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História My Dear, My Dead - - One Shot --


Escrita por: MinnieMinSeok

Notas do Autor


Sorry por erros, revisarei em breve.

Capítulo 1 - - One Shot --


   Eu não sinto minhas pernas a muito, muito tempo, desde que me dispus a correr sem destino, sempre focando em sua imagem, mas sem ninguém a alcançar. 
   Seu rosto, seus traços, todos seus contornos me guiaram para onde estou, em um tempo sem movimentos, uma áurea divergente da anterior, com novos pensamentos. Nunca soube que alguém conseguiria me mudar, mas você se mostrou presente, diferente, com forças para mover em poucos segundos minha vida, que eu já havia desistido de tentar fazer continuar em linha reta. 
   Todos meus atos, meus pensamentos confusos e minha impulsividade me levaram ao ambiente em que estou. Hostil, assustador, mas sem um pingo de medo, avanço um passo. Eu não preciso de barreiras agora, justo quando o que eu mais quero é juntar todos os pedacinhos de sentimentos que despedaçei. Eu sou um monstro, que não causa calafrios; causa repulsa. 
   Penso em todas as mudanças que ocorreriam em uma simples palavra trocada, se fossem outras, ou se nem existissem para relatar algum sentimento. Se eu não tivesse me atrasado, você ainda estaria naquele mesmo vagão? 
   Eu me arrisquei sem pensar. Após a ver, pensei em lhe compartilhar alguma companhia, e assim o fiz. Algo que não deveria ter acontecido. Nenhuma conversa deveria ter se iniciado e nenhum sorriso transmitido, assim como o encostar de joelhos, que me permitiram sentir um choque diferente, que eu não deveria ter despojado de tanta atenção. 
   Você era calma, mesmo com um olhar desesperado, era calma. Como se um furacão girasse em torno de si, mas estaria segura em seu meio, no olho dele, com um falso sentimento de proteção, vendo tudo em torno desmoronar, pedindo por ajuda em um eco silencioso. Eu te entendo como nunca, foi o que eu disse, após suas confissões para uma completa estranha. Quem em sã consciência arremessaria palavras sobre a vida e o cotidiano a alguém em plenas oito da noite, dentro de um trem passageiro, que passava tão rapido quanto o piscar de seus olhos? Você, e ali, percebi que não deveria me aproximar mais, não por seus problemas, que não são piores que os meus, mas por seu jeito contraditório, de uma pose calma, uma fala lenta e modéstia com uma história longa para contar. Eu gostei de você no primeiro momento que a vi. 
   Não sei ao certo quando começou, ao menos me lembrava de ter lhe estendido o celular para receber seu número, em um olhar cúmplice, mostrando que mais conversas seriam divagadas. Mas quando vi o contato colorido, não pensei duas vezes em chamar, considerando um erro pela demora a vir a resposta, sendo justificado por um trabalho qualquer de filosofia, não lhe culpei. As hipóteses de um encontro futuro eram grandes, até por já estar sendo marcado pada breve, com uma despedida e um até logo. Você me era interessante, pensei. 
   Continuei com esse pensamento por muitos minutos, até acompanhar um sono gostoso, onde se ondulava as leves ressonâncias de meu respirar baixo, com a mente longe da cama e a alma mais viva dentro de si.

   Éramos novas amigas.

   Combinamos de nos encontrar na estação de trem, de onde partiriamos cada uma a seu rumo, sendo você a sua faculdade e eu a meu trabalho de meio período. Ambas eramos ocupadas, mas gostávamos de conversar entre um turno ou outro por mensagens. Era como escapar da lei, fugir de um sherife em um cenário antigo de faroeste, escapando do chefe para conseguir uma rede e conversar por ligação, simples, julgavamos divertido, e era.
   Seu dia parecia tão mais legal que o meu, estando com companhia de amigos, colegas e professores, sempre conversando. Vi em você uma garota sociável, doce, que não abandonava suas feições mornas, porém misteriosas, por trás de suas vestimentas escuras e maquiagem leve. Se tornou alguém peculiar, como um desafio, em que eu não seria obrigada a participar, mas faria para ter o prazer de te ganhar. 
   A biblioteca me lembrava você, que confiei tão rápido meus segredos quando nos livros mofados do segundo andar, sempre me ouvindo, mesmo não tendo outra opção, mas estavam lá. Como você. 
   Sempre me atrasava, agora, só para trocar meu vagão pelo seu. Dividindo dispositivos músicais durante o trajeto, em paz. Você me transmitia paz. Era raro sentir isso, até você mostrar se importar.

   Estavamos mais próximas.

   A descoberta das moradias proximas foi um baque para esmagar todo o tempo livre que tínhamos. Agora eu vivera mais em sua casa do que na minha, assim como você. Eramos turistas da solidão, enfrentavamos juntas, assim como quando sua família passava por problemas, eu ofereci a minha presença para lhe ajudar. Você acatou. 
   Eramos vistas juntas por toda a semana, sendo por visitas ao seu avô no hospital da cidade ou os tempos que liamos quase que um livro por dia na biblioteca, que não era muito movimentada. Seus sapatos e jaquetas já eram tão conhecidas do meu corpo, nos relacionavamos tão bem que eu duvidara de minha capacidade de não entediar alguém. 
Depois do primeiro vagão houveram muitos outros, além de caminhadas e de taxis solicitados, passávamos o caminho inteiro em um silêncio bom, confortável, que me aquecia e enchia meu peito de algo que eu não saberia explicar. Não naquele tempo. 
   Você começou a dividir a biblioteca comigo, eramos apenas nós duas e os livros, com dois salários remunerados e várias horas juntas, preenchendo o ambiente com risadas e falatórios durante o os três meses de amizade bem fortalecidos.

   Ah, se eu soubesse que duraria tão pouco.

   Ela conquistou alguém, que fez o mesmo com seus sentimentos, logo inicando um novo relacionamento que a afastou de mim. Era como se eu fosse uma de suas colegas de faculdade, da qual só a contatamos quando precisamos de algo. Era assim que nós estavamos. 
   Eu a amava em segredo, pude perceber. Seu sorriso aflorado sempre que via um animal na rua, suas lembranças felizes de casa que a faziam lacrimejar, seus sonhos e anseios de uma vida diferente, onde mirabolavamos planos de morar juntas, em outro lugar que não remetesse a custumeira mesmisse de tudo. Era como se cada nova mania sua acendesse um lado de mim que eu não sabia explicar. Era como voar em uma neblina, onde não enxergamos o objetivo que se iniciou com o planar no começo do caminho. Era estranho, provocava um comichão em meu coração, era quente. 
   Nossos assuntos se resumiam em como tudo mudara em sua vida com a chegada dele. Em como se sentia feliz e completa, em como se via com uma família e um restaurante, depois de casados. Eu, claro, concordava com tudo dito, sentenciando-me a cada novo reprocesso de auto-punição levados a todos os dias. Agora eramos amigas, e nada mais que isso. 
   Minha vida começou a cair, como se fosse o estopim para a decida e desandação de tudo. Minha família, meus amigos, até meu emprego. Recebi a notícia do falecimento de meu pai, que eu não fazia questão de conviver, mas era o único familiar próximo que eu tivera. Alguns de meus colegas e antigos amigos viajavam para fora do país, em um intercâmbio muito rentável para eles, não consegui sorrir. A biblioteca fechou, tanto pela falta de renda do dono e pela má movimentação que o espaço recebia. Meu coração estava quebrado, assim como uma janela estilhaçada após um ataque de adolescentes rebeldes. Eu não acreditava mais na vida. 
   Tudo se passava tão lentamente a minha volta, enquanto continuava, dando o segundo passo, percebendo que estive parada em todos os meus devaneios sobre os últimos meses. 
   O terceiro passo me proporcionou um torpor esquisito, com um galho quebrando abaixo de meus pés. 
   O quarto passo era acolhedor, enfim caminhando descalça por um pedaço de grama fofinho, onde meus pés descansavam para o que estava por vir. 
   Como em um rolo de filme antigo, pude ver todas as cenas, ouvindo o farfalhar das árvores, que amanheciam meus pensamentos sobre o amanhã que não viria, sobre a vida boa que não tive e sobre as decisões que tomei, ou que não deveriam ser feitas. 
   Pensei também nas possibilidades que teria. Se eu tivesse saído no horário do meu trabalho, pego meu mesmo vagão que, antes, era minha rotina, poderia ter conhecido outro alguém, alguém que poderia me fazer estar longe de onde estou, mas sinto que não seria a mesma coisa. 

   Se eu, ao menos, tivesse pego outro caminho...

   Com o quinto passo, não senti mais nada sob meus pés, apenas um vento cortante de uma queda livre intença, que atordia meus ouvidos e me fazia pensar em como teria sido se eu não chegasse perto do precipício. Já era tarde demais, escolhas feitas rápidas o suficiente para não ter tempo das consequências. Enfim, o pássaro atravessou a neblina e encontrou seu objetivo.

   Se eu, ao menos, não tivesse lhe amado.

   Espero que minha morte não tenha sido em vão, que meu tempo escrevendo essa carta não tenha sido em vão e que, quando terminar esse monólogo, vá ao menos ao meu enterro. Você saberá onde encontrar meu corpo, afinal, foi você que me levou até aquele precipício pela primeira vez.



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