“Acredito que os acontecimentos da vida não são algo aleatório, eu tinha aquela vida e era feliz, mas me foi tomado. Não tenho arrependimentos, até porque aquela decisão me trouxe as melhores experiências da vida, Rony é uma delas.” - Enzo Blossom/Noah.
- Eu sinto muito, por tudo o que aconteceu com você. - Ethan estava se sentindo completamente perturbado por dentro, mas aquela garoto no qual Noah se referia não parecia nada com o Nicolas que ele conhecia. - Eu não conhecia essa lado do Nico.
- Eu não o conheço mais, não conheço o Nicolas que você conhece.
- Ele não parece nada com o que você me disse, na verdade eu não consigo pensar no Nico tendo essa atitude. - Ele coçou a cabeça e por curiosidade o questionou. - E como você ficou depois disso?
- Eu dormi na rua alguns dias, mas eu voltei pra casa na primeira ou na segunda semana depois de ficar internado alguns dias.
- Internado? - O menino se mostrou surpreso.
- Há Ethan, eu já passei por tanta coisa. - Ele sorriu com o pensamento longe e os olhos fixos em algum lugar na prateleira. - Há, deixa eu continuar a história, tudo vai fazer sentido no final.
- Tudo bem.
Dêem Play em Lost Boy - Ruth B
ENZO - CAPÍTULO 2
O rapaz voltou para casa naquela noite e enquanto seu irmão estava no banheiro tomando banho ele pegou sua mochila da escola, substituiu os livros por roupas e alguns alimentos e a escondeu em baixo de sua cama.
Ele se deitou e esperou que Nicolas adormece-se para que pudesse pegar sua mochila e partir, e assim ele o fez. Quando o garoto caiu no sono ele puxou a alça da mochila, olhou para a serenidade doe Nicolas dormindo e com lágrimas rolando pelo seu rosto desceu as escadas sorrateiramente, passando pela porta e a trancando. Ele tinha pouco dinheiro na mochila, podia pagar algumas hospedagens em um motel de beira de estrada, mas preferiu poupá-lo para alimentos, afinal ele planejava não voltar para casa tão cedo.
Infelizmente seus planos não saíram como o esperado com dois dias fora de casa, enquanto dormia sob um ponte de rodoviária, um grupo de garotos levaram sua mochila e o dinheiro que ele havia guardado, ele tentou reagir contra a força que eles fizeram, porém todo seu pavor só o acrescentou alguns hematomas e dois cortes feitos por uma faca que um dos rapazes carregava, um deles profundo na lateral do abdômen, próximo a costela e o outro na parte interna da mão. Ele ficou estirado no chão da rodoviária, com as costelas machucadas o abdômen nocauteado e a boca sangrando, seus olhos não conseguiam focar, sua visão estava turva, estava perdendo sangue até que ele desmaiou de dor até um dos vigias noturnos da rua o encontrou sangrando ao lado de uma das lixeiras, ele o colocou na caçamba de um carro o cobriu com um pano pesado e o levou até o hospital mais próximo.
Os médicos fizeram os devidos curativos e o deixou em observação por alguns dias, ja que em seu abdômen havia um grande hematoma que poderia vir a causar algum problema.
Ele acordou com uma grande dor na cabeça, e o abdômen completamente dolorido.
- Ai. - Ele grunhiu.
- Você acordou. - O homem sorriu para ele, pegou duas capsulas sobre o criado mudo e o entregou junto com um copo d’água. - Bebe isso.
- Aonde eu estou?
- No Hospital Estadual de Roca Llisa. - Ele pegou sua ficha sobre a mesa. - Um homem chamado Emanuel Ferreira o trouxe aqui na madrugada de ontem, você apresentava sangramento bucal, sob a costela esquerda e na sua mão direita. Ele disse ter te encontrado desmaiado soba ponte Rosalinda. - Enzo encarou sua mão enfaixada.
- Que horas são? - El tentou se sentar, mas não conseguiu, seu abdômen estava enfaixado.
- Oito e meia da noite.
- Quem é você?
- Meu nome é Rony Shimutz. Eu sou o seu médico.
***
- Então foi assim que você conheceu o motoqueiro. - Ethan sibilou. - Espera ele é medico?
- Isso. - Noah o encarou sorrindo, sabia que ele cursava medicina na faculdade. - Ele é um cara legal.
- Percebi.
- Sério, ele é. Aquilo lá, foi só para colocar bronca.
***
Na manhã seguinte os pais do menino foram visitá-lo e para sua surpresa, eles não estavam tratando com indiferença, pareciam até que por um segundo preocupados, haviam até ligado para a polícia notificando o seu desaparecimento, mas logo após o susto ter passado eles voltaram ao normal e o falatório se tornou tão pesado que o Doutor Rony os deixaram a sós.
Ele permaneceu sob acompanhamento médico por mais uma semana, ele e Rony ficaram bastante próximos, ele pareceu consolar o meninos depois que seus pais deixaram seu quarto furiosos e o Dr. o encontrou chorando sob a cama.
Depois de contar toda a sua história Rony se sentou sobre sua cama e o deu um conselho que ele não esperava ouvir de alguém como ele. Tão representativo dentro daquele hospital.
- Você não sabe o que eu vivi. - Ele retrucou cabisbaixo, secando as lágrimas que tornavam a rolar pelo seu rosto.
- Acredite eu sei. - Ele sorriu e o deixou.
Ele voltou naquele noite para verificar seu estado e para vê-lo tomar seu remédio.
- Você sabe que eu não vou jogar fora né? - Enzo o encarou sorrindo.
- Eu tenho medo.
- De que?
- De você tentar outra loucura novamente. - Ele cruzou os braços e ergueu a sobrancelha como uma ordem para que o menino o obedecesse, e assim ele fez.
- Eu vou fugir de novo.
- Não, não vai.
- Você não manda em mim. - Ele estava cansado, mas se sentiu mal logo após ter aumentado a voz com o seu médico.
- Eu não quero te ver aqui de novo. - Ele se aproximou de seu corpo , ergueu o roupão horrível que o garoto usava e pousou a mão sobre o ferimento em sua costela, retirando um grito de dor.
- Para isso dói.
- Eu sei e é isso o que vai acontecer se você for para a rua de novo.
- Não, não vai. - Ryan ergueu a blusa que vestia por debaixo do jaleco branco e mostrou duas cicatrizes, uma na altura do apêndice e outra no peitoral, Enzo não sabia o que observar, as cicatrizes ou o corpo perfeito que o homem tinha, sua barriga sarada, o peitoral definido com pelos aparados, mas ele abaixou a blusa novamente e olhou ao redor para ver se alguém estava os observando.
- O que aconteceu com você?
- Marcas de rua. - Ele pegou um cartão no bolso do jaleco. - Toma, amanhã você vai receber alta e eu quero que você me ligue se alguma coisa acontecer, a gente pode conversar e talvez eu te ajude.
- Tudo bem. - Enzo analisou o cartão de visita. - Obrigado.
- Por nada, agora tenta dormir um pouco. Seus pais vãos chegar amanhã as nove. - Ele se aproximou da porta e o fitou mais uma vez sorrindo. - Boa Noite Enzo.
- Boa Noite Rony. - Ele não havia o chamado de doutor.
***
- Mais porque os seus pais são assim? - Ethan parecia extremamente assustados. - Quero dizer, você não me parece alguém que deva ser odiado.
- Eles querem a família perfeita, sempre quiseram. E o Nicolas era o filho perfeito, ele tinha as maiores notas, ele tinha os melhores gostos, era o capitão do time da escola e representante da turma e por mais que eu tentassem impressioná-los eu sempre fiquei na sombra do meu irmão. - Seus olhos encontraram os de Ethan. - Eu não odeio o meu irmão, na verdade eu o amo mais que tudo, por mais que eu ficasse na sua sombra ele era o único que me dava sua total atenção e eu estava feliz com aquilo.
- Ele sente a sua falta Enzo, quero dizer Noah.
- Sente? - Seus olhos brilharam.
- Ele vive falando de você. - O pequeno sorriu. - Eu posso ajudar vocês.
- Muito obrigado. - Ele o abraçou forte e sorria enquanto chorava.
- Mas eu não vou mentir, ainda to curioso pra saber o resto. - Noah sorriu e secou os olhos.
- Tudo bem, vamos lá...
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