História My First Love - Dores

UM MÊS DEPOIS...

        Não aguento mais esse peso da minha barriga. Crystal fica se mexendo cada vez mais e Scott está preparando o quartinho dela, me deixando curiosa, mas tenho certeza que ficará lindo.

        Reta final de gravidez e falta pouco para o grande dia. Scott está mais ansioso que eu para o nascimento, não para de falar. Hoje ele está trabalhando e estou sozinha em casa pensando no que fazer para almoçar, já que meu marido levou sua comida.

        -O que vamos comer filha? – Procuro algo na geladeira e não encontro nada que gostaria de comer. – Acho que teremos que ir ao mercado.

        Pego minha chave e saio, trancando o portão e começo a andar rumo ao mercado perto de casa. Ando calmamente, olhando algumas casas da vizinhança e chego ao mercado. Pego um carrinho e ando pelos corredores, colocando as coisas no carrinho.

        -Eu devia ter tirado carteira de carro quando seu pai falou. – Falo para mim e Crystal, mas percebo alguns olhares em mim. – Assim seria mais fácil.

        Pego chocolate, suco e mais besteiras. Depois pego algumas coisas para fazer comida e sigo para o caixa. Pago tudo e pego as sacolas, não tão pesadas assim. Caminho calmamente de volta para casa, deixando as sacolas no chão para abrir o portão e depois o tranco, indo até a cozinha e deixando as sacolas na mesa.

        -Hora de organizar tudo, apesar da mamãe estar cansada de ter andado. – Começo a guardar tudo em seus lugares, tendo dificuldade em colocar nos armários mais baixos. – Agora vamos comer essa torta que a mamãe comprou porque está com preguiça de cozinhar.

        Vou para a sala e ligo a televisão, deixando em um filme de animação e começo a comer a torta. Crystal sempre se mexe quando estou comendo, parece que é uma mania que ela adquiriu com o tempo e hoje está quieta. Termino de comer e levanto para pegar suco.

        -Você está quieta demais filha. – Volto para a sala e quando decido sentar, sinto uma dor enorme.

        Sinto uma enorme cólica e estranho, pois eu só senti isso uma vez e foi quando eu quase perdi minha filha. Afasto esse pensamento até que sinto um líquido escorrer por minhas pernas. Olho para minhas coxas e vejo o sangue escorrer, me deixando assustada e preocupada.

        -Não filha, fica com a mamãe. – Peço já chorando.

        A dor fica ainda mais forte e o sangue não para de descer. Meu celular está no quarto e não consigo me levantar devido à dor forte. Estou sozinha em casa e não sei como farei.

        Escuto o portão ser aberto e só então lembro que Melissa viria aqui hoje e demos a cópia da chave para ela. Hoje nós iríamos comprar algumas coisas e então ela ficou de passar para me buscar.

        -Quem vai passear com a vovó hoje? – Melissa pergunta animada até me ver no sofá. – O que houve? – Aproxima assustada.

        -Cólica muito forte. – Digo.

        -Precisamos ir para o hospital. – Ela me ajuda a levantar e me leva para seu carro. – Vou ligar para o Scott. – Dá a volta no carro e senta no banco do motorista.

        Tentamos ligar para meu marido várias vezes e ele não atendeu. Chegamos ao hospital e ela me levou para a urgência porque meu sangramento havia aumentado. Melissa trocou de roupa e foi comigo até onde o médico disse que era para eu ficar.

        -A dor está aumentando. – Reclamo. – Minha filha. – Falo.

        -Scott está vindo. – Tenta me acalmar. – O médico disse que vai liberar a entrada dele.

        -Não me deixa perder a Crystal. – Peço e tudo fica escuro.

Point Of View Scott McCall

        Chego correndo no hospital e sigo para onde levaram minha esposa, com minha mãe acompanhando ela. Visto a roupa que eles pedem e encontro Allison desacordada.

        -Mãe, o que aconteceu? – Pergunto desesperado.

        -Eu não sei. – Responde desesperada. – Eu cheguei para buscar ela, pois íamos fazer compras e ela estava sangrando e falando que estava sentindo cólica. Eu trouxe ela pra cá e te liguei várias vezes. Ela me pediu para não deixá-la perder o bebê e ficou desacordada.

        -Não posso perder nenhuma das duas. – Digo e me coloco ao lado da minha mulher. – Eu sou o marido dela doutor.

        -Ótimo. – Ele fala e logo depois um monte de gente se coloca ao redor da Allison.

        Colocaram a Allison no soro e um aparelho mostrando os batimentos cardíacos dela. Depois podemos ouvir os batimentos do bebê fraco e aquilo me deixou paralisado de medo.

        -Você consegue meu amor. – Falo em seu ouvido mesmo sabendo que ela não escuta. – Nossa filhinha vai ficar bem e você também.

        -Scott, eu vou ajudar eles e você não saia do lado dela. – Minha mãe manda e apenas confirmo. – Vai ficar tudo bem filho. Vamos tentar salvar as duas, não se preocupe.

        Fico observando aquelas pessoas andando para lá e para cá, ajeitando algumas coisas e não consigo entender o que estão fazendo. Minha mãe parece aflita, mas não irá me contar nada. Seguro a mão da minha esposa, mesmo sabendo que ela não irá retribuir e com a outra eu faço carinho em sua barriga.

        -Papai cuidará de vocês. – Digo e uma lágrima cai. – Amo muito vocês.

        As pessoas ao redor se juntam ao médico e começam a conversar, me deixando confuso e preocupado. Não sei como está a situação da Allison nem da Crystal, só consigo ouvir os batimentos e isso me corrói por dentro. Não sei o que fazer ou se posso ajudar de alguma forma, apenas estou parado segurando a mão da minha esposa enquanto com a outra eu deixo em sua barriga.

        Finalmente a pequena reunião termina e todos ficam em volta da minha esposa, observando o que fazer. O médico então retira o vestido dela sem falar nada, deixando-a apenas de calcinha e sutiã. Ele prepara as coisas e coloca um pano abaixo dos seios dela.

        -Retire a calcinha dela. – O médico pede e logo é retirada a peça.

        Observo tudo surpreso. Olho para Alli e ela está com uma cânula respiratória, soro e o aparelho medindo seus batimentos.

        -Scott? – Minha mãe se aproxima e olho para ela. – O médico disse que a Allison perdeu muito sangue e como a gravidez dela era um pouco de risco, isso está prejudicando o bebê, que não conseguirá mais ficar no útero.

        -O-o que i-isso que di-dizer? – Pergunto gaguejando.

        -Teremos que fazer o parto. A Crystal nascerá prematura, mas isso é para salvar a vida dela e da Allison. Preciso que fique ao lado dela e poderá ver sua filha depois. – Isso é um choque para mim. Minha filha vai nascer antes do tempo e minha esposa está desacordada.