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História My Heartbeat II KiriBaku - A Informação


Escrita por: gabizera123 e KatsukiProject

Notas do Autor


hey hey hey

Adivinha quem tacou o foda-se pras quartas? Sim, eu mesma.

Obrigada @CecySazs pela betagem sempre incrível, porque se vocês acham que isso tudo lindo ai é puramente meu kkkkkk não acreditem.

Música citada: Déjame robarte un beso - Sebastian Yatra, Carlos Vives

Boa leitura ^^

Capítulo 27 - A Informação


Fanfic / Fanfiction My Heartbeat II KiriBaku - A Informação

Narrado por Kirishima Eijirou

Depois que entrei em casa, deixando a mochila jogada na sala ao despencar no sofá, percebi o quanto fui precipitado anteriormente. Na verdade, não que isso verdadeiramente me incomode, porque eu queria mesmo beijá-lo mais uma vez e arrumei a oportunidade, mas ele não aparenta ter pressa.

Como um adolescente bobão, acabo sorrindo muito largo para o teto, fechando bem os olhos ao murmurar vários comentários de vitória por ter tido coragem de novo. Droga, por mais que Katsuki tenha muito mais experiência do que eu, ele realmente me quer e isso é inacreditável, mas ainda fico eufórico por ser tão sortudo.

Eu beijei mesmo a estrela Bakugou Katsuki e ainda vou ter mais? Caramba, não consigo nem acreditar que cheguei tão longe assim! Ele é maravilhoso e gosta de ter esse contato comigo, acho que não consigo mais evitar pensar no quanto realmente quero fazer isso.

Mesmo me sentindo moído por inteiro depois do dia cheio de emoções, me estico rapidamente para buscar o celular na mochila, ignorando os protestos do meu corpo quando o faço, sabendo muito bem que não tenho como garantir que amanhã minhas coxas não estarão doloridas ao extremo. A coreografia tem ido bem, me sinto orgulhoso por estar por dentro da montagem e por todos estarem aceitando o que sugiro em muitos momentos.

Ainda fico me perguntando se Bakugou vai gostar do que estamos fazendo, pois hoje ele quase não pôde ver esta parte, já que estava ocupado com coisas ainda mais importantes da carreira de super famoso. Desbloqueio a tela do celular, respondendo a Mina com um breve “ok” para que ela saiba que cheguei bem em casa, mas não estendo o assunto porque pretendo ligar para minhas mães e contar a exímia novidade.

Kirishima Eijirou beijou Bakugou Katsuki! Não uma vez e não sem intenção de conseguir mais vezes.

Dou mais uma surtada chutando o ar com as pernas pesadas, fazendo uns barulhos meio estranhos quando me empolgo pela ideia de estar tão próximo de alguém, ainda mais uma pessoa incrível que eu admiro e que, por mais insano que pareça, me admira também. Ah! Eu não estou sabendo lidar, meu Deus!

Agora ninguém me segura! Quero ver quem vai me impedir de ter aquela boca na minha de novo, mesmo que eu não seja o único que já a teve... É, isso é algo a se pensar.

Minha expressão fica mais séria quando lembro da resposta de Katsuki para minha pergunta. É claro que ele já beijou muito por aí... deve ter fodido com meio mundo também se for pensar por esse lado. Enquanto eu sou leigo em sexo na prática, ele deve ter até doutorado e aquela cena dele engolindo o picolé nas gravações do clipe me deixa ainda mais certo disso.

Não posso me incomodar com o passado dele e por Katsuki ser quem é, mas eu nunca nem toquei em um pau além do meu próprio e Bakugou deve ter engolido dezenas sem qualquer pudor. Isso vai dar certo mesmo? Droga, e se ele quiser que eu faça essas coisas com ele desde já? Eu não me sinto pronto nem um pouco, mesmo que o corpo dele seja quente e bom de se ter por perto, com aquelas tatuagens deixando o abdômen ainda mais lindo e o peitoral macio que eu poderia morder de tão farto... Bom, não vou pensar demais nisso agora, talvez um pouco de pesquisa me ajude.

Decido adiar um pouco a ligação, abrindo a barra de pesquisas do Google para ver o que posso encontrar sobre o loiro, mesmo já tendo em mente que a internet é muito traiçoeira e mentirosa. O peso maior sempre será do que fico sabendo diretamente por Katsuki, mas se pretendo mesmo ir além com algo sobre ele, gostaria de entender com o que estou lidando.

Quando digito “Bakugou Katsuki” na barra, as sugestões já conseguem me aterrorizar um pouco por serem bem específicas.

Bakugou Katsuki é processado 

Bakugou Katsuki em casa de swing

Bakugou Katsuki escândalos

Bakugou Katsuki ofende a moral

Bakugou Katsuki e Todoroki Shouto

Fico um tempo olhando para o nome que aparece com ele, percebendo que não me é tão estranho assim, mas que nunca foi citado por Bakugou em momento algum. Também é meio estranho que seja o único que está com nome específico, pois não duvido que tenham muitos caras com que Katsuki já esteve antes.

Aperto em buscar sem complementar nada com as sugestões bizarras, mas a série de links e chamadas das notícias continuam sendo igualmente... gritantes? Alguns títulos são de polêmicas envolvendo músicas, clipes ousados ou escândalos sobre os inúmeros casos do loiro. Meus olhos se arregalam com certas notícias: uma foto de Katsuki sendo flagrado na entrada de um hotel com mais 4 homens, que parecem armários enormes. Entro nessa notícia por curiosidade e, certamente, nem eu nem as pessoas que escreveram acreditaram que aquele era somente o local onde a equipe de um projeto se hospedou.

Meu Deus, eu pensando que beijar 5 pessoas na vida era muito, uma orgia é... Caramba! Isso chega a ser desconcertante de pensar, como quê... Não, todos juntos é impossível! Na verdade... Beleza, beleza! Próxima pesquisa, por favor.

Ainda há muita coisa sobre Katsuki ficando com inúmeros caras, das mais diversas etnias, tamanhos, estilos e nos cenários mais inusitados, contudo, apenas um começa a aparecer mais em imagens e logo chego em uma notícia que não é tão antiga assim.

A BOMBA ATACA NOVAMENTE!

Bakugou Katsuki arruína a noite de Todoroki e Midoriya em festa de famosos.

Pelas fotos do loiro saindo da festa com uma cara super brava, consigo notar que é a mesma roupa que ele usava quando apareceu no ginásio para me oferecer o sorvete. Lembro dele falando sobre ter tido um dia ruim, mas não imaginei que pudesse ser algo desse porte. Já que Katsuki não me falou muito sobre, acho que não faz mal entender lendo parte da matéria.

“Bafão na torre das celebridades, gente! Bakugou Katsuki estava fabuloso na confraternização da Famous Form, desfilou na passarela como uma estrela, mas parece que estava mais para meteoro, hein? Seu ex-namorado, Todoroki Shouto, estava cintilante ao esbanjar o pretendente que aguardou a vida toda: Midoriya Izuku, o queridinho do estúdio Shine junto com Todo-kun!

Oh, queridos migos, vale lembrar que esse estúdio foi fundado por Bakugou há alguns anos, porém foi deixado para trás quando o nosso loiro ‘estressadinho’ se remoeu com o término de seu relacionamento com Shouto. Que barra, viu? Parece que temos muitos motivos para que martinis tenham sido despejados no doce casal #TodoDeku.

E aí, me conta você, o que acha desse babado todo?! A grande poc Bakugou não se contenta com um bofe diferente por dia e ainda precisa causar suas polêmicas? Comenta e compartilha pra gente ficar antenado nas próximas...”

Paro de ler quando as coisas parecem distorcidas demais para o meu gosto. Posso até acreditar que Bakugou jogou bebida nesses dois, mas duvido que tenha feito de graça. Fico tentado a ir mais a fundo sobre esse ex-namorado com cara de nada e cabelo colorido, mas acho que não convém a informação. O que veio antes não faz jus ao presente, melhor manter o assunto por isso mesmo e continuar apenas com o que consigo conversando com o loiro.

Saio do link e volto para a página de pesquisas, já preparado para fechar tudo e ligar para as mulheres que devem estar loucas atrás de mim, mas um outro título menos chateador me chama atenção, o bastante para que eu clicasse.

Top 10: Cantores mais gostosos e sedutores do ramo

Não presto muita atenção nos moços que passam na tela em poses safadas ou com expressões provocantes, até noto que o tal Todoroki aparece lá pelo sétimo lugar ou coisa assim, mas meu foco mesmo se torna evidente quando alcanço o primeiro lugar no final da página. A legenda é simples e direta, ao contrário dos parágrafos anteriores.

“Bakugou Katsuki é o verdadeiro pecado, a luxúria pode conceder este posto. Tudo nele é simplesmente... quente!”

A imagem que escolheram para estampar o campeão dessa lista me deixa até sem palavras, porque mesmo já tendo visto bastante de Katsuki, isso aqui é... Droga, ele é mesmo muito másculo e já senti o quanto pode ser quente.

Saindo de um lago com uma paisagem cheia de verde atrás, suas mãos estão na cabeça jogando o cabelo molhado para trás enquanto os olhos vermelhos parecem se destacar no meio de todo o cenário, intensos na direção da câmera. Aquele meio sorriso sacana que ele dá para provocar e conseguir o que quer, além de ser óbvio que está muito à vontade totalmente pelado nessa água.

O reflexo das copas sobre o lago não deixa que as coisas fiquem muito explícitas, mas não posso deixar de dar zoom no abdômen, notando que a linha da superfície fica um pouco mais abaixo, sendo possível ver uma camada de pelos loiros bem aparados na base do... Gente, que safado...

Fico todo vermelho pelas coisas que essa imagem me faz pensar, esse homem másculo e gostoso pra caramba me beijou! Para que ganhar na loteria se eu posso ter isso? Não me importo em ser flagrado olhando essa foto descaradamente, ainda mais quando estreito os olhos para ver um detalhe: duas espirais finas de cor preta subindo bem nas laterais da pelve, sumindo na água junto com o restante da pele dos quadris.

Tem mais tatuagens que eu não sei? Ah, Deus, será que eu estou com essa bola toda para ficar seguro com um cara sexy desses me dando trela? Ele já me mostrou que realmente está bem com isso, então vou aproveitar para beijar ainda mais aquela boca linda e descobrir novas tatuagens indiscretas.

Meu rosto queima ainda mais quando imagino a expressão perversa de Katsuki no momento em que eu citar sobre mais desenhos em sua pele. Tomara que ele não saia mostrando de uma vez, preciso me preparar para ver um pau diferente ao vivo e a cores... O que eu estou pensando?! Que pouca vergonha! Eu nem sei se ele quer me mostrar o... Ah, a quem eu quero enganar? É o Bakugou...

Acho que continuar lidando com isso sozinho não vai funcionar, então não perco mais tempo babando — apesar de salvar a foto para o fundo de tela — e ligo de uma vez por todas para mamãe. Dessa vez, Kaede, para que pelo menos eu não tenha que lidar com o surto de perguntas da senhora Jade.

Meu plano vai para o saco quando a ruiva atende o celular da esposa, começando seu enorme discurso.

Ligando pra sua mãe pra evitar minhas perguntas, mocinho... ¿Qué has hecho ahora, Eijirou? — a mulher já chega me acusando do jeitinho meigo que só ela tem, mas sorrio largo por poder escutar sua voz de novo.

— Mamãe, eu beijei o Bakugou e ele é muito... Ah! Ele é muito másculo, mamãe! — digo de uma vez por todas, cortando toda a explicação que deveria dar até chegar nesse auge, mas ansioso demais para compartilhar algo tão importante com ela.

O silêncio me preocupa um pouco quando se torna mais longo, mas antes que eu possa perguntar Kaede resmunga assustada antes de berrar longe do celular, porém alto o bastante para parecer estar ao meu lado.

Ah, Dios mio... ¡JADE, AYÚDAME! ¡Santa madre, Eijirou ha estado besando a una persona! — Mais uma série de resmungos desesperados de minha mãe soam do outro lado, até que Kirishima Jade apareça distante na linha, acalmando a dona dramática Kaede por algo tão bobo.

No entanto, acho que a reação da minha outra mãe também não é lá tão como eu esperava...

Uh... Filho, isso é ótimo... Aquele cantor do clipe, né? Nossa, ele é muito bonito mesmo... Ele não te forçou a nada, certo? — Sua preocupação é compreensível, ainda mais depois da maneira que conheci Katsuki, tal como a forma que ele me abordou que elas também estão sabendo, já que nunca escondi nada das duas e jamais tive vontade de esconder.

— Não, mãe. Eu pulei nele e o beijei! Foi bem melhor que a laranja, mas ajudou bastante — acho que minha escolha de palavras empolgadas não soou bem, pois Kaede parece estar prestes a infartar pela forma que resmunga ofegante, enquanto Jade fica em silêncio, provavelmente ponderando o que vai dizer.

Filho, vocês estão usando camisinha, né? — sua pergunta me faz levantar do sofá um tanto ofendido por ela pensar que eu não usaria, mas também me deixando envergonhado por cogitar que eu pulei nele desse jeito logo de cara.

— Meu Deus, mãe! A gente não transou... ainda — falo, um pouco incerto com o final da frase, porque o tema já veio na minha mente, mas eu ainda não estou sabendo como abordar.

Só beijo por enquanto, então? — Jade tenta perguntar com cautela, mas consigo ouvir minha outra mãe atrás praguejando em espanhol sobre o bebê dela estar se tornando um adulto conhecedor de perversidades.

— É, mãe... Eu só tomei coragem de beijá-lo hoje, ele beija muito bem... — tento não soar tão pensativo como estou, mas raramente é impossível que ambas não percebam meu estado de espírito, mesmo a quilômetros de distância.

Qual o problema, bebê? O que te preocupa? Se foi por vontade própria e você gostou... tem algo mais? — sua pergunta me incentiva a pensar sobre, mas ao mesmo tempo me faz notar o quão desconfortável essa dúvida me deixa.

— Ele é muito mais experiente que eu nessa coisa toda de beijo, sexo... Eu acho ele legal, atraente e confio nele, mas não sei quase nada, e ele sabe quase tudo. Não sei como vai ser... — Ainda é complicado de explicar bem, mas minha mãe, como sempre, interpreta literalmente e parte daí.

Ah, filho, sexo anal é algo super tranquilo! Só precisa... — a mulher começa a falar, e eu nem me dou o trabalho de deixa-la se estender no assunto, interrompo logo para evitar o meu infarto por constrangimento e o da minha outra mãe por ouvir Jade me dizendo essas coisas.

— Não, não! Eu sei como é o sexo, mãe, meu Deus! Eu só não sei se vou saber fazer ele gostar de estar comigo. Eu nunca fiz e ele faz muito, tipo, muito mesmo... — Pensar nisso, de repente, me deixa mudo, pois eu não tinha parado para reparar nesse detalhe.

Katsuki ainda sai com tantos caras assim? Na verdade, eu deveria me importar?

— Sabe se ele tem alguma DST? É bom perguntar antes de tentar botar a boca em alguma... — a pergunta que vem de volta ao meu comentário é totalmente inesperada, tanto que me faz arquejar e acaba levando o assunto para rumos que eu não tinha planejado.

— MÃE?!

[...]

Mesmo dormindo um pouco mais tarde, depois de uma longa e vergonhosa conversa com as malucas que chamo de mãe, me sinto extremamente animado ao chegar na frente do estúdio, de acordo com o endereço que Bakugou me mandou logo cedo ao dizer que eu não precisava comparecer caso quisesse descansar.

Há! Como se eu fosse perder a oportunidade de ouvi-lo cantar as músicas antes de todo mundo, com licença! Mesmo que tenha baixado algumas trilhas do álbum mais recente do Katsuki, acho que ouvir ao vivo sempre tem mais emoção, principalmente quando ele se distrai e fica cantando baixinho em seu próprio mundo. Quantas vezes já não vi isso? Talvez, tenham sido poucas, mas guardo as lembranças como se fossem um tesouro!

Chego na recepção, e dessa vez a moça que me atende é muito simpática e fofa, sorrindo tanto quanto eu ao entregar o crachá que preciso para ter acesso aos bastidores. Mina deve estar me esperando lá dentro, então somente sigo as instruções da recepcionista gentil e caminho pelos corredores atrás do local que procuro.

Ao chegar numa placa dizendo “Estúdio de Gravação”, com uma seta para a direita, acho que significa que estou onde deveria, mas paro antes de virar o corredor ao escutar a voz irritada que conheço muito bem.

— Isso ‘tá ficando uma merda, Hanta, pelo amor de Deus! Como, caralhos, você acha que eu vou conseguir? — Bakugou nunca pareceu tão chateado assim, penso que posso surpreendê-lo com um pulo na frente do corredor gritando “cheguei”, mas deixo isso de lado ao escutar a resposta de Sero.

— Não é tão complicado... Você só está preocupado porque acha que ele não vai gostar. Fica de boa, você ‘tá indo bem. Vamos tentar mais algumas vezes — o moreno diz com muita calma, e eu nem consigo ver suas expressões para entender se funcionou. Só sei que a próxima frase de Katsuki me deixa seriamente em dúvida.

— ‘Tá, que seja! Eu não sei se ele vem mesmo, mas quero terminar essa antes que ele acabe ouvindo. — Sei que Bakugou se refere a mim, o que me deixa intrigado e triste numa proporção estranha. Ele não me quer aqui, então? Por que me mandou o endereço e uma carinha piscando?

Espero o barulho da porta fechando para olhar no corredor, logo notando que não há mais ninguém à vista e que a luz em cima da porta se acende, indicando que estão utilizando a sala de gravação. Ainda ouso chegar na frente da passagem, olhando a placa designada na madeira enquanto pondero a situação.

Ele não quer que eu escute, mas eu vim porque queria muito ouvi-lo cantar... Será que é comigo que Katsuki está preocupado? Eu amaria qualquer coisa que fosse na voz dele, então... por que eu não gostaria da música nova? Talvez seja surpresa...? Ai, droga, eu não sei... O que eu faço? Não posso bater na porta, vai atrapalhar eles e tem um aviso enorme na parede dizendo que não se deve interromper quando a luz estiver ligada.

É só entrar, eu tenho o acesso com o crachá, então... Eu devo?

— Beleza! Mão direita “sim”, mão esquerda “não” — declaro, olhando para as palmas das mãos, erguendo-as intercaladamente enquanto recito o mantra bem baixinho. — Uni duni tê, salamê minguê, o sorvete colorê...

— Que ritual é esse, “Moranguinho”? ‘Tá benzendo a porta? — Aoyama me assusta no meio da minha importante escolha, olhando nos meus olhos com uma expressão divertida. Acabo sorrindo para sua maquiagem maluca com cílios brilhantes e até esqueço em que mão eu estava para escolher entrar ou não.

— Eu ‘tava vendo se entro ou não, o Katsuki não parece querer que eu escute... — revelo logo meu dilema sem hesitar, pois claramente não confio muito em mim para saber se vou ser ruim entrando na sala ou não. Não dá para escutar nada do lado de fora, então minha curiosidade é uma tentação a mais.

— Oras, ele ‘tava se coçando todo pensando se você ia aparecer ou não, querido — as palavras fazem meus olhos brilharem de alegria, ainda mais porque não conheço alguém mais sincero do que Aoyama.

Penso em perguntar mais uma vez, porém o loiro age mais rápido, abrindo a porta e me empurrando para dentro da sala sem qualquer hesitação. Quase caio de cara no chão, mas apenas esbarro na cadeira de Sero, que me olha sorrindo de um jeito estranho.

— Opa, chegou bem na hora... — sua fala é misteriosa demais, porém não perco tempo pensando sobre quando ele aperta um botão na mesa cheia deles, ditando no microfone à sua frente em seguida: — ¡Bien, comencemos, Katsuki!

Te vas a reír de tu puta madre... — o loiro resmunga em resposta, e eu fico imediatamente paralisado, calado e bem... nada surpreso por ser um palavrão bem pesado, e sim por Katsuki estar falando a minha língua.

Observo-o ficar de costas, talvez por estar meio com vergonha ou por fazer assim o tempo todo, mas sua postura parece meio tensa. Ele não se vira na nossa direção, nem se move muito quando um som leve de ondas do mar começa, logo quando Sero aperta de novo outros botões, possivelmente ocultando o que falamos na sala ao lado.

— Ele ‘tá meio puto e quando vira ‘pra parede é porque ‘tá querendo se concentrar, acho que ‘cê vai curtir essa letra. Se liga — ele diz, olhando na minha direção e colocando o indicador sobre os lábios antes de abrir o microfone novamente. — En cuatro, tres, dos... — Sero enumera o tempo para começar outra parte da melodia, fazendo Katsuki tensionar ainda mais as costas marcadas pelo cropped, quando o microfone é cortado de novo e ele sabe que deve começar.

“— Son muchos años que pasaron sin decir te quiero... Y en verdad te quiero.” — Quase não dá pra notar que Katsuki deve ter aprendido a pronúncia há pouco tempo, porque a suavidade de sua voz deixa um tom de segurança, como se realmente ele tivesse treinado muito até agora. Fico com os olhos arregalados em direção ao loiro, quase grudando no vidro como se isso me fizesse ouvir mais. “— Pero encuentro formas de engañar mi corazón...”

— Mais alto! — Sero diz bem rápido no microfone, apertando outro botão para adicionar um ritmo mais agitado por cima da melodia, no mesmo impasse de Katsuki que eleva mais o tom de voz.

“— Son muchos años que pasaron sin robarte un beso! Solo quiero un beso... Y por esa boca no me importa ser ladrón...” — Quando presto mais atenção quase consigo ver o sorriso no rosto dele ao cantar essa parte, mesmo que ainda permaneça de costas. Pelo jeito que começa a soltar mais os ombros, sei que posso esperar ainda mais.

“— No puede ser que no he encontrado...” — Bakugou baixa a voz e para de cantar por um trecho, parecendo frustrado novamente ao encostar suas mãos no fone de ouvido, apertando os dedos ao redor deles.

— Continue no refrão — Hanta novamente dita as instruções, enquanto apenas fico a observar tudo acontecer. Será que ele vai ficar bravo ao ver que estou aqui? Realmente deve ficar mais concentrado como está, porque não faz questão nem de responder aguardando o momento certo.

“— Déjame robarte un beso que me llegue hasta el alma! Como un vallenato de esos viejos que nos gustaban...” — Isso com certeza é algo diferente. De todas as músicas que já conheci dele, é a primeira vez que soa tão apaixonado... Sua voz ainda é mais baixa por conta do nervosismo, mas ele parece estar se adaptando ao tal refrão com facilidade. “— Sé que sientes mariposas, yo también sentí sus alas... Déjame robarte un beso que te enamore y tú no te vayas.”

Quase aperto o botão do microfone para dizer que ele cante mais alto, mesmo que isso pudesse arruinar tudo, mas Katsuki faz isso sem que alguém precise mesmo mandar, pois, de repente, ele parece tão em casa quanto eu em um grande salão com piso de linóleo.

“— Déjame robarte un beso que me llegue hasta el alma...” — A forma como ele se empolga me contagia, e eu acabo dando de cara com o vidro me impedindo de chegar perto. Suas mãos saem dos fones e Bakugou cerra os punhos à sua frente ao cantar bem alto, a vibração no tom me deixando arrepiado de tão intenso. Tão logo quanto se tornou empolgado, Katsuki volta a suavizar nas últimas frases, soando quente e tranquilo. Déjame robarte un beso que te enamore y tú no te vayas.”

O vidro as vezes fica embaçado com minha respiração, mas não deixo de apoiar as mãos nele, vidrado no leve movimento dos quadris alheios, enquanto Katsuki se entrega e por um milagre mantém os olhos fechados, virando lentamente ao redor do microfone sem nem notar.

Ele está sorrindo e brilhando mais que o próprio sol. Acho que irei chorar por não piscar, mas seria horrível perder qualquer pedaço disso.

“— Déjame robarte el corazón; déjame escribirte una canción, déjame que con un beso nos perdamos los dos...” — É tão calmo que eu diria que não parece o Katsuki, mas vejo com meus próprios olhos o quanto ele ama fazer isso e o quanto ele se dedicou para aprender um idioma só para... Eu não sei ao certo, mas é quase como se eu realizasse um sonho que nem sabia ter.

Ele canta ainda mais alto, cada vez mais confiante, sem se importar com mais nada que não seja alcançar as maiores notas que pode, a voz rouca se tornando intensa a cada auge da letra. Não consigo nem dizer alguma coisa, Sero também parece estar apenas analisando em silêncio enquanto tudo dá certo. A forma como Bakugou se move mais a vontade, sem deixar de sorrir a cada frase, balançando os quadris no ritmo da música, e quase me fazendo agir do mesmo jeito inconscientemente.

É viciante, mas o que me quebra por completo é vê-lo me encarar exatamente no final do refrão.

“— Déjame robarte un beso que te enamore y tú no te vayas...” — Katsuki recita, me olhando com as pálpebras semicerradas. O tom suave novamente e as sobrancelhas franzindo somente na última frase, como se ele notasse finalmente o que está vendo à sua frente.

“Me deixe te roubar um beijo que vai fazer com que você se apaixone e não vá embora.”

Santo Deus, ele não precisa roubar nada, não! Eu dou beijos de graça o quanto ele quiser. Cortesia vitalícia, com certeza!

Sorrio mais do que meu rosto pode suportar, levando Katsuki a ficar mais vermelho que meu cabelo e perder totalmente o fio das frases rápidas que teria a seguir.

— Yo que gusta a ti que eu te cante assi... Porra... — Não consigo nem mudar minha expressão quando ele fica chateado com a interrupção, porque minha euforia é tremenda demais para mensurar. Isso é tão maravilhoso! Ele é muito bom nisso e em espanhol me deixa até sem palavras.

Ou, talvez, com muitas palavras.

— Ah! Suki, isso é demais, meu Deus! Você fica tão másculo cantando e dizendo essas coisas bonitas. Seu espanhol é tão... Sei lá! É tão quente? Caramba, você fica maravilhosamente esplêndido cantando, eu... — Percebo depois de um breve momento de falação que Bakugou apenas me olha confuso, com um sorriso divertido e o rosto inclinado para o lado.

Olho para Hanta e ele coça a nuca, notando que o microfone ainda estava desligado para que Katsuki não pudesse nos ouvir.

— Ahn, foi mal... — o moreno declara, apertando o botão para que eu possa falar de novo, mas ao olhar para a porta logo no canto da sala, não me faço de rogado.

Caminho decidido até a porta, não fechando a mesma atrás de mim quando entro na outra parte do estúdio. Chego perto o bastante de Bakugou para ver melhor sua roupa: o cropped branco marca muito seu peito — ou talvez seja porque agora eu estou bem próximo —, só sei que certamente gosto de como ele fica com essa cor; a calça vinho combina com seus olhos vermelhos, que são o que mais gosto de ver em Katsuki — como agora.

Seguro seu rosto para fazê-lo se abaixar e ficar mais perto, somente para dizer o que pode resumir bem o meu fascínio:

— Você é mais do que incrível, sabia?


Notas Finais




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