não torceu como você pediu... – Apontou para si mesmo. – Bom... Estou aqui. – Riu soprado. – O que irá fazer?

Foi a vez de Cass sorrir.

- Então é você o desgraçado? – Questionou cerrando os punhos.

- Quer que eu desenhe? Desculpe, não sou bom nisso. – Deu de ombros.

- Seu... – Bufou, porém manteve a postura séria. – Estou feliz que esteja aqui chapa... Assim eu posso acabar com sua raça de uma vez por ter arruinado a vida de Alice!

- Ah, então esse drama todo significa ciúmes? – Coçou o queixo. – Yah, eu sempre te achei um imbecil, mas não tenho certeza mais disso... Hum... Você parece ser algo muito pior.

- Ria enquanto pode.

- Quem disse que estou rindo?

E assim os dois iniciaram uma briga, onde o policial começou a perder, mesmo sendo muito bom em luta livre entre outras artes, Cass não tinha a experiência e a força de Simon, tal coisa que foi surpreendente, Simon não costumava entrar nas lutas por pura espontânea vontade, normalmente ele ficava responsável pela estratégia e plano de fuga enquanto Jay cuidava do “empecilhos” no caminho.

Mas hoje seria diferente, hoje ele seria Jay Park. Acertou um chute certeiro no abdômen no ex-marido de Krystal o fazendo afastar-se, e sem esperar por um contra-ataque o desmaiou com um único golpe.

- Você pode ser bom, mas eu sou melhor. – Sorriu de canto limpando o sangue que escorria no canto de sua boca.

Seu pulso estava acelerado, sua subconsciente implorava de joelhos para matá-lo, Simon estava tomado por algo que fazia anos que não entregava-se a isso; ódio. Com os dedos trêmulos o ex-policial tirou a arma do cós e mirou no outro desmaiado no chão.

- Sou muito melhor... – Murmurou, roçando o dedo no gatilho, o mais velho sorriu totalmente tomado pela raiva, logo passou a sentir um forte desejo de matar aquele cara.

Quem ele pensava que era em ameaçar sua mulher?

- Simon o que está fazendo? – A voz de Krystal ecoou no seu ouvido, despertando-o do transe.

Piscando os olhos, Simon guarda a arma horrorizado consigo mesmo, como pôde deixar a raiva tomar conta de si? Aquilo era papel de Jay, não dele. Após se recompor finalmente encarou sua mulher, com uma cara nada feliz.

- Simon?

 

 

 

 

 

 

Ao sair do bar logo após a conversa um pouco tensa com Jay Park, Sr. Lee se encontrava em seu carro, preferiu dirigir naquela noite, queria ficar só por umas horas. Assim que soube que Taewoon foi atacado percebeu que ele seria o próximo e infelizmente o ex-mordomo sabia que não teria chance alguma com alguém como o Lord.

- Eu só espero que não seja quem estou pensando... – Murmurou para si mesmo. – Pobre criança... – Suspirou.

De repente algo bate com força na parte traseira do seu carro.

- Merda! – Praguejou acelerando, porém outro carro surgiu na sua frente o forçando a parar imediatamente.

Xingou baixinho enquanto procurava sua arma, mas por causa do nervosismo foi difícil focar em algo.

- Yah... – Disse alguém encostando o braço na janela do carro. – Que decepção...

Sr. Lee virou o rosto para o rapaz que tinha falado.

- Infelizmente o Lord o quer vivo, sinta-se sortudo. – Sorriu.

- Não tenho medo de vocês. – Retrucou com toda coragem que lhe restava.

- Pois devia ter. – Um sorriso largo brotou nos lábios do rapaz, mostrando seus dentes amarelos.

 

 

 

No dia seguinte

 

 

 

O dia finalmente amanheceu e os raios do sol afastaram a tristeza que rondava pela casa, pelo menos por hora. Jia resolveu levantar-se e preparar um café da manha para a amiga, e prometeu para si mesma que não a encheria de perguntas, iria esperar e respeitar o espaço da morena, aliás, Fei ainda estava com trauma.

Assim que terminou, com entusiasmo virou-se no intuito de ir chamar a morena, no entanto ela já estava ali o que assustou a mais velha assim que percebeu a presença dela. Tinha se esquecido do quão silenciosa era sua amiga pela manha.

 - Desculpe. – A morena desculpou-se sorrindo.

- Tudo bem. – Sorriu de volta dando a volta na mesa, ficando de frente para a morena. – Dormiu bem?

Fei concordou com a cabeça, preferiu não contar que passou a maior parte da noite chorando. As duas ficaram em silencio se encarando, Fei franziu o cenho perante o olhar estranho da amiga e perguntou o que tinha de errado.

- É que... – Respirou fundo prendendo o choro na garganta. – Estou tão feliz que esteja aqui... De verdade... – Formou um bico nos lábios. – Senti tanto sua falta.

A morena riu e a abraçou forte.

- Também senti sua falta. – Confessou num sussurro. – Todo esse banquete é para mim? – Indagou após desfazer o abraço.

- Não é bem isso, mas dá para o gasto. – Riu, enxugando uma lágrima fujona.

- Onde está Paul? – Sentou-se, logo pegou um pedaço do bolo em cima da mesa.

- Na casa dele ué. – Sentou ao lado da amiga.

- Ah... – Disse de boca cheia. – Pensei que ele morava aqui com você.

Nesse momento Jia engasga-se com o suco, vermelha desvia o olhar da morena.

- P-porque achou i-isso? – Tossiu.

- Quando cheguei aqui ele parecia bem a vontade, e desde que conheci ele percebi que tem uma caidinha por você. – Deu de ombros sem perceber a reação da amiga, esta que estava vermelha como um pimentão de vergonha. – Mas acho que entendi errado. – Sorriu e a olhou.

- Tch... – Levantou-se, escondendo o rosto corado. – Entendeu errado mesmo.

A morena estreitou os olhos sorrindo, mas não comentou nada.

- Vamos mudar de assunto? – Voltou para a cadeira.

- Okay. – Riu iniciando seu café da manha.

Jia depositou o prato que tinha pego na mesa e a encarou, em silencio analisou o rosto da amiga, procurando o hematoma na bochecha dela, mas este parecia ter desinchado e não estava mais tão ruim assim, graças a maquiagem que a morena passou. Logo o silencio resolveu ficar por ali, as duas passaram a comer em silencio, na verdade, Jia desejava conversar com Fei, no entanto ela não tinha certeza se era uma hora boa para enche-la de perguntas.

- O que quer saber Jia? – Fei indagou, percebendo a tensão da amiga.

- Tudo. – Suspirou. – Quero saber o porquê, e o que realmente aconteceu.

Fei suspirou fechando os olhos.

- Fei para a policia você não existe, não encontraram nada, era como se você não existisse.

- O que? – A olhou surpresa.

- Não é estranho? Ninguém acreditou em mim, exceto uma policial chamada Alice, mas ela não encontrou nada e ela é muito estranha às vezes.

A morena respirou fundo voltando sua atenção para o pão pensativa.

- Fei... – Segurou uma mão dela. – Você sabe que pode confiar em mim...

- Essa Alice é realmente uma policial?

- O que? Na verdade ela é uma detetive.

- Ela passou quanto tempo com esse caso?

- Pouco tempo depois que desapareceu. – Franziu o cenho, não estava entendendo onde ela queria chegar.

- Ainda tem contato com ela?

- Ultimamente não... Espera, o que quer dizer com isso?

- Droga... – Mordeu os lábios pensativa novamente.

- Fei?

- Algo de estranho aconteceu durante minha ausência? – Tornou a encará-la.

- O que? Ausência? – Levantou-se. – Você só pode estar de brincadeira né?

- Me responda.

- Fei você foi sequestrada ou sei lá mais o que! – Exaltou-se. – Como assim ficou “ausente”? Tem ideia do que está falando? O que merda fizeram com você? – Bufou. – Ao invés de irmos para a delegacia e prender esses caras e superar seu trauma, você se preocupa com uma policial?

- Você não entende... – Murmurou.

- Verdade. – Afirmou. – Não estou entendendo mais nada. – Aproximou-se novamente da morena. – Olha, eu sei que está sendo difícil, sei que não tem como eu imaginar seu medo por eles pois não passei o que você passou, mas não precisa ter mais medo, ninguém vai mais te machucar.

Fei riu.

- Acredita mesmo nisso? – A olhou. – Quem te garantiu isso? Paul? Essa tal de Alice?

Jia piscou surpresa, por um momento se perguntou onde estava sua verdadeira melhor amiga, por que aquela com certeza não era.

- Acha mesmo que estou “livre” como pensa? – Continuou. – Acha mesmo que a policia vai nos ajudar em algo? – Riu com deboche. – Não duvido em eles também estarem envolvidos nisso.

- Eu não estou entendo mais nada. – Passou as mãos no rosto frustrada.

- E é melhor assim Jia, a ultima coisa que eu quero é você e Paul envolvidos nisso. Eu talvez mereça, mas vocês não.

- Como assim? O que você quer dizer?

- Jia – Levantou-se. – Peço que fique longe dessas pessoas, não confie em ninguém okay?

- Do que você está falando? – Afastou-se.

- Jia...

- Não, Fei. – Fez um gesto com a mão. – Está me dizendo que você não “desapareceu”, foi tudo uma armação? Tipo, esse tempo todo eu fui trouxa em me preocupar com você?

- Lógico que não! Acha mesmo que eu sumiria por quase um ano e... – Deixou a frase no ar, respirou fundo fechando os olhos virando-se. Precisava se acalmar.

- E o que? – Perguntou indo até a morena. – Tem haver com seu pai?

A morena a olhou com os olhos arregalados.

- É isso?

- Jia...

- O que ele fez?

- Você não entende.

- CLARO QUE NÃO, VOCÊ NÃO QUER ME CONTAR! E não venha com papinho de que quer me proteger! – Apontou para o rosto da morena. – E isso ai? Quem fez isso? Seu pai?

- Eu não deveria ter vindo para cá. – Saiu da cozinha.

O coração de Jia partiu-se ao ouvir aquilo.

- Como é? – A seguiu. – Yah! – Segurou firme o pulso da mais nova. – Então é assim? Você passa anos longe, aparece finalmente quando seu pai desaparece misteriosamente, e olha que coincidência a filha dele também some, depois aparece toda estranha com um papo de que não devo confiar em ninguém e para “não me envolver”, e agora vai sumir novamente? – Trincou os dentes enquanto segurava a lágrima. – Quem é você?

Fei soltou o ar com os lábios entre abertos desviando o olhar, ela queria contar toda a verdade, sabia que podia confiar em Jia, mas ela não queria envolve-la nisso. Sim, inutilmente Fei estava tentando protegê-la.

- Por favor confie em mim... - Disse com os lábios trêmulos. – Eu prometo que logo logo irei te contar, mas antes eu mesma preciso entender o que esta acontecendo... – Fungou. – A ultima coisa que eu quero é te machucar Jia, poxa você é minha melhor amiga.

- Não parece. – A soltou.

- Olha, eu continuo sendo aquela Fei... Eu só preciso... – Desistiu de omitir. – Me desculpe por vir aqui, me desculpe por fazê-la se preocupar tanto... Eu prometo que isso não irá acontecer novamente, prometo não sumir mais uma vez, mas antes eu preciso resolver algo. – Foi para o quarto.

- Fei! – Foi atrás dela. – O que está fazendo? – A observou sair do quarto.  – Fei, yah aonde você vai?

- Preciso encontrar alguém. – Procurou algo nos bolsos porem desistiu e caminhou até a porta.

- Fei, o que está fazendo? Encontrar quem?

- Prometo que te contarei tudo mais tarde okay? – Virou-se para amiga e sorriu antes de sair e deixá-la para trás.

 

 

 

Passado

 

 

 

Continuação

 

Dois dias tinham se passado depois daquele dia cheio de surpresas, Simon ainda estava focado e decidido em acabar de uma vez por todas aquela palhaçada. O que mais lhe deixou chocado não foi o fato de Jay finalmente conseguir o que queria desde pequeno (isso se ele não já tivesse conseguido sua “vingança”), e sim de ter descoberto que não só Crane como outros de alta posição na polícia e até do país estavam envolvidos com essa maldita facção.

Todos que ele confiava, obedecia e o principal, lutava por eles, por um país mais justo e seguro… Todos eles, envolvidos com o vírus chamado “Lord”. Pelas pesquisas que fez nos últimos dias, Simon descobriu que Crane e os outros eram sócios, eles ganhavam para ficarem de boca fechada e ajudá-los a encobrir seus crimes, Jay era um dos “imperadores”, soldados de alto escalão e cada um tinha um “império”, cada império era um pedaço do império total do Lord, cada imperador nomeado era escalado para cuidar de uma parte. Ou seja, Jay era mais perigoso do que pensava e pelo que tinha entendido ou teorizado, Crane queria ser um “imperador”, por isso a tal briga entre eles.

- Desgraçados! - Bateu com força na mesa.

Sentia-se traído, enganado e acima de tudo um completo idiota, como não tinha percebido tudo isso? Estava na ponta do seu nariz o tempo todo, todas as pistas estavam ali na sua frente, como pôde ser tão cego?

Tomado pelo ódio resolveu fazer uma pausa, se passasse mais um segundo olhando para aquele computador era capaz de fazer uma loucura.

“- Simon. Eu não preciso te forçar ou muito menos insistir. Você virá até mim por pura espontânea vontade.” Tais palavras vieram em sua mente.

- Como se fosse possível! - Fez uma careta jogando a cabeça para trás. - Aish…

Fechou os olhos tentando se acalmar, precisava estar de cabeça fria e pensar em algo grande o suficiente para botar todos eles por trás das grades. Mas como? Como ele iria fazer isso? Era muitos contra um.

E mais uma vez as palavras de Jay vieram em sua mente. Será que seria uma boa ideia juntar-se a ele? Ir tão baixo para conseguir seu objetivo?

Jay fez isso. Por que ele não podia também?

- Aish… Nem pense nisso Simon. - Alertou para si mesmo. - Você consegue!

- Simon… - Suspirou recostando-se na parede para pensar em uma resposta menos rude. - Porque não desiste dessa história huh? Cara já faz um mês e nada, entende? Você não encontrou nada.

- Nada?! - Bufou estendendo os papéis, quase esfregando na cara do homem. - Isso aqui é o que? Nada?

O homem respirou fundo prendendo um palavrão.

- Não vê que é inútil? Nunca vamos conseguir, somos só dois e… - Coçou a cabeça. - Eu já pedi minha transferência… - Olhou para o mais velho com cautela. - Você deveria fazer o mesmo.

Simon afastou-se com os olhos arregalados.

- Como pôde?

- Simon… - Logo foi interrompido por duas mãos grandes e trêmulas agarrarem com firmeza sua camisa.

- ELES SÃO BANDIDOS! BANDIDOS PORRA!

- Eu sei s-

- Não, você não sabe! - O soltou com brutalidade. - PORRA! - Praguejou alto.

- VOCÊ QUERIA O QUE? - Retrucou. - Tentaram matar minha filha, ameaçaram minha família Simon… Desculpe mas não posso…

O policial encarou o amigo com raiva, por um lado entendia o amigo, mas por outro não queria acreditar que ele tinha cedido a “ajuda” daqueles imbecis para mentê-lo calado.

- Eu tentei eu juro… Mas não posso botar minha família em risco… Eu tenho uma filha de 5 anos… 5 anos… Ela não merece…

- Eu sei… - Suspirou fundo. - Você não tem culpa.

- Desculpe.

- Tudo bem… Preciso encontrar outra forma, não vou desistir tão fácil assim!

- Simon… Tem mais uma coisa que preciso te contar. - Revelou com nervosismo. - Eles além disso, me forçaram a outra coisa também…

- O que aqueles desgraçados fizeram?

- Antes era só para fazê-lo parar, porém claramente eu não consegui, então me pediram outra coisa… - Respirou fundo tomando coragem. - Lembra do caso da sua mulher e seu parceiro?

- Lembro.

- Eles… Me fizeram entregá-lo.

- Como assim me entregar?

- Incriminá-lo a matar seus companheiros e o acusar de ser um espião, soldado de Jay Park.

- Como é? - Indagou entre os dentes.

- Desculpe! - Ajoelhou-se aos prantos. - Eles tentaram matar minha filha… Eu não tive escolha.

Simon depositou sua raiva com um murro na parede enquanto xingava alto, pouco se importou com o corte que se formou em seu punho.

- Quando foi isso? - Indagou, porém o mais novo não respondeu. - QUANDO?!

- Hoje…

Simon deu um passo para trás.

- Provavelmente a policia já deve estar na sua casa… Desculpe.

- Filho da… - Sem pensar duas vezes correu até seu carro. - Droga, droga! - Deu a partida.

Ao chegar perto da rua onde morava já podia-se ver os carros e as pessoas ao redor se perguntando o que estava acontecendo. Ligando o rádio Simon também ouviu notícias sobre sua incriminação. Ali mesmo a ficha dele caiu, Simon agora era um fugitivo, incriminado por algo que ele não fez.

- Merda… - Bateu com força no volante. - O que eu faço? - Passou as mãos no cabelo pensativo.

Enquanto estava em agonia dentro do carro, não percebeu que um vizinho tinha reconhecido seu carro e logo gritou pela polícia.

- ELE ESTÁ AQUI! - Repetia sem parar.

Praguejando o mais velho rapidamente saiu dali, mas já era tarde, a polícia estava atrás dele.

- QUE DROGA! - Virou uma esquina. - Vamos Simon pensa…

Logo seu celular tocou, ao ver o número o mais velho enrijeceu, mesmo sendo uma ligação anônima ele já tinha ideia de quem poderia ser.

- Seu desgraçado! - Disse assim que atendeu.

“Eu avisei, te dei uma oportunidade e você jogou fora, estou ficando no prejuízo e preciso resolver isso logo Simon.”

- Eu vou acabar com você! - Rosnou, passando pelos carros em alta velocidade.

“Ah é? Como?”

- Seu for pego eu abro a boca, mostro e digo tudo que sei! - Permitiu-se sorrir de canto enquanto lançava um olhar para o retrovisor.

“E quem vai acreditar?”

- Eu tenho provas!

“Se tem provas porque não fez isso antes?”

O policial grunhiu sem responder.

“Não tem como nos vencer seu merdinha então vai baixando a bola! Agora você tem duas opções para limpar a bagunça que você fez: se entrega caladinho ou morre.”

- E quem vai me matar? Você?

“Você sabe muito bem que não sujo minhas mãos com coisas insignificantes como você! - Fez uma breve pausa. - Agora se decida como vai ser, de qualquer forma irá morrer mesmo então pouco me importa quais das duas opções irá escolher, agora com licença tenho uma reunião importante para ir. Foi bom trabalhar com você Simon, pena que acabou desse jeito.”

- Eu vou te matar! Ouviu? - A única resposta que Simon ouviu foi a ligação sendo encerrada. - FILHO DA PUTA!

Enquanto tentava despistar os malditos policiais Simon pensava, e para sua surpresa ou por conta da raiva ele tomou a pior decisão da sua vida.

Mas que escolha ele tinha? Simon estava sozinho nessa, ninguém iria ajudá-lo, ele estava em desvantagem.

Após longos minutos de fuga o mais velho finalmente conseguiu despistar os polícias, logo dirigiu até a parte mais pobre da cidade escondendo-se por lá por um dia. Após se recompor e cair mais uma vez a ficha da realidade e a coragem de Crane em mantê-lo calado, Simon se encontrou em um beco deserto pela madrugada, olhando sempre para trás e ajeitando seu boné para ninguém reconhecê-lo já que seu rosto estava em todo lugar pela cidade.

Parou por um instante e olhou mais uma vez para trás, não tinha ninguém. Era perfeito.

- Pode sair. - Disse num tom audível. - Eu sei que está aqui.

Primeiro o silencio ainda continuou pelo local, mas logo após um barulho ecoou pelo beco, eram passos. Virando-se para encarar a pessoa Simon avistou um homem alto vestido de preto com um boné.

- Eu sei quem você é. - Molhou os lábios.

- Se sabe então deve saber o que queremos. - Respondeu.

- Não esconda sua satisfação em me ver assim Gray. - Sorriu de canto.

- Não tenho o direito de achar nada sobre você. - Aproximou-se. - Você não me interessa.

Simon cerrou os punhos se controlando para não atacá-lo.

- Então… - Gray continuou, rondando o mais velho. - Já decidiu?

Ele respirou fundo fechado os olhos em silencio.

- Como irá provar sua inocência Simon? - Provocou. - O Lord está muito irritado com um certo rato bisbilhoteiro.

- Então Jay é um cão de guarda? - Retrucou a fim de provocar também, porém não teve afeito algum sobre Gray, este que nem piscou, ao invés disso ele sorriu largo.

- Quer descobrir?

Cerrando os dentes o mais velho respirou fundo, tentando se acalmar, por um momento pensou em desistir daquela ideia maluca, porém não tinha mais como voltar atrás.

Estava decidido.

- Eu aceito. - Soltou com a coragem que lhe restava. - Mas com uma condição.

- Que seria?

- Crane é meu.

Um mês depois

Assim que se despediu dos caras o rapaz atravessou a rua e entrou em um beco, olhou para trás verificando se alguém o seguia,  e respirou aliviado por estar sozinho.

- Simon? - Chamou baixinho. Assustou-se quando o mais velho apareceu atrás de si. - Porra que susto! - Quase gritou com os olhos arregalados.

- A menininha quer um abraço e um beijo também? - Debochou rindo.

- Humf… Não sei porque ainda te ajudo! - Cruzou os braços.

- Conseguiu o que eu pedi?

- Sim… Foi difícil mas… Tá ai. - Entregou um envelope para o mais velho.

- Certo. - Verificou o objeto e sorriu largo. - Crane, você está morto…

- Não acredito que ainda não desistiu… E juntou-se com aquele cara… Agora é que não tem como provar sua inocência mesmo! - Comentou.

- Não vou gastar meu latim explicando uma coisa que já expliquei várias vezes! - Lançou-o um olhar acusador. - E sério mesmo que quer falar sobre isso?

O mais novo baixou a cabeça envergonhado.

- Esquece. - Bufou. - Alguma novidade? - Mudou de assunto.

- Lá? - O olhou. - Soube que finalmente colocaram outra pessoa no seu lugar.

- Quem é o cara?

- Cara? - Riu. - É uma mulher.

Simon estreitou os olhos sorrindo.

- Quem diria.

- O nome dela é Alice, você precisa ver, ela é como se fosse uma versão sua feminina. Claro que estou falando profissionalmente e não da sua beleza.

- Yah, sou lindo okay!

- Conta outra!

- Oh sinto cheiro de recalque. Confessa que me acha lindo. - Sorriu de canto.

- Vai se foder cara! - Desviou o olhar corado.

- James mentir é feio. - Provocou. Percebendo que o mais novo tinha ficado constrangido, resolveu mudar de assunto. - Tem foto dela.

- Não acredito que já está afim dela!

- Mostra logo!

- Não! - Bufou. - Com licença! - Saiu do local sem dizer mais uma palavra.

Simon riu. Assim que voltou e finalizou a cansativa reunião com Jay, resolveu ir pesquisar sobre a tal da Alice.

Não foi muito difícil encontrar algo sobre ela, e olhando a foto da garota Simon sorriu de canto.

- Alice… Bonitinha. - Deu de ombros fechando o notebook.

Mal sabia ele que futuramente essa mesma Alice iria aparecer na sua vida novamente e trazer mais problemas para o mais velho. Chamando-se Krystal, a mulher que Simon se apaixonaria perdidamente e por causa disso iria tomar mais uma decisão errada na sua vida, além de juntar-se a Jay.

 

 

 

Presente

 

 

Simon não dirigiu uma palavra sequer para Krystal durante a noite toda, ele simplesmente a deixou em casa e saiu. Krystal resolveu esperá-lo e explicar tudo, porém Simon não voltou e ela acabou dormindo.

Pela manhã, ao acordar, percebeu que seu marido não estava ali, nem ao menos havia vestígios de que em alguma hora ele deitou ao seu lado. Frustrada caminhou até o banheiro e tomou um banho. Ao sair do quarto assustou-se com um barulho vindo da cozinha, e após se recompor do susto a policial permitiu-se sorrir, com certeza seria Simon.

Às pressas, Krystal desceu para a cozinha e ao chegar lá encontrou um Simon com ressaca e mal humorado. Normalmente ela iria xingá-lo e ameaçá-lo a dormir no sofá na próxima que fizer isso, mas daquela vez era diferente, ele estava no direito sentir raiva, afinal, a única que mentiu foi ela na história.

- Amor… - O chamou com cautela.

Simon virou-se lançando-a um olhar estranho, o qual ela não soube identificar se era bom o ruim. E ai o silencio apareceu entre eles e ficaram se encarando por alguns segundos.

- Onde está? - Ele indagou, voltando sua atenção para a gaveta do armário.

- Onde está o que? - Franziu o cenho.

- O remédio! - A olhou fazendo bico.

Krystal pressionou os lábios para não rir, mesmo ela o repreendendo por ter bebido muito, achava fofinho o biquinho que ele fazia por causa da dor de cabeça. Normalmente ela teria rido e corrido até ele para beijá-lo antes de mostrar onde estava o remédio, e claro que não poderia faltar aquela leve bronca para irritá-lo.

Mas aquela manhã não era como era normalmente. Então, em silencio foi até o quarto e dentro de alguns minutos voltou com o remédio que ele tanto procurava na cozinha.

Simon tinha uma mania de procurar tudo na cozinha, como se ali fosse o único lugar seguro e certo na sua cabeça.

- Obrigado. - Disse após tomar o maldito.

Ela suspirou o olhando.

- Por que bebeu tanto? - Arriscou-se.

Ele não respondeu.

- Onde dormiu? Acordei e você não estava na cama...

Mas uma vez ele não respondeu.

- Onde passou a noite?

Ele continuou em um completo silencio sentado olhando para o chão. Ela se irritou por ser ignorada, Krystal odiava ser ignorada, principalmente por seu marido (e isso era culpa dele, ele a mimou assim).

- Yah! - Jogou a sandália nele o assustando. - Para de me ignorar! - Bufou. - Sim, eu menti! Menti para você em ser uma policial, menti sobre tudo até o meu nome, mas o que eu podia fazer? Eu me apaixonei por você, eu realmente me apaixonei, como eu poderia te entregar? Jay merece, não você. Simon eu sei que não faria mal a uma pessoa inocente ou sequer matar alguém. Sim, eu estava infiltrada, mas estraguei tudo, passei anos mentindo e enganando o meus superiores, TRAINDO A PORRA DO PAÍS procurando inutilmente uma forma de salvar você, por que eu amo você e sou louca por um cara que… - Jogou a outra sandália nele com mais força. - FICA ME IGNORANDO! - Fez uma pausa para respirar e o encarou com os olhos marejados. - Eu amo tanto você que nem sei mais o que estou fazendo… - Passou a mão no cabelo. - Grite comigo, xingue, me julgue sei lá… Mas por favor… Fala comigo… - Sem perceber deixou um bico nos lábios. - Você sabe que eu odeio brigar com você ou ficar assim… Nessa situação.

Ele continuou a encarando perplexo com as duas sandálias dela nos braços. Observou ela por mais alguns segundos em silencio e por fim suspirou largando as sandálias no chão.

- Sim eu estou muito chateado com você. - Concordou com a cabeça. - Muito mesmo, decepcionado até! - Levantou a voz.

Ela abaixou o olhar prestes a chorar.

- Como pôde se casar com um cara horrível daquele? - Continuou ele indignado.

Nesse momento ela o olhou com o cenho franzido. Ele bufou.

- “Bandido qualquer”? - Riu com ironia. - Aquele filho da puta, eu deveria tê-lo matado mesmo! - Bateu na própria coxa. - E ainda por cima… - Parou de falar quando encarou sua mulher que estava segurando uma cadeira para jogar nele. - Yah o que pensa que está fazendo?! - Levantou-se protegendo o rosto com os braços.

- Seu miserável! - Deixou a cadeira no chão bufando. - Você… Você… - Fechou os olhos respirando fundo. - Você sabia de tudo não era? E não me contou! Não sei porque ainda fico surpresa!

- O que? - Aproximou-se dela. - Não contei porque estava esperando a senhorita tomar vergonha na cara e me contar! - Apontou para ela. - Você é a culpada aqui e não eu, eu deveria estar com muita raiva sua!

Ela começou a bater no peitoral dele chorando.

- Seu imbecil, idiota! Não sabe o quanto senti medo em você me deixar? E ainda por cima faz esse teatro todo me deixando mais preocupada! - Confessou chorando.

Ele riu a abraçando.

- A senhorita mereceu. - Sorriu apertando o nariz vermelho dela. - Por que eu iria te deixar?

- Por eu ter mentido… - Respondeu manhosa.

- Deveria mesmo. - Provocou.

Ela arregalou os olhos.

- Estou brincando sua boba.

De repente ela parou de chorar e ficou séria.

- Você não está nem um pouco irritado comigo? Uma pessoa normal ficaria. - Disse pensativa.

- Yah está dizendo que eu sou anormal?

Krystal afastou-se dele para cruzar os braços.

- Simon, há quanto tempo você sabia?

- Hum… Desde que te conheci?

O queixo dela caiu ao ouvir aquilo.

- Então, esse tempo todo você sabia sobre mim? - Perguntou e ele afirmou com a cabeça. - E porque não me contou? Me acusou ou sei lá Simon? - Tornou com as lágrimas sentindo-se mais culpada ainda.

- Por que eu sabia que você não era ameaça para nós. - Enxugou as lágrimas dela. - Amor, eu já fui um policial, eu perceberia mesmo sem saber muito antes de conhecer você pessoalmente que você era uma policial. E para mim é insignificante esse fato de “ser policial”, não é importante para mim. Durante todos esses anos que passei com você nunca a considerei inimiga e não digo isso porque amo você. - Sorriu. - Eu também fiquei tão apaixonado por você que preferi esperar a senhorita me contar, mas entendo que teve medo e como lhe disse antes, isso não é importante. - Sentou-se na cadeira e a sentou em seu colo. - Na verdade, eu nunca quis você tão envolvida nisso e não queria que descobrisse da pior forma possível a verdade por trás das cortinas daquele lugar onde trabalha, como um dia eu descobri. - Acariciou o rosto de sua amada antes de continuar. - Eu sei que fui egoísta, eu deveria tê-la afastado ou a entregado, mas o que eu posso fazer se não consegui me afastar de você?

Ela sorriu.

- Meu plano original era tirar você da jogada antes que Jay ou outra pessoa descobrisse, mas deu no que deu… - Riu. - Quando Gray descobriu percebi o meu erro em mantê-la aqui… Mas eu te amo Krystal. Então convenci Gray de que eu mesmo cuidaria de você sem que Jay soubesse.

- Espera. Gray sabia? - Indagou surpresa. - Era por isso que aquele filho da mãe ficava com merda de charada perto de mim.

Simon riu alto.

- Ele fez isso até com Emma. Gray também sabe sobre ela.

- Disso eu sei, você me contou.

Ele suspirou fundo.

- Agora o que eu mais temia aconteceu e vejo que é culpa minha. - A olhou com melancolia. - Você agora é como eu, um fugitivo. - Ela abriu a boca para falar porém ele a interrompeu. - Mas ainda há esperança para você amor. - Respirou fundo. - Você não fez nada de errado.

- Mas isso significaria entregar você. - Ela negou com a cabeça. - E eu não vou fazer isso.

- Krystal, eu não ligo, se isso for o único caminho eu-

- Eu nada! - Bufou. - Não vou te entregar!

Ele sorriu.

- Você sabe que mesmo entregando só Jay eu irei de qualquer forma. - Beijou a bochecha dela.

- Mas você é inocente amor. - O encarou.

- Não mais. E você sabe disso no fundo. - Apontou para o seu coração. - Eu também mereço o inferno.

- Não começa. - Levantou-se. - Não vou fazer isso!

- Então vai deixar bandidos soltos por causa de mim?

- Se for preciso… Sim! - Saiu da cozinha.

- Yah Krystal você não está pensando direito, e eu não quero você tendo o mesmo futuro que eu! - A seguiu.

- É a minha escolha, e do mesmo jeito que você escolheu por motivos justos eu também escolhi.

- Passou longe de ser “justo”.

- Não quero saber! - Subiu para o quarto.

- Krystal! - Fez menção de ir atrás dela porém uma ligação o impediu. - Gray não é uma boa ho-

- Jay descobriu. - O interrompeu.

- O que?!

 

 

 

 

 

 

“Não sou o único viajante, que não pagou sua dívida, estive buscando um caminho para seguir novamente, me leve de volta para a noite em que nos conhecemos, e então eu posso dizer a mim mesmo que diabos devo fazer, e então posso dizer a mim mesmo para não andar ao seu lado. Eu tive tudo, e então quase tudo de você, um tanto, e então nada de você, me leve de volta para a noite em que nos conhecemos.”

The Night We Met - Lord Huron

Silencio. Era tudo que Jay escutava no momento, nada nem ninguém o incomodava, isso era bom. Mexeu-se na cama ainda de olhos fechados, desejando dormir, porém o silencio foi cortado por uma respiração ao seu lado. E novamente o silencio parecia gostar do lugar, no entanto um sorriso agora era visível nos lábios do moreno, ele sabia quem estava ali.

- Faz tempo que não sonho com você. – Murmurou abrindo os olhos.

Ela sorriu, deitando o pequeno rosto no peitoral tatuado do mais velho, sem dizer uma palavra. Ele a olhou ainda com o sorriso nos lábios e a abraçou devagar, envolvendo-a com carinho.

- Não está nua dessa vez. – Comentou deslizando os dedos na barra da pequena camisola da garota.

- Eu deveria? – O olhou curiosa.

Jay riu baixinho beijando o cenho franzido da coelhinha, e negou com a cabeça. A garota encabulada com a reação dele voltou a deitar a bochecha.

- Por que não apareceu mais? – Ele indagou ainda a olhando.

- Você fez besteira novamente? – Retrucou com uma pergunta.

- Eu sempre faço coelhinha. – Acariciou o rosto dela.

Ela riu. Ah como ele sentia falta de ouvir aquela risadinha da pequena, parecia música para seus ouvidos.

- Que tipo de besteira?

O moreno fechou o sorriso e desviou o olhar suspirando.

- Eu machuquei você...

Fei o observou fechar os olhos com força, como se estivesse expulsando alguma lembrança ruim. Ainda em silencio, a morena levou uma mão até o rosto dele e depositou os dedos na sua pele, ele abriu os olhos e a encarou com um olhar triste, a pequena sorriu e selou seus lábios iniciando um beijo lento e gentil, levando embora através dos seus lábios toda a angustia e agonia do moreno. Jay retribuiu a ação sem contestar, ele nunca soube recusar ou resistir os doces lábios de sua coelhinha – o que deveria ter feito desde o começo, agora a consequência era grande, ele estava viciado neles. Sem resistir, deslizou uma mão pelas costas dela até sua nádega, e como agradecimento ela gemeu entre o ósculo.

- Volta para mim... – Sussurrou entre seus lábios, finalizando o beijo aos poucos.

- Nunca fugi de você. – Ela respondeu sorrindo.

Seus olhos ainda estavam fechados, de ambos, e seus narizes passaram a se roçarem como uma dança de valsa, uma cortejando a outra.

- Eu perdi você...

- Não perdeu.

- Não quero ficar longe de você...

- E não vai.

Ele abriu os olhos e a encarou.

- Me desculpe. – Suspirou colando sua testa na dela. – Eu deveria ter dito isso antes... Deveria tê-la tratado melhor... Sou um idiota.

Ela sorriu.

- Sim você é.

Jay retribuiu o sorriso a encarando por alguns segundos até não resistir mais e tomar aqueles lábios para si novamente, dessa vez com mais necessidade enquanto suas mãos exploravam as curvas que ele tanto conhecia e adorava.

- Sinto sua falta... – Murmurou, enquanto descia os lábios pelo pescoço macio dela, passando a depositar beijos molhados ali arrancando gemidos da morena.

- Me faça sua... – Gemeu afundando os dedos nos fios do cabelo dele.

E assim foi feito, o moreno não pensou duas vezes antes de unir-se a ela, senti-la pulsar, arquejar e gemer seu nome várias vezes, e nessa gloriosa cena e intima dos dois o nosso leão abre os olhos devagar.

Foi só um sonho. Pensou suspirando.

Após mover-se na cama descobriu que ele não estava sozinho na mesma, na verdade além desse fato o moreno percebeu que não estava na sua casa e sim em um hotel. Com o cenho franzido sentou-se na cama e viu duas mulheres dormindo uma de cada lado da cama.

- Aish... – Coçou a cabeça tendo alguns flashes da noite passada.

Sentindo uma horrível dor de cabeça por causa da ressaca o moreno levantou-se e passou a se trocar, precisava sair dali.

- Shit! – Xingou.

 

 

 

 

 

 

Simon entrou as pressas a procura de Jay Park, porém só encontrou Gray sentado junto com Ugly.

- Onde ele está? – Indagou retomando o ar.

- Não sabemos. – Respondeu Ugly.

- Até onde ele sabe?

Gray o olhou suspirando.

- Eu disse que seria uma má ideia. – Comentou.

- Espera, vocês dois sabiam mesmo sobre Emma? – Ugly indagou.

Simon suspirou.

- Que merda... – Passou as mãos pelo rosto.

- Quando iriam contar?

- Ugly, isso não é hora! – Disse Simon levemente irritado.

- Tudo bem que ela não parecia ser nossa... Inimiga... Mas mesmo assim... – Murmurou.

Interrompendo a “conversa” dos rapazes Jay passa pela sala sem olhar para ninguém, ignorando todo mundo, principalmente Simon e Gray.

- Yah! – Simon o chamou porém o moreno sequer o olhou. – Esse filho da mãe! – Praguejou. – Vou resolver isso com ele e Gray, por favor procure noticias de Emma, Ugly reúna um pequeno grupo e me encontre mais tarde aqui! – Ordenou antes de seguir Jay para o primeiro andar.

- Jay.

- Me esquece! – Entrou em seu quarto.

- Sério mesmo que vai agir assim? – Entrou em seguida no quarto. – Pelo amor e Deus nós dois sabemos que Emma não era ameaça, por Deus o que ela poderia fazer?

- SHUT UP AND LEAVE ME ALONE! – Rosnou.

- Não! – Deu um passo a frente. – Não contamos porque não achamos relevante.

Jay riu.

- Não achou relevante? – Lançou um olhar furioso para seu amigo. – Achou mesmo que uma possível espiã no meu império fosse irrelevante?

- Você sabe que ela não era! Ela foi só uma vítima! – Aproximou-se dele. – Emma nunca foi uma espiã, achou mesmo que mesmo sabendo disso nós não pesquisamos e a vigiamos? – Bufou. – Acha mesmo que eu iria deixar isso passar por causa de um rosto bonitinho? A garota viveu presa aqui, sem amigos sem telefone ou outro aparelho, e das vezes que teve a oportunidade de sair sempre foi acompanhada e mesmo assim eu a vigiava. Acha que sou tão idiota assim? O que eu ganharia em deixar um segredo TÃO importante como esse em silencio? Meu Deus!

- E mesmo assim não me contaram, você sabe que tudo que acontece aqui é importante para mim! – Disse entre os dentes.

- Okay, erramos em não ter contado, mas como ela não era uma ameaça como o imbecil do Zico diz, decidimos deixar que ela mesma tomasse coragem e contasse toda a verdade, pensei que escutando a versão dela iria ser menos dramático como está sendo agora, afinal vocês estavam se dando bem, estava feliz também porque pela primeira vez meu melhor amigo estava conhecendo um pouco da felicidade e não me venha com papinho de desculpas esfarrapadas para mim porque está escrito na sua testa que está apaixonado por ela! – Apontou para o moreno com as sobrancelhas arqueadas.

Jay bufou aproximando-se do mais velho como um leão correndo para atacar sua presa.

- Cuidado como fala comigo. – Rosnou cerrando os dentes, seu sangue fervia de raiva por um motivo desconhecido, porém no fundo Jay sabia que Simon estava certo.

- Cuidado você! – Empurrou o amigo com força. – Ao invés de focar em sua vingança de merda contra o Lord já que a merda está a vista para qualquer um, você fica aqui no draminha por causa de uma história mal contada por um imbecil que sabíamos que mais cedo ou mais tarde ele iria nos trair! – Respirou fundo antes de continuar. – Eu sempre fui leal a você, sempre te ajudei, OLHA O QUE ME TORNEI POR VOCÊ SEU IMBECIL! – Passou as mãos no cabelo. – Mesmo sabendo que está todo errado você continua com essa pose ridícula de orgulho ferido, deixando a única mulher que não merecia tudo isso ir embora, não, você praticamente a chutou daqui. – Bateu palmas. – Parabéns, agora ela irá morrer por sua causa, fez um bom trabalho! Eu aposto que nem escutou o que ela tinha para falar, aposto que simplesmente a julgou. – Fez uma breve pausa para respirar, observou o amigo e suspirou. – Quando parar de ser uma mulherzinha traída vou estar lá embaixo esperando o "Jay Park" voltar para iniciarmos nosso ataque contra nosso amado inimigo, afinal, esse era o objetivo desde o começo e não ficar chorando pelos cantos por causa de uma besteira! – Sem falar mais nada saiu do quarto deixando o moreno sozinho.

A ultima coisa que Simon escutou antes de descer foi o barulho de coisas quebrando-se dentro do quarto.

O leão mereceu ouvir tais palavras.

 

 

 

Pela noite

 

 

 

- Ela o que? – Paul indagou surpreso.

- Eu não estou mais reconhecendo minha amiga. – Suspirou saindo carro. – Sério Paul, não parecia mais a Fei que eu conhecia.

- Realmente, é muito estranho. – Comentou pensativo. – E a policial lá? Deu alguma notícia?

- Não... – Arrumou alguns fios soltos do cabelo. – Acredita que ela me disse para ficar longe dela também?

- Nessa parte eu concordo com ela.

- Paul!

- Convenhamos, aquela Alice é muito esquisita.

- Eu não sei mais de nada. – Bufou. – Bom, vamos trabalhar, quando voltar eu vou ter uma conversa muito séria com dona Fei. Ela está me escondendo algo e sinto que tem haver com o pai dela.

- Eu vou com você.

- Okay. – Sorriu entrando junto com ele.

 

 

 

 

 

 

Após uma busca inútil por Krystal a morena resolveu voltar para casa de Jia, apesar de estar receosa quanto a isso, pois a discussão das duas não foi nada boa, e Fei sabia que foi burrice sair daquela forma no intuito de procurar alguém que nem o número de telefone da pessoa sabia. Mas por outro lado, ela precisava ficar sozinha e botar seus pensamentos em ordem.

Parada em frente da casa a morena respirou fundo tomando coragem para enfim mover-se e entrar. Depois de uma longa reflexão sobre o acontecido pela manhã, Fei decidiu desculpar-se com sua melhor amiga e contar aos poucos os acontecimentos, afinal, que mal faria desabafar com alguém? Jia era de confiança e ela só precisaria tomar cuidado para não deixar escapar o fato de seu pai ser possivelmente o Lord. Omitir um pouco a história não significaria mentir.

Ao entrar na casa percebeu que estava vazia, rindo de si mesma a morena lembrou que Jia estava no trabalho e que chegaria tarde.

- O jeito é esperar. – Disse indo para o quarto.

Logo após tomar um banho Fei resolveu ir comer algo, tinha comido só de manha e estava praticamente voraz. Enquanto preparava sua comida a morena refletia mais uma vez, e pela milésima vez lá estava ela se culpando por algo de que não tinha culpa de nada. Fei sentia-se culpada por uma parte da história, talvez tivesse sido diferente se ela tivesse contado antes toda a verdade, tivesse jogado fora a covardia e revelado tudo mais cedo, assim tudo aconteceria de outra forma. Mas a quem ela queria enganar, no fundo Fei sabia que esse dia chegaria, é com Jay park que ela está lidando, o homem mais teimoso e orgulhoso que ela conheceu... Porém, além de todos os seus defeitos, também teve a oportunidade de conhecer o lado gentil do moreno, e foi agarrando-se a esse “Jay” que ela todo dia procurava forças para enfrentar tudo aquilo de cabeça erguida. Foda-se seu pai, foda-se Blake e principalmente o maldito do Zico, este que arruinou os planos da garota. Fei iria contar sim, estava na ponta da língua, ela só precisava de mais alguns minutos a sós com o moreno para explicar a segunda parte da história, mas Zico chegou primeiro e ela não duvidava nada que tinha sido ordens do Lord, já que ela foi escolhida para algo que a mesma não sabia logo no começo.

Mas agora havia probabilidades da verdade e suas respostas finalmente virem à tona. Ela só precisava fazer as perguntas certas, talvez lá no fundo de suas memórias viesse algo de interessante, algo como resposta para sua pergunta principal: O que ela tinha haver com aquilo tudo?

A morena mal comeu com tantos pensamentos rondando em si, e para livrar-se um pouco dessa tensão e culpa decidiu beber um pouco, viu que na geladeira tinhas umas garrafas de soju, Jia não iria se importar com isso por hora, afinal as duas estão meio brigadas. Após umas três goladas do liquido a morena quis ligar o som baixinho, pôs no aleatório e voltou a sentar-se  e depositou mais uma dose no copo, assim que tocou a primeira música a coelhinha animou-se ao som de Strangers da cantora Halsey, logo após a morena encontrou-se dançando pela cozinha com a segunda musica Malibu de Miley Cyrus. Fei nunca foi boa em beber, do grupo ela era a única que ficava bêbeda fácil, ela naquele momento não estava bêbada pois ainda estava na primeira garrafa, porém o pouco efeito do álcool em suas veias foi o suficiente para dar coragem em arriscar a dançar sozinha, ninguém estava olhando mesmo, e aliás ela estava livre, merecia um pouco de diversão. Mesmo sendo na hora errada e no lugar também.

Alguns minutos passados, a morena se encontrava sentada novamente tomando o ultimo gole da primeira garrafa enquanto a música Out of the Scenery, a música atualmente favorita da mais nova, depositando o copo na mesa ela amaldiçoou o cantor por ter feito uma musica tão linda o suficiente para lembrar-se do maldito Jay. Não podia negar de que perante todas aquelas dificuldades e confusões ela sentia sim algo por ele, algo que vai demorar para sumir, no entanto não queira pensar no assunto agora, estava chateada demais com o moreno para isso, ele não merecia tais sentimentos ou até simples pensamentos.

De repente um barulho vindo da sala afastou a morena dos seus devaneios, olhou para o relógio e franziu o cenho, ainda era oito horas da noite, achando estanho a morena levantou-se.

 - Jia? – Saiu da cozinha e ao chegar na sala seu corpo congelou por completo ao ver quem estava ali. – Você...

- Olá. – Sorriu largo.

- O que está fazendo aqui Zico? – Soltou com o coração acelerado. – Não está satisfeito com o que conseguiu?

Zico riu.

- Você fala como se eu me importasse com a história ridícula de vocês. – Zombou. – Na verdade ainda acredito que esteja mentindo mesmo, é bem típico seu.

- Fora daqui! Não vou aturar suas provocações! – Apontou para a porta.

- Olha que espetacular! – Bateu palmas aproximado-se dela. – A vadia sabe falar, não é incrível? – Olhou para os homens que estavam ali no local. – Cadê aquela cadela que mal olhava nos olhos dos outros? – Aproximou-se mais. – Está desesperada porque seu plano deu errado e não terá mais ninguém para proteger a linda princesa de porcelana?

Sem pensar duas vezes a morena espalmou sua mão no rosto dele, ecoando um barulho pela sala.

- SUA VAGABUNDA! – Devolveu o tapa com mais força, o suficiente para ela cair no sofá.

Zico respirou fundo se recompondo.

- Tem sorte que o Lord te quer viva! – A olhou com nojo. – Tirem ela logo da minha frente! – Ordenou e assim dois homens aproximaram-se dela.

Fei tentou fugir mais foi inútil, e meio aos gritos ela foi amarrada e logo após colocaram um lenço perto do nariz da mesma com algo o que a fez dormir.

Tossindo a morena acordou num susto, tentou mover-se porém não conseguiu e sentiu seus pulsos estarem amarrados com correntes, olhou ao redor mas não conseguiu enxergar nada.

- Ótimo... – Murmurou tossindo. Aquele lugar fedia e podia-se escutar sussurros de alguém no fundo daquela escuridão. – Tem alguém ai? – Indagou, porém ninguém respondeu. – Socorro! Tem alguém ai?

E o silencio continuava fazendo o seu trabalho. Frustrada, ela tentou soltar-se mas não conseguiu. E assim se passaram-se alguns minutos, a morena já estava desistindo quando um barulho de um velho portão abrindo-se brotou bem a sua frente.

- Quem está ai? – Perguntou encolhendo-se e ao mesmo tempo tentando sair do lugar.

- Não se preocupe querida, não vou machucá-la. – A voz ecoou pelo local assustando ainda mais a mais nova.

- O que você quer?!

- Eu sei quem você é... – A voz parecia estar mais perto da garota.

- O que você quer? – Repetiu com os lábios trêmulos.

- O que eu quero? – Riu. – A pergunta certa seria: “Quem é você?”

Fei não respondeu, ao invés disso fechou os olhos torcendo para que tudo aquilo fosse um sonho.

- Não está curiosa para descobrir quem é realmente o Lord?

Nesse momento ela abriu os olhos.

- Eu sei que tem curiosidade Fei. – Mais uma vez o riso espalhou-se pelo local. – Será mesmo que sou seu pai?

A morena arregalou os olhos com a respiração descompassada, seu coração estava a mil, estava a ponto de sair pela boca. Mentalmente ela pediu que acordasse desse pesadelo.

- Nunca se perguntou porque o seu querido pai está fazendo isso com você?

Ela encolheu-se mais ainda sem responder, na realidade, pelo estado de choque que estava seria muito melhor não descobrir nada daquilo.

- Eu dei todas as dicas, todas as pistas, até soletrei para você... – Bufou batendo o pé com força no chão. – Mas mesmo assim você não se tocou, nem sequer percebeu.

De repente as luzes se acenderam, iluminando todo local inclusive o homem que estava ali junto com ela.

- Abra os olhos Fei. – Ordenou.

Com relutância ela abriu os olhos e levantou o rosto, não importando-se onde realmente estava seus olhos percorreram pelo rosto do homem.

- Você... – Sussurrou com os olhos arregalados. – Não é o meu pai...

- Bingo! – Sorriu abaixando-se para encará-la melhor. - Quem sou eu então Wang Fei?

Ela negou com a cabeça com os lábios entre abertos.

- Vou te dar mais uma dica. – Sorriu largo tirando uma foto do bolso e mostrou para ela. – Lembra disso?

O olhar dela desceu para a imagem, na foto tinha duas crianças, o menino olhando para a garota enquanto a garota estava corando desviando o olhar dele, ela reconheceu aquela garota, na verdade aquela garota era ela, foi ai que veio um flash em sua mente.

“- Filha vem cá. – Um pouco assustada com a voz grossa do pai, a morena caminha timidamente olhando para os próprios pés até seu pai. – Essa aqui é minha filha, infelizmente ainda não tive um filho... – Suspirou.

- Mas vai ter, verá! – Disse o outro homem rindo. – Ela é muito linda! Qual seu nome pequena?

  A morena mordeu o lábio inferior com receio de falar, não conhecia aquele homem. – Fei... – Respondeu baixinho.”

Lentamente ela subiu o olhar até o rosto do homem com os olhos marejados.

- Não é possível... – Disse encarando o homem.

 


Notas Finais


Gente perdoem se tiver algum erro, é que eu estou cansada já kkkk, passei os ultimos dias revisando ele, minha beta revisou hoje, ainda revisei mais uma vez antes de postar... Então se mesmo assim ainda tiver erros, relevem okay?

Então o que acharam do cap? muitas emoções né? Meu deus o que foi aquele sonho de Jay com Fei? T--T eu AMEI escrever aquela cena <3

E ai, quem será o Lord? alguma idéia? comentem e expressem seus pensamentos, e leitores novos SEJAM BEM VINDOS e não é sempre assim que sou rebelde a ponto de ficar meses sem postar okay? sou uma boa moça u.u

link das musicas: https://www.youtube.com/watch?v=KtlgYxa6BMU
https://www.youtube.com/watch?v=JF8BRvqGCNs

Conheça os personagens da história: https://imgur.com/a/GtyBY

Leiam minha outra fic : All of me... Loves all of you (ELA É MUITO BOA TAMBÉM)

Trailhers dessa fic 》1:https://youtu.be/ITUO7PuuCio
2 : https://youtu.be/8I6U4U6XAwc
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É isso, bjs love vocês <3


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