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História My Fear Blue - Num domingo atípico


Escrita por: _Melpomene

Notas do Autor


Quem não pula carnaval faz o que?
No meu caso, escreve. é isso.

E ai gente fina, gente boa como vai a vida? Prontos para um capitulo meio love, nhenhenhim?
A canção do capitulo é I need My girl by The National, links nas notas finais.
Boa leitura, até breve
xoxo.

Capítulo 15 - Num domingo atípico


 

 

A vida é um mar de horizontes. As vezes não entendo por que as pessoas se empenham em encontrar um sentido para sua existência. Eu tenho para mim que basta ser bom, gentil quando o mundo for rude com você. Pagar com amor não quer dizer estupidez, significa que ainda que você não acredite mais, haverá esperança para outro alguém. Outro alguém irá crer.

A vida se resume em apenas uma coisa: Como você á vê. Talvez o sentido da existência esteja no amor que se nutre por alguém, ou na importância de alguém para sua vida. Ou ainda, nos filhos, na família. No cuidado que se tem com um estranho, na forma como tocamos a vida das pessoas. Mas aparentemente ninguém nota, Will não notava também. Como a maioria ele não via nada além de belos corpos e dinheiro. O prazer das coisas efêmeras. Não o julgue, na vida ninguém nunca está em posição de julgar.

William não fazia-o, mas não por empatia ou gentileza ao próximo. Estava preso dentro de sua mente e nada podia fazer para se libertar. Ele não tinha consciência de sua prisão. Logo, pode se dizer: Inocente. Assim como Thom não desfrutava dessa liberdade, por ter consciência da bondade que fazia em compreensão ao próximo. Sua gentileza não o salvava de sua prisão. Fugindo de seus demônios, para não se tornar aquilo que mais temia. Inocente também.

Certa vez me disseram que fugir de seus maiores medos é o caminho mais curto para torná-los reais.

Em milhões de milhões de anos eu me pergunto, onde está a bondade do ser humano? A compaixão? A cumplicidade?

Em milhões e milhões de céus eu, o tempo, espero por coisas como estas, das quais as pessoas não vão se lembrar quando partirem. O calor da saudade aquecendo o peito, como o sol trazendo seu calor ao corpo nas tardes de inverno.

Eu espero pela esperança, pelo primeiro entrelaçar dos dedos e a sensação de eternidade que isso traz. Talvez o sentido da existência esteja em todas essas coisas que fazem as pessoas transbordarem, como se fossem infinitas.

Will tinha acordado naquele fim de tarde e ainda se sentia cansado. O desfile tinha sido um sucesso, a festa de recepção e todo seu trabalho já estampava as manchetes online, estavam por todas as lojas e bancas durante a semana.

Era um domingo atípico. Will olhou pelo vidro das portas francesas o céu alaranjado, tinha sido uma semana agitada. Sentia-se mais inspirado para dar continuidade a sua coleção outono inverno. Ele ainda tinha documentos para assinar, lojas que receberiam suas peças do desfile, entrevista para decidir em quais iria e quais recusaria, mas estava cansado.

Já havia se passado uma semana, e o cansaço só o alcançara naquele momento. Sua cabeça pesava desconfortável. Ele se sentou na beira da cama, mas imediatamente voltou a se deitar. Fechou os olhos e respirou fundo, tentado afastar a ânsia repentina.

“Precisa regular seu sono novamente Will, por favor”, ele lembrou do pedido de Layla, que na verdade era uma advertência. Para seu próprio bem ele deveria, ele sabia que sim. Ele provavelmente tentaria, mas não naquela noite.

- Preciso sair – sussurrou para si mesmo. Ele deveria fazer como a maioria, uma semana depois do desfile ser visto em todas as baladas e restaurantes possíveis de Nova York, mas é de Will que estamos falando. Ele não saiu uma noite se quer, seu nome continuava sendo impresso e mencionado. Todos queriam saber por onde ele andava na semana pós desfile.

Ele fumou um cigarro e se arrumou. Usava roupas pretas, simples, esperava não ter quer se desviar de nenhum paparazzo naquela noite. Sentia-se mais lerdo e observou seus olhos no espelho, antes de notar o leve tremor nas mãos. Fumou mais dois cigarros e chamou por Layla.

- Preciso de uma bebida – ele disse, mesmo que nunca fosse a bares no domingo, por que exatamente ele não se lembrava, eu sim.

Bares nos domingos, eram ponto de encontro de pessoas tristes que choravam ao som de musica ao vivo. Nunca dispostas a irem para cama com um estranho. Era isso que sua restrita experiência registrava em seu subconsciente. Então ainda que ele não lembrasse o habito continuava.

Mas aquela era uma noite de domingo atípica. Thomas também não tocava nos bares aos domingos, mas naquele domingo atípico substituiu um dos músicos que tinha passado mal. Ele achou por bem ajudar e tocar naquela noite. O restaurante e a lanchonete não abriam as segundas, não seria um problema. Era melhor do que ficar em casa ponderando se tinha sido rude demais.

William olhou para céus enquanto descia do carro. Escuro coberto por nuvens densas, ainda assim parecia tão leve e suave sobre sua cabeça. Uma brisa fria tocou-lhe o rosto fazendo-o se encolher em seu casaco. A previsão do tempo era neve para os próximos dias e o frio lá fora reforçava isso.

A fila para entrar no bar era grande, apesar do frio que fazia ali fora. Will poderia facilmente ter entrado sem esperar, mesmo assim entrou na fila e esperou sua vez. Algumas pessoas o encararam tentado descobrir aonde tinham visto aquele rosto familiar, mas ele não esteva tão bêbado ou elegante como nas capas de revistas, ou como nas pesquisas do Google. Passou como um desconhecido.

Ele observava o bar pelo lado de fora, estava lotado. O que era bom de certa forma. Quando chegou sua vez, Will entrou com mais três pessoas, então a fita de restrição foi posta novamente na entrada.

A porta de entrada era rústica e lembrava bem os barres antigos de NY. A luz local era baixa, ambiente e esse tipo de interior meio escurecido, amarelado lembrava-lhe as antigas tavernas iluminadas por velas e sombras bruxuleantes.  Alguém tocava uma versão acústica de ‘I need my girl’, aos seus ouvidos era uma linda voz. Ele procurou um local ao fundo, nas áreas mais escuras e próximas ao bar, puxou um banco e se sentou pedindo um Martini.

Pouco depois uma melodia suave continuou, era a primeira vez que ele prestava atenção na letra daquela música de verdade. Will sorriu, era nostálgico, como se aquele cara estivesse compartilhando uma história de amor através de uma canção que não tinha sido composta por ele.  

Ele começou a canção pensando em Grace. Aquela música teria sido escrita para ela, se Thom tivesse composto, mas então enquanto ele cantava sobre continuar se sentindo cada vez menor e menor, foi em Bill que ele pensou. Ele entornou o para ultimo refrão, e dizia ‘eu preciso da minha garota’, mas não era o rosto de Grace, por mais que ele quisesse.

A música acabou e uma que Will não conhecia começou a tocar. Ele apreciou cada nota, enquanto bebia sem pressa. Vez ou outra uma variação deixava a melodia melancólica, com peso que contradizia de tão leve, como algo que lembra a esperança. Era como experimentar algo agridoce. will sorria docemente em meio àquela escuridão. Ele realmente sorria.

Ao todo, para acompanhar as canções que ouviu naquela noite, ele bebeu quatro taças de Martini não estava nem perto de ser algo que o deixaria tonto e bêbado, mas era o suficiente para dar um tempo e fumar um pouco. Pelo menos se quisesse voltar dirigindo, como disse que o faria assim que Marcos o deixou no bar.

Saiu do J.P e decidiu que talvez pudesse voltar outras vezes, outras noites de domingo, talvez. Lá fora o que era apenas uma brisa suave, quando William deixou sua casa, se tornou um soprar continuo do vento. Ao contrário do que algumas pessoas contavam, ele sempre detestou o inverno nova-iorquino. Parecia tão triste e vazio, lembrava-o de si mesmo.

Thomas que terminou suas canções por aquela noite, teve a impressão de tê-lo visto sair do bar. Algumas pessoas foram até ele o cumprimentar, perguntavam se agora ele se apresentaria aos domingos, mas ele ainda tinha os olhos atentos a porta de saída.

O vento soprou mais forte desta vez, quase apagando seu cigarro. Como havia saído para fumar se afastou um pouco do bar e escorou numa parede perto dali, apreciando a noite fria.

 

- Will? – ele perguntou, segurando o ombro do rapaz escorado a alguns metros do bar. O homem, que até então estava de costas, virou confuso. Ele estava acompanhado de sua namorada – desculpe, pensei que fosse outra pessoa – explicou sem graça. O casal riu simpático “tudo bem”, eles disseram, voltando para dentro do bar.

Ele suspirou, olhando a sua volta, pensando que talvez só tivesse confundido alguém, quando o viu parado do outro lado do bar e estava claro demais para ele se confundir duas vezes. Thom caminhou até ele, e parou encostando-se na mesma parede. Ele bem que tentou disfarçar, mas talvez ele estivesse feliz naquele momento.

William não percebeu a aproximação imediatamente, estava distraído. Quando sentiu que o encaravam, virou-se, confuso até ver seu lindo rosto. Um rosto familiar. “Thom”, algo se agitava no fundo de sua mente.

- Will – ele disse, novamente. Sua voz soando mais como um sussurro.

- Sim...? – ele respondeu, mas parecia diferente. Parecia diferente, ou Thom tinha sido rude demais?

- Eu vi você no bar, pensei em dar um oi. Oi – ele disse, sem jeito. Will, que parecia diferente, o olhou realmente confuso, mas a agitação em sua mente continuava e ele sabia que o “Thom” em sua mente, tinha algo haver com aquele cara parado ali.

- Oi – ele disse, gentilmente.

Gentil, Thomas notou. Diferente, claro que ele não consideraria o fato de Will, por exemplo, não lembrar tão perfeitamente das condições em que se conheceram. Mas também não estava completamente errado. Em outras situações ele mais que flertaria com alguém que o abordasse daquela forma, ou, seria rude e sairia dizendo “nada de fotos, ou autógrafos”. Só que de alguma forma seu subconsciente sabia que ele não tinha esquecido completamente Thom, ele o impedia de ser um completo estúpido, por que aquele era um domingo atípico.

Thom o encarou por algum tempo, até Will pigarrear sem graça.

- Eles têm uma boa música por aqui – ele disse, tentado desfazer o silencio desconfortável – Não conheço o músico, mas foi realmente legal.

- Sim – ele concordou, percebendo que William não o vira no palco.

- Boa música e bom martini – ele disse, tragando o cigarro em seguida.

 - Não pensei que fossemos nos ver novamente – novamente, sua voz saindo mais baixa que o normal. Talvez ele não quisesse dizer tão em voz alta.

“Não pensei que fossemos nos ver novamente”, Will voltou a olhá-lo “Thom”. Ele ficou sem reação, vagamente pensou sobre um acordo. Internamente suplicou para não enrubescer, em vão pois imediatamente sentiu o rosto esquentar.

Thomas percebeu e estranhou a falta de jeito de William, sobre o assunto em questão.

- Vai fazer alguma coisa agora, além de fumar seu cigarro? – ele disse, colocando as mãos dentro dos bolsos da calça – aceitaria uma bebida? – Will ainda o olhava um pouco sem jeito. Certamente ele não esqueceria da primeira vez que o viu sem graça, por que aquela não seria única vez.  

Ele concordou com um aceno, parecia desconfiado. Thomas percebeu e disposto a desfazer aquele clima, esboçou seu melhor e mais sincero sorriso, que realmente paralisou o coração de Will por míseros segundos para logo em seguida fazê-lo bater acelerado demais. Seu corpo já não sentia mais o efeito do vento frio que soprava por ali.

Mesmo protegidas pelo tecido da calça as mãos do moreno começavam a esfriar. Thom olhou para os céus soprando o ar dos pulmões que saiam parecidos com a fumaça produzida pelo cigarro de Will.

- Eu conheço um lugar, fica perto daqui. A bebida lá é ótima – ele disse, voltando a olhar para Will. Com um sorriso convidativo nos lábios ele estendeu o braço para o modelo, que aceitou o gesto - Se importa? -  ele segurou o cigarro de Will, que revirou os olhos de maneira tediosa, deixando que o rapaz tirasse o cigarro de seus lábios, apagando-o na parede para jogá-lo fora numa lixeira que se encontrava próxima ao meio-fio.

Estranho não? Á algumas semanas havia a possibilidade de isso acontecer? Não que fosse tão possível acontecer algo agora, mas o que havia mudado durante essas semanas?

Thom ter admirado as rosas postas tão perto de sua cama, ou ter pensado mais do que queria no fato de talvez ter sido muito rude com Will? O que isso influência na vida de duas pessoas que já não se viam e deveriam continuar distantes? Pessoas que não se conheciam.

William poderia ter passado despercebido naquele bar, já que havia tomado cuidado para isso, mas Thom o viu. Ele olhou para todas as entradas de todos os lugares que esteve durante todas aquelas semanas, um olhar “sem propósito”. Mas quando esse mesmo olhar reconheceu o modelo na entrada daquele bar, naquela noite á sensação que teve durante a semana dirigindo seu olhar “sem propósito” para todas aquelas entradas, de todos aqueles lugares se dissipou. Ele não sabia ainda, mas notaria isso, pois nas próximas semanas não estaria mais dirigindo seu olhar para todas as entradas de todos os lugares que estivesse. Já havia encontrado o que procurava.

Ainda assim havia uma possibilidade do ‘não acontecer’ em questão e talvez à única coisa que impedia um envolvimento maior entre os dois rapazes que caminhavam de braços dados naquela noite fria, não estivesse ligado a diferença de idade, classe social ou lembranças de uma tal proposta. Talvez o impedimento fosse causado apenas pela inconsciência de seus atos. Afinal fosse impulso do momento ou não, Tom havia convidado Will para beber e este havia aceitado o convite.

Esta é a lei da física aplicada a coisas como eu, o tempo. Toda ação gera uma reação.

Sentados em uma das mesas de canto, bem ao lado da janela principal, Will ouvia os relatos cheios de detalhes de Thomas que afirmava “P. Burns é melhor bar desta cidade”.

O modelo, servido de um copo de uísque, observava Thom tomar sua cerveja na garrafa mesmo.

- E bem... É isso – ele disse, e sorriu tomando mais um gole de sua cerveja.

- Então se você fosse escolher um lugar para se sentar, beber e conversar tranquilamente com um estranho, este lugar seria aqui – ele falou, concluindo um pensamento que passou por sua cabeça. Will sorria brincando com o copo em suas mãos, vendo as pequenas pedras de gelo mexendo junto ao resto de sua bebida.

“Estranho”, Thom pensou. Eram de fato estranhos. Ele não conhecia aquele Bill que estava ali, diante dele. Não. Deus, ele não o conhecia, mas queria. Realmente queria conhecer.

- Ficou tão óbvio assim?

- Sim -  o modelo respondeu. Ele admitia com toda sinceridade, para si mesmo que era a primeira vez que escutou alguém e interessou-se pelo assunto, pelo modo como a conversa simplesmente fluía, por que nada nunca fluía em sua vida. Não daquela forma. Ele podia não se lembrar, mas sabia, pelo modo como tudo parecia sempre fluir quando estava relacionado aquele garoto.

William pediu mais uma bebida e por ali ficaram sem se preocupar com o tempo, que piorava lá fora, ou com as horas que se passam. Will olhava para Thomas e não conseguia se lembra quando foi a última vez que se sentiu assim na presença de alguém. Se perguntou se já havia visto um rosto tão amigável como o dele e concluiu que definitivamente Thom era como aquelas pessoas que nos fazem querer estar sempre por perto, por que ele se deu conta de que queria, deus! Ele queria Tom por perto, não como num contrato. Queria como naquele momento, no bar.

Pela primeira vez esqueceu-se de ser malicioso e não estava ali pelo prazer carnal. Era o sorriso, as rugas perto dos olhos, o tom café dos mesmos e como eles ficavam em contato com as luzes do lugar. As mãos que hora se entrelaçavam envolta da garrafa, hora apenas repousavam sobre a mesa de madeira rústica. Como pareciam macias. O mover dos lábios e todas suas expressões faciais enquanto falava e por fim o sorriso. Will tinha a sensação que aquilo seria impossível de esquecer, mesmo que um dia sua memória apagasse Thom por completo aquele sorriso ainda estaria lá.

- Me desculpe – ele disse, de repente.

- Por que? – ele questionou. Will pensou que se alguém devia desculpas ali, esse alguém era ele.

- Por ter sido tão rude...eu nem mesmo tinha lido o cartão, até semana passada – seu olhar era doce, William poderia distrair-se para sempre com aquilo.

- Não tem problema. Sabe, não é como se eu estivesse em condições de reclamar – ele estava sendo sincero.

- Eu realmente quero beijar você. Muito mesmo – ele disse, voltando a beber a cerveja. Observando a reação de Will. Ele riu por um longo tempo, passando a mão no rosto.

 - E eu vou ter que te impedir, por que temos uma quantidade considerável de álcool no organismo. Não quero que se arrependa, podemos terminar essa noite bem – ele disse, inclinando-se um pouco sobre a mesa. Thomas sorriu e concordou. Álcool demais, certo, ele não se arrependeria.   

Thom se inclinou, dando um beijo rápido nos lábios de William e em seguida em seu rosto. Ele gargalhou afastando-se. Ambos se acomodaram em seus acentos.

- Deveríamos sair mais vezes – ele disse, olhando para Will, que olhava o tempo lá fora.  

- Sim. Deveríamos.

 


Notas Finais




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