História Mutual - Chapter 11

Como eu poderia definir minha vida no momento? Bem, ferrada. Não totalmente tão má, mas a maioria estava realmente péssima. Suspirei pesado ao olhar aquele livro enorme que estava á minha frente, queria a magia da primeira semana da faculdade novamente, agora realmente é só sofrimento. Observei Minghao que estava com dois livros enormes abertos resmungando leis para memorizar, não sei como ele conseguia ler aquilo.

― Joshua, termina logo esse livro. – Wonwoo falou assim que sentou ao meu lado depositando sua mochila na mesa.

― Mas... – Tentei argumentar apenas ganhando um olhar feio em seguida.

Desisti e tentei voltar a ler, realmente tentei, porque Jeonghan passou nesse momento na minha frente e aquela sensação dolorida em meu peito apareceu, fechei os olhos e voltei a ler. Porém minha mente voltou aquele dia, onde eu finalmente revelei meus sentimentos e como doeu ter os mesmos rejeitados, essa sensação ruim não desaparecia e eu sabia que ainda tinha resquícios da paixão que eu sentia pelo mesmo.

― Mingyu é um babaca.

Virei-me e fitei meu amigo que parecia querer explodir o celular a sua frente, neguei com a cabeça, ver Wonwoo daquele jeito era completamente novo.

― Está contando detalhes de quanto hétero ele é? – Não aguentei e ri ao ouvir o que Minghao disse.

― Vocês ficam me iludindo. – Wonwoo resmungou enquanto digitava furiosamente.

― Se ele é hétero, eu sou a Britney Spears. – Disse debochado e a risada de Minghao ecoou pelo refeitório.

― Por que tem tanta certeza assim? – Wonwoo ajeitou seu óculo e sempre acho isso sexy, mas voltando para o assunto.

― Bem, primeiro que ele te olhando como se só existisse você na conversa. Segundo, quando eu desconfiava da minha orientação sexual também fiquei nessa de me relacionar com meninas. Terceiro, primeiramente. – Numerei calmamente e observei sua expressão pensativa.

― Concordo com o Josh. – Minghao havia desistido de ler o código penal e prestava atenção na conversa.

― Hm.

E assim se encerrou a conversa, me despedi deles e andei em direção ao prédio que seria a aula conjunta, logo a frente tinha um Jun pensativo e na maioria do tempo ele estava assim, o jeito profundo dele às vezes te puxava de uma forma irreal. Corri silenciosamente e apertei sua cintura, sorri em satisfação ao vê-lo pular e me encarando sério em seguida.

― Você realmente quer me matar de susto. – Ele resmungou e fez bico.

― É engraçado Jun. – Ri baixinho e bati de leve meu ombro em si, o mesmo sorriu e bagunçou meus cabelos.

Estar com ele é agradável em várias situações, seu silêncio também é acolhedor e a conversa com o mesmo segue fluindo de uma forma gostosa. E porque nesse momento eu estava encarando-o enquanto Jun estava completamente distraído, eu não sabia e desviei o olhar rapidamente. Ele era apenas um jogador, certo? Você sabe disso né Joshua?

― Hyung, está tudo bem?

Virei-me e seu olhar era curioso, mordi o lábio e apenas assenti, seguimos em silêncio até o andar em que teríamos aquela aula insuportável. Sentamos-nos mesmos lugares, comecei a rabiscar no caderno enquanto a professora falava sem parar, sentia os olhos de Jun queimando em mim.

― O que foi? – Sussurrei e ri quando o mesmo reparou que não estava sendo nada discreto.

― Consegui um emprego. – Ele também sussurrou e riu baixo, fitei seu rosto alegre e aquilo aqueceu meu peito.

― Que ótimo, finalmente conseguiu. – Sorri feliz pelo mesmo e me arrepiei ao sentir aqueles olhos me fitando.

Jun aproximou-se e travei automaticamente, sentia meu coração sambar em meu peito, beijou delicadamente minha bochecha e afastou-se, seria mentira que eu dissesse que não me afetou. Seu rosto sapeca denunciava o que havia feito, rolei os olhos e tentei prestar atenção no quadro já que sentia meu corpo inteiro quente.

― Hyung, não me ignore. – Ele sussurrou e cutucou minha cintura.

― Para quieto. – Resmunguei e afastei a mão do mesmo, mas ele segurou e entrelaçou nossas mãos.

― Ok.

Ok é o caralho, filho da puta. Fitei nossas mãos e senti um arrepio, senti meu rosto ficar quente e voltei a prestar atenção na aula. Jun realmente é estranho.

Já estava cansado de rondar o campus da faculdade tentando achar a anta de Seungcheol por todo lugar, mas era impossível o achar. Sei que procura-lo depois de ouvir que o mesmo era afim de mim não era a coisa mais sensata, porém queria deixar claro para ele que não aconteceria nada e deixar Jeonghan tentar se declarar para tirar esse sentimento angustiante de si. Por fim desisti e me encaminhei até onde os meninos estavam, Minghao parecia inquieto e quase voou em cima de mim.

― Joshua, me ajuda. – Minghao choramingou e eu tentei olhar Wonwoo que estava nem aí para a situação.

― Vem, vamos sentar.

Andamos até a mesa novamente, o mais novo sentou á minha frente e começou a brincar com suas mãos, suas bochechas estavam coradas, a situação era extremamente fofa.

― Me diga o que aconteceu. – Fiz carinho em seus cabelos e observei-o fechar os olhos para suspirar fundo.

― Acho que me apaixonei.

― Ta fudido. – Wonwoo disse e voltou a nos ignorar com destreza.

― Wonwoo, coopera. – Pedi e voltei a fitar Minghao.

― Explica isso direito Ming.

― Eu conversei com essa pessoa por um tempo, já que ela está cheio de problemas e tudo mais, eu o achei simplesmente lindo desde primeira, mas quando ele sorriu senti meu corpo quente e quando ele me agradeceu me abraçando e foi aí que eu quase desmaiei Joshua.

Ri baixinho ao observa-lo eufórico e o quanto parecia confuso, ele na verdade está apenas encantando e atraído, mas apaixonado ainda não.

― Entendi. Quem é essa pessoa?

Quando o mesmo iria abrir a boca para falar senti mãos em minha cintura e uma cabeça em meu ombro, ao sentir aquele cheiro sorri.

― Atrapalhei alguma coisa? – Jun disse divertido ao observar as caras dos outros dois.

Minghao balançou a cabeça veemente e levantou-se dali, neguei com a cabeça e bati em Junhui, o mesmo choramingou e tentou parecer fofo, o que era impossível para esse ser.

― Para de ser assim.

― Se continuar me tratar desse jeito desisto de você. – Ele disse sério, porém desistiu e riu, bagunçou meu cabelo e beijou o topo da minha cabeça saindo dali, observei-o indo embora.

― Joshua está ferrado novamente. – Wonwoo disse e eu virei-me para ver seu rosto risonho.

― Não é nada disso. – Sussurrei e ajeitei meu cabelo.

― Aham, e o sorrisinho besta vendo-o ir embora era o que?

― Está enganado.

― Não, você está se enganando. – Ele piscou e eu bati no mesmo que gargalhou. ― E na verdade faz muito tempo que vem fazendo isso.

― Acho que a lerdeza do Mingyu está te contaminando. – Mostrei a língua e o mesmo apenas rolou os olhos voltando a ignorar todos a sua volta.

No dia seguinte eu deveria estar parecendo um zumbi já que tive que ficar metade da noite lendo aquele maldito livro, fitei o céu nublado e suspirei fundo, estava simplesmente esgotado. Ultimamente minha mente andava turbulenta ao ter passado por tanta informação de uma vez, meus sentimentos estavam mais confusos e definir ao certo o que estava acontecendo dentro da minha cabeça esta praticamente impossível.

― Depois sou eu o avoado.

Pulei de susto ao ouvir a voz de Jun e o mesmo gargalhou, neguei com a cabeça sorrindo e ajeitei minha mochila que havia caído do ombro.

― Bom dia.

― Bom dia Josh. – Ele sorriu e piscou.

― Você começa hoje no serviço? – Desviei o olhar e começamos a caminhar lado a lado.

― Sim. – Respondeu simples e lhe fitei pelo canto de olho vendo-o alegre enquanto chutava uma pedrinha.

― Semana que vem estou lá viu.

― Só ganha desconto se me der um beijo.

Parei e o fitei, o mesmo tinha um sorriso brincalhão enquanto também me fitava, dei de ombros e voltei a caminhar.

― Poxa, decepcionado. – Jun resmungou e eu ri.

― Você não presta.

― Agora estou ofendido mesmo.

Gargalhei e bati meu ombro em si, o mesmo também riu e passou seu braço em cima do meu ombro, sua respiração batia em meu ouvido.

― Uma promoção especial então. Um elogio te dá chantilly de graça.

Rolei os olhos ao ouvir aquilo, eu não merecia uma criatura dessas, só Junhui mesmo para ser tão convencido na vida.

― Oh, o Junhui é tão maravilhoso e lindo, sua beleza chega a me cegar às vezes.

― Pelas últimas palavras ganha um cookie também. – Ele sorriu e me apertou ainda mais, sorri contido e neguei com a cabeça.

Enquanto estou longe de todos eu tentava organizar esses pensamentos confusos, só que eles andavam me assustando ultimamente. Antes era normal eu ficar triste ao ver Jeonghan, sentir aquela dorzinha chata no âmago e o coração dar aquela acelerada. Porém isso não acontecia mais e de certa forma era ótimo, seria melhor ainda se eu não estivesse pensando em cada vez mais o quanto Junhui é estupidamente bonito, isso é um pensamento preocupante. Se Wonwoo estiver certo, e eu espero que não, cai que nem um patinho novamente. Suspirei profundamente e acordei do transe quando alguém passou do meu lado, pulei de susto ao ver Jeonghan na minha frente, ele sorriu e sim, ele também tem que ser anormalmente lindo.

― Pensando em que? Vejo você fazendo muito isso nesses dias, é incomum te ver assim Josh. – Ele apoiou sua cabeça em seu braço me fitando curioso.

― Nada demais. E você, ainda fugindo do Seungcheol? – Ergui uma sobrancelha e o outro rolou os olhos bufando.

― Junhui foi fofocar e agora ele não para de me encher o saco.

― Tem certeza que não vai contar? – Perguntei sério e ele pareceu desconfortável.

― Sei que não é legal te usar como desculpa para não contar, mas... – Ele suspirou e fitou a mesa. ― Eu sou assim, não tenho confiança em mim mesmo.

― Sério isso? Alguém arranque meus ouvidos para eu não escutar essas besteiras.

― Josh...

― Olha, eu vou tentar esclarecer tudo com ele o mais breve possível. Já vai se preparando para fazer sua declaração. – Levantei antes de ele contestar e sai andando tentando novamente achar aquele lerdo, e novamente sem sucesso.

O resto da semana passou rapidamente, chamei Minghao e Wonwoo para ir ao trabalho de Jun, e claro que tivemos que zoar com o coitado, sentamos ainda rindo e começamos a conversar trivialidades. Pulei da cadeira ao ouvir aquele estrondo de algo caindo, meu olhar foi imediatamente para Junhui que parecia extremamente chocado, seu semblante parecia triste e nostálgico.

― Junhui? – A voz rouca e baixa perguntou, ele era baixo e tinha os cabelos róseos.

Jun parecia em um transito infinito, meu coração doeu ao ver sua expressão dolorida, mordi os lábios e contive a vontade de levantar.

― Woozi?

O outro sorriu assentindo e aproximou-se do mesmo, porém Jun afastou-se inconscientemente, eu sentia a angústia que o mesmo exalava e a vontade de tirar o mesmo do local estava me corroendo. Junhui sorriu fraco e observei o quanto ele parecia afetado, é como se houvesse seu pior pesadelo em sua frente.

― Desculpe não avisar que voltei, fico feliz em ver que está bem. – Woozi disse e abaixou-se formalmente saindo pelo local depois de pegar seu pedido.

― Josh, quem é aquele? Nunca vi o Jun assim. – Minghao sussurrou e fitei seu rosto retorcido em estranheza.

― Não sei.

Observei o gerente conversando com Junhui que aparentava estar se desculpando, ele assentiu e retirou o avental saindo do estabelecimento, levantei da mesa e corri até o mesmo. Puxei seu braço e doeu o que eu vi, seus olhos estavam lacrimejados e sua expressão era de puro sofrimento.

― Jun... – Sussurrei e o abracei fortemente escutando-o suspirar profundamente. Seus braços envolveram meu corpo e apertou suavemente.

― Pode ficar comigo hoje?

― Claro que sim. – Respondi prontamente e afastei-me de si, ele sorriu fraco e ajeitou minha mecha que havia caído.

Seguimos para seu apartamento com um silêncio desconfortável, Jun estava ainda mais imersos em seus pensamentos e sua face torcia vez ou outra. Ao chegarmos sentamos no sofá e o mesmo me encarava, engoli em seco e minha curiosidade estava aguçada.

― Sei que quer saber sobre quem é ele, mas eu realmente não quero conversar sobre isso. – Junhui foi direto e eu apenas assenti, peguei as mãos grandes do mesmo e fiz carinho.

― Respeito seu espaço. – Sorri e consegui um sorriso mais sincero do mesmo. ― O que vamos fazer hoje?

― Vou tomar banho por agora, estou cheirando a café.

Fitei-o levantando do sofá e andando até seu quarto, fechei os olhos e respirei profundamente, quem era aquela pessoa? Por que Junhui ficou tão abalado e tão indefeso? Aquilo me deixava puto sem nem saber o que acontecia, mas só de ver essa expressão triste nele estava me tirando do sério. Abri os olhos ao ouvir tudo se desligar na casa, o breu total tomou conta da casa, foi quando minha memória estalou e sai correndo até o quarto de Junhui.

Abri a porta afobado e o mesmo estava sentado na cama imóvel, segurei seus ombros e sentei ao seu lado, abracei seu corpo que estava desnudo na parte de cima, engoli em seco e fiquei aliviado ao ver que o mesmo se acalmou.

― Por que não me chamou? – Resmunguei dando bronca no mesmo.

― Minha voz travou, desculpe. – Junhui virou a cabeça e encostou na minha.

O quarto esquentou ou só eu que estou com calor? Sua respiração batia contra meu rosto, senti todo meu corpo arrepiar, ofeguei e ouvi a risadinha de Junhui. Mesmo com o breu conseguia ver sua expressão agora suavizada, seus olhos me fitavam com atenção e sua respiração também se tornou irregular. Sua respiração, seu corpo quente em contato com minhas mãos e seu sorriso de lado estavam me deixando hipnotizado.

― Josh...

E não o deixei terminar porque meu impulso em beijá-lo foi muito maior, minha mão fora em direção do cabelo do mesmo e escutei seu ofego ao puxar seus cabelos, suas mãos me puxaram para si e ajudei sentando em seu colo, suas mãos seguravam minha cintura com firmeza. Meu coração parecia estar dançando em uma avenida de samba do Brasil, meu corpo ficava quente a cada toque que Junhui me proporcionava, todos meus sentidos pareciam ter aumentado.

Afastamo-nos para poder respirar, abri os olhos vendo o rosto tranquilo de Jun e senti um frio na barriga, deitei minha cabeça em seu ombro e suspirei.

― Onde vocês...

Pulei de susto ao ouvir a voz de Minghao e logo uma luz era apontada na nossa direção, Junhui respirou aliviado e me senti mal por não ter tirado ele dali.

― Mas gente... Não podia esperar ele se recuperar hyung? Que coisa feia. – Woonwoo disse risonho e eu rolei os olhos saindo de cima de Jun.

Levantei e estendi minha mão retirando-o do quarto, a luz natural da luz invadia a sala, ele sentou e respirou normalmente.

― Gente, desculpa. É que vocês sumiram e...

― Ming, está tudo bem.  – Sai andando até a cozinha para poder pegar um copo de água.

Encostei-me à pia e fechei os olhos respirando fundo, a sensação de ter me deixado levar pela situação estava caindo e me sentia uma pessoa ruim por ter me aproveitado do momento.

― Arrependido?

― Caramba Wonwoo. – Coloquei a mão no coração ao susto levado. ― Não, nem um pouco.

Ele sorriu e abriu os braços, andei até o mesmo e abracei-o fortemente.

― Sabe que tem coisa com esse Woozi né, ele pareceu muito abalado.

― Eu sei e estou extremamente inseguro.