Aquilo doía, doía internamente, corroía o meu coração, os meus pensamentos só de lembrar o que estava mais uma vez deixando para trás. Nada do que eu imaginei que aconteceria estava acontecendo. Tudo que eu sonhei em uma noite que fosse acontecer estava jogado no chão ao meio de uma armadilha devastadora sem data prevista a voltar.
Uma grande tola eu estava me tornando. Mais alguém partindo da minha vida de uma maneira tão desagradável, mas eu tinha que encarar os fatos e seguir em frente. Os meus filhos precisavam de mim e era isso que eu focaria, neles, somente neles.
Pela janela. Eu poderia observar aquela grande cidade sendo deixada para trás, tudo parecia pequeno e genuíno de observar naquela altura. Uma paisagem para poucos. Ao meu lado Enzo e Lorenzo dormiam profundamente sem sinal de desconfiança para onde estavam indo. Nós iriamos voltar para Nova York, ou melhor, estávamos voltando para a cidade que nunca dorme e eles, bem eles iriam conhecer seus avos que até então ficaram longe. Talvez fosse melhor assim, melhor eles voltarem para a cidade que eles deveriam ter nascido.
Respirando fundo. Aquela angustia indecifrável continuava em meus pensamentos. Atormentando-me sem cessar um sequer misero segundo. A viajem seria longa e ficar sentindo isso durante a trajetória toda é um grande obstáculo a ser vencido.
Cobrindo os meus filhos com o cobertor. Eu cobri meu corpo em seguida com mesmo o coberto e então sem escolhas fechei meus olhos. Tentando meramente dormi durante algumas horas. Só assim eu iria para de pensar em Pierre um pouco.
[...]
Quando finalmente pisei em território americano. Aquela coisa voltou outra vez. Perguntava-me agora duas vezes mais preocupada se Mark ainda estava na cadeia junto a David. Desde então eu nunca mais tive noticia deles dois e eu não fazia a menor ideia se eles foram para a cadeira elétrica ou estão ainda pagando pena em uma cadeia totalmente bem restrita.
Por Deus, entre duas alternativas. Eu amaria que eles fossem para a cadeira Elétrica. Assim eu me sentiria mais leve e ninguém, exatamente ninguém saberia que ele é o pai dos meus gêmeos. Nem mesmo meus pais, só Pierre e Justin. Não posso nem imaginar se Mark de alguma forma descobre essa coisa, será totalmente surreal. Peço aos céus que isso não ocorra nunca.
Conduzindo os dois carrinhos interligados. Onde Enzo e Lorenzo já se encontravam acordados. Eu peguei o meu celular ligando para o celular de papai. Só ele poderia me ajudar em uma hora como essa. Andar com dois gêmeos dentro de um taxi junto a uma mala e dois carrinhos de bebês, é uma tarefa totalmente complicada para uma pessoa só, que no caso sou eu.
– Sr. Morgan quem deseja? – Sua voz ecoou no outro lado da linha. O que me deixou arrepiada. A falta que sentia de papai era enorme. Apesar de tudo sentia uma enorme saudade dos seus conselhos e abraços paternos todas as noites.
– Papai – Minha voz saiu ansiosa de mais.
– Oh meu deus Violeta? Meu diamante é você? – Sua voz saiu aflita com um só pronunciamento meu.
– Sou papai. Eu preciso que o seu motorista particular venha me buscar no aeroporto agora – Fui direta ao assunto. Não poderia ficar ali em pé com meus dois filhos. Alguns fotógrafos poderiam me encontrar e tira suas próprias conclusões em uma revista. Coisa que eu já desconfiava que eles já não tivessem feito ou me encontrado por Londres.
– Oh meu deus Violeta, eu mesmo irei lhe buscar. Em qual aeroporto você se encontra? – Perguntou rapidamente. No outro lado da linha poderia ouvir seus movimentos, talvez estivesse procurando pelas chaves do carro.
– No aeroporto JFK o internacional – Olhei para cima procurando alguma referencia – Em frente ao portão principal – Anunciei dando detalhes.
– Já estou indo querida – Um barulho estranho soou do outro lado – Espere-me ai e em menos de uma hora eu chegarei – Explicou e então desligou o telefone, sem menos esperar por uma resposta minha. Talvez estivesse ansioso demais para me ver e preferiu corre para cá o mais rápido possível. Mal sabe ele quando chegar aqui terá uma grande surpresa. Bota grande nisso.
Encostando-me ao vidro. Eu não tirei os olhos de cima dos meus filhos e de qualquer fotografo que aparecesse por ali. Precisava proteger os dois o máximo que pudesse dessa vida. Eles não precisam ser expostos, não agora. O problema só aumentará sobre minhas cabeças.
Os minutos então foram se passando. Dez, quinze, vinte e a minha ansiedade só aumentava. Cada minuto que passava parecia demorar cruelmente. Olhava para o visor do meu celular toda hora que possível, observando os minutos passarem em uma lentidão sem fim. Embora eu soubesse que olha-lo não faria meu pai aparecer em um estalar de dedos, porém adoraria se fosse possível. Se bem que a tecnologia está tão avançada que poderia inventar uma mágica dessa.
Quando deram exatos quarenta minutos a espera de papai. Seu carro parou em minha frente e logo após o mesmo saiu do seu carro. Olhando-me com uma alegria, não notando o carrinho que ao meu lado estava posicionado.
Chegando perto de mim ele me abraçou carinhosamente, me apertando em seus braços paternos. A calma que se formou dentro de mim em segundos foi tão imensa que as lágrimas automaticamente brotaram em meus olhos. Não poderia calcular que a saudade que sentia de papai seria tão grande assim.
– Ó querida. Eu senti tanto a sua falta, por que fez isso conosco? A sua mãe entrou em depressão – Sua voz calma continuava lá, mesmo que ele estivesse triste com tudo que ocorria em sua volta.
– Peço desculpa a você, mas foi necessário – Respirei fundo – Quanto à mamãe, eu necessariamente não sinto nenhuma pena dela e eu tenho os meus motivos – Disse sem querer o que não era para ser dito. Papai sempre disse para mim perdoa-la e eu apenas fingia isso, no fundo eu nunca vou perdoar as suas atitudes.
– Violeta eu pensei que com todo esse tempo você já teria perdoado Katherine. Isso é passado e você não deveria voltar nele – Insistiu dizendo o que sempre me dizia. Mas ele não entendia, nunca iria entender.
– Katherine não é quem você pensa papai. Ela é ruim, controladora e quer tudo do jeito dela. Eu tenho nojo de tê-la como mãe – Disse me retirando do seu abraço. Olhando para o carrinho dos meus filhos ao meu lado que nos olhavam curiosos.
– Não diga isso querida – Pôs as mãos em seu rosto – Não diga – Repetiu dizendo.
Querendo encerrar com aquilo. Eu tentei retornar a calma, a minha calma que eu estava anteriormente. Inclinando minha cabeça em direção a Enzo e Lorenzo. Eu fiz papai olhar em direção a eles um tanto confuso e curioso.
Perguntava-me naquele momento o que se passava em sua cabeça ao olhar os dois.
– Eles são – Fez uma pausa caminhando para frente deles.
– Meus filhos – Continuei dizendo, concordando meramente com a cabeça para Ethan que em seguida arregalou seus olhos.
– Eles são filhos de Mark? Tem todos os traços de vocês dois. Oh meus deus – Colocou uma mão na boca – São tão lindos.
– Não! – Exasperei nervosa – Eles... Eles não são filhos dele – Tentei negar a ele e a mim mesma.
– Como não Violeta? Todos os traços deles são parecidos com os de vocês. Não há como negar isso minha filha, mesmo que você queira – Olhava ainda para os dois abismado com o que via em sua frente.
Mesmo querendo segura-las. As lágrimas já percorriam meus olhos. Não tinha como negar ou esquecer algo que foi feito forçadamente, meus filhos eram a prova disto, de uma violência.
– Eu não quero falar disto aqui papai, não em publico. Onde alguém pode nos achar e tiras suas próprias conclusões – Tentei mudar de assunto olhando ao redor, menos para os olhos dele. Estava sendo covarde em não o contar, mas era melhor assim. Era melhor para todos.
Ainda os olhando. Ethan concordou meramente com a cabeça, antes de ir em direção ao carrinho dos meus meninos. Arrastando-o até o seu carro parado em nossa frente. Perdida, eu tentei recompor a minha seriedade antes de segui-lo para o carro. Abrindo a porta do carro. Papai pegou Enzo no colo colocando-o no banco de trás e eu peguei Lorenzo fazendo o mesmo que papai havia feito. Acomodando-me logo no meio dos dois.
Mas ainda sim poderia sentir uma insegurança por meus filhos no carro. Eles não tinham nenhuma cadeirinha sequer nesta cidade. Precisava comprar uma para os dois logo, brevemente que possível.
– Precisamos comprar duas cadeiras para eles querida – Papai disse se acomodando em seu assento de motorista.
– Eu sei Ethan. Quando nós chegarmos eu faço questão de ir à procura de duas – Disse olhando para a janela a fora. Tentava não olhar nos olhos dele, queria um tempo para mim sozinha. Precisava colocar meus pensamentos em ordem. Agora eu estou perto de Justin e isso será uma grande tortura para o meu subconsciente.
– Não me chame de Ethan. Você sabe que eu não gosto que me chame assim. Eu sou seu pai e gosto de ser chamado desta maneira – Rebateu antes então de dar partida no carro à rua a fora.
– Tudo bem papai me desculpe – Abaixei a guarda. Dando-me por vencida finalmente.
Olhando-me pelo espelho retrovisor. Ethan, ou melhor, Papai esboçou um sincero sorriso para mim. O que me fez sorrir de volta, mesmo que fosse um sorriso falso.
– Sua mãe está te aguardando ansiosamente – Tocou no assunto que eu mais queria me afastar no momento.
Fechando meu sorriso. Eu tentei parecer normal diante da situação que me encontrava.
– Imagino – Disse. O que soou um pouco falso, mas não me importei só o que consegui fazer foi reviras meus olhos e continuar focando meus olhos na paisagem em minha frente.
Seria um breve caminho até a mansão dos meus pais.
[...]
Instalada em meu quarto. Eu pude pela primeira vez desde que cheguei olha-lo detalhadamente. Sentia o meu antigo perfume ainda percorrer sobre ele. Tudo estava exatamente como eu havia deixado quando eu me mudei para a mansão de Mark. Foi tudo tão rápido que eu nem tive tempo de levar todas as minhas roupas. O que de certa forma me facilitava agora, pois não iria precisar comprar roupas, na verdade é que eu não tenho paciente alguma pra ficar procurando pelo shopping por uma.
Pegando Enzo no colo. Eu o coloquei sobre a minha cama e logo após fiz o mesmo com Lorenzo.
Ainda me lembrava do quão rude eu fui com Katherine quando eu chegue nesta mansão. Quando pus meus pés dentro dessa casa Katherine que estava sentada no sofá a nossa espera, veio me abraçar e eu de imediato neguei o seu afeto. Colocando-a de lado, eu não irei voltar a atrás com tudo que disse a mim mesma antes de chegar aonde cheguei, mas de certa forma adorei voltar para onde eu nasci e cresci.
Terminando de por as roupas que eu trouxe na mala para Enzo. Eu o coloquei no chão com um brinquedo em mãos. Deixando o mesmo relaxar um pouco. Agora ele estava em um novo ambiente, em uma casa nova. Agora era vez de Lorenzo que me olhava ainda sem as suas roupas. Eu tinha acabo de dar um longo banho nos dois para que eles relaxassem.
Abrindo um sorriso largo em meus lábios. Eu beijei a testa de Lorenzo fazendo uma grande cocegas em sua barriga. O que fez o mesmo gargalhar imensamente com a cocegas. Lorenzo sempre era o mais durão para algo divertido, mesmo sendo pequenino ele não demostrava tanto sorriso quanto Enzo. Embora eu soubesse que aquilo de alguma forma havia puxado as características de Mark, mas com uma educação melhor e diferente. Não deixaria que ocorresse com Lorenzo o que ocorreu com Mark. Oh não, jamais.
Após terminar as minhas cessões de brincadeiras com Lorenzo, eu pus as suas roupas e o coloquei no chão com outro brinquedo em mãos ao lado de Enzo, que já se encontrava totalmente distraído com o seu brinquedinho favorito.
Olhando para os dois ali. Eu não aguentei e acabei sentando no meio dos dois e ajudando na brincadeira deles. Enzo agora mordia seu boneco e Lorenzo, bem Lorenzo tentava andar de um lado para o outro. Embora não conseguisse ficar em pé com total segurança. O que me deixava com uma tremenda pena, mas eu tinha que deixa-lo fazer um pouco as coisas.
Deitando no chão. Eu puxei os dois para cima de mim e então logo após fiz cocegas nos dois com cada mão sem para. Logo após eu pude ouvir suas triunfais gargalhas inocentes. Como era bom poder ouvir aquilo mesmo que os problemas pairavam em meus pensamentos. Aquilo poderia me distrair por algum tempo, não tão longo, mas ainda sim distraia. Os amava tanto que seria capaz de fazer qualquer loucura por eles.
Mas mesmo não dizendo sentia medo só de tocar no nome de Mark. Embora eu tivesse que conversar com papai sobre. Uma hora eu teria que perguntar como ele estava e onde ele estava se estiver ainda neste mundo. Na verdade eu teria que perguntar de todos, incluindo Madalena aquela desprezível.
Estava tão distraída em meus pensamentos e meus meninos que não percebi quando papai entrou no quarto e ficou em frente a nós, nos olhando paternalmente. Sentando no chão eu o olhei, esperando que ele dissesse algo e logo ele se sentou ao nosso lado pegando Lorenzo em seus braços.
– Este é? – Perguntou olhando em seus olhos. Papai ainda não poderia distinguir quem era Enzo e Lorenzo, afinal ele estava os vendo pela primeira vez desde então e eu entendia bem. Os dois eram muito idênticos.
– Lorenzo – Afirmei com a cabeça olhando os dois se olhando.
Rindo para Lorenzo. Papai beijou sua testa antes então de abraça-lo fortemente, como se estivesse esperando por isso há tempo. Olhando mais uma vez em seus olhos eu pude vê papai deixar uma lágrima escorrer por sua face.
– Você não sabe o quanto eu fico feliz em saber que esses belos garotos são meus netos – Comentou dizendo, mas em nenhum sequer minuto ele poderia desviar o olhar dele. Parecia entretido com o seu netinho querido. Sabia que agora em diante Enzo e Lorenzo seriam os paparicados da família.
– Eu também papai fico muito feliz em tê-los como filhos – Concordei com total convicção. Nunca pensei que poderia agradecer por tudo que ocorreu, mas no final eu tive uma vantagem... Os meus filhos.
– Nós precisamos comemorar isto Violeta e não a nada melhor do que uma jantar em família. Prepare os meninos Violeta, nós vamos a um restaurante todos juntos comemorar a chegada de vocês – Anunciou dizendo. O que não era nenhuma surpresa para mim no momento. Eu sabia que ele esteve ali para dizer algo e na mosca ele fez exatamente o que eu imaginava.
Beijando a testa de Lorenzo outra vez, ele o pôs no chão e então fez o mesmo com Enzo antes de sair do quarto para dizer a mamãe onde nós iriamos.
Respirando fundo. Eu tentei calcular quanto tempo eu levaria para me arrumar e ainda sim arrumar os meninos. Pela primeira vez desde há dois anos eu estou saindo para festejar em Nova York a cidade mais populosa dos Estados Unidos, a cidade onde eu nasci e cresci.
Mas ainda sim, eu não conseguia para de me perguntar umas mil vezes em meu subconsciente: Será que eu vou esbarrar em Justin?
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