História My Girlfriends Brother - 039

Zayn acordou naquela manhã se sentindo extremamente bem, talvez por estar em casa de novo, talvez por finalmente ter Emily na sua vida como sua namorada, ou talvez pela combinação de ambas as coisas. Após alguns poucos minutos deitados tentando despertar, ele se levantou, desligando o seu despertador e indo em direção ao seu banheiro, onde fez sua higiene e tomou banho. Após isto, vestiu uma calça jeans, uma camisa de mangas compridas preta, calçou seus vans brancos surrados, pegou sua jaqueta de couro e sua mochila, para então ir em direção ao andar de baixo, deixou a mochila e a jaqueta na sala e seguiu para a cozinha.

-Bom dia - ele disse ao entrar no cômodo.

-Bom dia querido - sua mãe disse.

-Bom dia, Zayn - seu pai respondeu.

Doniya ainda não estava ali e Zayn teve dúvida se ela pareceria por lá enquanto ele não saísse, afinal não havia visto ela desde que voltara para casa na inicio da noite do dia anterior.

-Eu to tão feliz que você esteja de volta – sua mãe disse se inclinando para beijar a bochecha dele coberta pela barba que estava por fazer, quando ele se sentou no seu lugar de sempre.

-Eu só passei uns dias fora mãe – ele disse rindo fraco.

-Foi quase um mês e você faz falta. Fiz bolo de chocolate pra você – ela disse já o servindo.

-Obrigado – Zayn disse enquanto se servia de café.

Eles conversavam sobre assuntos banais enquanto Zayn pensava se aquele seria o melhor momento para contar sobre o seu relacionamento, mas não sabia se era certo fazer isso com seu pai estando presente e sem ter certeza de que Doniya não entraria no cômodo a qualquer momento. O garoto foi tirado de seus pensamentos quando sua irmã adentrou o cômodo desejando bom dia. Zayn hesitou em responder, mas acabou fazendo-o, não queria parecer que estava a provocando de alguma forma.

Quando Zayn acabou seu café, se despediu da sua mãe com um beijo na bochecha e um cumprimento com tapinha no ombro do seu pai e um breve tchau a Doniya – que de forma não surpreendente, foi ignorado – e então foi escovar os seus dentes para então sair para ir em direção ao ponto de ônibus, para ir para faculdade.

(...)

Zayn havia acabado de chegar a casa após a faculdade, decidido a conversar com sua mãe aproveitando que alem do seu pai não estava em casa e nem a Doniya que estava no estágio. Ele havia desistido de fazer estagio naquele semestre, pois haveria muita matéria e ele realmente não queria se esgotar mentalmente e fisicamente e nem se afundar no estresse que seria ter que aguentar tudo aquilo, não era necessário.

Ele foi para o seu quarto onde deixou sua mochila, para só então ir atrás da sua mãe pela casa. Rapidamente a encontrou na lavanderia colocando algumas roupas na maquina de lavar. 

-Mãe – ele chamou, se apoiando lateralmente no batente da porta.

-Oi querido, já chegou... Esqueci que você chega a essa hora, estou desacostumada com seu horário – ela disse dando um sorriso carinhoso, que foi correspondido por um sorriso totalmente forçado vindo do filho.

-Será que a gente pode conversar? – Zayn perguntou de forma direta.

-Ah, claro... – Trisha disse desconfiada da seriedade no tom que o filho usava. – Vou só terminar aqui e podemos conversar.

Zayn assentiu, antes de anunciar. – Vou te esperar na sala.

-Tudo bem.

O garoto então deu meia-volta e foi até a sala onde se sentou no sofá a espera da mãe. Demorou menos de 10 minutos para que Trisha se sentasse ao lado do filho, que se mantinha apreensivo.

-E então... sobre o que você quer conversar?

-Antes de tudo quero só dizer que isso não foi algo planejado, então ninguém tem culpa.

-O que houve Javadd? – Trisha perguntou severa.

Ao ouvir o tom que a mãe usou, Zayn não pode evitar de se sentir como se tivesse 8 anos, novamente, e ao ponto de contar a ela que havia quebrado o vaso que sua tia havia presenteado ela no ultimo natal enquanto jogava bola dentro de casa.

-Eu to namorando a Emily – ele disse de uma vez.

-Eu to namorando a Emily – ele disse de uma vez e de forma rápida, como se faz com um curativo.

-Você o que? – ela perguntou desacreditada após algum segundos processando a informação.

-Eu to namorando a Emily – ele repetiu, agora mais lento proferindo todos os fonemas de forma clara.

-Como você pode?

-Apenas aconteceu. Eu não planejei isso, a Em também não planejou isso.

-Você não pode continuar com isso Zayn... é como se você tivesse traindo a sua própria irmã, é como não, você está traindo a sua irmã Zayn – ela disse convicta.

-Eu não vou abrir mão da minha felicidade por causa da Doniya.

-Ela é sua irmã.

-Ela não age como tal há muito tempo, você sabe disso, na verdade tenho duvidas se algum dia ela agiu como uma irmã pra mim, talvez essa seja a hora de eu parar de tentar ser o irmão dela.

Trisha não pode acreditar não que havia acabado de ouvir, seus olhos encheram de lágrimas e um forte nó se formou em sua garganta.

-Vocês são irmãos, não podem deixar algo assim tão banal como uma garota ficar entre você.

-A Emily não é qualquer uma, ela não é banal, não pra mim. Eu realmente gosto dela mãe, eu vou lutar por ela.

Ver seu filho tão determinado teria feito Trisha feliz, mas não naquele contexto específico.

-Zayn... – ela disse quase em suplica. 

-Eu não queria que as coisas fossem assim, na verdade nenhum de nós – Zayn confessou. – Eu não escolhi por quem me apaixonar, só... aconteceu – ele disse dando de ombros. – Mas sinceramente, eu não escolheria outra pessoa mesmo que pudesse. Ela é perfeita até mesmo nos defeitos. Eu sei que não vai ser fácil principalmente a parte de contar a Doniya, mas se for preciso eu saio de casa de vez.

-Sair de casa?

-Sim, se for a única saída – ele disse dando de ombros.

Apesar de chocada com a afirmação e da firmeza que o filho usava nas palavras que saiam da sua boca, Trisha não pode deixar de se sentir orgulhosa e assustada. Ela refletia sobre aquilo, olhando nos olhos de Zayn, quando teve a certeza que de algo que não pode deixar de dizer:

-Você a ama.

Foi então a vez de Zayn refletir sobre o que sua mãe havia dito. Ele ama ela. Zayn ama Emily. Aquilo parecia assustador, amor era uma palavra forte. Mas que com toda certeza poderia se encaixar no que ele sentia por Em. Ele então assentiu, confirmando o que sua mãe havia acabado de dizer. Para ele ainda parecia cedo demais, para proferir aquelas palavras em voz alta e mesmo assim acreditava que Em deveria ser a primeira a ouvi-las saindo da sua boca.

-Eu não sei o que fazer ou o que dizer – Trisha admitiu.

-No momento eu só quero que você não julguem nem a Em, nem eu.

-Eu não julgo vocês, mas também não posso lhe dizer que apoio. Não me entenda mal, não quero que você pense que eu quero te ver infeliz para ver sua irmã feliz, porque eu não quero, mas também não quero que você seja feliz deixando sua irmã infeliz – Zayn apenas assentiu, percebendo o que sua mãe queria dizer, ela não poderia escolher um lado, seu instinto materno não permitiria.

-Eu preciso arrumar um modo de dizer isso a Doniya da melhor forma possível – Zayn afirmou passando suas mãos no rosto.

-Você vai ter que sentar pra conversar com ela.

-Eu sei.

-Não vai ser nada fácil, mas saiba que eu vou estar com você da forma que eu puder – Trisha disse ainda com lagrimas nos olhos abraçando o filho.

-Obrigado - Zayn disse a abraçando de volta com força.

-Meu menininho já tá tão crescido - ela disse beijando o ombro dele ao mesmo tempo em que acariciavam as costas do mesmo.

Zayn não pode evitar revirar os olhos naquele momento.

- E quando você pretende contar a sua irmã? - Trisha perguntou após desfazer o abraço.

- Eu não sei... Talvez na próxima semana.

-Tudo bem, se quiser posso estar presente.

-Obrigado - Zayn agradeceu novamente. - Vou pro meu quarto tenho algumas pesquisas pra fazer e um livro pra ler.

-Vai lá querido. Vou terminar de ajeitar as coisas aqui, se sentir fome ainda tem bolo, está no pote azul em cima da bancada.

-Okay, mais tarde eu desço pra comer algo - ele disse antes de beijar a bochecha da mãe e ir para o andar de cima.

(...)

Zayn estava deitado em sua cama, lendo um livro sobre o qual ele deveria escrever um relatório, quando seu celular tocou.

-Alô – ele disse após atender sem olhar a tela.

-Oi, Zayn – a voz de Em soou, fazendo um sorriso parecer no rosto de Zayn enquanto ele fechava o livro, marcando a pagina com um pedaço qualquer de papel.

-Hey, Em. Tudo bem?

-Tudo sim e com você?

-Eu vou bem.

-Tem certeza?

-Porque não teria? – ele perguntou confuso.

-Sua voz, parece que está cansado.

-Eu estou, mas é apenas cansaço mental, tenho que ler um livro pra fazer o relatório dele pra entregar semana que vem. Odeio relatórios – ele resmungou fazendo ela rir.

-Sobre qual livro é o relatório?

-Emma de Jane Austen.

-Adoro Orgulho e Preconceito.

-Clichê – ele disse com tom de deboche.

-Cala a boca – Em fingiu brava enquanto tentava fazer sumir o sorriso que tinha no rosto.

-Vem calar.

-Bem que eu queria – ela respondeu se lamentando.

-Eu também queria, muito – ele disse com sinceridade.

Alguns segundos se passaram em silencio até que Em o quebrasse. – O que está fazendo?

-Eu estava lendo o livro e... 

-Eu não to atrapalhado, to? - Em perguntou o interrompendo.

-Você não atrapalha.

-Não precisa ser gentil, sei quando estou atrapalhando, eu ligo depois, ou você me liga.

-Sinto em informar, mas você não sabe quando está atrapalhando, ou pelo menos está errada dessa vez.

-Tem certeza?

-Tenho.

-Na verdade, você está me salvando de ficar preso nesse livro.

-O livro é ruim?

-Não é ruim, só não é o meu tipo de livro.

-E qual é o seu tipo de livro?

-Eu não sei, só sei que esse não é o meu tipo – ele respondeu fazendo a garota rir novamente.

-Eu já ouvi falar que é um bom livro, mas nunca li...

-Podemos mudar de assunto? Não quero falar sobre esse livro, quero tirar ele dá minha mente por pelo menos alguns minutos – ele pediu.

-Okay.

-A que devo a honra da sua ligação?

-Esse livro está fazendo bem ao seu vocabulário – Em comentou rindo. – Bom, eu liguei pra saber o que vamos fazer amanhã...

-Cinema... não?! – ele perguntou confuso.

-Sim, mas não combinamos um horário, por exemplo – ela disse revirando os olhos.

-Pode ser as 15 na frente do cinema?

-Pode. Então a gente se vê amanhã e não se esqueça de levar um de seus desenhos pra mim.

-Não vou esquecer.

-Faço você voltar em casa pra buscar se você esquecer.

-Já entendi.

-É bom que tenha mesmo.

-Quase fiquei com medo.

-È pra ficar com medo mesmo, você não sabe do que eu sou capaz.

-Adoraria saber – ele disse em um tom malicioso e por mais que ele não estivesse vendo sabia que suas bochechas estavam levemente coradas.

-Um dia saberá.

-Quando?

-Quando for a hora certa.

-Mal posso esperar.

-Não seja tão ansioso.

-Vou tentar. Agora não vou conseguir voltar a me concentrar no livro – ele resmungou mais para si mesmo do que para Em.

-Então eu acho melhor eu desligar.

-Não... – ele lamentou. 

-Não é porque você é nerd que eu tenho que ser também.

-To tentando fazer você ser responsável – ela o corrigiu.

-Que ótima namorada você é – ele disse irônico.

-Eu sei, por isso vou desligar o telefone e você vai ler o seu livro e amanha a gente se encontra.

-Eu não tenho escolha, não é?!

-Não fale como se eu fosse uma má pessoa, sabe que é pro seu bem.

-Okay, eu já entendi. A gente se vê amanhã.

-Até amanha – ela disse antes de desligar.

Uma das coisas que Zayn não gostava era a forma como se despedia dela ao telefone, achava precipitado dizer eu te amo, mas se sentia estranho por não dizer, parecia mais errado do que certo. Ainda pensando sobre isso ele se levantou e saiu do quarto, a casa estava silenciosa e escura - todos já estavam em seus quartos. Em silencio ele caminhou até a cozinha, onde pegou um pacote de bolachas e se sentou na bancada o comendo.

Sua mente divagou até a noite em que ele beijou Emily pela primeira vez. A sensação de ter os lábios dela nos seus foi tão intensa que naquela noite ele não dormiu mais que algumas horas. Pensando naquilo, em tudo que aconteceu depois e em todos os bons momentos que teve ao lado da garota, Zayn não teve mais duvidas sobre o seu sentimento em relação à Emily.

(...)

Quanto tempo é preciso para amar alguém? O quanto você precisa conhecer da pessoa para ama-la? Segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos. Pra esse tipo de pergunta não existe resposta. Pessoas não são ciências exatas. Cada caso é um caso. Cada casal é um casal. Cada amor é um amor.