- Você não sabia que Merascylla é tão forte, mas fez um bom trabalho. Agora de concentre em se curar, Elizabeth.
Concordo e ponho a mão em meu peito, curando-me tão vagarosamente que apenas faz meus machucados doerem muito mais.
Solto um grito rouco e ouço Meliodas me chamar várias vezes antes de mergulhar em uma escuridão sem fim.
Talvez meus machucados fossem mais sérios do que eu imaginava.
~×~
Confusa abro os olhos e encaro o teto manchado de umidade, resmungo de dor quando respiro muito fundo e sinto o lado direito do meu peito latejar.
- Elizabeth - Viro a cabeça para o lado e observo a feição cansada de Meliodas - Como se sente?
- Com dor.
- Não é pra menos - Assustada sento-me na cama de pressa apenas para sentir meus sentidos sumirem por alguns segundos e lentamente consigo ver a menina parada aos pés da cama.
Ah droga, é a feiticeira.
- Pode me dizer qual era seu plano suicida? - Ela questiona dando de ombros em seguida - Quer saber, esquece.
- Ela estava atacando os humanos.
- E você achou que poderia confrontar um demônio? Olha... Deusa, nem sempre você terá seu demônio sua disposição para salvá-la. E se não fosse por ele, tenho cem por cento de certeza que você não estaria viva agora.
Merlin estala os dedos e um frasco com um líquido estranho surge a sua frente. Ela analisa o conteúdo e sorri satisfeito consigo mesma observando o frasco flutuar até estar perto do meu rosto.
- Beba isso.
- Que espécie de veneno é esse? - Encaro desconfiada o líquido roxo e ela revira os olhos.
- Não é veneno.
Pego o fraco gelado na mão e cheiro o conteúdo, que não há odor nenhum.
- Tome, vai te ajudar a melhorar - Meliodas me incentiva e mesmo contrariada bebo o líquido roxo.
Nojento.
- Ugh! - Resmungo engolindo mesmo querendo vomitar tudo - O que é isso?
- Vai ajudar na sua recuperação - Merlin explica - Você quase esgotou suas energias.
- Obrigado pela ajuda feiticeira.
- Não quero seu agradecimento - A menina cruza os braços - Eu não gosto de me envolver com problemas e vocês dois são um problemão.
- Certo, não iremos te envolver em nenhum problema.
- Bem, já que eu ajudei vocês eu quero algo em troca.
- Como moedas de ouro? - Tombo a cabeça para o lado.
- Não.
- Então o que quer?
- Material para estudo - Merlin sorri de lado - Quero informações, o que eu sei sobre os demônios é muito escasso.
Ela vai falar?!
- Não confio o suficiente em você para entregar informações sobre os demônios lada você, feiticeira.
- Oh, mas confiou em mim para salvar a vida da deusa que ama?
Viro a cabeça para olhar o garoto-demônio que mantém a expressão impassível.
- Está tentando me intimidar?
Um arrepio ruim sobe por minhas costas e estico a mão para segurar o braço do loiro, mesmo que o processo faça a dor em meu corpo parecer duas vezes pior.
- Não e também não gosto de ser intimidada - Merlin responde - Mas não me subestime, não tenho medo de você, sendo poderoso ou não.
Não gosto desta tensão.
- Mas deveria ter - Meliodas rosna.
- Acho que não percebeu sua posição aqui - Ela comenta - Você está traindo seu clã ao se encontrar com uma deusa e ainda está se...
- Não ouse continuar falando essa idiotice.
- Idiotice? - A menina ri - Está tentando mentir para si mesmo?
- O que está acontecendo? - Pergunto apenas para ser ignorada.
- Não estou mentindo para eu mesmo - Meliodas responde sério e surpresa vejo a feiticeira desaparecer e surgir frente a frente à ele. Ela ergue o pulso e com dois dedos toca o peito dele.
- Pode mentir o quanto quiser, mas não pode enganar o que acontece aqui, líder dos mandamentos.
E com um piscar de olhos, Merlin se afasta novamente.
- Façamos um... acordo - Ela murmura - Me dê um pouco de seu sangue e então ajo como se nunca tivesse ajudado vocês.
- Meliodas... - Murmuro depois de vê-lo fechar as mãos em punhos enquanto respira fundo.
- Se trair minha confiança...
- Já sei, você me mata e blá blá blá.
- Meliodas não faça isso.
- Onde vou por?
Merlin sorri vitoriosa e estala os dedos, fazendo surgir uma tigela de madeira enegrecida na frente dele. Meliodas respira fundo e puxa a espada que estava ao seu lado, assustada assisto ele passar a lâmina reluzente na parte interna de seu pulso e o sangue desce em abundância na tigela.
Lentamente o corte aberto vai cicatrizando até curar totalmente, como se nunca houvesse existido um corte alí.
- Foi bom fazer acordo com você, Meliodas.
A tigela desaparece e o loiro abaixa o braço sem alterar a expressão séria.
Merlin desaparece em seguida e sozinha no quarto estranho com o líder dos dez mandamentos, fico sem saber ao certo como reagir.
- O que você fez?
- Não foi nada - Ele grunhe virando-se de costas.
- Ela irá usar isso contra você, Meliodas!
- Elizabeth - Meliodas se vira para me olhar - Apenas meu sangue não irá ajudá-la a descobrir nada sobre eu ou meu clã.
- Eu... Eu escrevi sobre coisas que você tinha me contado em um caderno. Sobre os dez mandamentos e sobre você...
- Você fez o quê?! - Meliodas ruge visivelmente irritado e com medo de encolho na cama.
- Eu não tinha pensado nos riscos quando escrevi...
- Onde está?
- A Merlin descobriu e ameaçou usar o que descobriu contra nós, caso virarmos ameças para os aldeões de Belealuin.
Ele começa a andar em círculos pelo quarto e eu agarro minhas pernas, trazendo-as até o peito.
- Me desculpe.
- Você sabe o que fez?! - Ele exclama - Deu informações sobre meu clã, sobre os mandamentos e sobre mim, Elizabeth! Deu informações que ninguém sabia.
Mordo meu lábio inferior nervosamente e desvio o olhar para o canto da parede, tentando a todo custo não me intimidar com a áurea negra que envolvia-o.
- Droga! - Ele rosna e assisto espantada o momento exato que a marca negra se expande pelo corpo dele, Meliodas grunhe e se curva agarrando a madeira da cama que começa a rachar - Você não vai assumir o controle - Sua voz saí rouca e ele resmunga quando a madeira sob sua palma quebra de uma vez - Eu controlo você...
- Meliodas, você está bem?
- Corra - Ele geme de dor - Corra Elizabeth, agora!
Os cabelos da minha nuca se eriçam em sinal de perigo e eu pulo da cama mesmo sentindo minhas costelas doerem no processo.
- Mas...
- Vá!
Viro-me de costas para ele e corro o mais rápido que posso para fora do quarto e para longe da área afastada de Belealuin. Respiro fundo e tomo impulso no meio do caminho para voar ao mesmo tempo que a cabana onde eu estava a poucos minutos é destruída pelo fogo do inferno.
Parada no ar vejo quando Meliodas saí do meio dos escombros com quase o corpo inteiro coberto por aquela mancha negra, a expressão cruel e os olhos negros sem vida se direcionam para onde estou, porém ele me ignora e duas asas deformadas projetam-se de suas costas, com apenas um impulso ele voa para longe deixando-me atordoada e tensa para trás.
A forma de agir e o poder insano.
Quem era aquele no lugar do Meliodas?
~×~
- Ora ora, o que aconteceu com você?
Crispei os lábios ao ouvir a voz dias atrás de mim.
- Me envolvi em uma briga - Resmungo.
- Um ser fraco como você não deveria se envolver em brigas.
- Eu não sou fraca.
- Meus irmãos são fracos e você é uma criatura frágil, deveria saber disso.
Fecho os olhos quando um toque suave em minha testa e uma pequena quantidade de poder é usada para curar minhas feridas.
- Obrigada, Mael.
- Eu faço tudo por você, minha frágil princesa.
Reviro os olhos depois de ouvir o apelido que, Mael, o quarto arcanjo, usou.
Murmuro um pedido de licença e caminho para longe do arcanjo, com os pensamentos viajando até Meliodas.
- Onde você está? - Suspiro olhando do céu, a paisagem abaixo.
Por que Meliodas tinha agido de forma tão estranha quando as manchas negras tomaram conta de si?
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