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  3. 2015

História My Kind (Vercy) - 2015


Escrita por: Semi-Harmonizer

Notas do Autor


HEEEEEEY ESTRELINHAS FINALMENTE O ANO DE 2015 AAAAAAAAAAA

demorei horrores eu sei podem falar, mas essa fic só tem esse e mais um capítulo e eu termino até semana que vem se tudo der certo

Espero que gostem, amo vocês!

Capítulo 44 - 2015


 

Pov Lucy Iglesias-Vives

Janeiro

A sala de espera na qual eu me encontrava tinha paredes coloridas, com desenhos de diversos animais. O uniforme dos recepcionistas era em um tom lilás e da equipe de enfermagem era verde água. A mistura de cores ao redor dessa área da clínica era reconfortante, ao invés do comum branco e beje para hospitais.

Cruzei minhas pernas ao sentar novamente nas cadeiras geladas. Eu não estava no Hospital Iglesias e isso me deixava um pouco desconfortável. Porém, Verônica e eu decidimos que o melhor seria que Karla começasse a se consultar com uma psicóloga fora do hospital, que não conhecesse a mim ou a Vero, assim seria mais fácil para nossa filha ser honesta.

E mesmo que já fizesse dois meses que ela estivesse se consultando, eu ainda sentia o mesmo nível de preocupação.

Esperei mais alguns minutos até a porta se abrir e eu observar minha filha saindo, acompanhada de sua psicóloga. Me levantei rapidamente para me aproximar delas.

— Camila, você pode já ir agendando sua próxima consulta enquanto eu apenas explico algumas coisas a sua mãe? — a dra pediu e pude ver minha filha soltar um suspiro antes de concordar e caminhar até a recepção.

— Está tudo bem? — questionei um tanto quanto preocupada.

— Sim, Camila está fazendo progresso. Mesmo assim, eu pediria para ainda ficarem de olho nela após as refeições. Ela ainda sente uma certa necessidade de se encaixar e se ela sentir culpa após uma refeição pode ter uma recaída, como na semana retrasada. Porém, não pressionem muito ou ela pode se fechar — lembrou e eu soltei um suspiro ao me lembrar da nossa ceia de ano novo.

— Certo, faremos isso. Obrigada — agradeci, a deixando chamar seu próximo paciente enquanto eu conferia se minha filha havia marcado sua próxima consulta corretamente.

Caminhamos em silêncio até o carro mas não era uma surpresa. Camila ficava surpreendentemente quieta após todas suas consultas, como se não soubesse o que dizer. Era um tanto quanto assustador.

— Sua mãe está pensando em acampar no próximo final de semana, já que não fomos viajar nessas férias — comentei enquanto dirigia até em casa.

— Em janeiro? — Karla questionou um pouco confusa, batucando os dedos na porta.

— É, pode ser bom, vai estar mais fresco, menos mosquitos — respondi, olhando rapidamente para ela apenas para a ver dar de ombros.

— Tá bom — disse por fim, sem demonstrar um pingo de animação para aquilo

Estacionei o carro em nossa garagem,  mal puxei o freio de mão e Karla já tinha pulado para fora, quase correndo até em casa. Respirei fundo por alguns minutos antes de sair do carro também. Deixei minha bolsa no sofá assim que entrei, em segundos ouvindo o som do violão de Camila no andar de cima.

Balancei a cabeça, subindo os degraus devagar e indo em direção ao meu quarto. Eu deveria voltar ao trabalho, mas não iria conseguir deixar Camila sozinha em casa. Então apenas tomei um banho, colocando uma roupa mais confortável.

Voltei ao andar debaixo, caminhando até a cozinha e decidindo preparar alguns sanduíches. Ainda estava na metade quando ouvi minha esposa chegar e sua voz mandando nossa filha caçula subir e tomar banho. Em poucos segundos ela já estava entrando na cozinha.

— Oi amor — cumprimentou, beijando meu rosto — Como foi hoje?

— Hey, hm, nada novo — balancei os ombros — Karla entrou quieta e saiu muda. Sua psicóloga disse que ela está fazendo progresso mas que precisamos ficar de olho ainda — expliquei tendo um aceno de compreensão.

— Pelo menos ela está fazendo progresso — comentou enquanto lavava as mãos na pia — É pra ela? — apontou para o sanduíche que fazia, assenti com a cabeça — Vou chamar ela então. Faz um pra mim também?

— Claro — respondi despreocupada, já fazendo aquilo.

Minha esposa saiu e voltou minutos depois com nossa filha mais velha, que se sentou na mesa sem dizer uma única palavra.

— Sofia não quis descer — Verônica avisou e eu apenas assenti enquanto colocava o prato das duas na mesa e fazia um sanduíche para mim mesma.

— Mama? — Karla me chamou e me virei surpresa já que ela passava o dia quieta quando tinha consultas — Tem suco?

— Ahn, é, claro — concordei um pouco mais surpresa, tirando a caixa da geladeira e colocando em sua frente, a vendo se servir.

Não evitei de olhar para minha esposa que compartilhava a mesma expressão abismada, que quase me fez rir.

— Hm amor, contou para Sofia do acampamento? — perguntei antes que Karla começasse a perceber nossos olhares.

— É, sim. Ela tá empolgada, pode ser divertido — Verônica respondeu enquanto eu me sentava para comer — Sua mama te contou, Mila?

— Acampamento em janeiro, sim. Tudo bem — Camila deu de ombros, comendo devagar.

— Eu acho que vai ser ótimo, Sofia surtaria se passasse todas as férias aqui em casa — brinquei, mas apenas minha esposa riu.

Observei minha filha quando terminou de comer. Sua perna balançando constantemente, seus dedos batucando a mesa e seus olhos iam em direção a porta a cada dez segundos. Suspirei pesadamente, sentindo as lágrimas quererem chegar aos meus olhos apenas por saber porque ela estava agindo daquela forma.

Senti o olhar de minha esposa em minha direção e, surpreendentemente, ela sorriu.

— Ei Mila! — chamou nossa filha em um tom empolgado, mas Karla não conseguia prestar a devida atenção — Eu encontrei uma nova loja de instrumentos musicais e vi aquela guitarra verde água que você estava procurando — isso chamou minimamente a curiosidade de nossa filha.

— A les paul? — perguntou um tanto em dúvida.

— Isso! Você tem uma marrom, não é? Achei a verde — contou, pegando o celular e mostrando a foto para Camila.

Sorri um pouco ao notar que aquilo conquistou toda a atenção de Karla e sua perna parava de balançar aos poucos enquanto seus olhos buscavam a tão sonhada guitarra. Minha esposa a distraiu por tempo suficiente para ficarmos tranquilas em deixa-la voltar para o quarto. Verônica respirou fundo quando nossa filha saiu.

— Obrigada — agradeci em um tom baixo, a vendo se levantar apenas para se sentar mais perto de mim — Eu não seria capaz de distrair ela hoje.

— Ela está melhorando, meu amor — Verônica garantiu, abraçando meus ombros e me puxando para si — Nos primeiros dias ela chorava, lembra? Agora ela entende que deve ficar na mesa por mais algum tempo. Ela está melhorando — repetiu mais firme.

— Eu sei, mas ainda dói — confessei, soltando um suspiro — Sofia está preocupada com a irmã aliás, temos que explicar para ela o que acontece.

— Nós vamos ok? E vamos garantir que Camila esteja bem pra voltar às aulas — disse firme e eu assenti com a cabeça — Como você está?

— Melhor porque tenho você — declarei em um tom baixo, a vendo sorrir.

— Digo o mesmo sobre você — respondeu, beijando meus lábios carinhosamente.

— Mama? — ouvimos uma voz mais fina vinda da sala e fomos na direção, encontrando uma Sofia emburrada — Camila não quer me levar pra tomar sorvete! — reclamou, apontando para a irmã que estava do outro lado da sala.

Suspirei ao olhar Karla. Eu sabia que o motivo que ela não queria ir, era porque não queria comer mais ainda.

— Karla, que tal se você for pro quarto? — sugeri, confiando em como ela estava e rapidamente ela subiu as escadas.

— Mas mãe...

— Vamos conversar um pouco — chamei, me sentando no sofá.

— Aaaargh eu só queria sorvete não precisa ter bronca — Sofia resmungou, me fazendo rir enquanto ela se sentava no sofá e logo Verônica ao seu lado.

— Não é bronca — Verônica garantiu — É sobre sua irmã — disse, fazendo nossa filha a encarar confusa.

— Sua irmã fez uma dieta muito arriscada. Sabe o que é dieta, certo? — comecei a explicar calmamente, tendo a atenção de Sofia.

— Quando se tem algum tipo específico de alimentação — respondeu sabiamente, me fazendo concordar com a cabeça.

— Isso mesmo. E sua irmã fez uma dieta de apenas comer proteínas — contei, vendo seus olhos confusos — Sabe como te mandamos comer tudo do prato? Inclusive a salada? Pra que você receba tuodos os nutrientes. Nessa dieta que Karla fez, ela só comia um tipo de alimento — expliquei.

— Ou seja, ela não tinha todos os nutrientes e passava mal. Lembra quando ela desmaiou quando viajamos pra terra do papai noel? — Verônica encarou Sofia que assentiu brevemente — Isso aconteceu porque além de não ter os nutrientes.

— E também porque a dieta dela fez com que o fígado não funcionasse corretamente — completei, suspirando fraco ao me lembrar daquilo.

— Eu lembro, vocês disseram que foi pedras no rim, não é? E eu contei que a Kaki tinha me dito que ia fazer, porque queria que parassem de mexer com ela na escola — Sofia murmurou, nos olhando preocupada de repente — Mas vocês disseram que melhorou, que ela tava bem! Então por que ela tem que ir no médico! E eu ouvi vocês falarem em internar ela semana passada.

Respirei fundo, olhando brevemente para minha esposa. Porque quando Karla teve uma recaída, nós realmente discutimos internar nossa filha, porque não sabíamos o que fazer. Conversamos por horas com a psicóloga de Camila até decidirmos que o melhor seria ela ficar em casa.

— Ei, calma ok? Karla ficou bem. Sem pedras no rim, porém no último ano depois do tratamento ela engordou o que tinha perdido com a dieta — a respondi, vendo seus olhos confusos.

— Por isso ela chegava mal da escola, as vezes? — perguntou baixo e eu concordei com a cabeça — Kaki fez outra dieta?

— Não, bebê — Verônica negou, e suspirei junto com ela — Ela fez algo ruim para o próprio corpo. Ela vomitou o que comia.

— O quê? Eca. Por quê? — Sofia fez uma careta.

— Porque sua irmã não estava bem, e ainda não está completamente. Não é culpa dela. Ela precisa só de ajuda, tudo bem? — pedi, a vendo concordar levemente — E sobre a internação, em alguns casos assim, pais enviam seus filhos para lugares especializados em ajudar crianças como a Karla. Mas como eu sou pediatra e sua mãe tem um hospital de prontidão, concordamos que ela fique em casa.

— Porém, depois das refeições ela não pode sair imediatamente e brincar com você. E iria ajudar se você entendesse isso e não a chamasse — Verônica disse calmamente, tentando entender as reações de nossa filha caçula — Ela tem que ficar alguns minutos na mesa e não pode voltar para o quarto após refeições.

— Pra não vomitar? — Sofia perguntou e nós duas assentimos — Ela vai ficar bem, mamães?

— Sim, meu amor. Se ajudarmos ela — garanti, tendo um leve aceno de concordância.

— Foi uma longa conversa, quer sorvete para melhorar esse rostinho? — minha esposa sugeriu, ganhando um sorriso como resposta.

Observei as duas levantarem e seguirem para a cozinha. Eu estava quase me colocando de pé mas ouvi passos lentos entrarem na sala.

— Mama? — Karla me chamou, se aproximando devagar — Eu ia mesmo ser internada?

— Você ouviu — murmurei enquanto ela se sentava ao meu lado, parecendo ansiosa — Sim, consideramos essa opção. Você não conseguia parar. E precisava de ajuda.

— Desculpe — ela disse baixo, algumas lágrimas chegando aos olhos, a puxei para meus braços no mesmo instante — Eu não queria, eu só...

— Ei Ei, já falamos sobre isso. Não é sua culpa, você não está bem. Mas eu te garanto que vai ficar ok? Tudo vai melhorar — prometi, beijando seu rosto carinhosamente — Que tal se enquanto elas estão na cozinha, você me mostrar as músicas novas que está trabalhando ein?

— Na verdade, eu estava estudando — confessou, me fazendo a encarar incrédula — Biologia, você sabe que é a única que eu realmente sou boa. E, bem, eu quero ser como você, mama. Quero ser uma pediatra um dia.

Arregalei meus olhos com a nova informação, os sentindo lacrimejar quase que automaticamente. Camila sorriu com isso.

— Então você poderia me ajudar a entender algumas coisas? — pediu ainda sorrindo.

— Com todo o prazer, filha.

(...)

Abril

Encarei o prontuário apoiado na bancada de recepção pediátrica. Balancei a caneta em minhas mãos por uns segundos pensando no que eu deveria escrever ali. Enfim deixei a tinta deslizar pelo papel, anotando os últimos procedimentos em meu último paciente.

— Lucy! — ouvi a voz de minha esposa e ergui meu olhar, vendo ela se aproximar apressada — Me diz que já acabou seu trabalho e poderemos ir embora — praticamente implorou, me fazendo a encarar confusa.

— Na verdade, sim — respondi, fechando o prontuário e entregando para o enfermeiro no balcão, o agradecendo antes de virar novamente para minha esposa — Por quê? O que houve?

— Chefe da cardiologia e o chefe de neurologia discutindo sobre qual departamento deve receber mais verba — resmungou, praticamente me puxando para o elevador — Eu não quero ouvir nada, eu só assino papéis, é isso — completou exausta, me fazendo rir.

— Tudo bem, estamos a salvo — brinquei quando entramos no elevador, beijando seus lábios em um selinho demorado, conseguindo a fazer sorrir quando me afastei — E ainda chegaremos a tempo do jantar.

— Como foi com a emergência? Deu tudo certo? — Verônica perguntou quando saímos do elevador, caminhando até o estacionamento.

— Sim, tenho um paciente estável e não precisarei transferir ele para o departamento cirúrgico — respondi com uma pitada de orgulho — E a sua? Tudo se resolveu?

— Sim, eu nem precisaria estar aqui se o mais novo sócio não fosse um incompetente. É isso, vou comprar a parte dele — minha esposa afirmou seriamente.

— Você já tem 70% do hospital, se comprar a dele...

— 75% porque ele comprou de um antigo cara do conselho que tinha 10% e dividiu entre os filhos — explicou despreocupada, abrindo o carro para entrarmos — Mas tecnicamente nós temos isso porque dividimos bens, lembra? — minha esposa me encarou quando entrou.

— Ah sim, eu também sou dona daquilo. Isso é bem divertido — admiti, a fazendo rir enquanto dava partida.

— O que me lembra que abriu uma vaga no conselho, deveria ser sua. Então se você quiser — sugeriu, me fazendo pensar por alguns segundos.

— Não sei direito, seria mais trabalho. Porém eu amo me envolver com tudo — comentei, sentindo sua mão carinhosamente em minha coxa — Posso ter alguns dia para pensar?

— Quantos precisar — prometeu, me fazendo sorrir aliviada — Mudando de assunto, Sofi pediu para levarmos ela na praia amanhã.

— Por mim tudo bem — dei ombros — Ela comentou algo com você em relação a escola? — perguntei curiosa, vendo minha esposa negar levemente com a cabeça.

Porque algumas semanas atrás Sofia estava chegando alguns dias cabisbaixa por algumas crianças cruéis de sua escola. Meu estômago se revirava apenas de pensar que poderíamos viver tudo que vivemos com Camila novamente, só que com Sofia.

— Não eram casos comuns, e aparentemente o que quer que Camila tenha dito para as crianças surtiu efeito. Sofia parece bem — Verônica respondeu despreocupadamente — Ela saí com Shane praticamente todos os dias — lembrou e notei seu sorriso por ter seu irmão na nossa casa nas últimas semanas.

— Aliás ele deu alguma idéia do que veio fazer aqui, afinal? — questionei, encarando minha esposa que estava focada na rodovia — Não me entenda mal, adoro o Shane. Mas achava que estava tudo bem na Califórnia.

— E está, lembra que era pra ele vir em Janeiro? Ele tem que resolver algumas coisas com a mãe dele mas odeia ficar naquela casa — Verônica respondeu dando ombros, uma breve careta ao citar sua madrasta — Aquela ceninha de ficar por tempo indefinido foi pela Karla, ele sabe que ela gosta de ter ele por perto — explicou, batucando levemente os dedos no volante — Aliás, não gosto nem um pouco dela fazendo trabalho com aquela garota — murmurou, como sempre fazia nas últimas semanas.

— Eu sei, Vê. Também não me sinto confortável, aquela garota já fez muito mal a Camila — suspirei, sentindo meu coração apertar em meu peito — E essa última vez? O que quer que tenha acontecido, Camila ficou arrasada.

— Shane disse que a idiotinha mirim falou coisas horríveis para Camila e para aquela babá que nossa filha não sabe se pega ou se vira amiga — minha esposa contou, negando com a cabeça — A pior parte disso tudo é que você me obrigou a incentivar Camila a falar com ela!

— Elas são dupla em um trabalho, o que queria que fizéssemos? Eu não aguento mais esse revezamento pra levar a Camila, ela precisa tirar uma nota boa pra devolvermos o carro — argumentei também frustrada, porque nada naquela situação era bom em minha mente.

— Odiei deixar as duas com as meninas sozinhas — Verônica continuou, um pouco irritada — Shane está lá mas ele provavelmente não saí do quarto. A emergência hoje veio em uma péssima hora.

— Nem me diga, o mais estranho é que Taylor é um amor, não é? Nem parece da mesma família — comentei enquanto minha esposa estacionava o carro em nossa casa — Ela ainda está aí — murmurei, no mesmo instante que vi a porta sendo aberta e uma loirinha pequena sair correndo — Ok, esperamos elas saírem porque você não está no humor para ser educada.

— Você me conhece tão bem — Verônica riu, desligando o motor e os faróis, se encostando no assento do carro.

Fiz o mesmo, observando que agora minha filha estava do lado de fora juntamente com Lauren. As duas pareciam estar bem e não brigadas. Porém arregalei os olhos ver o próximo movimento.

Oh merda. Não.

— Ei Ei, Verônica, não! — impedi minha esposa furiosa de sair do carro após ver nossa filha beijando a Jauregui — Vero, respira.

— Você não viu o que eu vi? Nossa filha perdeu o juízo — Verônica exclamou, tentando abrir a porta do carro.

Só consegui a segurar por tempo suficiente para que visse o carro de Lauren saindo e nossa filha entrando em casa. Observei minha esposa sair do carro irritada e fui atrás, tentando manter a calma por nós duas.

— Karla Camila Cabello Iglesias Vives! — Verônica praticamente gritou assim que entramos na casa, nossa filha no sofá parecida encolhida — Que merda era aquela? — questionou no mesmo tom, toquei seu braço levemente, querendo que ela se acalmasse.

Ela era engraçada e divertida, era um pouco estranho para nossas filhas a verem tão irritada. Mas só uma coisa a tirava do sério: mexerem com sua família.

— E-e, eu esta-ta-va beijando a Laur — Karla gaguejou, sua voz fraca mostrava que ela estava nervosa.

Verônica bufou mas eu suspirei pelo apelido. Droga Camila, você tinha mesmo que fazer isso?

— Eu só não saí daquele carro e dei uns bons tapas naquela garota e em você, porque sua mama me impediu! — Verônica contou e eu nem ao menos pude negar, mas precisava acalmar aquelas duas.

Normalmente isso era trabalho de Verônica.

— Filha, não nos entenda mal — comecei tranquilamente, me aproximando e me sentando no sofá ao seu lado, deixando Verônica andar de um lado para o outro sozinha — Mas queremos o seu bem — afirmei o mais carinhosa que pude, tendo a atenção de minha filha — E essa Lauren já fez tanto mal — lembrei, notando o suspiro de Karla.

— Ela estava confusa com ela mesmo, mama — defendeu a garota, seus olhos quase desesperados para que acreditássemos nela — Não se entendia e prezava muito o que seus pais diziam — lembrou, o suficiente para que Verônica suspirasse e sentasse no sofá também.

Porque sabíamos como os pais daquela garota eram.

— Ela se desculpou com você? — minha esposa perguntou e notei como aquilo era um requisito para ela saber se deveria continuar surtando ou não.

Camila concordou com a cabeça e em seguida mordeu seu lábio inferior.

— E eu a pedi em namoro e ela aceitou — despejou de uma vez só, os olhos brilhando apenas por dizer aquela sentença.

Mesmo sentindo uma confusão de sentimentos, tive que segurar a risada pela expressão de minha esposa.

— Ok, eu não vou surtar — murmurou para si mesmo.

Ouvi passos se aproximando e ergui meu olhar, vendo Shane adentrando a sala.

— Não vai mesmo, até que enfim minha sobrinha se aquietou — ele brincou, aliviando um pouco o clima tenso.

—  Que tal se você nos contasse tudo no jantar? — sugeri a minha filha, ganhando um aceno positivo — Sua mãe e eu vamos subir para um banho e logo descemos para jantar — avisei, me colocando de pé e seguindo para nosso quarto.

Fechei a porta assim que entrei e esperei o surto que eu sabia que viria.

— Nós vamos internar essa garota!  — Verônica gritou, voltando a andar de um lado para o outro — Ela perdeu todo o juízo restante, isso é, se ela sequer já teve algum juízo — reclamou, passando as mãos no cabelo em claro sinal de nervosismo — Aquela Jauregui é a razão da nossa filha ter bulimia, Lucy! Como podemos aceitar isso agora?

Me sentei na cama, começando a me livrar dos meus sapatos, tentando pensar em algo para dizer. Porém eu não sabia o que fazer nessa situação.

— Camila tinha doze anos e escreveu uma música pra essa garota — comentei entre um suspiro, voltando meu olhar para minha esposa — Ela sempre foi idiota por essa menina, nós duas sabemos disso. Por que você acha que Camila só faltava surtar sempre que sugeriamos falar com a diretora sobre isso? — lembrei, vendo Verônica parar de andar para me encarar — Karla gosta dela há anos. Não entendo o motivo, é claro. Mas hoje foi o primeiro dia, em meses, que a vi com os olhos brilhando de felicidade — afirmei.

— Eu achei que aquela garota era hetero — Verônica comentou e eu me limitei a dar ombros sem precisar de uma explicação para aquilo — Por que ela não podia ter e apaixonado pela babá gostosa? Seria mais fácil e...

— Verônica! — repreendi ao me levantar — A babá tem dezessete anos então deixa de ser estúpida — reclamei, acertando um tapa em seu braço, a vendo fazer uma careta.

— Eu estava repetindo as palavras de nossa filha — se defendeu mas eu apenas rolei os olhos — E a babá pelo menos era legal e não uma estúpida preconceituosa!

— Vero, nós duas sabemos que ela teve péssimas influências. Taylor não recebe um tratamento bom por causa dos pais — argumentei, começando a me livrar das roupas que usava.

— Isso não é uma total justificativa! Eu tive um pai bem babaca por anos, seus tios foram horríveis e nem por isso fomos cruéis com outros — Verônica retrucou sabiamente.

— Seu pai mudou, não foi? Se Karla disse que Lauren se desculpou, elas devem ter se acertado — respondi, me aproximando mais da minha esposa — O que quer que façamos? Nossa filha está apaixonada e infelizmente é por essa garota. Se tentarmos impedir isso, não vai funcionar.

— Ela tem que se apaixonar justamente pela garota com pais homofóbicos? — Verônica resmungou e eu sorri.

— Teremos que ser as mães legais — falei um tanto divertida — Podemos comentar agora sobre o fato que nossa filha é safada igual a você porém surpreendentemente rápida quando está apaixonada, que nem você também?

— Por Zeus, elas vão estar casadas em três meses — ela riu e eu suspirei aliviada ao notar que sua irritação já estava passando — Só estou preocupada, Lu. Não quero aquela garota machucando nossa menina.

— Karla tem dezessete, ela precisa fazer algumas escolhas de vida. Mas vamos estar aqui por ela sempre — prometi, vendo minha esposa concordar com a cabeça — Então por que não vamos tomar um banho e então podemos descer e ouvir nossa filha explicar o novo relacionamento — pedi, já a puxando para o banheiro.

(...)

Setembro

Senti minhas costas baterem contra o balcão enquanto minha esposa me beijava como se não me visse há semanas. E eu não estava reclamando. Envolvi seu corpo, aprofundando o contato cada vez mais. Como se não estivéssemos fazendo isso pelas últimas horas.

— Hm, Vê — murmurei quando ela desceu seus lábios pelo meu pescoço — Eu levantei da cama porque precisava de água, não de sexo novamente — avisei, ouvindo sua risada enquanto se afastava.

— É meio difícil quando você usa esse robe quase transparente — se defendeu, me dando o espaço necessário para pegar uma garrafa de água na geladeira da cozinha do antigo apartamento de Verônica — Nós definitivamente deveríamos fugir das crianças mais vezes — ela disse com um sorrisinho.

— Meu amor você só tem esse pique todo pra ficar acordada até de madrugada transando uma vez no ano, já que nos outros dias você trabalha que nem louca — lembrei rindo, a vendo rolar os olhos enquanto pegava um pouco de água para si mesma — Por sinal, Sofia ficou na casa de quem?

— Aquela amiguinha ruiva, não lembro o nome da criança. Mas a mãe é uma colega sua do trabalho — respondeu e eu ri por como nem isso ela lembrava — A questão importante é que não entendo porque deixamos a casa inteira pra Karla sendo que ela ia naquele encontro bobo lá.

— Vero, nem faça essa cara, você gosta de Lauren agora. Apenas admita — cruzei o braços vendo minha esposa bufar — Você não resistiu à Camila te contando como estava apaixonada e como isso foi mais incrível quando elas tiveram a primeira vez, lembra? E você as defendeu quando as duas fugiram pra Califórnia! — lembrei em um tom divertido, rindo por como ela rolou os olhos — Confesse baby, você acha elas fofas.

— Argh ok acho, são adoráveis e Camila está feliz e bem — Verônica finalmente confessou, me fazendo rir — Droga, Camila te pedindo ajuda pra escolher anéis de compromisso foi estupidamente adorável — reclamou, me fazendo rir.

— Sugeri cinema no parque pra ela, acho que foi uma boa idéia — comentei, deixando minha esposa se aproximar novamente — O que me lembra que não temos um encontro decente em meses.

— Isso não é um encontro decente pra você? — Verônica provocou, suas mãos brincando com o laço que fechava meu robe.

— Não, me leve pra jantar primeiro pelo amor de deus — brinquei, mas suspirei quando senti seus lábios beijarem a pele do meu pescoço — Verônica — gemi baixo quando a senti chupar meu ponto de pulso — Esqueça isso de jantar antes — avisei, a vendo rir quando a empurrei contra o armário, beijando seus lábios com desejo.

Mas antes de sequer voltássemos para o quarto, ouvi meu celular tocar no balcão. Suspirei me afastando, sentindo minha esposa abrir por fim meu robe, tocando em minha cintura, me impedindo de me afastar.

— Deixa tocar — pediu, sua mão escorregando até minha bunda me fazendo gemer.

— O horário — tentei dizer, sabendo que seria importante uma ligação quase as uma da manhã.

— Se for importante ligam de novo — sussurrou, seus lábios se movendo sobre meu busto, me deixando perdida.

— Foda-se — xinguei, deixando minha mão adentrar a camiseta do journey que vestia, sua pele quente contra minha mão.

Verônica ergueu a cabeça o suficiente para me beijar mais uma vez, empurrando meu corpo para fora da cozinha, enquanto tentava tirar o robe do meu corpo. Mas antes que ela conseguisse nos passar pela porta, ouvi meu celular tocar mais uma vez.

— Merda — minha esposa reclamou se afastando, segurei meu robe com um pouco de força ao vê-la se inclinar, apenas de camiseta e calcinha, para pegar meu celular — Alô? — atendeu irritada, acabei mordendo meu lábio inferior — Quê? Camila fala devagar — pediu, me deixando confusa pelo o motivo que faria minha filha ligar a essa hora — Espera, quem tá doente? Taylor?

— O quê? — questionei preocupada com o rumo da ligação.

— Karla Camila dá pra respirar enquanto fala? Você interrompeu sua mama e eu então fala direito — Verônica reclamou e eu rolei meus olhos, acertando um tapa leve em seu braço — Toma, ela quer falar com você — me estendeu o telefone.

— Oi filha, o que foi? — perguntei, ouvindo barulhos do outro lado da linha que indicava a garagem sendo aberta, fiz uma careta enquanto cutucava Vero — Se troca, aparentemente vamos sair — avisei, já caminhando até as escadas — Camila? O que aconteceu?

Ela desmaiou e levaram ela pro hospital — respondeu, sua voz preocupada.

— Taylor? — perguntei em dúvida enquanto tirava meu robe e pegava minhas roupas pelo quarto, vendo Verônica fazer o mesmo.

Isso mama. A Tay está naquele hospital — contou, me fazendo arregalar os olhos.

— Não a levaram pro Iglesias? — praticamente gritei, vestindo minha calça com pressa e sorrindo agradecida quando Verônica me estendeu uma camiseta — Eles não tem o prontuário e o histórico dela! Não a conhecem. Taylor faz um tratamento sério — lembrei, colocando o aparelho no alto falante para terminar de me vestir — Vero, pega minha bolsa e celular? Vamos ter que ir no hospital — pedi, a vendo concordar prontamente.

É, foi o que pensei. Os medicamentos errados podem prejudicar ela — Camila concordou.

— Certo, eu vou ligar pro hospital onde ela está e pedir a transferência. Eu mesmo ligo para Clara, tudo bem? Vá com Lauren para o Iglesias — pedi, descendo as escadas com pressa.

Ok. Obrigada, mama. Te vejo lá — Karla disse antes de desligar.

Encontrei minha esposa já me estendendo minha bolsa, e com as chaves do carro na mão. A segui para fora do apartamento, caminhando depressa até o elevador.

— Taylor desmaiou e a levaram para o outro hospital — expliquei brevemente, enquanto discava o número da sogra de minha filha — Vou requisitar uma transferência e pedir que Clara assine os papéis — avisei, enquanto já entrávamos no carro.

— Ok, eu posso pedir para que agilizem tudo no Iglesias para ela — Verônica ofereceu, pegando seu celular e dicando o número do hospital enquanto eu esperava Clara me atender.

Alô?

— Clara? É Lucy, sinto muito pelo o que aconteceu, Karla me avisou. Vocês levaram Taylor em outro hospital?

Ah Dra Vives, é bom falar com você. Eu tentei convencer Michael, mas ele está irritado demais, não quer Tay lá — sua voz soou desesperada e eu suspirei.

— Clara, se medicarem Taylor sem saber qual tratamento ela faz, poderá ocorrer reações irreversíveis — afirmei, notando quando minha esposa desligou rapidamente o celular e deu partida — Posso ligar no hospital daí e pedir uma transferência imediata. Você assinaria a autorização?

Oh meu Deus. Sim, tudo bem. Pela Taylor, sim — concordou prontamente.

— Ótimo, nos vemos em alguns instantes.

Desliguei o celular mas nem ao menos erguei meu olhar da tela, discando o número pessoal de uma pediatra conhecida que trabalhava no outro hospital. Em minutos consegui que fizessem a transferência.

— Pronto, Taylor está sendo encaminhada para o Hospital — avisei minha esposa que acelerava até o nosso local de trabalho.

— Inacreditável — Verônica murmurou e eu a encarei — A filha dele está cada dia pior e ele ainda se preocupa mais com quem você é casada, com quem a filha mais velha namora. É doentio — resmungou, seus dedos apertando o volante com um pouco mais de força.

— Algumas pessoas são apenas estúpidas — sussurrei, tocando seu braço com carinho — Podemos apreciar o fato que nossa filha soube exatamente o que fazer. Ela está se tornando alguém responsável e muito inteligente.

— É, podemos apreciar isso — concordou, deixando um leve sorriso nascer em seu rosto.

Chegamos no hospital em poucos minutos, notando o carro de Camila na vaga que me pertencia. Verônica estacionou na própria vaga e desceu primeiro comigo logo atrás. Entramos rapidamente, passando em meu escritório para pegar meu jaleco e estetoscópio.

— Ok, me avisaram que Taylor foi levada ao quarto — minha esposa avisou, subindo comigo pelo elevador para a área de internação pediátrica.

Sai do elevador primeiro caminhando as pressas enquanto vestia meu jaleco, procurando o quarto onde Taylor estava. Pude ouvir Karla e Lauren chegarem no mesmo corredor mas não parei para as cumprimentar, apenas respirei fundo e entrei no quarto.

Examinei pacientemente a pequena Jauregui, tentando manter meu sorriso enquanto falava com ela. Não gostava de assustar as crianças com o que poderia acontecer. Sai do quarto apenas para pedir que uma enfermeira fizesse um exame de sangue.

— E então? — ouvi a voz da minha esposa enquanto me seguia.

— Provavelmente? Diabetes. O exame irá confirmar — respondi, deixando um suspiro sair dos meus lábios enquanto percorriamos o andar até a recepção — Ela tem nove anos e tudo isso poderia ter sido evitado se o pai não fosse um babaca — resmunguei, sentindo a mão de Verônica em minha costas, em um pequeno afago.

Avisei aos enfermeiros, pedindo um exame de sangue urgente e estava quase voltando ao quarto ao ver meu antigo chefe marchando em nossa direção.

— Me diz que esse velho chato não veio falar conosco — Verônica reclamou e eu mal pude rir porque ele parou bem em nossa frente.

— Ótimo que encontrei vocês — Dr Vachman disse assim que parou, me fazendo erguer uma sobrancelha — Eu entendo que a Sra Iglesias seja dona daqui e sei que Dra Vives tem um cargo qualquer de chefia, mas eu não admito que uma pirralha adolescente seja tão desrespeituosa e arrogante! — afirmou, me deixando levemente confusa.

— Presumo que está chamando minha filha de pirralha, desrespeituosa e arrogante, Dr? — Verônica cruzou os braços irritada, e tive o prazer de o ver dar dois passos para trás — E, por gentileza, Dra Vives não tem somente um cargo qualquer de chefia. Ela é sim chefe do departamento de pediatria. Ou seja sua chefe. E membro sênior do conselho desse hospital há três meses. Então meça suas palavras.

Segurei o sorriso em meu rosto ao ouvir minha esposa me defendendo. Ela era boa naquilo.

— Bom, isso ainda não dá o direito que Camila Iglesias ande por aqui como se...

— Como se fosse dona? Eram essas suas palavras? — o encarei entendiada — Não que alguma de nós lhe deva explicações, mas a cunhada de nove anos da minha filha chegou desmaiada. Você entende que ela estava apenas preocupada e tenha agido, seja lá como tenha agido. E, em segundo lugar, Karla Camila é uma Iglesias e uma Vives. Acredite, ela é mais importante aqui que o Dr — completei, sem perder mais um segundo sequer e saindo de sua frente.

— Ok — Verônica me alcançou — Aquilo foi super sexy — ela riu, me fazendo sorrir e negar com a cabeça.

— Mas ainda vamos precisar punir Camila, porque ela não pode sair por aí entrando em qualquer lugar — reclamei, tendo um aceno de concordância de minha esposa — E, provavelmente vamos passar muito tempo aqui. Você tem que ligar pra casa onde Sofia estar e avisar que talvez não a busquemos no horário — pedi.

— É, mas são nem duas da manhã. Vou esperar um pouco — avisou e eu assenti — Mas por agora, vou descer e pegar café. Quer?

— Ah sim, por favor — aceitei, sorrindo quando beijou meu rosto antes de se afastar enquanto eu entrava novamente no quarto para conversar com Clara e observar fazerem o exame em Taylor.

Fiquei poucos minutos ali, saindo e mandando uma mensagem para encontrar Verônica a cafeteria. Não me surpreendi porém ao chegar ali e encontrar Karla trabalhando na cantina.

— O que você fez? — perguntei, a vendo sorrir de lado.

— Tentei beliscar coisas da cozinha e a mãe me mandou ficar aqui como castigo — respondeu despreocupada e me permiti rir — Ei, mama. Ela vai ficar bem?

— Eu espero que sim, Kaki — respondi suavemente, vendo seu olhar cair — Mas sua mãe e eu estamos orgulhosas de você Ok? Você pediu ajuda, você soube como agir e você se preocupa. Isso mostra que você é uma pessoinha incrível — elogiei, notando como seus olhos brilharam pelo elogio.

— Obrigada, mama. E a mãe está do lado de fora — apontou para a área externa da cafeteria, sorri a agradecendo.

Senti o vento gelado em minha pele mas logo encontrei minha esposa em um dos bancos. Me sentei do seu lado, a vendo me estender um café. Aceitei de bom grado.

— Algumas horas para o exame sair — avisei, deitando minha cabeça em seu ombro — Ela vai melhorar, mas estou preocupada com ela a longo prazo.

— Eu sei — Verônica abraçou meus ombros — Sofia é extremamente apegada a ela — lembrou e eu soltei um som nasal em concordância — Vamos torcer que tudo fique bem — completou, me fazendo assentir levemente.

(...)

Dezembro

Me escorei na porta da cozinha, observando a sala. Minha filha caçula corria pela casa acompanhada de meus sobrinhos, Janet e Johnny. Shane estava correndo atrás deles, para a diversão de sua namorada, Brigdit. Amanda estava distraída com a televisão pra prestar qualquer atenção com a brincadeira dos filhos. Meu cunhado estava ao seu lado, o braço ao redor do seu corpo. Larissa ria dos sobrinhos enquanto tirava algumas fotos da bagunça. Camila e Lauren conversavam animadamente com Philip, as vozes altas dos três as vezes se sobressaiam.

— Por que aceitamos o natal em nossa casa mesmo? — questionei para minha esposa que riu.

— A idéia foi sua — ela lembrou ainda rindo, abraçando meu corpo por trás — Algo sobre todos se unirem — provocou, me fazendo rolar os olhos.

— Mas nossas famílias são doidas, por que eu pensei nisso? — resmunguei — E, meu deus, Lauren e Bridgit foram namorar Iglesias. Não há volta pra sanidade quando se namora um Iglesias — completei, rindo quando ouvi o som incrédulo que Verônica soltou.

— Não adianta negar, você me ama — ela se gabou mas eu apenas revirei os olhos.

— Viu? Não tenho sanidade nenhuma — ri, aproveitando a brincadeira boba com minha esposa.

— É, faz sentido. Afinal você concordou em dar uma moto como presente de natal para Karla — lembrou e eu arregalei meu olhos ao lembrar disso.

— Onde eu estava com a cabeça — murmurei, a ouvindo rir alegremente em meu ouvido — Mas ela ficou tão feliz, não é?

— Ah claro, tão feliz que passou uma hora e meia com Lauren no andar de cima e ela acha que não sabemos o que estava fazendo — Verônica riu um pouco mais alto, me fazendo negar com a cabeça — Se elas escaparam, bem que a gente podia também, não é? — sugeriu.

— Por mais que eu adorasse isso, prometi a Sofia que iria a ajudar a montar o helicóptero que a demos — respondi, virando meu rosto lentamente em sua direção — Mas quando todo mundo estiver dormindo, eu te manterei bem acordada — prometi, beijando seus lábios com carinho antes de me afastar — E ei, obrigada. Esse natal está sendo louco. Mas é nossa família, obrigada por ser minha família.

— Eu amo você, onde mais eu estaria? — ela me respondeu, sorrindo gentilmente em minha direção.

— Também amo você — sorri de volta, lje beijando mais uma vez.

Minha filha caçula e meus sobrinhos já estavam no chão, brincando com os presentes novos. Me sentei ao lado de Sofia, sorrindo pela sua animação de me ter ali lhe ajudando.

— Então, gostou do seu presente? — perguntei curiosa.

— Sim, mama! Papai noel acertou muito bem dessa vez — respondeu animada, me fazendo rir baixo — Esse é um natal divertido, gosto quando todo mundo vem — contou, mais preocupada em montar seu helicóptero.

— Eu também, Sofi — concordei, a ajudando a juntar duas peças.

— Isso, você é inteligente mama — Sofia me elogiou e eu ri.

Mas olhei ao redor, encarando minha família. Mas principalmente minha esposa, que agora conversava com seu irmão. É, eu realmente era inteligente.



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