A irmã de Marina chegou da Austrália na quinta, por isso vai haver uma pequena comemoração em sua casa hoje. Os pais das meninas foram legais e confiram em suas filhas, a casa é "nossa" por esse fim de semana.
Eu e Nat estamos nos acertando aos poucos, não é fácil, ninguém disse que seria, afinal, passamos por muito no último mês.
O Chaz está morando com a gente por um mês, e até que tem ficado mais fácil aturar Nicholas. Minha mãe já disse que por ela, ele moraria conosco para sempre. Nicholas parece tentar se dedicar mais ao lar agora.
A porta do meu quarto é aberta lentamente, me viro e Nat sorri adentrando meu quarto.
– Oi. – Ela diz e vem até mim. – Tá tudo bem?
– Sim, por que não estaria? – Sorrio e a puxo para um beijo calmo.
– Pensou sobre aquele assunto? – Ela pergunta e mantem nossos corpos juntos por um abraço.
– Sim, acho que pode ser legal, mas preciso falar com meu pai antes, tudo bem?
– Eu sei, eu sei. Eu vou conversar com Gabe, acho que podemos dividir com ela e Ryan.
– Pensei nisso também. – Rio fraco e a levo até minha cama.
Nat liga a televisão e fica me encarando por algum tempo.
– Lembra o que eu te disse? – Ela pergunta.
– Sobre?
– Coisas do passado. – Ela diz.
– Justin, eu estou... – Chaz surge na porta do meu quarto. – Desculpa, não sabia que estavam...
– Não, pode falar. – O interrompo.
– Estou indo encontrar com a Megan, vamos ir ao shopping, ela disse necessitar de roupas novas, pensei que talvez quisessem ir também.
Olho para Nat, que estreita os olhos e ri.
– Eu preciso de um vestido. – Ela diz e nós rimos.
– Mulheres. – Chaz diz e rola os olhos.
– Eu também quero comprar algumas coisas. – Resmungo e ela ri debochada.
– Ele compra mais do que eu. – Nat acusa.
– Isso não é verdade.
– É sim.
– Você só não compra mais porque vive roubando minhas roupas. – Recebo uma careta como resposta e rio.
– Vamos no meu carro. – Ela diz. – Deixa o Chaz ir com o seu, assim eles podem fazer algo depois, se nos separamos. – Assinto e jogo as chaves para Chaz, que agradece e as gira em um de seus dedos.
– Vamos? – Pergunto.
Natasha olha para si mesma no espelho.
– Vamos, eu pego um dos sapatos de Marina emprestado.
Ela está perfeita como está, mas será uma guerra perdida discutir sobre isso.
– Você sabe que está linda, certo? – Pergunto.
– Claro, e é seu dever dizer isso, porque caso contrário, eu o mataria.
– Pra quê mudar o sapato?
– Veja bem. – Ela começa. – Blusa branca, calça jeans e casaco, mas... Sapatilha...
– Hm, super entendi. – Brinco e ela me abraça de lado.
[...]
Nat pegou uma bota de Marina e ficou falando sobre como havia melhorado seu visual fazer isso, eu apenas ri e concordei. Ela é linda de qualquer forma.
Almoçamos no shopping, Megan e Nat comprando como loucas, no sentido literal, enquanto eu e Chaz ficamos apenas experimentando todos os sofás e bufes das lojas aguardando por elas. Eu comprei algumas roupas, um celular novo para o Theo e alguns jogos que sei que ele gosta.
Mais tarde Marina e Anne apareceram, nos encontramos por acaso. Anne era linda, bem parecida com Marina, apesar de um ano mais velha, aparentava ter a mesma idade da irmã.
[...]
Nat e eu íamos nos encontrar na casa de Marina, o Chaz iria comigo, mas ela chegaria mais cedo para ajudar as meninas.
– Depois temos que conversar. – Ela disse assim que cheguei e me deu um beijo.
– Tudo bem, agora? – Perguntei e ela negou com um movimento de cabeça.
– Pode ser depois. – Ela disse e me deu um selinho. – Vamos, os meninos estão lá fora.
Fui guiado por Natasha até a parte externa da casa, Chris e Ryan estavam conversando sobre algo, mas reparei que o assunto mudou quando cheguei.
– Tudo bem? – Ryan perguntou, como se me analisasse.
– É... Sim! – Respondi e olhei para Chris, que parecia se focar em algo atrás de mim.
Me virei rapidamente e vi Marina sorrindo para ele.
– Então... – Chris começou.
Um pressentimento de algo estava sendo escondido de mim me passou em mente, era como se todos soubessem, exceto eu mesmo. Deixei aquilo de lado e fui em busca de bebida.
Não demorou muito para que o local se enchesse de pessoas conhecidas do colégio e outras que eu nunca havia visto em minha vida, agarrei a mão de Natasha, que dançava junto com Gabe. Ela se virou para mim com raiva.
– Eu tenho na... Ah, é você. – Sorri e selei nossos lábios em um beijo lento e calmo.
– Cadê o seu namorado? – Perguntei e ela riu contra os meus lábios.
– Eu te amo. – Ela disse eu repeti suas palavras.
[...]
Estamos sentados do lado de fora da casa, onde Chaz e Meg, Gabe e Ryan, Marina e Chris, eu e Nat formamos uma roda.
O efeito do álcool em meu corpo é evidente, estou falando tanta merda quando Gabriela, mas sem corar, fico sem vergonha e o assunto rende.
– Nós vamos passar a noite aqui? Um olhando pra cara do outro ou vamos ir cada um pra um canto e fazer algo mais prazeroso? – Gabe pergunta e todos riem.
– Vamos dançar! – Grito e todos riem.
Nos levantamos, Marina encara Natasha por alguns instantes e foca seu olhar em um ponto atrás de nós dois.
– O quê? – Pergunto e giro meu corpo. – O idiota do Taylor. – Digo sem pensar e gabe tenta segurar uma risada.
– Você disse isso em voz alta. – Megan, que não bebeu praticamente nada diz.
– Não ligo, ele é mesmo. – Dou de ombros e começo a andar rumo a casa.
– Oi, gente, olha quem eu achei perdido por aí. – Anne grita por cima da música e Taylor arqueou as sobrancelhas levemente.
– Oi, galera. – Taylor diz.
O clima ficou tenso de repente, como se uma bomba estivesse prestes a explodir.
– Justin, que surpresa te encontrar aqui hoje. – Sua voz soou carregada de ironia.
– Eu mais ainda. – Falo e reviro os olhos. – Vamos? – Pergunto para Nat e depois olho para o resto do pessoal.
– Ela não te contou, não é mesmo?
Paro de andar, Nat segura minha mão e tenta fazer com que eu continue.
– Do que você está falando? – Pergunto.
– É. Você não sabe. – Ele diz e ri de forma debochada.
– Taylor, não faz isso, cara! – Ryan pede.
Ele ri e se vira para Ryan.
– O que foi? Vai me dizer que se apaixonou por esse otário também?
– Do que eles estão falando? – Gabe pergunta, confusa.
– Nat, do que ele está falando? – Minha voz se quebra, encaro Natasha.
– Coisas do passado. – Ela sussurra e abaixa seu olhar. – Vamos embora, eu te...
– Não, eu quero saber. – Grito. – Do que diabos você está falando?
– Vamos começar do início, certo? – Taylor puxa uma cadeira e se senta.
– Cala a boca! – Nat grita e atinge seu rosto com um tapa. – Você não tem o direito de fazer isso.
Taylor nega com um movimento de cabeça e sorri.
Chris tenta afastar Marina, mas ela o empurra. – Você sabe do que ele está falando?
– Não. É... Quer dizer, sim, mas...
– Porra! – Taylor grita e se levanta. – Natasha, você vai ficar caladinha agora, você teve seu tempo para dizer, mas não o fez, agora eu quem vou contar pra esse...
– Fala logo, seu desgraçado! – Grito e parto para cima dele.
Chris e Ryan me seguram e não deixam que eu me aproxime.
– O plano deu certo, resumindo. – Taylor começa.
– Plano? – Me acalmo, sinto meu corpo estremecer.
Lagrimas deixam meus olhos, a raiva me consome, mas não tenho reação alguma.
– Sim. Ela fez com que você se apaixonasse por ela e depois partiu o seu coração, assim como eu fiz com ela há algum tempo. – Ele diz e sorri. – A diferença é que eu não me apaixonei por ela.
As palavras ecoam em minha mente, são como marteladas. Olho para Nat, que chora e se senta no chão.
– É verdade? – Pergunto a encarando.
Chris e Ryan abaixam o olhar.
– Eu disse que isso não era certo. – Chris diz.
– Eu pensei que você fosse meu amigo. – Digo.
– Justin, eu...
– Filho da puta! – Grito e atinjo seu rosto com um soco certeiro. – E você... – Solto uma risada nervosa e encaro Ryan. – Como pôde?
– Irmão, eu...
– Não me chama de "irmão"! – Acerto o nariz de Ryan e o derrubo no chão.
Taylor me acerta um chute, olho para ele e o empurro com toda a força que tenho.
– Seu verme! – Grito e acerto socos alternados em seu rosto. – Você acabou com a garota que eu amo e fez com que ela fizesse o mesmo comigo! – Soco seu rosto com mais força.
– Façam alguma coisa, pelo amor de Deus! – A voz de Nat soa estérica.
Um sorriso debochado se mantém em seu rosto. Sinto meu corpo sendo retirado de cima dele.
– Se acalma, cara! – Chaz diz e faz com que eu me sente no meio fio.
– Ele te machucou. – Meg pergunta, soa como uma afirmação para mim.
Levo minha mão ao meu olho e sinto um pequeno corte próximo a minha sobrancelha. Gabe me entrega uma bolsa de gelo. Ryan tenta se aproximar, Marina diz alguma coisa para ele, que abaixa a cabeça e se senta em um canto.
– Eu posso te explicar. – Nat diz se aproximando.
– Você tinha razão. – Digo e me levanto. – Algumas coisas são mesmo imperdoáveis.
Começo a caminhar em direção a saída, alguém segura meu pulso, me viro bruscamente.
– Deixe que eu te explique, por favor. – Natasha pede, desesperada.
– Não vamos complicar as coisas ainda mais. – Me mantenho sério e olho em seus olhos. – Você foi um erro.
O meu erro favorito, confesso.
Dou um meio sorriso com meu pensamento.
– Me escuta, droga. – Ela grita. – Era isso que eu queria te contar, tá legal? Era isso. Eu ia te dizer toda a verdade, mas então... O Chaz chegou aquela hora e no meio de uma festa não seria o local certo para isso.
– Eu não acredito em você. – Me viro mais uma vez.
– Eu só fiz aquilo com você, porque ele prometeu ir embora e deixar você em paz...
– Isso não faz sentido algum, Natasha. – Rio de mim mesmo. – Eu não sou tão otário assim.
[...]
A imagem de uma garota loira estirada no chão me deixa estático, encaro a TV e peço para que Nicholas aumente o volume.
A metanfetamina é uma droga muito potente e altamente viciante, cujos efeitos se manifestam no sistema nervoso central e periférico. A droga tem–se vulgarizado como devido aos seus efeitos agradáveis intensos tais como aumento do estado de alerta, do apetite sexual, da percepção das sensações e pela intensificação de emoções. Por outro lado, diminui o apetite, a fadiga e a necessidade de dormir. A polícia local ainda investiga o que realmente aconteceu no local e ainda não se pronunciou sobre o assunto, a identidade dos criminosos ainda é desconhecida. Até onde se sabe, um grupo de jovens era responsável pela produção e comercialização...
A câmera volta a filmar o corpo e o som da televisão era apenas um ruído.
– Não... Não... – Grito, minha voz parece presa.
Com os meus dedos trêmulos, disco o número de Natasha, que chama até ser direcionado para a caixa de mensagens.
O pequeno ponto de luz ao lado do corpo, me faz ter certeza, é ela. Minhas pernas ficam bambas e meu corpo parece pesado demais. Meu celular se solta da minha mão e me apoio no sofá.
– Justin! – Nicholas grita vindo em minha direção e me segura em seus braços antes que eu caia.
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