Thomas caminhou pelos corredores com os olhos vermelhos e uma raiva imensa correndo por todo o seu corpo o fazendo pulsar e sua mão tremer sem que ele pudesse ter controle sobre ela. Como que alguém pode fazer isso? Ele queria ter socado o rosto de Evan, queria deixá-lo esparramado no chão, mesmo sendo seu melhor amigo desde criança.
Ele sabia que Evan havia mentido, mas não até aonde era mentira. Seus olhos continuavam procurando o rosto familiar de Ethan pelas frechas de vidro das portas, mas tudo o que percebia era o olhar de alguns alunos e uns de reprovação de alguns professores.
- Oi, eu posso te ajudar? - Uma menina de estatura baixa, com os cabelos pretos e franja o assustou, ela parecia ter descendência japonesa. - Prazer meu nome é Kimmy, sou uma das responsáveis pelos corredores desse andar.
- Prazer Kimmy, meu nome é.. - Será que ele deveria dizer seu nome verdadeiro? E se ela fosse amiga de Ethan? - Meu nome é Troye.
- Tem certeza? - Ela sorriu.
- Tenho, desculpa. - Ele coçou os olhou. - Eu estou um pouco cansado.
- Tudo bem.
- Então, Kimmy. Você sabe me dizer aonde é o bloco de medicina?
- É esse aqui. - Ela tombou a cabeça para a esquerda. - Qual a turma que você está procurando?
- Terceiro período.
- Hum, só um minuto. - Ela olhou no iPad que carregava junto ao corpo. - Bom, eles podem estar na 608 ou na 619.
- Muito obrigado Kimmy. - Ele tocou o braço direito da menina e sorriu suavemente.
- De nada Troye.
E lá estava ele, na sala no fim do corredor, 619. Seu olhar perdido em algo que ele escrevia em seu caderno, a mão esquerda apoiado o rosto formando uma leve dobra na bochecha. Ele é lindo.
Seus lábios formaram um sorriso involuntário, seus olhos chegaram a brilhar, uma pena Ethan não ter observado aquela cena. Ele deu dois passos para trás e tornou a deixar o corredor.
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Que professor insuportável. Ethan não acreditava que a voz de alguém pudesse dar sono, até ter aula com o professor Henrique. Ele desenhava em seu caderno um rosto, seu desenho não era lá os melhores, mas era possível saber quem ele estava desenhando. Sua mente estava longe e ele não percebia o que estava desenhando.
Por algum motivo ele se sentia observado, mas por algum motivo naquele dia ele não estava ligando para nada, só queria sair daquela aula e nunca mais olhar para trás.
Seus olhos encararam o caderno com mais percepção que antes. O que eu desenhei?, ele pensou. Era uma mistura, uma mistura que não havia ficado legal, tinha os lábios e os olhos de Thomas, o nariz e o mesmo queixo quadrado de Murilo e o cabelo negro e encaracolado de Nicolas.
Aqueles olhos, como ele queria ser observado por aqueles olhos de novo, ele nunca encontrou um olhar como de Thomas. Mesmo depois de dois anos o garoto sempre o olhava com desejo, os lábios convidativos, o toque caloroso.
Ele se pegou pensando em Thomas e percebeu que uma corrente de calor passava pelo seu corpo, era incrível o que uma lembrança do rapaz podia causar sobre ele. Ele se levantou e deixou a sala, precisava pegar um ar, respirar um ar puro sem o cheiro de formol, sua aula não era nem em laboratório, mas seu olfato já estava tão acostumado com o formol que todas as aulas tinham aquele cheiro insuportável. O que ele não daria para sentir o cheiro do perfume de Thomas mais uma vez.
Ao deixar a sala ele vislumbrou a imagem do mesmo rapaz que o seguia naquela manhã, Eth apertou o passo na direção do rapaz, mas não seria o suficiente.
- Ei, você ai. - O rapaz parou por um instante e virou de perfil, mas logo tornou a andar o deixando para trás.
Ethan parou aonde estava, e ficou o observando desaparecer. Seu coração disparou contra seu peito quando viu o rapaz parar, o medo percorreu pelo seu corpo, mas ao ver a lateral do rosto do rapaz algo o acalmou. Ele estava chorando.
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- Gente, eu to preocupado com o Thomas. - Troye deu uma colherada na geléia que ele havia levado para comer na faculdade. - Sério, ele não avisou para ninguém sobre onde ia, simplesmente desapareceu.
- Esquece ele Troye. - Ézio retrucou de forma séria, ele já estava de saco cheio com a voz do menino tagarelando a manhã inteira. - Porque você não se preocupa com o seu namorado que foi buscar comida a meia hora e não voltou.
Algo fez o garoto acordar, então, ele se levantou e foi atrás de Henry, já fazia um bom tempo que ele havia saído para buscar comida e não havia voltado.
Ele o procurou por toda a praça de alimentação, mas não o encontrou em nenhum lugar. Aonde você está? Ele pegou o celular e tentou buscar o aparelho do rapaz pelo aplicativo, estava informando que ele estava no centro da cidade, a meia hora dali.
- O que? - Troye encarou incrédulo o celular e tornou a voltar para onde seus amigos estavam até que algo se ligou dentro dele novamente e ele voltou a desbloquear o celular. - Siri, busque o celular do Thomas Syl.
O ícone do celular carregou umas três vezes antes de mostrar o resultado para o rapaz, Troye ficou boquiaberto ao encarar o mapa. Como ele descobriu?
- Ele foi atrás do Ethan. - O menino sussurrou para ele mesmo.
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- Eu to indo encontrar o Murilo no restaurante, quando eu estiver saindo de lá eu te ligo. - Ethan o abraçou e sorriu.
- Eth. - O menino girou o corpo e sorriu. - Me avisa quando você chegar lá por favor.
- Claro. - Ele sorriu e tornou a caminhar.
Era estranho a forma como Nicolas estava o tratando, com todo aquele cuidado, todo aquele ciúme, todo o medo de ficar sozinho. Eth pensou naquilo por todo o caminho até o restaurante.
Seus fones explodiam no seu ouvido, ele cantarolava a musica como se não ouve-se ninguém na proximidade, mesmo a rua estando movimentada naquela manhã.
Ao entrar no restaurante, ele pediu uma mesa para dois e uma das atendentes o levou para o segundo andar, ele se sentou e ficou ao aguardo de Murilo.
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Tom bufou, seu estômago estava roncando e ele não podia entrar no restaurante, não com Ethan lá dentro, ele ainda não estava pronto para encara-lo.
Ele parou em frente a porta do restaurante e pegou seu celular, fingindo estar conversando com alguém, uma atendente abriu a porta para atendê-lo, mas Thomas logo a descartou dizendo que estava esperando um amigo. Ele girou o corpo rapidamente tentando escapar daquele lugar e se chocou com força contra um homem alto e forte que mais parecia um poste, ele estava de terno e gravata, o cabelo devidamente arrumado, parecia um ator de cinema, não era lindo, mas tinha um charme nele. Segundos depois Thomas se encontrou sentado no chão.
- Me desculpa. - O homem estendeu a mão para ele. - Eu te machuquei?
- Não, está. - Ele olhou para a mão ralada que começava a sangrar. Com a outra mão ele segurou na do empresário e se pôs de pé novamente - Está tudo bem.
- Você está sangrando. - Ele pegou a mão de Thomas e a examinou. - Eu tenho uma maleta com curativos no meu carro, me acompanha.
- Não precisa.
- Eu não vou te sequestrar. - Ele sorriu com os dentre brancos, seu sorriso o dava um charme ainda maior. Ele destravou um carro preto estacionado a duas vagas ao lado da entrada do restaurante. - Eu insisto.
- Tudo bem. - Tim caminhou até o carro em silêncio.
Por mais que ele parecesse bruto, suas mãos eram delicadas. Ele limpou a mão de Thomas e em seguida fez um pequeno curativo. O que ele ganhava com aquilo? Porque estava se importando tanto?
- Pronto. - Ele sorriu orgulhoso do curativo que havia feito.
- Obrigado. - Thomas examinou e realmente estava muito bom. - Você é médico?
- Não. - Ele sorriu mais uma vez. - Sou empresário. Prazer. - Ele estendeu a mão mais uma vez. - Meu nome é Murilo. Murilo Piorelle.
Tom estendeu a mão espantado e ficou o observando em silêncio, sem nenhuma reação.
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