História My Dear Brother - Shawn Mendes (Reescrita) - Dois

“O Amor é uma árvore ampla e rica, de frutos de ouro, e de embriaguez; infelizmente frutifica apenas uma vez.” – Olavo Bilac

                            (...)

Maio de 2018 - Toronto, Canadá. 

Helena Foster - Point of View

Não sabia de onde havia tirado forças para fazer aquilo, a raiva que eu estava sentindo era maior do que qualquer coisa no mundo. Poderia até socar a cara do Shawn nesse momento. Puxei-o pelo braço, ele não falou nada, muito menos relutou com meu ato.

Fui puxando Shawn até aonde seu carro estava, eu estava de costas para ele, minha respiração estava descompensada e meu coração acelerado.

Merda! Agora não é hora Helena! – pensei.

Os sinais de que eu estava começando a ter uma crise de ansiedade eram evidente, ultimamente essas crises tem ocorrido com frequência.

Me apoie no vidro do carro tentando controlar minha respiração, senti as mãos grandegrandes de Shawn acariciar minhas costas e massagear meus ombros. Aos poucos minha respiração foi desacelerando e meus batimentos cardíacos voltaram ao normal.

– Eu odeio você. – disse virando, ficando de frente com Mendes.

– Você é tão ingênua Helena. – disse rindo sem humor. – Nathan não é uma boa companhia para você.

– Você não tem direito de dizer quem é uma boa companhia para mim. – suspirei tentando manter a calma. – Você nunca se importou comigo durante esses dois anos, não queira dar uma de irmão protetor agora Shawn, por que você não é carinhoso comigo, muito menos meu irmão.

– Você é tão chata garota, não entendo como as pessoas te suportam. – disse entredentes.

– Você é tão grosso, machista, cínico, falso... – estava listando todos os defeitos dele, mas fui interrompida com sua mão na minha boca.

– Fica quietinha, você fala de mais Foster. – seu rosto estava tão perto do meu, se ele não estivesse com a mão tapando minha boca juro que nos beijaríamos.

O QUÊ?

Esses pensamentos só podem ser delírio da bebida que tomei na festa. Shawn é um ogro sem sentimentos que só enxerga seu próprio umbigo, ele está se fodendo para as pessoas ao seu redor, acha que tudo gira em torno de si próprio, no lugar do coração esse garoto deve ter uma pedra.

– Está mais calma? – perguntou retirando a mão da minha boca.

– Eu te odeio Shawn Peter Raul Mendes. – disse da forma mais calma possível, suspirando profundamente.

– Você não é a única querida, então entra na fila. – disse com o maldito sorriso cínico nos lábios.

– Vamos em bora Mendes, estou com frio. – Shawn destravou a porta do carro, entrei no banco do passageiro fechando a porta.

Shawn entrou em seguida dando a partida no automóvel. Peguei a caixinha que estava em meus seios retirando um cigarro de dentro dela, peguei o isqueiro que havia dentro do porta luvas e acendi dando a primeira tragada, abaixei o vidro do carro ignorando qualquer olhar que Shawn poderia dirigir a mim, se eu não fumasse naquele momento com certeza eu enlouqueceria. Precisava urgentemente daquela fumaça adentrando meus pulmões, da nicotina circulando pelo meu sangue.

– Isso mata, você não deveria fumar. – ele só podia estar brincando.

– Desde quando você passou a se preocupar tanto comigo? – soltei uma risada sem humor tragando o cigarro em seguida.

Ele não respondeu nada, apenas estendeu uma mão sinalizando para eu passar o cigarro, dei mais uma tragada e o entreguei em seguida virando meu rosto para o lado da janela. Shawn não devolveu o cigarro e eu nem me importei com isso, estava distraída olhando as casas que não percebi quando havíamos chegado em casa.

– Vai descer ou dormir dentro do carro? – perguntou com sua ironia tão conhecida por mim.

Tirei o cinto e desci do carro, Shawn fechou a garagem então nós entramos em casa. Estava tudo escuro, olhei as horas na tela do celular, ainda era cedo, estava marcando 01:30 AM. Não havia ninguém em casa, Shawn ascendeu a luz e se jogou no sofá com seu celular em mãos.

Tirei os sapatos deixando no canto da sala e caminhei até a adega de Manuel e peguei um de seus vinhos indo em direção da cozinha, peguei uma taça e abri a garrafa com o saca-rolha. Servi a taça tomando o líquido de gosto suave. Shawn apareceu na cozinha, sem falar nada, e pegou uma taça e serviu vinho, tomando em seguida.

Ele sentou na cadeira da bancada, ficando de frente para mim. Não trocamos nenhuma palavra, apenas olhares, não demorou muito para que a garrafa ficasse vazia. Levantei e caminhei até a pia, lavei a taça a deixando no escorredor.

Sai da cozinha sem trocar nenhuma palavra com Shawn. Subi as escadas e fui para o meu quarto, entrei tirando o vestido é jogando em qualquer lugar, peguei um cigarro, dei a primeira tragada me deitando na cama com o cinzeiro na mão.

Minutos depois escutei passos no corredor, a porta do quarto ao lado do meu foi aberta e em seguida fechada com força, Shawn estava bravo, e eu estou pouco me importando com ele. Não vai ficar assim, ele não pode achar que me humilha a hora que ele quer, eu não sou qualquer uma que Shawn pensa que pisar por cima a hora que bem entender, eu não sou um saco plástico descartável.

Terminei de fumar e levantei, fui até o banheiro e lavei o cinzeiro, escondendo na gaveta em seguida. Escovei os dentes e removi a maquiagem, voltei para o quarto, vesti uma camiseta e me deitei na cama, me cobrindo e adormecendo em seguida.

(...)

Encarei meu reflexo no espelho, estava com olheiras profundas e sinais de cansaço. Me despi e entrei no box ligando o chuveiro, tomei um banho relaxante e demorado, deixei a água quente cair por todo meu corpo me proporcionando um alívio na tensão muscular que eu estava sentindo. Terminei o banho e sai, vesti minha roupa que eu já havia separado, escovei os dentes, passei perfume, coloquei as lentes de contato e por último escovei meu cabelo.

Desci as escadas em direção a cozinha, escutei as vozes de minha mãe e meu padrasto. Entrei na sala de jantar, Manuel e mamãe tomavam café enquanto conversavam animadamente.

– Bom dia. – disse me sentando a mesa e me servindo de café.

– Bom dia. – disseram juntos, sorridentes.

– Quanta animação, aconteceu algo? – perguntei e os dois se entreolharam sem tirar o sorriso dos lábios.

– Bom dia. – Shawn se pronunciou entrando na cozinha, pela porta dos fundos, ele vestia uma calça de abrigo e uma regata azul marinho, tinha acabado de chegar da sua corrida matinal.

– Foi bom você ter chegado filho, agora podemos dar a noticia. – disse Manuel empolgado.

– Qual a novidade? – perguntou se sentando a mesa.

Eu observava tudo atentamente enquanto comia uma torrada.

– Manuel e eu vamos viajar para Portugal. – disse minha mãe animada. – Vamos ficar um mês.

– Quando vocês vão? – perguntou Shawn.

– Embarcamos na segunda. – respondeu Manuel.

Como assim? Viagem de um mês para Portugal, embarque na segunda e somos comunicados só agora?

Ficar sozinha com Shawn Mendes durante um mês definitivamente não estava nos meus planos.

– Qual o motivo da viagem repentina? – ousei perguntar.

– Faz tanto tempo que não viajamos sozinhos, decidimos tirar um tempo só para nós dois, a viagem foi marcada a uma semana atrás. – mamãe respondeu sendo simples.

Realmente faz tempo que eles não vai jantar sem Shawn e eu, acho que a única vez em que eles viajaram sem nós dois foi na lua de mel ou seja a quase três anos atrás.

– Vocês já estão grandes sabem sobreviver ser nós dois.

– Eu não seria tão confiante como você está sendo Sarah. – respondeu Shawn, podia sentir um pouco de sarcasmo em sua fala.

– Vocês são irmãos, tentem ser mais unidos, isso será uma aprendizagem para vocês, terão que aprender a conviver um com o outro civilizadamente. – Manuel nesse momento juro que queria socar sua cara, Shawn e eu nos odiamos, um vai acabar em um tentando matar o outro o outro.

– Não somos irmãos! – respondemos em couro, encarei Shawn que me olhava atentamente com seu olhar intimidador.

Terminei de tomar meu café em silêncio. Esse um mês seria o Mais difícil da minha vida. Esse ódio nosso nunca vai terminar, nosso santo não bate, tudo nele me irrita de uma maneira inexplicável.

Deus se juntou com a vida e o destino para poder brincar comigo!