História My Best Days (Without You) - Sublimotion

- Você tem mesmo que ir?

A noite ainda estava presente quando os meninos chegaram a rodoviária, o vento frio fazia o queixo de Ethan bater e uma fumaça gélida sair de sua boca. A plataforma estava deserta, os três estavam sentados em um dos bancos envolvidos pela escuridão esperando o horário de partida do ônibus.
As pálpebras de Nicolas ameaçavam fechar a qualquer instante e ele lutava com toda a energia que podia ter as quatro e meia da manhã. Algumas pessoas correram na direção da rodoviária com umas bolsas nas mãos e nos ombros, o motorista abriu a porta do ônibus e se sentou sem dar nenhum sinal de embarque dos passageiros.

- Infelizmente eu tenho que ir, mas eu prometo que voltarei. - Ele o envolveu em um abraço apertado e sorriu. - E você me de noticias de como andam as coisas com você e com o Murilo.
- Não vai ter nada demais com o Murilo. - Ele revirou os olhos e cruzou os braços.
- Não é o que pareceu, vocês trocaram mensagens durante o dia inteiro. - Nico o ajudou a colocar a mochila nas costas. - Obrigado. - Ele se virou para Eth novamente. - Fora que vocês já estão mandando mensagem de bom dia.
- Verdade Ethan, isso já é quase um relacionamento sério. - Nicolas se infiltrou na conversa e tirou sarro do menor.
- Eu tenho que ir agora. - Ele se despediu dos dois meninos com um abraço apertado. - Cuida dele pra mim Nico. - Ele colocou um pé sobre o primeiro degrau e olhou para os dois.
- Pode deixar. - Ele passou o braço sobre o ombro de Ethan e o puxou para perto de seu corpo.

O ônibus deu partida e eles ficaram ali o observando sumir na escuridão, até que suas lanternas vermelhas desapareceram na penumbra da noite. Os meninos continuaram abraçados enquanto caminhavam de volta para o dormitório, eles fizeram todo o caminho em silêncio na tentativa de manterem o sono presente, afinal eles ainda tinham duas horas e meia para dormir ate o despertador tocar.
E assim eles fizeram. Ao chegarem em casa os dois meninos retiraram os excesso de casacos e se jogaram em suas camas caindo no sono logo em seguida.

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- BOM DIA VADIAS. - Troye abriu a porta e fez uma pose chamando a atenção dos meninos que estavam na mesa da cozinha. Seus braços abertos em cima da cabeça, com a língua para fora e o boné vermelho em uma das mãos. - Sentiram a minha falta?
- Quem é você mesmo? - Ézio franziu a sobrancelha com um olhar confuso, sua mão segurava uma faca de manteiga que apontava para ele.
- Caraca, bateu o recorde. - Troye disparou enquanto caminhava até eles e se apoiava na mesa.
- Recorde de que?
- O de ir tomar no cu mais cedo. - Ele sorriu com desdenho.
- Estávamos com saudades. - Henry o abraçou e beijou sua cabeça. - O Dylan e o Thomas não paravam de falar sobre você. Eu até peguei eles cochichando algumas coisas, mas quando eu questionei eles se fizeram de desentendido.
- Cochichando sobre mim? - Troye desviou o olhar de Henry para Thomas e depois de Thomas para Dylan, voltando para Thomas logo em seguida.
- Nada demais. - Thomas retrucou e caminhou para fora da cozinha. - Estamos atrasados.
- Verdade. - Troye correu para o banheiro. - Só vou escovar os dentes e ja vou.

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"Bom dia. Dormiu bem?" - Murilo - 6:50

O despertador soou tão alto fazendo com que Nico desse um salto para fora da cama, Eth despertou, bocejou e olhou ao redor tentando encontrar Nicolas, suas mãos encontraram o despertador, ele logo apertou o primeiro botão o desligando. No carpete ao lado da cama ele avistou Nico com os cabelos bagunçados e as palmas das mãos esfregando os olhos.
O interior gélido do quarto fazia com que Ethan não sentisse vontade de deixar suas cobertas, mas ele deveria se apressar, não podia faltar ou se atrasar para a aula mais uma vez. Seus pés deixaram o calor das cobertas entrando em contado contado com o frio do quarto seus pés escorregaram pela cama e se apoiaram sobre suas pantufas do Sullivan, o montros azul de Monstros S.A, esfregou os olhos, bocejou mais uma vez e caminhou até  o amigo estendendo a mão para que ele se levantasse.
- Que pantufas são essas? - Ele pareceu espantado. - Eu nunca as vi antes.
- O Troye as trouxe pra mim, eu as deixei na república, mas lá faz calor e não da pra usá-las. - Ele ergueu Nico do chão e caminhou até o banheiro.
- Você é um garoto estranho Ethan Blue. - Ele caminhou ate o banheiro, o abraçou por trás e o beijou no rosto. - Bom dia pequeno.

Ethan virou o rosto para ele rapidamente encarando seu rosto, sua voz soou como a de Thomas, e apenas Thomas o chamava de "pequeno", sua atenção se voltou novamente para a pia e para o espelho a sua frente, ele pegou sua escova de dentes e enxaguou a boca em silêncio.
- Você esta bem? - Nico ergueu a tampa do vaso e começou a urinar.
- Estou, e que... - Ele se virou para o rapaz. - Deixa pra lá. Nós vamos nos atrasar.
Ethan se despiu logo após Nico deixar o banheiro e entrou no chuveiro, a água quente era o que faltava para terminar de deixar seu corpo relaxado, ele mergulhou a cabeça no chuveiro e deixou com que a água afastasse seus pensamentos de Thomas.

Logo após o banho os dois se sentaram na pequena mesa da cozinha e a arrumaram para tomar o café. Eles conversaram sobre o que Nicolas havia achado de Troye quando seu celular vibrou novamente.

- É o Murilo.
- Como você sabe? - Eth sorriu para ele. - Ele mandou bom dia e perguntou se eu quero almoçar com ele.
- Vocês já  estão apaixonadinho um pelo outro.

"Tenho aula até as cinco hoje." - Ethan - 7:34

- Claro que não, ele só quer me conhecer. - Ele sorriu encarando a tela do celular.
- Acorda Ethan, ele esta te chamando para almoçar e você esta sorrindo e babando para a tela do celular esperando que ele te responda.

"Então eu te busco hoje as oito, vou te levar para jantar
no meu restaurante favorito." - Murilo - 7:35

"Okay, vou estar a sua espera." - Ethan  - 7:35

Eu disse que tenho aula. - Ele deu uma garfada nos ovos. - Ele disse que vai me buscar para jantar.
- Meu Deus, você já esta quase casado. - Nicolas arregalou os olhos e deu um gole no café. - Vamos nos adiantar, temos que sair daqui a dez minutos.
- Okay.

O relógio em seu pulso marcavam sete e cinquenta da noite, o coração em seu peito batia acelerado como se pulsasse contra suas costelas querendo sair, ele respirava fundo e apertava a coberta da cama, Nicolas que estava sentado em uma cadeira a sua frente segurava um copo de água e o encarava assustado.
- Porque você está nervoso assim? - Nico o encarou com uma expressão confusa. - Você tomou café com ele ontem.
- É diferente, eu sei o restaurante que ele vai me levar. - Ele ergueu a cabeça e o viu esperando por uma resposta. - Hoje durante o intervalo eu fiquei curioso para saber ao de ele me levaria e eu lembrei que no domingo de manhã, quando estávamos tomando café juntos ele me disse sobre um lugar que ia com o irmão toda vez que se encontravam, então, eu fui pesquisar sobre e. - Seus olhos não desgrudavam dos de Nicolas. - Eu acho que ele vai me levar no Sublimotion.
- Espera, o Sublimotion. - Ele arregalou os olhos e se levantou. - Tipo O Sublimotion, aquele restaurante caro que só atende 12 pessoas por vez? Aquele que a umidade do local é regulada para cada refeição que a pessoa faz?
- Isso Nicolas.
- Espera, - Ele andou de um lado para o outro do quarto, parecia estar suando de nervoso. - Mas você disse que ele é um empresário. - Nico o encarou como uma estátua. - Porra ele deve ter gostado mesmo de você, porque pra pagar quatro mil por um jantar.
- Ele é empresário. - Ethan jogou o corpo para trás deitando na cama. - Um simples empresário que é dono das 15 boates mais caras daqui de Ibiza.
- Puta que pariu. - Nicolas arregalou os olhos e se jogou na cadeira novamente. - Como assim?
- Pois é. - Suas mãos apoiaram na cabeça, cobrindo os olhos. - Eu joguei o nome do restaurante no google e tive a mesma reação que você, depois eu joguei o nome dele e descobri que ele não é um simples empresário.
- PUTA QUE PARIU ETHAN. Ir nesse restaurante é o meu sonho - O celular de Eth vibrou na cama como uma música nos filmes de terror, os dois olharam para a tela alarmado e leram o nome de Murilo.
- Não vai atender? - Nicolas o encarou assustado.
- Vou, eu.. eu vou. - Ele pegou o celular e deslizou o ícone de atender. - Oi.

Um silêncio tomou conta do quarto e logo em seguida Ethan desligou o telefone.
- Ele chegou. - Ethan o encarou com um olhar assustado e se levantou. - Eu não to preparado.
- Vai dar tudo certo. - Nicolas se sentou. - É só ser você mesmo.
- Esse é o problema Nico. - Ele caminhou até a porta e a abriu. - Até mais tarde.

Eles desceram da Lamborghini, Murilo entregou as chaves para o manobrista e logo em seguida entraram no restaurante, havia uma enorme mesa no centro de uma sala com paredes cobertas por painéis de Led, a coloração mudava lentamente incluindo a cor da mesa central. Que lugar é esse? Ethan observava o interior encantado com o lugar, dois garçons acompanharam eles e puxaram as cadeiras para que eles se sentassem.
Um de frente para o outro no centro da mesa, os garçons os entregaram o menu para os dois e deixaram o local, Ethan se sentia desconfortável com tudo aquilo, o silêncio estava o incomodando, a sala vazia te deixava nervoso, não conseguia distinguir nada que tinha no cardápio, seu coração começava a acelerar, então, ele ergueu o menu sobre o rosto, - Droga, o cardápio tinha que ser transparente?  - e ficou observando os painéis de led.
- Vamos esperar as outras pessoas chegarem. - Ele disparou sem nem pensar. - Sabe, pra não ficar chato enquanto estivermos comendo e eles apenas observando.
- Não vai chegar mais ninguém. - Murilo voltou o olhar para Ethan. - Eu pedi para fecharem o lugar para nós dois.

Ethan engoliu em seco e o observou erguer levemente o braço chamando o garçom. Um outro homem vestido de preto caminhou até ele e parou ao seu lado.
- Vamos querer o numero três. - Ele disse e Ethan o encarou aliviado, ja que não deveria escolher aleatoriamente.
- Providenciarei.

Ele disse apenas aquelas palavras e deixou o salão.

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- Como foi a viagem Troye? - Thomas disparou quando restavam apenas eles jantando na bancada da cozinha.

Troye ergueu a cabeça e o fitou sem jeito, levou o garfo até a boca novamente e mastigou em silêncio encarando seu rosto. Desde que ele havia retornado o clima entre ele e Thomas era nítido para todos. Queria contar a Thomas a situação de Ethan, queria dizer que ele não estava bem, que eles precisam ficar juntos, mas de qualquer forma não trairia a amizade do amigo.

- Foi bem legal. - Ele voltou sua atenção para o prato. - Foi bem legal.
- E o Eth.. - Ele engoliu em seco. - E o Ethan como esta?
- Ele está bem. Ele e o Nicolas me levaram para sair pela cidade, conhecer os bares e as cafeterias.
- Nicolas?
- É o colega de quarto dele. - Troye percebeu que havia falado demais, tentou contornar a situação mas acabou piorando tudo. - Relaxa, eles não tem nada um com outro, o Ethan esta em outra.
- O que? - Tom o encarou em silêncio. - Como assim.
- Nada, não é nada. - Ele se levantou e colocou o prato em cima da bancada. Seu corpo deu dicas de que ele deixaria a cozinha, mas Thomas percebeu e caminhou ate ele o prendendo contra a bancada.
- Me diz o que você sabe Troye. - Seu corpo estava bem próximo do de Troye, o menino era capaz de escutar sua respiração. - Eu sei que você sabe de alguma coisa.
- Eu não sei de nada Thomas. - Ele se desviou de Tom. - Já disse, eu não sei de nada.
- Está acontecendo alguma coisa? - Henry apareceu no portal da cozinha com um olhar severo caindo sobre Thomas. Troye se posicionou ao lado do namorado e afagou se peito.
- O Tom só queria saber como o Ethan estava. - Ele beijou seu rosto. - E eu disse que ele estava bem, mas que não sabia de muita coisa. - Seus olhos voltaram para Thomas e o menino o agradeceu em silêncio.
- Pensei que vocês estavam brigando.
- Não. - Troye segurou sua mão e o arrastou de volta para a sala. - Vamos ver um filme.

Thomas pegou seu prato sobre a bancada e o lavou, sua cabeça estava em Ethan novamente, estava sentindo sua falta mas do que nunca, a casa ficava tão estranha sem ele, como se uma parte de todos que morassem ali tivesse ido embora junto com ele. Ele pegou o celular no bolso direito do jeans velho e observou a tela bloqueada, o ar fugiu de seus pulmões ao ver a data parecer saltar do celular como um holograma.
- Hoje é dia 18. - Ele sussurrou baixinho. - Eth.

Seus olhos ameaçaram lacrimejar e ele tentou segurar a emoção. Era para ele estar comemorando dois anos de namoro com Ethan naquela noite, mas ele havia feito algo que destruiu seu relacionamento e pensar naquele dia fazia seu peito doer.
Ele desbloqueou o celular e abriu o aplicativo de mensagens, já havia se passado meses desde que eles terminaram mas o nome de Ethan continuava sendo o seu contado principal.

"2 anos." - Thomas - 20:45

Ele tornou a bloquear o celular, o guardou de volta ao bolso do jeans e deixou a cozinha em silêncio.