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História My Imperfect Puppet: Born To Die - Isso é Destruição


Escrita por: lisbeth_wg

Notas do Autor


Oe mais uma vez sz
Como dito anteriormente, mais um capítulo para fechar o dia sz

Durante esse período de férias eu estarei fazendo algumas mudanças na estrutura da fanfic, tanto a primeira quanto segunda temporada, sendo que o primeiro capítulo já foi alterado sz Apenas mudarei a estrutura onde acho necessário, por mero capricho meu, o enredo continuará sendo o mesmo, de forma que ninguém precisará ler os capítulos modificados para entender o resto sz

Comentários, críticas construtivas etc etc são bem vindos sz Qualquer erro de ortografia e... povo, vocês já sabem o resto né? hsuah
Boa leitura sz

Capítulo 46 - Isso é Destruição


 

 

Vapor condensado deslizou para fora de sua boca quando, vagarosamente, seu corpo se movimentou em um despertar, com pálpebras vibrando e um par de olhos de cor lilás abrindo-se para o mundo. Confuso, ele umedeceu o lábio inferior rachado pelo frio, erguendo os ombros em uma tentativa involuntária para levantar-se, mas não levantou, o esforço foi interrompido por uma longa corda enlaçando o corpo. Resmungou um palavrão e fechou bem os olhos, sorrindo um pouco.

Tentou varrer seu campo de visão.

— Certo. Agora que está de olhos abertos, podemos conversar de maneira apropriada — disse Sakura, levantando-se do concreto duro suspenso do chão, o qual todos chamavam de cama.

Ela observou com curiosidade Hidan se contorcendo como uma lagarta entre os fios. Suas pernas estavam seguramente amarradas pelo que parecia ser uma corda, mas não era, sendo mais resistente e de cor cinzenta. Os antebraços estavam amarrados em frente ao corpo, de modo que ele conseguia erguê-los se quisesse. E suas mãos e cabeça estavam livres. Era um tanto engraçado ver seu pesadelo com tamanho grau de vulnerabilidade. Diria até, ridículo.  Colocou a maleta preta no chão, cerca de um metro distante da parede onde um Hidan amarrado estava encostado, abriu-a, retirando uma seringa de metal com uma ampola grande contendo um líquido cinzento. Inseriu a agulha no centro da ampola e a preencheu lentamente.

Hidan ainda estava meio sonolento quando ela se agachou do seu lado e injetou a seringa no braço. Resmungou outro palavrão.

— Que porra você fez?

— Passei boa parte desses últimos meses no laboratório central da Anbu e tive contato com muitas dessas coisas — soltou um sorriso seco, seu sorriso dúbio que nunca realmente era honesto, se é que realmente existia. Guardou a seringa na maleta e sentou-se no chão, bebendo um pouco do café quente que havia trago para aquecer-se do frio intenso.  Estava morno. — Vi as gravações dos seus interrogatórios, Hidan-kun, nenhuma delas funcionou, você é um cara bem durão. O que eu injetei em você é uma variedade de compostos anticolinérgicos e psicodélicos. Apenas uma quantidade suficiente para você relaxar e colaborar comigo, não vai trazer nada mais do que uma sensação de dormência, dependência severa e acelerar seus níveis de estresse. Ainda é um experimento da Anbu, ainda não foi usado para um interrogatório, se quer tem nome, mas se tudo der certo, isso vai agir diretamente no seu sistema auditivo e no hipocampo de seu cérebro, e simplesmente dirá que tudo o que eu disser é verdade. Em outras palavras, minha palavra é absoluta para você, querendo ou não.

Encolheu os ombros e se afundou no casaco GG que conseguira numa promoção anos atrás, desejando rir quando Hidan caiu em uma gargalhada pausada e rouca, desejou rir não porque sua risada era contagiante, para ela era uma risada desafinada como o derrapar dos pneus no asfalto, mas porque havia um desespero que jamais havia notado. Hidan era tão louco que ninguém realmente notaria isso, talvez Sakura fosse a única.

— Que merda é essa? Isso é engraçado pra caralho.Você acha —  inspirou forte, perdendo foco, — acha mesmo que isso vai acontecer comigo, sua vadia?

— Não acho. Já deve estar acontecendo.

O vapor que saia da boca de Hidan tornava-se cada vez mais rápido e intenso a medida que seus olhos divagavam na cela. Ele riu um pouco, encarando os olhos verdes que o miravam de longe, até perder parte da graça no caminho. Sentia um tremor interno, uma vibração intensa prestes a sair pela boca, sua visão se tornava turva e sua mente serena.

— Vadia, vadia, vadia — Hidan tentou gritar, mas sua garganta estava seca demais para uma alta intensidade. Rindo como uma criança, saliva escorria pelo queixo.

— Para a sociedade em geral, é uma substancia ilegal, por ser parecida com o famoso soro da verdade. Mas honestamente, não poderia deixar essa substancia presa em um laboratório. Já imaginou o desperdício?

Ele espremeu os olhos três vezes e sacudiu um pouco a cabeça, demente.

— Eles mandaram a vadia aqui? É isso? Imundos! — riu alto.

— Ah, não. Isso vai contra os métodos da Anbu. Tive que apagar alguns deles para conseguir chegar aqui, mas nada letal, eles logo-logo, estarão acordados outra vez. Então, precisamos no apressar Hidan-kun.

A cólera ameaça transbordar para fora de Hidan à medida que seu rosto e pescoço definiam vários tons de vermelho e rosa.

A Anbu sempre seguira de maneira doentia os direitos humanos, até mesmo para quem não era humano. As celas de confinamento para integrantes da Akatsuki eram exemplos disso: no lugar de grades, havia paredes de aço puro, alojando uma cama, um vaso sanitário e uma pia para qualquer necessidade, além de refeições bem distribuídas ao dia. O tratamento para interrogatório não era diferente: qualquer forma considerada como tortura não era autorizada. Embora, é claro, aquilo fosse um dentre vários modelos de paz que a Anbu adotara, justamente para se distinguir e contrariar seu maior oponente.

Um modelo de paz que Sakura estava quebrando agora. De acordo com as normas da Anbu, assim que a direção superior descobrisse - o que não demoraria -, ela seria expulsa do caso, tanto por quebrar o modelo base da Anbu quanto invadir um confinamento, roubar uma substância altamente perigosa e dopar quatro guardas e seis supervisores da prisão. Havia câmeras e seria questão de minutos até que notassem que algo estava errado, mais alguns minutos até que as Medidas de Prevenção fossem realizadas. No entanto, não estava preocupada com isso, pelo contrário, precisava que isso acontecesse.

— O que você pretende ganhar fazendo isso?

— Não muita coisa. Apenas algumas perguntas simples que eu quero que responda.

— Jashin-sama! Jashin-sama, ela é muito estúpida — Hidan riu e riu novamente, beirando a insanidade. — Que tipo de pergunta você acha que eu responderei?

— O que aconteceu na missão de Veneza?

— Hmm — ele levantou as sobrancelhas, riu e semicerrou os olhos claríssimos, sem conseguir controlar o peso da cabeça no lugar certo. — Veneza? Ah, Veneza... Não muita coisa... Nós concluímos a missão e capturamos a coelhinha decrépita do líder. Ela estava se borrando de medo, feito uma cadelinha.

— E quem é seu líder?

A pergunta pareceu pegar Hidan de surpresa, uma vez que sua expressão risonha se desfez por alguns segundos.

— Eu não — ele tentou falar, mas abruptamente sua expressão mudou e nada aconteceu.

— Quem é o líder da Akatsuki? — salientou a pergunta, aproximando-se dele. Hidan mordeu a própria boca. — Quem é o seu líder?

O silêncio de Hidan foi severo, mas não desnecessário, com ele, Sakura sabia que a substancia estava funcionando. Hidan nunca se recusaria a responder se fosse mentira.

Soltando o ar pesadamente pela boca, Sakura caminhou até o café quente que havia trago, já estava quase congelando, mas isso não impediu de bebê-lo até a última gota. Olhou para o relógio de pulso e em seguida para o visor do aparelho celular que havia trago, a câmera mostrava o corredor principal que dava acesso ao confinamento da Anbu, vazio. Ainda tinha alguns minutos, poucos, na verdade, mas os cadeados nas portas e a manipulação no sistema de segurança concederiam mais tempo.

— Parece que estou sem tempo, então que tal acelerarmos esse interrogatório? — ela se direcionou até as duas maletas que estava em cima da cama, abrindo-as com facilidade e revolvendo-as. De onde Hidan estava era impossível ver o conteúdo. — Você se lembra daquele dia em Konoha? Quando você quase matou uma garotinha? Não sei se lembra, mas eu lembro muito bem, de tudo. Aquela música, aquele nome... Jashin, não é mesmo? Jashin.

— Não mencione Jashin-sama dessa forma mundana!

— De qual forma? — ela riu um pouco, a sensação de irritá-lo era divertida. — De qualquer forma, fiquei realmente curiosa para saber do que se tratava. É uma religião muito antiga, proibida em todos os países, claro, mas consegui algumas coisas muito interessantes. Ah, encontrei.

Um grande livro impresso com uma capa vermelha acabada, com respingos de alguma coisa preta, era erguido pelas mãos de Sakura, de modo que Hidan pudesse vê-lo corretamente. Um silêncio desafiador entregou que Hidan já o conhecia. Sakura notou uma fúria nociva em seu rosto quase feminino.

— Como o conseguiu?! — perguntou Hidan, com a voz abalada, mas ainda alta o suficiente para ser comparado á um berro.

— Tenho muitos conhecidos, embora não pareça — desviou o olhar para o livro, abrindo-o de maneira intencionalmente desleixada.

— O que... O que... PARE!

— Parar? — olhou para ele novamente, com uma expressão confusa. — Parar com o que?

— Não toque no livro sagrado de Jashin-sama!

— Ah, eu sinto muito — em um falso pedido de desculpas, jogou o livro no chão, rasgando algumas folhas. Isso pareceu enfurecer Hidan, até que ele estivesse à beira de um colapso de raiva. Ele se sacudiu o máximo que podia entre as cordas, resmungou mais palavrões e ameaças obscenas, mas logo retornou a sua mesma posição devido ao cansaço que a substancia jogava seus ossos.

— Jashin-sama, Jashin-sama — balbuciava ele, perdido e tremendo com o frio.

— Diga-me, Hidan-kun, há quanto tempo você está aqui? Mais de cinco meses? Não acha que é um longo tempo sem rituais? Onde está a destruição para Jashin?

— Cala a porra da boca! Já disse para não mencionar Jashin-sama assim. Que porra de ouvido você tem?

— Que servo corrupto você é, Jashin deve estar realmente bravo com você — Sakura soprou nas próprias mãos, tentando se aquecer — Está muito frio aqui, não acha? Talvez Jashin tenha vindo puni-lo pessoalmente.

— Uma mulher como você não pode saber o que está dizendo... Ser punido pessoalmente por Jashin-sama seria um sonho para qualquer servo.

— Tem certeza? Mas se não houver misericórdia? Jashin virará as costas para um verme, Jashin deixará seu pecador inútil para trás. Deve ser bem doloroso, ser negado pelo seu Deus.

— Você está falando merda! Merda! Jashin-sama não pode... Jashi-sama vai me perdoar.

As coisas não poderiam decair de uma maneira tão fácil assim. Era certo que fazia muito tempo desde seu ultimo ritual, o ultimo sangue derramado, o ultimo berro por justiça dado a Jashin-sama. Estava pecando contra seu Deus. Mas teria ele perdão? Jashin-sama era uma existência que abrangia todo o universo que o rodeava, uma existência tão infinita que até mencioná-lo deveria ser de uma forma que o reverenciasse. Cada célula de seu corpo, cada pequena parte de seu ser pertencia a Jashin-sama e agia por Jahsin-sama. O que ele faria se um dia Jashin-sama desse as costas para ele? O que seria de sua corrompida existência? Ainda era pecador por não possuir um corpo imortal que honrasse seu Deus da maneira certa, o nível de regeneração de seu corpo era acelerado, mas nada comparado a imortalidade, mais outro pecado e seria seu fim.

Um ruído incômodo atingiu o ouvido de Hidan, um estardalhaço mortífero de outro mundo, ele sacudiu a cabeça e tentou recompor a respiração acelerada, mas nada que fizesse parecia surtir efeito. O coração e mente batia.

— Eu não teria tanta certeza se fosse você — advertiu Sakura, em um tom risonho morto.

Olhou para a mundana que o amarrara naquele lugar, engasgando ao ver a imagem de seu deus absoluto Jashin-sama. Era uma escultura pequena que poderia ser colocada perfeitamente dentro de um punho fechado, mas ainda era a imagem sagrada de Jashin-sama.

— O que acha que está fazendo com a imagem de Jashin-sama?! Como conseguiu?

— Eu disse a você que consegui umas coisas muito interessantes com a minha pesquisa... Eu fiquei olhando essa imagem por bastante tempo, vocês são parecidos... Me pergunto, o que aconteceria se você e seu deus pudessem ser um só.

— Hã?

Sakura avançou em Hidan, os movimentos ainda eram lerdos por conta da substância agindo em sua corrente sanguínea, o que facilitava em pegá-lo pelo queixo e abrir a boca. Em desespero, premeditando o que aconteceria, ele tentou falar, mas apenas baba e resmungos incoerentes saiam de sua boca.

— Ei, calma, ainda nem começamos — sua voz soou em um tom falso de consolo, tão falso que Hidan desesperou-se ainda mais.

Cantarolando “brilha, brilha” animadamente, Sakura enfiou a escultura pela boca de Hidan, obrigando sua garganta a engoli-la através de estímulos. Precisaria de equilíbrio nesse momento, não poderia abrir demais sua boca, se não quebraria, e nem de menos, se não seria mordida. Quando o começo de um engasgo surgiu, ela pegou uma garrafinha de água e o fez bebê-la, em quantidades necessárias para a escultura descer rasgando pelo esôfago e chegar até o estomago. Usou quase três garrafinhas. Não demorou muito até que ele começasse a regurgitar, mas antes que conseguisse, ela abriu uma ampola mediana e fez com que Hidan engolisse todo seu líquido. Em um movimento mais rápido ele tentou mordê-la, mas não conseguiu, trincando os dentes com força.

— O que eu acabei de dar a você, antes que pergunte, vai impedir que vomite por um looongo tempo.

Enquanto Hidan choramingava e rosnava entre dentes, igual um animal, Sakura puxou um fio preto da segunda maleta, com ganchos nas pontas. Prendeu um dos ganchos na parte de trás dos fios de tensão que o amarravam, enfiando o outro fio sobre o eixo central da roldana, que havia anexado no teto antes de Hidan acordar, começando a puxar a corda até que Hidan estivesse completamente suspenso no ar, poucos centímetros do chão. Ela amarrou o resto do fio de tensão na barra de ferro que sustentava a cama. Pegou um novo fio, menor, enrolando-o nos antebraços de Hidan e amarrando as pontas atrás do pescoço, de modo que seu antebraço ficou suspenso no ar, como se ele estivesse prestes a rezar.

Agora a imagem que cobiçara semanas antes estava completa: Com os fios pretos enrolando seu corpo, suspenso no ar, Hidan parecia um casulo deformado. Entre um ofegar e outro ela sorriu satisfeita. A verdade era que parte de tudo aquilo era apenas vingança. Deixar Hidan daquela forma iniciava seu recomeço. Sem cordões para manipulá-la, Sakura seria livre de mentiras. Estava cansada de dançar conforme a música.

Hidan berrou em uma fúria intensa, quase física. Seus olhos estavam vermelhos pelas lágrimas.

— Que pecado, Hidan. Como pode você, um servo leal, deixar a imagem de Jashin dentro de um corpo mortal imundo? Que sujo.

— Não, não, não — ele choramingou, muco vazava pelo nariz e boca. — Jashin-sama, não.

— Não se preocupe, sabe qual é a melhor forma para limpar você dessa profanação?

Devotando toda sua atenção a Sakura, Hidan parou de chorar, os olhos levemente inchados. Então é mesmo possível essa criatura chorar por alguma coisa, pensou Sakura, abrindo o casaco e retirando sua pistola da cintura. Ergueu a arma para Hidan.

— Atire na própria boca e deixei seu sangue escorrer goela abaixo, presenteie Jashin-sama com seu próprio sangue, fiel.

— Me dá a porra da arma! Agora! — gritou e contorceu-se violentamente contra os fios.

Sakura estalou a língua no céu da boca três vezes seguidas.

— Não, ainda não. Primeiro quero que me responda claramente: Quem foi que entregou a missão de Veneza?

Hidan fungou como uma criança, olhando para o lado e crispando as sobrancelhas claras como flocos de neve. Abriu a boca lentamente, lágrimas escorreram pelo rosto, disse algumas sílabas, no entanto, apenas um berrar horrendo saiu. O cheiro intrínseco dominou a cela.

— NÃO ENTRA! NÃO ENTRA! ESTÁ QUEIMANDO, QUEIMANDO, QUEIMANDO — gritou alto, ainda mais alto que o normal. Sakura precisou afundar-se no casaco até as orelhas.

Ele continuou a gritar por mais alguns minutos, até ficar rouco, parando gradualmente de acordo com a velocidade que o cheiro se dissipava. Sakura já sabia o que estava acontecendo, não ficou surpresa. Sasori havia lhe dito que a marca que possuía, todos os integrantes principais que não incluíam Konan, também possuíam, justamente para momentos como aquele. Agora que estava confirmado, só bastava maquiar as perguntas.

— Eu não posso falar, não posso falar sua piranha! — gritou ele, com a voz muito mais arrastada. Seria questão de palavras até que sua voz sumisse devido ao frio e esforço.

— Certo. O líder não deixaria a língua de você solta assim. Então responda, ele está aqui?

Sakura notou atentamente quando Hidan mordeu os lábios e tremeu antes de quase gemer em dor e descontentamento: — S-Siiiim.

— Ele também estava em Veneza?

Mordeu os lábios, eles sangraram.

— Responda!

— Sim. Ele está. Ele estava lá também — cansado, Hidan cuspiu o sangue que escorria de seus lábios para Sakura. — Quer saber, que se foda isso, ele esteve em todos os lugares até esse dia. Ele pode estar em todos os lugares sem que ninguém saiba. O imortal digno de ser um fiel de Jashin-sama sempre, sempre, sempre esteve debaixo desse seu narizinho. Por que ele é tão maluco quanto você. Além de querer foder você ele quer roubar sua alma, por quê? Eu sei lá por que. Ele vai consumir você, mundana! — Sakura afastou-se involuntariamente de Hidan quando sentiu o impacto daquelas palavras tremularem suas pernas. Ele pareceu notar, mesmo sendo um movimento mínimo, pois gargalhou alto. — Não, ele já consumiu você! Desde seu nascimento, órfã da maldição.

Gargalhando compulsivamente, de repente, Hidan começou a chorar.

O choro hediondo de Hidan sibilou na mente de Sakura, invadindo seu corpo com um medo desconhecido, tal como na noite em que o líder apareceu para ela. Como havia suspeito, ele nunca a deixara sozinha. Ainda havia muitas coisas a serem esclarecidas, portas que nunca foram abertas em sua mente, caminhos escuros que ela jamais imaginou, e o que tudo indicava era que uma nova porta se abria, de um novo mundo o qual Sakura jamais notou: o líder a conhecia, muito antes de ela mesma se conhecer. Sua vida estivera sendo manipulada por ele, quem sabe, o tempo todo.

Dentre todas as perguntas que borbulhavam na sua mente a única que emergia da confusão foi. O que Sakura era naquele mundo?

— Você vai pagar por essa porra, sua fodida — a voz rouca e grave de Hidan dançou até ela. Despertando, ela riu das palavras de Hidan. — Você enlouqueceu! Por que está rindo?!

 — Você — limpou uma lágrima que escorria do olho esquerdo. — Já teve aquela sensação, de que não tem mais nada para perder?

Sakura riu mais um pouco. Visualizou a câmera de segurança da entrada da prisão pelo aparelho celular, havia cerca de seis agentes Anbu tentando invadir a porta que ela havia travado com cautela. Seu tempo havia acabado. Entre os gritos de Hidan, ela desliza sua pistola para as mãos livres, de modo que o cano da arma mirasse perfeitamente em direção a boca.

— A recompensa do fiel.

Sem mais nada para dizer, Sakura enfiou o queixo no casaco grosso, abriu a porta pesada da cela e caminhou para fora. Um “click” alto perfura o som sutil das correntes gélidas de ar que adentravam na cela, alto, perfurando também parte da esperança que Hidan alimentava graças a substancia. O “click” terrível de uma arma sem balas.

— O que — balbucia Hidan, preenchendo a cela com vários “click”.

Sakura o olhou por cima dos ombros, captando seu olhar desolado e traído. Quantas vezes ela já dera o mesmo olhar para ele, no passado?

— Achou mesmo que seria fácil assim, garotinho?

— FILHA DA PUTA! NÃO! NÃO! DÊ-ME SALVAÇÃO, SUA PIRADA. ESTÁ DESCONTANDO TUDO EM MIM AGORA — ele gritava, cuspia, tremia. Um estrondo alto de algo quebrando anunciou que os agentes já haviam arrombado a porta. Hidan não notou, se notou, não ligou. — Onde está seu romeozinho, hein? Onde está ele depois de ter feito você de idiota? Ele deve estar lambendo os pés da puta da Konan, porque ele é bom em ser um perfeitinho fodido. O líder está certo, você deve sofrer para—

Foi impossível para Hidan continuar a falar. Dois tiros acertaram suas pernas, fazendo-o balançar no fio de tensão. Ele gemeu entre um urro de dor. Sangue vazava de suas pernas e caiam no chão cinzento, o frio que entrava voraz pela porta atingia o ferimento aberto e o fazia vibrar.

— Isso dói pra caralho — rosnou, ele tentou encarar Sakura, que ainda apontava sua pistola reserva para ele. Os olhos verdes eram como pedras. — O que eu vou fazer... O que eu vou fazer?!

Lentamente, ela ergueu o braço e mirou em direção a cabeça. Seu dedo estagnou no gatilho.

— Você deve comer seus dedos, Hidan-kun.

Os olhos claríssimos se arregalaram, entretanto, ela não conseguiu ver nada. Apenas um segundo e dois agentes Anbu vestidos em seus uniformes desconfortáveis puxaram a mão de Sakura para baixo, fazendo a pistola cair no chão em um ruído. Em menos de segundos sua pistola fazia parte do conjunto de provas nas mãos dos agentes, que impulsionariam sua expulsão.

Três deles entraram na cela. Enquanto um verificava as malas, outro sacava um canivete livre para cortar o fio de tensão, e o terceiro tentava impedir que Hidan arrancasse mais um dedo.

— Essa foi por pouco, mais um segundo e você iria direto para uma pena no TPDA¹, Sakura-san — falou um dos agentes, o mais alto e mais corpulento, de olhos distintamente vermelhos. Sakura não o conhecia de maneira alguma e não o respondeu como a situação requeria, fitando Hidan cair no chão e gemer alto depois que cortaram o fio que o suspendia no ar.

Hidan grunhia enquanto mordia o dedo anelar, resmungando e chorando como um bebê: — eu vou morrer.

— Não seja tão estúpido — respondeu para ele, sem desviar o olhar, mesmo quando os agentes colocavam algemas grossas ao redor de seus pulsos. — Isso não é o suficiente para morrer, eu não sou como vocês.

A resposta de Hidan foram mais palavrões do que Sakura já pode escutar por toda sua vida, e com o sentimento de ter concluído seu objetivo, ela deixou-se ser levada pelos agentes por um longo corredor de celas, passando pela cabine de supervisão da prisão, onde membros da Equipe de Segurança 2 tentavam reanimar os supervisores sentados em suas mesas, completamente inconscientes. O Agente que havia falado com ela tempos antes parecia ser o líder de equipe, uma vez que ele era o único que falava a Sakura os procedimentos que ela teria que enfrentar a partir daquele momento. Ela não precisou dar atenção a todas as palavras, já sabia sobre todo o procedimento, pois já havia feito aquele mesmo discurso uma dúzia de vezes. Seu corpo poderia estar presente, mas sua mente continuava na cela de Hidan e em suas ultimas palavras antes que ela houvesse disparado os tiros. O que ele teria falado, se ela não houvesse interrompido-o? O que o líder havia dito para ele?

Sakura fora levada para TPDA, hospedada na ala de espera, até que o relatório de seu ato de indisciplina chegasse na Direção Superior, fosse analisado e reenviassem a odem definitiva, que Sakura tinha absoluta certeza que era seu afastamento da Anbu. Ocorreria no dia seguinte, tempo suficiente para que os membros do Conselho da Anbu, que incluíam Shikamaru, Shino, Garra e Temari, analisassem a situação e dessem seus respectivos votos, por volta das dez horas da manhã. Se ainda fosse a mesma Sakura de antes, o tempo que passaria no TPDA seria como um longo processo de tortura para ela, pensar nos votos do conselho seria seu fim, uma desonra para seu desenvolvimento em ser mais forte e alcançar a Akatsuki. Agora, uma vez que já havia alcançado os passos da Akatsuki, estar na TPDA era como uma folga para organizar sua mente, mesmo que nunca conseguisse organizá-la de fato.

Era apenas questão de dias até que alcançasse seu objetivo.

 

 

Já eram onze horas e dezesseis minutos da manhã quando o conselho de Segurança da Anbu enviou sua palavra final, através de uma carta onde ela deveria assinar para indicar que estava ciente e concordaria com os termos. Na carta dizia que ela havia infringido as três Nromas de Segurança principais da Anbu. E, portanto, de acordo com as Ordens de Organização estabelecidas pela Direção Superior, Classe Superior Haruno Sakura estaria sendo dispensada naquele dia de seus serviços como agente Anbu até segunda ordem. Ficando isenta de qualquer missão estabelecida antes da data, sem exceção de nível, isenta a qualquer acesso á seu escritório e aos demais departamentos que compõe o sistema Anbu até o fim do dia. Podendo apenas visitar a organização para tratar de fins medicinais e financeiros. As visitações a enfermaria não eram proibidas.

Sorriu involuntariamente quando leu toda a carta, era como alimento para sua mente. A secretária que ficara responsável por retornar o papel assinado até a DS² pareceu se espantar um pouco com a reação, mas logo se conteve e apenas esperou até que Sakura assinasse todos os papeis.

— Haruno Sakura tem até as seis horas da tarde desse dia para retirar todas suas coisas de seu escritório e devolver sua chave de entrada na Recepção Geral — anunciou a secretária, com o mesmo tom sem graça que secretárias usam para citar algo que já fora citado outras mil vezes.

Sakura passou por longos corredores amontoados de agentes ocupados até que chegasse no Departamento de Escritórios para agentes Classe Especial, onde ficavam os melhores Anbu’s. Fazia quase dois dias que não entrava em seu escritório e meses que não usava a maior parte das coisas alojadas no cômodo. Tudo que compunha seu escritório fazia parte de um passado, que parecia ser muito distante, um passado onde ela ainda vivia sob mentiras, com outros objetivos e sem conhecimento correto sobre seu destino. A cada vez que entrava no escritório sentia-se deslocada, uma alienígena indesejável em seu próprio mundo.

Tentou afastar esse tipo de pensamento concentrando-se no que deveria levar para casa. Não era muita coisa, mas seria um trabalho para encontrá-las no meio de todos os papeis espalhados pela sala: havia papel tanto nas duas poltronas, quanto na mesa e no chão, mais parecia que um furacão havia lhe visitado enquanto ela não estava. Recolheu alguns papeis que usara recentemente e encontrou seu notebook entre um entulho de pastas na segunda poltrona de couro preta, a favorita de Itachi. A mancha de café que ele havia feito no começo do ano ainda estava da mesma forma, quase nem parecia que mais de seis meses haviam se passado desde a primavera e agora um rigoroso inverno se estendia, tanto em Kyoto, quanto em seu coração. Ninguém era mais o mesmo.

Um ruído na porta anunciou a entrada de alguém. Sakura identificou apenas pelo modo de andar enfurecido que era Ino.

— Ô testuda, o que você acha que está fazendo? — o tom da voz de Ino estava controlado, Sakura percebeu, circulando entre a brincadeira e o desespero.

Sakura conhecia Ino mais do que conhecia a si mesma, e sabia dizer quando ela estava preocupada, mas não queria demonstrar. Primeiro ela avançaria com uma brincadeira para quebrar o gelo, mas logo suas verdadeiras intenções seriam claras. Ino era o tipo de pessoa que odiava ser chata, mesmo que a situação exigisse.

— Boa tarde para você também , Ino — respondeu Sakura, reorganizando a mochila que tinha jogado no escritório. Resolveu colocar algumas coisas desnecessárias, como de costume.

— Olha Sakura, eu sou sua amiga, mas assim não dá pra te defender, querida. O que você estava pensando quando foi fazer aquilo com o carinha albino lá? Antes que você diga alguma coisa, eu sei disso porque toda a Anbu news de plantão já espalhou que você invadiu o confinamento e torturou o detento da Akatsuki que estava sobre direito de propriedade do Shikamaru — Ino fechou a porta em um estrondo, abrindo as persianas da janela e dando luz ao escritório. Agora mais do que nunca ele estava desarrumado. — Não sei se você sabe, mas isso é encrenca na certa. Eu não sei não, mas estou muito preocupada com o que acontece nessa sua cabeça. Sua testa é tão grande que cabe um bocado de idéias malucas nela. Você tem seguido o tratamento do médico?

Não, Sakura pensou.

— Sim, eu estou. Não precisa ficar assim. Foi uma escolha minha, tenho completa consciência do que faço. Agora fecha as persianas antes que esse lugar pareça mais bagunçado do que já está.

Ino fez um estalo com a língua e revirou os olhos.

— Não tem não! Não tem e eu acho que nunca vai ter — embravecida, Ino sentou-se na poltrona preta, pausando os olhos na mancha cinzenta de café que ela sempre odiava chegar perto.

— Ino, eu não quero discutir com você, nem aqui e nem em outro lugar, não agora.

Sakura colocou o notebook e algumas pastas na mochila, se inclinando para pegar o carregador celular no canto da mesa. Ino a ajudou.

— Você pode ficar no meu Apê se quiser, não quero que fique sozinha naquela casa enorme. Eu sei que Itachi já saiu de lá — a voz de Ino estava mais calma. — Olha: eu sei que você tem evitado esse assunto, mas não posso ficar calada. Eu sei que você está se lotado de trabalho para não pensar neles, mas entre os dois, Sakura, quem você acha que é o melhor para você? Sasori morreu naquele dia na cachoeira e você não pode morrer junto com ele. Não existe amor suicida. O amor não machuca.

As mãos de Sakura se apoiaram na cadeira ao lado da mesa, ela suspirou alto e Ino pensou que isso seria uma deixa para ela falar mais.

— Você não está bem Sakura, isso não é felicidade, isso é destruição. Talvez eu deva ligar para o Doutor—

— Eu não quero ser um incomodo pra você e Gaara — Sakura ignorou completamente o assunto, de uma maneira tão descarada que Ino evitou fazer comentários para não iniciar uma discussão. — Eu posso me cuidar bem naquela casa, além do mais, não vou passar muito tempo nela.

— Como assim não vai? — perguntou Ino, as sobrancelhas unidas em cisma.

— Não é nada que você possa entender agora. Só quero que me faça um favor enquanto eu estiver afastada, cuide de Rin, quando ela estiver preparada para identificar quem é o líder da Akatsuki, quero que me ligue imediatamente e avise os superiores.

— Deixa comigo — Ino deu de ombros, esperando uma continuação.

— Eu preciso de mais um favor, na verdade. Quero o endereço da casa do Doutor Hiashi, onde Hinata está.

— Porque isso agora?

— Eu devo um favor a Naruto.

Ino bufou, o que Sakura acreditou ser, com todo o ar de seus pulmões. Entrelaçou os dedos das mãos em uma pose séria demais para ser natural, encarando Sakura por um tempo.

— Apesar de sermos muito amigas, nós duas sabemos que tem certas coisas que são intimas demais para serem compartilhadas, mas eu só quero que me prometa: não faça nenhuma besteira.

— Eu prometo.

Um riso incrédulo saiu da boca de Ino, enquanto ela afundava o rosto nas próprias mãos e ria ainda mais. Depois de permanecer assim por segundos, pegou um papel solto na mesa e retirou uma caneta do bolso de seu blazer azul-escuro feito sob medida, anotando em letras garrafais e bem desenhadas o endereço.

— Você tem um cargo enorme, me desculpe por fazer você mentir. Conheço você, nada que eu disser agora vai tirar isso, seja lá o que for, da sua mente. Então apenas me prometa, testuda, seja mais organizada com seu escritório.

Sakura sorriu para ela de volta, balançando a cabeça e recolhendo o papel que ela estendeu. O sorriso não era mais o dúbio, apenas o resto de um sorriso, o sorriso verdadeiro.

Não havia nada que Ino pudesse fazer, ela sabia.

 

Depois de passar na Recepção Geral, Sakura entrou no Nissan 370z que havia acabado de tirar da garagem depois de quase seis meses, ele ainda cheirava a borracha. Jogou a mochila no banco de passageiros e dirigiu sobre a Shiokoji Dori. Não havia quase nenhum carro circulando na rua, devido ao feriado local e a tempestade de neve que se estendeu até de manhã preguiçosamente. Pelo retrovisor ela conseguia ter uma rápida vislumbrada da Kyoto Tower bruxuleando entre as espessas nuvens cinzentas do que deveria ser um lindo por do sol no verão. Era quase fim do inverno e Sakura agradecia por isso.

Manuseou o carro no estacionamento ao lado de uma cafeteria em Nakagyo, entrando e pedindo um café quente especial. Estava lotado e certamente havia muitas cafeterias abertas no caminho, mas ela decidiu esperar, era o único local em que serviam café de boa qualidade, não era surpresa estar sempre abarrotado de pessoas. Fez o pedido e sentou-se em um banco de madeira antigo, em frente a cafeteria, enrolando-se ainda mais no cachecol vermelho, até que somente seus olhos pudessem ser vistos através das cascatas de cabelo róseo e pano.

Embora Shimogyo estivesse praticamente abandonada, Nakagyo estava particularmente movimentada, uma multidão de pessoas passava pelas calçadas empacotadas em suas roupas quentes de frio, zanzando como baratas, conversando alto e rindo por qualquer piada sem graça. Aquela era a vida que Sakura achou que teria no futuro, antes de conhecer todas as mentiras que rondavam sua vida, antes de conhecê-lo. Um pouco distante, na esquina do outro lado da rua, á direita, havia um grupo de quatro jovens fumando cigarro e comentando sobre algum trabalho difícil da universidade, abaixo das luzes esbranquiçadas da loja de conveniência. Sakura riu um pouco de si mesma, olhando para o próprio cabelo, desde quando ela pensava em pessoas da sua idade como sendo “jovens”? A garçonete da cafeteria anunciou que o pedido já estava pronto.

Ela pagou o café e saiu, olhando para a esquina por banalidade. O grupo havia se dissipado, de modo que ela conseguiu ver a figura parada como uma sombra na parede ao lado da loja, no instante que o café amargo queimava a língua. Com as mãos no bolso do casaco e um tufo de cabelo em um vermelho sangue intenso saindo do capuz, estava tão quieto que Sakura mal conseguiu conter o arrepio. O buraco negro dentro do capuz a fitou por pouco tempo, apenas o necessário para lê-lo, antes de entrar por uma viela escura. Sakura jogou o café no lixo e o seguiu.

As luzes dos postes da cidade projetavam pequenas faixas de luz no beco, pontuando o caminho de concreto, de modo que era possível passar sem esbarrar em algum papelão ou lata de lixo. Sakura não sabia até onde o beco seguia, se é que tinha um fim, ainda assim, seguiu os passos, em uma distancia de quase trinta metros, trinta metros cobertos por uma sensação sufocadora, que embora a cidade zunisse como sempre, a sensação de isolamento predominava nos passos solitários. Não perguntou quem era. Talvez já soubesse. Sua mente estava fora de controle para formular perguntas. Seria realmente ele? Teve que conter o impulso avassalador nas veias, que a impulsionavam para chegar mais perto e puxá-lo pelo braço.

Três curvas depois, Sakura desceu uma leve inclinação de escadas, até que o som da cidade se tornou insuportavelmente mais intenso. No fim da viela uma multidão lhe encarou, ou apenas deu essa impressão: Uma rua pequena era invadida por barracas, luzes, lanternas de papel, doces e música tradicional. O fluxo de pessoas era tão grande que Sakura reconheceu como sendo um festival de inverno á estilo ocidental. Sakura ouvira falar que com o tempo aqueles festivais vinham sendo cada vez mais presentes, não eram oficiais, mas nada impedia que centenas de pessoas organizassem seu próprio festival comemorativo em uma rua onde os prédios eram considerados inabitáveis. Tentando evitar lembranças desnecessárias, o procurou com os olhos, a tempo de vê-lo abrir uma porta de madeira velha e entrar em um dos prédios abandonados.

Atravessou a rua, desviando de dois homens que seguravam dangos recém feitos e uma mulher que oferecia cachecóis de diversas cores, abrindo a porta. Dentro do prédio havia um hall largo, que um dia fora o hall de um restaurante onde diferentes pessoas de uma época diferente comiam. O som do lado de fora era abafado pelas paredes frias de tal forma que ela conseguia ouvir claramente cada pequena e grande parte das estruturas do prédio rangindo, como se as antigas pessoas que visitavam ou trabalhavam ali ainda estivessem presentes em um plano paralelo. Ela entrou pelos fundos atrás de um balcão quebrado ao meio, subindo as escadas com cautela para não pisar em uma viga perigosa, chegando no corredor do segundo andar, que apontava diretamente para a soleira da porta de uma sala. Estava completamente escuro dentro da sala, e a pressão do cômodo era tão densa que fazia seus ouvidos pulsarem, dando a impressão de que conseguia ouvir a respiração dele cortar o ar.

Fechou os olhos com força. Verificando se a arma reserva ainda estava na cintura e de livre acesso, Sakura entrou na escuridão. Havia uma janela aberta no fim da sala deixando um fiasco de luz cair sobre a sombra da figura, um dos braços da figura se esticou, até que uma luz se acendeu no breu. Sakura ficou sem entender.

— Está atrasada, Sacky-chan.

 

 

 

CONTINUA.

 

TPDA¹: Departamento de Prisão Temporária.

DS²: Divisão Superior.



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