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História My Enemy, My Ally - Twenty-eight;


Escrita por: Torix

Notas do Autor


Oi, Olá!
Mal dá pra acreditar que já chegamos ao vinte e oito! Parece que foi ontem que eu postei o primeiro capítulo T^T
Boa leitura!

Capítulo 28 - Twenty-eight;


– Você tem certeza que tudo está pronto? – Angelique perguntou, a entregando a roupa já dobrada. Haera sorriu fraco, pegando a peça e colocando na mala junto às outras.

– Tenho… Meu pai já tinha concordado com tudo e a papelada já tá pronta. – Respondeu, se virando para colocar a última peça de roupa.

– E Chanyeol? – A senhora assistiu o jeito como sua expressão mudou, e mesmo que Haera tentasse esconder, era óbvio que estava mal.

– Chanyeol vai viajar pro lançamento do livro dele, então ele vai ficar fora por pelo menos um dia… – Forçou um sorriso, fechando a mala e puxando o zíper. Olhou ao redor do quarto, pressionando seus lábios em uma linha reta. Puxou todas as memórias que tentavam vir à tona para o fundo da mente e ajeitou o cabelo.

Angelique suspirou, puxando a mala da cama e a colocando no chão. – Tudo pronto?

Haera caminhou até o closet, puxando a maçaneta para fechar a porta. O barulho de algo pesado caindo chamou sua atenção, parou o que estava fazendo e olhou para baixo, sendo recebida por uma moldura empoeirada que ela guardava no armário.

Na foto, ela e Chanyeol estavam sentados na arquibancada do colégio. Aquela foto tinha muitos detalhes que ela odiava; O excesso de camadas de roupas, uma franja longa demais, muito delineador, All Stars com desenhos feitos com caneta. Mas quando ela olhava aquela cena, as memórias daquele dia conseguiam fazer tudo parecer tão especial. Correu os dedos pelo quadro, acariciando o rosto através do vidro. Riu soprado, se virando e fechando as portas do closet.

– Tudo pronto.


 

 

Morar com Angelique até as coisas se ajeitarem com certeza fora uma bênção. Ela nem imagina como lidaria com tudo isso sem a senhora excêntrica ao seu lado. Tinha um quarto que se assemelhava ao mesmo quarto que ela tinha em Paris e até sua própria caneca estampada com uma princesa da Disney.

Tirar a mente de tudo que estava acontecendo agora era uma boa ideia, e novelas de baixo custo dos anos 90, eram uma ideia melhor ainda. Com bobes no cabelo, máscaras faciais e muita pipoca, as duas mulheres questionavam as ações dos personagens através da TV.

Ela conseguiu, mesmo que por algumas horas, esquecer sobre tudo o que estava acontecendo. E pôde viajar para aquele mundinho especial com memórias da adolescência.

Depois de terminar uma novela inteira, as duas lavaram o rosto e tiraram os bobes para revelar os cachos largos e cheios de movimento. Se sentaram na cozinha para arrumar algo para comer que não fosse pipoca e enquanto esperavam a água ferver, Angelique se sentou ao lado dela.

– Haera.

– Mhm? – Ela murmurou, levantando o olhar do laptop em seu colo, se assustando momentaneamente com a seriedade da senhora. – O que foi? – Angelique suspirou, se inclinando para segurar a mão da jovem.

– Haera… Eu sei que agora não é a melhor hora para discutir isso, mas… Eu estive pensando nisso há muitos anos e, eu honestamente não consigo mais esperar. – Riu fraco, dando um tapinha na mão dela. Haera estava ainda mais confusa.

Angelique se virou e pegou um envelope de cima do armário, o olhou por alguns segundos antes de o deslizar pela mesa. A garota o encarou, esticando a mão para pegá-lo. A senhora soltou sua mão para que pudesse manuseá-lo melhor e a assistiu.

– Você não precisa me dar uma resposta agora… Mas eu quero que você saiba que sempre será uma opção… Eu quero fazer isso da maneira certa. – Ela explicou, engolindo seco e se mexendo no assento. Haera tirou os papéis de dentro do envelope, os lendo cuidadosamente.

Parou por um minuto inteiro, encarando aquelas palavras tão curtas mas que tinham tanto significado.

FORMA DE ADOÇÃO

– Você pode me responder depois que tudo acabar… Você pode me dar uma resposta quando quiser… – Pausou. – Eu tive que pesquisar bastante sobre isso… Adotar adultos é mais difícil do que eu pensei… Talvez eu devesse ter feito isso quando você tinha catorze anos. – Ela riu, juntando as mãos. Haera cobriu a boca, sentindo seu lábio inferior tremer.

Adoção.

Era uma palavra engraçada para se pensar. Especialmente para ela, aquela garota que cresceu com ambos os pais, em uma grande família. Mas aquele sentimento era especial.

O sentimento de que alguém lhe queria. E que alguém estava disposto a passar por tantos problemas judiciais apenas para lhe adicionar à família.

– Carlisle discutiu sobre isso comigo um dia… Sobre como ele queria que fosse possível para você ter mais de uma família legalmente. – Angelique sorriu, encarando o papel. – Eu só queria fazer isso da maneira certa e te colocar no registro legal, porque você já é da família.

Aquilo foi suficiente para Haera desabar em lágrimas. Pela primeira vez em anos, estava chorando de felicidade e como gostava daquele sentimento.

Mas tudo que é bom dura pouco.

Foi na madrugada daquele mesmo dia, que ela foi acordada por um barulho alto vindo do quintal. Bocejou, rolando na cama e caminhando até a janela para ver o que estava acontecendo. Estava esperando que o filho do vizinho estivesse bêbado e tivesse confundido as casas como Angelique lhe contou, não que sua própria mãe estivesse lá.

Em carne e osso, Sunhee estava no gramado, bem arrumada, segurando sua bolsa LV favorita. Com o mesmo ar arrogante de sempre. Ela gritava profanidades sobre como exigia ver Haera naquele mesmo momento e sem se mover, Angelique gritava de volta que ela não tinha direito algo de vê-la.

– Se eu não encontrar com aquela ingrata hoje mesmo, eu vou te levar à falência! – Ela gritou, levantando o dedo para o rosto de Angelique.

– Pois eu quero te ver tentar. Mesmo se você exercer todo o poderzinho que acha que tem, eu sempre terei minhas filiais em outros países, além do meu país de origem… Enquanto você tem…? – Ela pensou por alguns segundos, não conseguindo pensar em nada. Deu de ombros. – Como eu pensei, não é como se você estivesse na posição de fazer exigências agora.

– Kim Haera é a minha filha. Eu tenho direito de vê-la. É bom você trazê-la aqui. AGORA! – Gritou, batendo o pé no chão. Angelique fechou os olhos, coçando o ouvido e reclamando sobre o quão barulhenta ela estava sendo. – É isso que eu mereço por ter tido um terceiro filho… Devia ter parado no primeiro. E pensar que eu gastei tanto dinheiro com tratamentos de fertilidade apenas pra ter uma filha ingrata como essa. Quem diria que isso saiu de mim… Não tem um talento! Nem um! E se acha a rainha de tudo–

Haera não conseguia acreditar no que ela havia ouvido. Queria pensar que tudo aquilo era um pesadelo e que ela iria acordar em alguns minutos com os gritos de Angelique sobre o café e sobre como ela ronca como uma britadeira. Queria que não fosse verdade, que sua própria mãe não tivesse dito algo tão doloroso.

Beliscou seu braço várias vezes, na esperança de que fosse apenas um sonho ruim, mas a dor na área vermelha não chegava nem perto da dor em seu peito. Fechou a cortina, respirando fundo e exalando falhamente o ar. Encostou-se na parede e se deixou deslizar até alcançar o chão. Estava pensativa demais para notar a primeira lágrima que escorreu.

– Sai da minha casa. – Angelique anunciou, levantando o braço e apontando para o portão de onde ela havia vindo.

– Isso que você está fazendo, é contra a lei! Você vai se ver com os meus advogados. – Ameaçou, balançando as mãos no ar.

Angelique riu, não acreditando na hipocrisia que Sunhee exibia tão orgulhosamente. – E você agredir a menina não é? – Sunhee franziu o cenho, abrindo a boca em surpresa.

– Ela é minha filha! O jeito como eu a disciplino não tem nada a ver com você. – Afirmou, cruzando os braços. Angelique rolou os olhos com um suspiro cansado. – Você… Você não tem nada a ver com ela. Você e aquele seu marido. Eu devia ter cortado relações quando vocês decidiram abrir a própria empresa… Você quer me dizer como ser mãe quando você nem é capaz de ter filhos... Fique fora dos nossos assuntos de família…

– Eu posso não ter relações de sangue… Mas eu amo aquela menina... Eu a amo tanto que dói! – Exclamou, batendo no peito e apontando para a casa. – E eu tô pouco me fodendo pra o quê você quer dizer, porque eu já tive suficiente disso. Eu sempre fiquei de longe pra não dar problemas pra ela, mas essa foi a gota d’água. – Suspirou e tentou segurar as lágrimas que ameaçavam cair. – Você perdeu o direito de mãe no primeiro dia que você encostou o dedo nela… E até o dia em que eu morrer…! Eu vou proteger aquela menina com todas as minhas forças, porque é isso que ela merece. Alguém que se importe e alguém que a ame sem pedir nada em troca.

Sunhee não hesitou em estapear-lhe assim como havia feito com Haera. Mas enquanto a garota tinha medo e não tinha para onde correr, Angelique já havia visto o que tinha que ver. A senhora estalou a língua, ajeitando os cachos e se recompondo.

Respirou fundo e estralou o pescoço, virando para Sunhee e colocando toda sua força em um tapa.

Era desnecessário dizer o quão furiosa Sunhee ficou em ser desafiada de tal maneira. Enquanto ela gritava profanidades, Angelique suspirou, tocando a mão dolorida, quem diria que estapear alguém doeria tanto.

Derrick. – Chamou, levantando o braço direito. O homem alto de terno caminhou da porta até onde ela estava. – Pode levá-la. E avisa os outros meninos para não deixá-la entrar aqui, ouviu bem? Qualquer um que deixar essa mulher entrar na minha casa vai ser demitido. – Sunhee, sem entender uma palavra do que havia sido dito, só podia encarar. Ele acenou com a cabeça, murmurando um ‘Sim, senhora’ antes de caminhar até ela, segurando firmemente em seu braço para que ela não pudesse escapar.

Entre gritos de raiva, Sunhee foi carregada até o lado de fora e deixada na calçada, apenas para assistir os portões de metal sendo fechados na sua cara. Angelique suspirou, caminhando de volta à casa.

Subiu as escadas, parando em frente à porta branca com uma plaquinha escrito ‘Haera’ e suspirou, segurando a maçaneta. Abriu a porta, encontrando-a sentada contra a parede, os soluços abafados fizeram a senhora suspirar novamente.

– Você a ouviu, não é? – Caminhou até ela, se agachando ao seu lado. – Ela provavelmente não vai deixar isso passar… Então o que você acha de irmos à Paris por um tempo? Até tudo se acalmar. – Tocou seu ombro, correndo seus dedos sobre o tecido do pijama. – Você não precisa passar por isso se não quiser…

Haera fungou, segurando o choro por alguns segundos para poder poder respondê-la. – Okay… Obrigada. – Angelique sorriu e a puxou em um abraço apertado.

Apesar de querer ter o poder de tirar sua dor, tudo o que ela podia fazer era estar ao seu lado. E para Haera, isso era mais do que suficiente.

 

✖ ✖ ✖

 

O dia seguinte amanheceu ensolarado, apesar do clima frio. Haera olhou para o Sol com um sorriso, absorvendo a luz. Angelique já estava correndo para lá e para cá para ter certeza que o mundo não pegaria fogo em sua ausência. Com as passagens sendo compradas pela assistente de Angelique, tudo o que restava era fazer as malas.

Haera suspirou, havia acabado de desfazer as malas e já tinha que fazê-las novamente. Optou por colocar só o essencial, uma vez que provavelmente ainda tinha roupas no antigo estúdio em Paris. Angelique não precisou levantar um dedo, sempre tinha bagagens prontas para diferentes épocas do ano para que não precisasse, em suas próprias palavras, “ficar nessa merda de faz-mala-desfaz-mala, eu tenho mais o que fazer”. Haera fez uma nota mental para fazer o mesmo quando estivessem de volta.

– Qual horário você prefere? – Perguntou, colocando o smartphone contra o ombro enquanto perguntava para a garota. Haera deu de ombros, sem ter uma resposta fixa.

– Ah, qualquer um… – A senhora a encarou, claramente insatisfeita com sua indecisão. Haera riu soprado. – Eu prefiro à noite. – Angelique sorriu, levantando o polegar para ela e colocando o telefone de volta à orelha.

Depois de alguns minutos, terminou a chamada. Jogando o smartphone na cama e virando para ela.

– O voo é as sete. – Haera concordou com a cabeça, puxando o zíper da bolsa.

– Mhm… Tem bastante tempo. – Comentou. – Como tá o clima lá? – Angelique riu.

– Eu tenho bola de cristal, por acaso? – Colocou as mãos na cintura, a encarando. Haera riu, fazendo bico.

– Ah… Faz tanto tempo que não vou à Paris… Será que aquele café perto do estúdio ainda tá lá? – Perguntou com um enorme sorriso. Angelique riu, acenando com a cabeça e assegurando que poderia comer seu donut de chocolate quando chegassem lá.

– Para de sonhar com a comida e atende seu celular que tá tocando faz meia-hora. – Haera levantou as sobrancelhas, procurando pelo aparelho e lembrando que havia o deixado no silencioso na noite passada. Viu duas ligações de Mirae e cinco de um número desconhecido.

– Isso é estranho… Só Mirae e Baekhyun tem o meu número novo… – Ela comentou, desbloqueando o celular e checando o registro. No momento em que tentava reconhecer o número, recebeu outra ligação e decidiu atendê-la. – Alô?

Ah, Haera-ssi! É a Dra. Jung. Mirae me passou o seu número novo...

– Ah, sim, Dra. Jung! Como você está? – Coçou a nuca, levemente aliviada por ser a doutora e não um paparazzi que pudesse ter achado seu número.

Estou ótima, mas… não é sobre isso que eu quero falar… – Pausou, pensando no que dizer. – Eu estou tentando te ligar desde manhã… Você não compareceu à nossa última consulta nesta semana. Será que você pode passar pelo meu consultório hoje? – Haera mordeu o lábio inferior, havia esquecido de avisá-la.

– Ah… Bom, é que aconteceu algumas coisas e… Eu não vou mais fazer isso, a gravidez falsa, eu quero dizer… Só acabou assim. – Suspirou, colocando a mão no bolso da calça. – Mesmo assim, obrigada pela ajuda. Você me salvou. – Riu fraco.

Ah, entendi… Mas, se você tiver algum tempo, será que você pode passar aqui no meu horário de almoço? Sem ser médico e paciente, eu queria conversar com você de mulher para mulher. – Ela franziu o cenho, surpresa pelo pedido repentino, mas não a rejeitou. Daehee era uma boa pessoa e seria bom vê-la antes de viajar.

– Ah, claro… Que horas é seu almoço?

Às duas eu já vou estar livre… Bom, Mirae também virá, se você quiser pode encontrar ela… Ela está de folga hoje. Eu preciso ir agora, até logo. – Ela concordou com a cabeça, despedindo-se da mulher e desligando a chamada. Olhou para o relógio e se espreguiçou. Tinha algumas horas até o encontro então podia enrolar o quanto quisesse.

 

Angelique decidiu acompanhá-la. Teriam que estar no aeroporto em algumas horas de qualquer maneira, não tinha porque não aproveitar a carona. O mordomo ajudou a trazer as malas para baixo.

Ao abrir o portão da frente, foram surpreendidos pelos flashes intrusivos das câmeras profissionais. Haera sentiu um frio na barriga ao processar o que estava acontecendo e não conseguiu se mover até um dos seguranças a puxar em direção ao carro.

‘Kim Haera, os rumores dizem que você traiu seu marido, isso é verdade?’

‘O que você vai fazer agora que não é mais uma Kim?’

'Haera, o filho é mesmo de Chanyeol?'

‘Haera-ssi, você admite que foi expulsa da família por seu comportamento inapropriado?’

‘Fontes dizem que Chanyeol está noivo de uma atriz, isso é verdade?’

‘Haera, amigos da família revelaram que durante seu casamento você traiu Chanyeol inúmeras vezes, é por isso você foi expulsa da família?’

‘Você está fugindo para se casar com o seu amante?’

‘Kim Haera-ssi, você está mesmo grávida, ou isso foi tudo uma farsa pela atenção?’

Não.

Não. Não. Não.

Estava tudo tão errado. Como eles podiam distorcer tudo? Angelique fechou a porta com força, dizendo ao motorista para andar rápido com isso enquanto discava o número da assistente para descobrir o que havia acontecido.

Ela apenas assistiu através da janela a multidão sendo contida pelos seguranças que se reuniam ao redor do portão.

– Como assim? – Angelique exclamou, correndo os dedos pelo cabelo. – É o que eu tô te falando… Não era pra mídia saber sobre isso até janeiro… E você acha que eu porque eles descobriram? – Suspirou, rolando os olhos. – O quê?! Espera um momento. – Pausou e olhou para Haera por alguns segundos antes de voltar ao telefone. – Okay… Obrigada.

Ela tentou fingir que não ouviu, mas conseguia ler o tom de voz de Angelique como um livro aberto. Fechou os olhos, encostando a cabeça na janela do carro com um suspiro. A senhora tentou pensar na melhor maneira de lhe dar as notícias, mas era difícil até ela.

– Nancy ligou para alguns escritórios e descobriu quem deu a pista… – Ela mordeu o lábio inferior, encarando a garota fechar ainda mais os olhos. No fundo, Haera suspeitava, mas se não tivesse uma confirmação, talvez pudesse fingir que não sabia. Angelique respirou fundo. – Sunhee… Ligou para todos os escritórios de revistas de Seoul e… Deu a própria versão dela.

Ela suspirou, jogando a cabeça para trás e levando as mãos ao rosto. Não conseguia acreditar, não, acreditava até demais. Mas não queria aceitar que essa era sua realidade. Onde sua própria mãe era incapaz de respeitar suas decisões e inventava mentiras para ganho pessoal.

Angelique tentou consolá-la, mas a esse ponto, estava mais irritada do que triste.

O motorista a deixou em frente ao grande hospital, por precaução, teve que arrumar um boné e um par de óculos caso as notícias tivessem se espalhado além do seu controle. Mirae estava esperando na entrada e assim que a viu, abriu um sorriso.

– Achei estiloso. – Deu um tapa na aba do boné, o que fez Haera rolar os olhos. – Vamos, Daehee já tá esperando. – Acenou com a cabeça, a seguindo até o elevador.

O segundo andar estava quase vazio uma vez que quase nenhum dos médicos estavam atendendo nesse horário. Entraram no consultório, sendo recebidas pela mulher com um sorriso carismático. Haera a encarou, notando como sua barriga havia crescido desde a última vez que havia lhe visto. Devia estar no sétimo ou oitavo mês. Sorriu, vendo como ela ainda tinha um pouco de dificuldade em se mover.

Mirae a ajudou a se sentar novamente.

– Haera! – Exclamou, se inclinando para cumprimentá-la. – Há quanto tempo.

– Muito tempo! – Comentou com um riso baixo enquanto tomava seu lugar na cadeira. Mirae sorriu e se sentou ao seu lado.

– Já sabe a data de nascimento? – Perguntou, recebendo uma confirmação extasiada de Daehee.

– Começo de janeiro. – As duas acenaram, vendo o quão próxima a data estava. Haera sorriu melancolicamente, Daehee estava radiante com a vinda do que seria seu segundo filho. Se perguntava se algum dia passaria por aquilo.

– Mhm, está tão perto já… – Mirae comentou, encostando na cadeira e olhando para cima.

– Não tá perto o suficiente, eu tô tão pronta pra isso acabar! – Elas riram da sua reação. – Mas, Haera, como você está? – Ela perguntou, mudando completamente o tom da conversa. Haera levantou a cabeça, olhando para Mirae e depois para Daehee e notando o tom preocupado.

– Que isso, eu tô ótima. – Ela riu na esperança de amenizar a preocupação, mas não teve efeitos.

– De verdade? Você soou tão cansada no telefone… – Suspirou, se inclinando sob a mesa. Haera deu de ombros, olhando para baixo.

– Ah, muitas coisas aconteceram nos últimos dias… – Coçou a nuca e levantou a cabeça de novo para encará-la, meio sem-jeito.

– Seu marido está te aborrecendo? – Brincou. Haera desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. Mirae fechou os olhos.

– Haera… Haera e Chanyeol estão se divorciando. – Daehee arregalou os olhos, cobrindo a boca e encarando a garota que tentava seu melhor para não demonstrar a mágoa.

– Me desculpa… Eu nã–

– Tudo bem. – Forçou um sorriso, confortando-a. A mulher ainda parecia extremamente nervosa, mordeu o lábio inferior, se inclinado para segurar a mão de Haera.

– De verdade, não foi minha intenção. – Haera apenas apertou sua mão, sorrindo.

– Está tudo bem. De verdade. No fundo, eu sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde… – Suspirou, desviando o olhar novamente. Daehee virou para Mirae, gesticulando para fora. A jovem apenas acenou com a cabeça, levemente confusa.

– Hae, a gente já volta. – Haera acenou com a cabeça, assistindo-as deixar a sala e fechar a porta. Ela ignorou, pensando que elas tinham assuntos médicos para discutir e decidiu jogar Candy Crush.

Puxou o celular do bolso do casaco, encarando a tela de bloqueio que exibia a foto tirada do quadro que ela levou. Correu os dedos pelo rosto radiante e decorado com a pintura do time de futebol e suspirou, um sorriso brincando em seus lábios.

Quando retornaram, Mirae parecia assustada. Haera se perguntava o que poderia ter acontecido para deixá-la assim, mas não conseguiu chegar à uma conclusão.

– Haera, onde você está ficando? – Ela perguntou, mexendo nos papéis sobre a mesa.

– Com a… – Haera pausou por alguns segundos. Um sorriso aparecendo. – Com a minha mãe. – Anunciou. Sim, era mais fácil dizer que Angelique era sua mãe do que explicar que era sua guardiã há mais de dez anos antes e se tornaria sua mãe adotiva em um tempo. Além do que, soava certo, estar com um parente em um momento tão frágil como esse. Daehee acenou com a cabeça, olhando para Mirae.

A garota concordou, mordendo o lábio inferior aflita e encarando a amiga. Não sabia qual era o melhor jeito de lhe dizer. Não queria ter que lhe dar essas notícias justo agora quando tanta coisa estava acontecendo, mas guardá-las só iriam agravar a situação.

– Haera… – Sua amiga pareceu confusa por alguns segundos, não entendendo a repentina seriedade da conversa. – O que você acha de um check-up? – Perguntou, abrindo um sorriso. Daehee a encarou, extremamente surpresa e levemente confusa, mas Mirae apenas ignorou-a.

Haera riu soprado, correndo os dedos pelo cabelo. – Yah! Era só isso? Eu achando que você ia me dizer algo sério. Okay, eu faço um check-up… Eu estava planejando fazer um esse mês mesmo. – Mirae suspirou aliviada, sorrindo para a amiga.

A garota apenas riu de suas ações, agradecendo mentalmente por ter uma amiga que se importava tanto com ela. Mirae apenas se virou para a doutora, dando uma piscadela. Daehee se levantou e caminhou até o armário trancado para pegar o kit de coleta, voltando com luvas, seringas e agulhas assustadoramente grandes.

Mirae a auxiliou em coletar o sangue, colocando a etiqueta no tubinhos e os deixando no recipiente de metal. Foi um total de apenas um tubo o que a surpreendeu, talvez a tecnologia tivesse evoluído suficiente para não ter que tirar litros de sangue de uma vez só.

A jovem médica se ofereceu para levar o material ao laboratório para que Daehee não tivesse que subir ou descer escadas.

Elas ficaram conversando sobre os últimos acontecimentos e Daehee contava sobre suas desventuras procurando brinquedos para suprir seu filho de três anos. Conseguiram um delivery de jajangmyeon de última hora e não resistiram em fazer comentários sobre a aparência do entregar que era consideravelmente atraente.

Aproveitaram a refeição e os acompanhamentos com murmúrios satisfeitos. Depois de limpar com prazer os pratos, os deixaram de lado para que pudessem ser entregues ao entregador mais tarde. Continuaram com a conversa até serem interrompidas por duas batidas consecutivas na porta.

– Pode entrar. – Daehee anunciou, tentando seu melhor para deixar sua mesa apresentável. Jihoon entrou no consultório com um envelope A4. Olhou para Mirae por alguns segundos e sorriu fraco, recebendo um aceno da garota.

– Os resultados estão prontos. Eu achei que seria bom entregá-las pessoalmente. – Comentou, deixando o papel na mesa. A médica concordou com a cabeça, puxando os óculos do bolso do jaleco. Depois de checar que tudo estava ok, Jihoon deixou a sala.

Daehee tirou o papel do envelope e leu os resultados. Pressionou os lábios em uma linha reta. Mirae fechou os olhos ao ver sua expressão, tentando ao máximo não transparecer. Haera a encarou, meio sem-jeito.

– Meu colesterol está alto? Eu abusei de frituras com Angelique ontem… Deve ser por isso. – Explicou, rindo baixo. Mas notou que não era isso quando Mirae desviou o olhar. – O que foi? Eu não tenho uma doença terminal, não é? – Ao ver seu desespero, a amiga imediatamente se virou para assegurá-la que não era nada do tipo.

– Não é isso… – Abanou as mãos no ar, tão desesperada quanto ela. Daehee suspirou e tirou os óculos de leitura, os colocando de lado por um minuto e colocando a folha na mesa, virada para Haera.

– Haera-yah… Você lembra da última vez que tirou sangue? – Perguntou, juntando as mãos sobre a madeira escura. A jovem pensou por alguns segundos.

– Ah, foi quando eu voltei da Austrália… Foi em Setembro? Outubro? Ah, eu não consigo lembrar a data exata… – Suspirou, tentando pensar.

– Não precisa da data. – Daehee sorriu. – Quando nós trocamos as amostras, a sua ficou junto das outras… – Explicou, pausando para a melhor maneira de lhe contar.

– Não me diz que eu tenho alguma anomalia ou um tipo de sangue extremamente raro… – Haera perguntou. Não conseguia pensar em outra razão para ela lhe dizer isso. Daehee riu.

– Não, não é isso. – Assegurou. – Quando Jihoon foi treinar um dos residentes pra fazer os testes, ele usou a sua amostra como exemplo, já que ela tava ali há um tempo e não ia ser usada… – Pausou com um suspiro, coçando a nuca. – Ele queria demonstrar como um resultado normal de HCG é, mas… O resultado saiu alterado. E a quantidade estava alta demais. Então a gente pensou que tivesse tido algum erro já que a amostra ficou lá por tanto tempo…

Haera congelou.

Ela parou, suspirando novamente. Mirae apenas a encarava. – Mas… O resultado é o mesmo, até com a amostra nova… – Anunciou, olhando para a folha na mesa.

– Yah… Que brincadeira de mal gosto. – Virou para Mirae, lhe dando um soquinho no braço.

Mas Mirae continuava séria. Séria demais para seu gosto.

Ela não conseguia mais esconder o que realmente estava sentindo. Estava com medo, estava imensamente assustada. Tentou dissipar as lágrimas que se formavam o mais rápido o possível.

– Não pode ser… Não é verdade, não é? – Virou para Mirae. Esperava que ela dissesse que era tudo uma pegadinha e que apenas queria brincar um pouco. Mas Mirae apenas espelhou seus olhos marejados, balançando a cabeça.

– É verdade… O resultado saiu positivo… – Sua voz era extremamente trêmula, o que dificultava entender, mas ainda era possível saber o que ela queria dizer. – Você tá grávida, Hae.


Notas Finais


Alguns já estavam suspeitando... Eu acho que fui óbvia demais ><
Bom, dói um pouco dizer isto, mas... O próximo capítulo será o último. T^T
Mas não se preocupem porque eu planejo fazer um epílogo que provavelmente saíra um dia depois do capítulo final pra fechar com chave de ouro <3
Obrigada por ler~!
Até o próximo
Beijinhos >3<


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