História My Boss. (Imagine Katsuki Bakugou) - XIV. Esclarecimento.

— E então, fizeram mais que isso ou...? - perguntava Shinsō enquanto passava os dedos grandes pelos fios de cabelo de sua melhor amiga, agora com a cabeça deitada em suas pernas, um momento íntimo para uma conversa íntima. 

— Mas é claro que não Shinsō, você acha que eu iria transar com ele sem saber o que diabos eu sinto por ele?- disse enquanto olhava para o arroxeado que agora ria. 

— Vai que né... Nunca se sabe.- ele disse enquanto acarinhava os fios de cabelo. — Mas como se sente em relação à isso?- disse enquanto olhava para Toshi que agora deitava no colo de S/n.

— Não sei, eu tenho medo de sabe... Machucar o Tokoyami ou até mesmo o Bakugou.- disse enquanto acarinhava o gato. — Tokoyami é tão novo sabe, ele ainda tem tantas decepções amorosas para sofrer que eu realmente tenho medo de ser a pior delas.- disse enquanto respirava fundo. — O Bakugou ele ja é mais velho pode lidar caso eu não fique com ele. Mas o Toko não... Agora que ele fez os 18... Pelo menos eu acho, e sabe, e se ele ficar muito triste caso eu não fique com ele?- relou os olhos pelo celular. 

— Você já perguntou para ele se realmente pode ser uma desilusão grande mesmo? Tipo, hoje em dia as pessoas namoram bem cedo não tinha a nossa burocracia de namorar só nos 15/17.- Shinsō disse enquanto respirava fundo. — Todo mundo hoje em dia namora bem cedo, tem desilusões e términos cedo também, olhe para o Kaminari, ele tem 19 anos e um monte de desilusão para a cota.- disse enquanto sorria lembrando do namorado. 

— Estamos juntos até nisso, não sabia que compreender pessoas mais novas era tão difícil.- disse enquanto bufava. — Eu realmente não imaginei saindo com um garoto mais novo, e se os pais dele acham que eu sou uma tarada pedófila?- disse enquanto passava as mãos puxando os fios em raiva. 

— Os pais do Tokoyami nunca que iriam pensar que você é pedófila eu os conheço e eles são uns amores, além do quê você também nem tem aparência de gente mais velha. - disse enquanto ria. 

Talvez Shinsō estivesse certo, talvez todo aquele alvoroço fosse por nada e apenas tivesse que compreender Tokoyami, ou até mesmo Bakugou. Estava confusa enquanto seus sentimentos alternavam em uma dança descompassada não sabia se gostava de Tokoyami, ou se o via como um garoto mais novo que acabara de descobrir uma paixão, mas sabia que não era isso, Tokoyami não parecia mas ele já tinha muitas desilusões em sua vida. Tanto com homens quanto com mulheres, talvez tudo não passasse de uma carência. 

Ele não sabia, estava tão confuso, seu coração tinha tanto medo de se apaixonar denovo, ele tinha acabado de sair de uma relação tóxica... Ou pelo menos estava superando, tudo parecia tão errado, tão sujo, ele se sentia péssimo mas sabia que o melhor a se fazer era cuidar de si mesma. Tokoyami havia tido seu primeiro namoro aos 13 anos, onde por aí começou sua vida romanticamente ativa. 

Ele não sabia de onde saía tantas pessoas em busca de si, de saciar os seus desejos mais insanos e impuros, mas Tokoyami era inocente, e não bastava dizer que era errado, ele não ligava, ele gostava do errado. Tokoyami era um adolescente rebelde que dava trabalho mas aos 16 anos quando teve seu sei lá a numeração desse namoro ele entendeu o significado de companheirismo. 

Ele havia experimentado tantos sentimentos bons, tantas coisas boas em seu relacionamento. Mas sua vida começou a decair quando a primeira discussão fora feita por causa de sua amizade com Tsuyu. A de cabelos verdes havia ficado tão abalada por não poder mais falar com Tokoyami. E daí em diante sua vida só desceu, não podia mais sair sozinho, não podia mais ter amigos, ele não podia mais nem aos menos ficar em sua casa sem a companhia de sua namorada. 

Tudo isso estava o deixando tão dolorido, mas tudo que imaginou que ela não fizesse ele pagou a língua, Tokoyami teve sua vida abalada por alguém que tanto amava, ele sentia pena por não poder contar aos pais, para ele tudo era uma proteção, por ela ser insegura, mas sua cabeça mudou quando pela primeira vez ela o agrediu com tapas e chutes em seu apartamento. 

Ela não morava sozinha mas nesse dia os dois estavam sozinhos. Ela o tinha batido tanto que por alguns segundos Tokoyami pensava que ela poderia pegar a mesa de vidro do centro da sala e jogá-la em si. No dia seguinte Tokoyami fez o boletim de ocorrência, ele a denunciou, fora tanta burocracia para conseguir proteção da polícia, tanto que seu término foi acompanhado por seu pai, o homem que o vigiou até o final de seu término. Onde por sua vez terminou em uma tentativa de agressão, mal sucedida. 

Agora Tokoyami nos seus 17 anos quase 18 tentava superar a antiga namorada mas este agora estava sozinho, até conhecer Katsuki, e os amigos, que antes eram tão aterrorizadores mas agora que os conhecia e o aceitava como parte da banda pareciam tão acolhedores, eles lhe acalentaram como se fosse um pequeno filhote e lhe deram tanto carinho, tanto aconchego. Eles lhe tratavam como "filho" pseudônimo esse que lhe trazia tanta felicidade. 

Ele se sentia bem. 

Por mais que estivesse confuso Tokoyami sabia que aquilo não era provido de uma suposta carência, Tokoyami não sentia que isso lhe afetaria, ele sabia que não aconteceria. Ele não sabia o porquê havia simpatizado tanto com aquela mulher desajeitada no pub, mas ele sabia que estava tendo algum tipo de interesse. Ele só não sabia qual, mas por enquanto ele tentaria para descobrir o que aquilo tudo era, ele tinha vontade de saber o que lhe deixava tão animado, ele queria saber o que realmente sentia por aquela mulher. Ele queria muito saber. 

Enquanto S/n preparava sua janta e para Hitoshi também, Tokoyami tocava sua guitarra em seu quarto enquanto desfrutava da calmaria que seus pais hoje estavam. Geralmente o chamavam para uma conversa sobre algo que fizera enquanto dava uma de suas noitadas mas hoje não o fizeram. Tokoyami não havia feito nada essas semanas além de ir a faculdade e ir a casa da tal mulher que estava á fim. 

Por mais que ele desse trabalho, os pais de Tokoyami o tratavam como uma pedra preciosa, pois era assim que o de cabelos negros era tratado, na épocas fora tanta burocracia para um casal gay adotar uma criança que hoje em dia se sentiam tão bem, mesmo sabendo que filhos dariam trabalho, mas Tokoyami não dava tanto. Pelo menos nessa fase ele tinha mais cabeça, e mesmo depois de ter passado por tudo e de ser tão rebelde, eles continuavam orgulhosos pois o de olhos negros era tão educado, tão amável. 

O garoto andava pelo quarto enquanto tocava a guitarra devagar tentando lembrar de alguns trabalhos da faculdade que tinha mas não estava ciente de nenhum, esses dias eram os melhores para os pais de Tokoyami pois todos os meses nestes mesmos dias a inspiração e força de vontade atingiam-no em cheio lhe dando coragem para fazer suas atividades pendentes, estas que eram terminadas tão rapidamente quanto eram passadas. 

Mas essa semana tudo ocorria bem. Mas Tokoyami não sabia do tal beijo. Mas como uma luz na cabeça de Shinsō o arroxeado fez a pergunta tão rapidamente que S/n fez careta tentando entender. 

— Tokoyami já sabe do beijo?- disse rápido e S/n estranhou. 

— Não ele não sabe. 

— Você vai contar?- disse o arroxeado enquanto recebia uma mensagem de Kaminari. 

— Sim.- disse enquanto suspirava. — Não posso esconder isso dele, você sabe...- disse enquanto sorria minimamente. 

— Planeja falar pessoalmente? 

— Céus, não Hitoshi! Você acha que eu tenho cara de ver o Tokoyami ouvindo que eu beijei outro cara, ainda mais o Bakugou que é tão próximo dele. Nem a pau, eu prefiro ser covarde e falar por mensagem, me pouparia menos sofrimento.- disse enquanto passava as mãos em Toshi. — Eu não estou conseguindo nem encarar o Bakugou que é meu chefe, quem dirá olhar para aquele rostinho lindo do Tokoyami.- disse enquanto bebericava sua água. 

— E você não acha errado falar isso pelo celular?- disse Hitoshi pela primeira vez fazendo um comentário sensato em toda sua história de vida.— Tipo, vocês meio que estão saindo... 

— Eu e ele não temos nada, e eu acho errado sim, mas eu não tenho coragem de vê-lo seria meio estranho... Pois bem... Eu e o Bakugou também não temos nada, só demos alguns beijos e fim de papo.- disse enquanto terminava de beber a água. 

— Você parece uma adolescente no ensino médio, depois acha que o Tokoyami que é novo, eu não entendo você, sinceramente.- disse enquanto olhava para S/n que se mantinha concentrada. 

— Cala boca, Hitoshi. - ralhou, brava. 

— Manda o áudio para ele.- disse enquanto bufava levando a louça até a pia no intuito de lavá-las.— Vou lavar a louça espero que quando eu chegar você já tenha mandado o áudio para ele. 

— Tudo bem.- disse pegando seu celular e abrindo a conversa com o moreno. 

Sua foto de perfil era tão linda, Tokoyami em um lugar até então desconhecido por S/n. O moreno trajava roupas pretas e seus cabelos eram baixos por conta de um gorro negro que usava, e em seus dedos anéis grossos de várias formas faziam os dedos grandes e a mão pálida segurava o celular de cor prata. Seu sorriso era mínimo mas seu rosto era maravilhasamente esculpido, dando uma vista tão linda que céus, Tokoyami era lindo e estava perdendo a noção do que iria fazer. 

Enquanto isso o moreno antes tocando sua guitarra agora estava na cozinha preparando algo para comer, pois essa noite não tinha jantado e estava ficando com fome. Enquanto isso seus pais provavelmente estavam no quarto vendo uma comédia que tanto gostavam, ou pelo menos um deles. 

Na cozinha cantarolava baixinho Locked Out Of Heaven e seu pai que antes no quarto agora chegara pegando um suco e dois copos. 

— Você não veio jantar hoje, algo aconteceu?- disse enquanto colocava os copos em uma bandeja. 

— Não está acontecendo nada, pai. Não se preocupa é só a pressão da faculdade, já estou quase no fim do ano, é um pouco mais pesado. - disse enquanto sorria colocando os cabelos para trás. — Como estão você e o papai? Não tenho visto vocês faz umas boas horas.- disse enquanto petiscava um pacote de batatas fritas. 

— Isso faz mal, Yami.- disse o mais velho. — Eu e ele estamos bem, mas deveria ficar mais conosco e menos no seu quarto, ele está começando a criar teorias sobre um novo relacionamento, deveria esclarecer isso para nós, você sabe o que houve da última vez. - disse enquanto advertia. 

— Eu não estou em um relacionamento, estamos apenas saindo, e ela é uma boa mulher, não se preocupe, pai. Dê uma boa noite ao papai e uma boa noite para você também, vou subir e qualquer coisa já sabe onde me achar. - disse enquanto levava os petiscos para seu quarto. 

— Nada de ficar acordado até tarde.- disse o mais velho enquanto sorria. 

— Diz para eu não ficar acordado até tarde, mas você e o papai viram a noite todo dia, enfim a hipocrisia.- dizia o moreno rindo enquanto o pai dava sinal negativo com a cabeça. 

Enquanto Tokoyami subia ao seu quarto S/n gravava o seu áudio devagar tentando não errar ao máximo, mas estava nervosa, era tudo tão estranho, dar satisfação de quem estava beijando, mas era preciso. 

Tokoyami retirava o celular dos lençóis vendo uma mensagem de voz de S/n e estranhou, geralmente ela não o chamava pelo aplicativo de conversa nem tampouco conversavam por lá sem que o moreno a chamasse. 

Conectou os fones nos ouvidos enquanto checava se estava bem encaixado em seu celular. 

O áudio era uma fala baixa e ele reconhecia aquele tom, era nervosismo

“ Então... Me desculpa por soltar isso assim... É... Hum.... Então... Eu meio que... Eu beijei o Bakugou... Na verdade eu não o beijei ele me beijou, mas enfim queria que soubesse, eu não quero que descubra mais tarde e fique bravo comigo eventualmente.”

“ Tudo bem. Obrigado por ser sincera. ”

Ele havia mandado isso mas ainda pensava nisso, não... Ele escreveu "tudo bem", mas definitivamente não estava tudo bem.