POV CLARA
Ligar pra Annie, será que devo mesmo fazer o que Lauren mandou? E o que eu ia dizer? Droga, o que eu faço? Eu estou com o celular em mãos olhando o número dela e com o dedo no botão de discagem.
-Que foi, mãe? Tá com a cara estranha depois que falou com a Lauren, tá mesmo considerando a ideia de voltar pra Miami? – Taylor perguntou enquanto pegava uma maça na fruteira.
-Não, não é isso. – falei enquanto pensava nos prós e contras dessa ligação.
-Tem haver com algum namorado? – ela perguntou e eu engasguei enquanto ela veio bater em minhas costas.
-Como assim namorado, Taylor? – perguntei meio nervosa.
-A senhora vem suspirado do nada depois que voltou de Miami, e fica dando sorrisinhos atoa de vez em quando, e agora parece tá apreensiva e ansiosa. – Tay disse e eu já estava pasma.
-Não tem namorado nenhum, filha. – falei passando a mão no rosto.
-Namorada? – ela disse com um sorriso de lado, o mesmo de Lauren e eu me engasguei de novo e fui beber água. – Mãe, a senhora ficou nervosa demais.
-Taylor, por favor, para com isso. – ela me olhou com uma cara desconfiada.
-A senhora sabe que sempre estou com a senhora, não é? – Taylor disse e eu suspirei antes de assentir. – Okay, vou surbir. – ela me deu um beijo no rosto e foi para seu quarto, me permitir lembrar de dia em que ela foi visitar os gêmeos.
Flashback On.
Eu estou assistindo a um programa de TV, enquanto Annie e Lauren estão pegando as compras, até perguntei se elas precisavam de ajuda, mas Annie disse que não precisava então eu vi assistir TV, quase cinco minutos depois Annie chegou e se sentou ao meu lado.
-Vocês demoraram. – falei ainda olhando a TV, eu não sei o que Annie tem, ela é tão doce e diferente de tudo que eu já conheci na vida.
-É, estávamos conversando um pouco. – olhei desconfiada pra ela, e ela abriu um pequeno sorriso.
-Por que eu acho que Lauren te interrogou? – perguntei divertida e ela deu uma pequena gargalhada.
-Provavelmente você acha isso por que conhece sua filha, vou te falar uma coisa, já vi crianças de até oito anos com ciúmes da mãe, agora com vinte e três e dois filhos é novidade pra mim, viu. – ela disse e nós duas rimos juntas.
-Não sei por que Lauren está com todo esse ciúmes da gente, somos amigas. – falei e engoli em seco.
-Pois é, eu também não sei. Mas é normal, acho que sim. – ela deu de ombros. Seu celular tocou e além de ter ficado curiosa eu fiquei com ciúmes, um sentimento que eu não tinha a anos. Eu fiquei assustada com aquilo, também pudera, Annie é uma mulher. – Clara, tenho que ir. – ela disse guardando o celular e se levantando.
-Já? – perguntei e me arrependi no segundo seguinte por ter colocado tanto desespero no meu tom.
-Sim, tenho uma consulta agendada, e minha secretária acabou de ligar. – ela se aproximou e meu corpo inteiro reagiu, uma sensação nova, Annie beijou meu rosto e eu senti um frio na barriga, estou parecendo uma adolescente, cheia de hormônios. A acompanhei até a porta e ela se foi, o pior foi sentir o aperto no peito por ter deixado ela ir. O que tá acontecendo comigo?
Flashback Off.
Percebi que estava mordendo o lábio inferior e o soltei, já estava machucando. ”Liga pra Annie” a voz da Lauren ecoava na minha cabeça, será que eu realmente deveria ligar? O que ela ia achar? Percebi que já estava escuro lá fora e resolvi ligar antes que ficasse tarde, apertei a discagem e logo chamou a primeira vez, e eu já tinha me arrependo, o que eu vou falar? Ela atendeu no terceiro.
-Clara, tudo bem? – perguntou assim que atendeu.
-To muito bem, e você Annie? – perguntei e eu estava aliviada por falar com ela.
-To muito bem, fiquei feliz que você ligou. – eu conseguia sentir a sinceridade de suas palavras até com um simples telefonema.
-É, eu queria saber como você estava. – um vento gelado passou pela sala e eu me arrepiei. – Nossa, vou fechar a janela, tá um frio em Nova York.
-Eu sei. – ela disse e ouvi uma pequena risadinha.
-Como sabe?
-Estou em Nova York, Clara, achei que você tinha ligado por que sabia. – ela disse.
-Mas como eu ia saber? – perguntei com o tom leve.
-Lauren sabe. Ela até que insistiu que eu fizesse essa viagem a Nova York, tem um seminário e ela disse que eu tinha por que tinha que fazer, disse que Nova York tem coisas muito boas. – ela disse e eu já sabia que ela tinha planejado isso, por isso ela pediu que eu ligasse pra Clara, mas que filha espertinha eu tenho.
-E está no seminário agora? – perguntei.
-Não, estou caminhando pela cidade, é muito bonito aqui. – ela disse com seu tom doce de sempre, resolvi arriscar.
-E por que não vem me fazer uma visita na minha casa? – perguntei com o nervosismo me corroendo.
-Eu adoraria, me passa o endereço que vou pegar um taxi agora. – ela disse e aquele frio na barriga me invadiu de novo, dei o endereço e nos despedimos. Caramba, e agora? Annie está vindo pra cá, o que eu faço? Ajo normalmente? E qual é o normalmente nessa situação? O que tá acontecendo com Clara Jauregui? Comecei a andar de um lado pro outro pela casa e não demorou pra que eu ouvisse a campainha. Taylor desceu as escadas dizendo que ia encontrar as amigas no shopping, ela abriu a porta e vi Annie ali parada, eu estava perto do sofá me segurando, Annie entrou e minha filha saiu, Chris estava em um treino de futebol americano, estávamos sozinhas, ela veio em minha direção e me abraçou. E a coisa mais estranha da minha vida aconteceu, eu não queria sair daquele abraço. Nos separamos e eu respirei fundo, ofereci um chá pra ela que aceitou, nós conversamos sobre tudo e nada. Eu contei que Lauren tramou do seu jeito pra que nos encontrássemos em Nova York, e ela achou graça, mas não pareceu desaprovar a ideia da minha filha. Nossas mãos se encontraram e eu deixei essa aproximação, mesmo sendo estranha, era divina. Quando o relógio já chegava perto de dez horas ela se despediu, dizendo que tinha que voltar pra Miami no dia seguinte, eu a levei até a porta e sai de casa junto dela, ficando na varanda. – Então, nos vemos quando você ir pra Miami. – ela disse.
-Ou então quando você voltar para Nova York. – falei e ela sorriu, eu sorri junto. Ela se aproximou e me abraçou da mesma forma pra se despedir, ela começou a se afastar e em um súbito de coragem eu segurei seu rosto e aproximei minha boca da sua. – Eu nunca fiz isso com uma mulher.
-Eu sei. – ela disse e me deu um selinho, mas que ela tratou de aprofundar primeiro mordendo meu lábio inferior, e depois disso se tornou um beijo de verdade, e esse durou alguns segundos, mas ela precisava ir e nos separamos. Entrei pra dentro de casa e me encostei na porta, não acredito nisso. Eu Clara Jauregui beijei uma mulher, e o pior, ou melhor, não sei ainda, eu gostei.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.