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História My Kind (Vercy) - Doença.


Escrita por: Semi-Harmonizer

Notas do Autor


Heeey seus lindos, eu demorei né, esse cap foi um pouquinho díficil para escrever, demorou mais tempo para eu finalizar. Me desculpem.

Espero que gostem *---

Aproveitem.

Capítulo 11 - Doença.


Pov Verônica. 

 

Ouvi Lucy espirrar mais uma vez ao meu lado e suspirei, ela estava gripada a semana toda. Passamos nossos seis meses deitadas na sua cama, com ela mal conseguindo respirar corretamente. Só que a doutora Vives se recusa a passar no médico, segundo ela, ela mesma pode se medicar, porém, ela não melhora, só trabalha e eu não sei cuidar dela, afinal, até quando meu irmão fica doente, eu só levo chocolates e vou embora o mais rápido possível.

 

— Pode parar na cafeteria? Eu ainda não tomei café — Lucy pediu, a voz totalmente rouca por conta da gripe, e eu apenas assenti, dirigindo um pouco mais rápido.

 

— Não acho uma boa ideia você ir trabalhar hoje — comentei baixinho, fazendo uma careta quando minha namorada espirrou mais uma vez — Vai deixar os pacientes doentes.

 

— Vero, eu já trabalhei estando pior, tá tudo bem — Lucy respondeu dando ombros e eu bufei, contrariada.

 

Parei na cafeteria e saí do carro sozinha, deixando Lucy lá dentro, por estar mais quente e confortável. Comprei apenas um café com leite e alguns cookies para ela, eu já não estava com fome. Voltei para o carro, lhe entregando, e sorrindo leve quando ela agradeceu, logo voltando a dirigir.

 

— Você não deveria estar na faculdade? — sua voz quebrou o silêncio assim que ela terminou de comer.

 

— E você deveria estar em casa — retruquei, a fazendo revirar os olhos, mesmo que eu não tenha visto — Mas, hoje não teve aula, seriam palestras e eu não sou do tipo que assiste palestras.

 

— Vai fazer o que hoje, então? — minha namorada perguntou curiosa.

 

— Nada demais, vou fazer alguns trabalhos da faculdade por agora, busco Shane na escola depois, almoço com ele, levo ele para as aulas de música, e depois vou para meu querido estágio no Hospital — revirei os olhos no final, causando uma risada em Lucy.

 

Papai finalmente quis fazer as coisas direito, e me contratou como estagiária na seção administrativa do hospital, ou seja, eu tinha um horário, e um salário (horrível), e responsabilidades maiores por ser a filha de James Iglesias, o dono daquilo tudo. 

 

O caminho restante foi calmo e silencioso, exceto pelos espirros e tosses da Srta Teimosia. Estacionei em frente, e esperei pacientemente por Lucy retirar seu cinto, e pegar sua bolsa.

 

— Nos vemos mais tarde — disse antes de se inclinar para me beijar os lábios, porém, virei meu rosto, a fazendo acertar minha bochecha e me encarar confusa ao se afastar.

 

— Você está doente — expliquei como se fosse óbvio, a vendo fazer sua cara de puro tédio.

 

— Fresca — reclamou, descendo do carro, ri baixinho da sua irritação — A noite no seu apartamento? 

 

— Claro — concordei, a vendo me lançar um sorriso calmo antes de fechar a porta e se encaminhar para seu trabalho.

 

Dirigi de volta para meu apartamento, me sentindo ainda preocupada com Lucy. Sorri fraquinho ao entrar em casa, ainda achava engraçado como ela havia virado meus sentimentos e cabeça pra baixo, como em poucos meses, eu já a via definitivamente em minha vida, como se, nesse momento não houvesse nada capaz de me afastar dela, era isso que meu coração, cujo qual aprendi a ouvir nesses meses desde que a conheci, estava me dizendo. Eu a amava, já havia dito isso a ela, e por sorte neste jogo de azar que é o amor, ela também me ama, já falamos sobre futuro, porém acredito que agora era mais real. Nós éramos um casal, nunca havia parado para pensar nisso, mas nós éramos um casal. 

 

Ri sozinha, caminhando até meu telefone, deixando minha jaqueta e sapatos pelo caminho, discando um número conhecido, e me sentando ao sofá, tentando não me enrolar com o fio daquele treco.

 

Residência dos Montgomery's.

 

— Hey! A Addison está?

 

— Um momento.

 

Suspirei, enquanto a linha ficava muda por alguns minutos, até a voz da minha amiga soar do outro lado.

 

Alô?

 

— Heey Add, é a Vero.

 

— Me diga por qual motivo você acaba de me tirar de uma pesquisa muito importante sobre células tronco? — a voz de Addison soou irritada e eu sorri.

 

Eu e Lucy somos um casal — declarei, como se fosse a notícia do século XX, e ouvi a linha ficar muda por alguns segundos.

 

E você só descobriu agora, depois de seis meses!? — minha amiga questionou incrédula e eu revirei os olhos.

 

Claro que não, retardada — respondi impaciente — É só que, agora meio que caiu a ficha que é pra valer — expliquei.

 

— E eu com isso? Vá ligar pra sua namorada, que já terminou a faculdade e não tem que ficar se matando para concluir os trabalhos — Addison reclamou e eu ri, achando graça.

 

Ela está doente — comentei, mais baixo — E nós somos um casal, casais normais devem cuidar uma da outra em casos assim, não é? 

 

Minha voz soou baixa e constrangida, eu não tive relacionamentos sérios em que eu me preocupasse a esse ponto, de querer fazer a outra se sentir bem, de cuidar dela, só que eu não sabia como. Era fácil se fosse uma cólica ou ela estivessw irritada ou de TPM, quando isso acontecia, eu aprendi que sorvete - de bolo de chocolate, e somente esse sabor - algumas barras de chocolates, cookies e pirulitos a deixavam mansa e calma. Só que dessa vez, ela estava mal, muito mal, mas a médica aqui era ela, não eu. 

 

Planeta Terra chamando Verônica.

 

A voz de Addison me tirou dos meus pensamentos e eu acabei por rir, esse tom de voz tedioso me fazia pensar que ela estava rolando os olhos nesse exato momento.

 

Estou aqui, desculpe — me pronunciei com calma.

 

Enfim, Vê, você ama essa garota, você sabe o que fazer — Addison disse, e eu deixei um suspiro sair por meus lábios.

 

— Eu não quero estragar as coisas, entende? — murmurei.

 

Você não vai, vocês estão juntas e bem — Addison lembrou, me fazendo me sentir um pouco melhor.

 

Ok, obrigada, até mais.

 

Desliguei o telefone, olhando ao redor. Eu definitivamente não deveria ter deixado minha namorada ir ao trabalho, onde há mais pessoas doentes. Peguei o telefone novamente, liganso para a casa do meu pai, tendo que, infelizmente, falar com minha madrasta e avisar que eu não poderia buscar Shane hoje, e depois de ouvir reclamações dela, desliguei. Me levantei com pressa, colocando meus sapatos e minha jaqueta novamente. Enfiei minha carteira no bolso, pegando as chaves do carro, e saindo do meu apartamento em seguida. Dessa vez, dirigi mais rapidamente até o hospital, estacionando dentro do estacionamento, ao lado do carro de Lucy, que estava ali desde o plantão passado. Entrei ali, com minha cabeça erguida, indo direto a seção da pediatria, atraindo os mesmos olhares curiosos dos pacientes que me viam -sem nenhum jaleco ou identificação- entrando pelas portas restritas. 

 

Circulei pelos corredores brancos, procurando pela minha namorada.

 

Aliás, já disse o quanto era gostoso chamá-la assim?

 

Minha namorada. 

 

Eu gostava tanto disso.

 

Sorri, ao achar um de seus amigos, me aproximei devagar, o ouvindo conversar com uma adolescente em trajes hospitalares, aparentemente irritada com o "Dr Foster". 

 

— O que fez para a garota, Dr Foster? — falei, um pouco divertida, assim que vi a garota sair pisando duro. 

 

— Ah, oi Verônica — Adam sorriu, dando ombros — Ela tem uma cirurgia e queria biscoitos, só uma garota mimada — explicou sem grande importância e eu assenti.

 

— Enfim, cadê a Lu? — questionei, ainda olhando ao redor, vendo se a achava.

 

— No colsutório 7, atendendo algumas consultas — Adam me respondeu e eu sorri agradecida.

 

— E a Dra Bailey? — perguntei, o vendo me encarar confuso.

 

— Consultório 5 — respondeu, ainda com o cenho franzido.

 

— Obrigada, Adam!

 

Saí dali, andando calmamente, a caminho dos consultórios, vendo vários pais com seus filhos sendo atendidos. Parei em frente ao consultório 7, dando duas batidas leves, antes de ouvir a voz doce da minha namorada, pedindo para que eu entrasse, quase ri do seu olhar surpreso ao me ver.

 

— Um momento — pediu para mim, logo se virando para o garoto sentado ali junto ao pai — Prescrevi um remédio para tosse e algumas sessões de inalação, tudo bem? 

 

Era um tanto quanto irônico ela prescrevendo isso, enquanto ela mesma tossia a cada três segundos, espirrava a cada minuto e pelo seu esforço evidente em respirar, estava com falta de ar. Esperei apenas por uns dois minutos, até que o paciente e seu pai saíram do consultório, e finalmente a atenção de Lucy veio para mim.

 

— O que faz...aqui? — perguntou, sua fala sendo cortada por um espirro mais forte. Peguei o alcool em cima de sua mesa e estendi a ela, em um pedido mudo que usasse nas mãos, ela fez uma careta, mas pegou.

 

— Você está cercada de vírus e bactérias dessas crianças — expliquei, o que a fez rir, negando com a cabeça — Vem comigo — chamei, não dando chances para questionamento, e a puxando pelo seu pulso, saindo do consultório.

 

— Verônica! Eu tenho pacientes! — Lucy exclamou irritada, enquanto era puxada por mim, mas sem tentar se soltar afinal.

 

Parei em frente ao consultório 5 dessa vez, vendo a cara confusa da minha namorada, bati duas vezes, ouvindo um "Entra" da Dra Bailey, só então Lucy tentou sair de perto, ao ouvir a voz da sua chefe direta e coordenadora dos residentes, porém segurei firme em seu pulso. 

 

— Licença — coloquei apenas a cabeça pra dentro da sala, a encontrando vazia, exceto pela Dra — Tem um tempo para um encaixe rápido?

 

— Pra você? Claro, se eu disser não, seu pai me demite — a vi cruzar os braços e se recostar na cadeira, enquanto eu abria a porta completamente e entrava — Você está doente?

 

— Eu não — respondi a vendo me encarar confusa, apenas puxei Lucy para dentro da sala, sorrindo ao ver suas bochechas vermelhas — Ela está! 

 

— Eu te odeio — Lucy murmurou baixo, e eu soltei seu pulso, fechando a porta, a vendo tossir mais algumas vozes — Eu tô bem — tentou dizer, mas teve uma péssima credibilidade por em seguida espirrar e tossir com mais força, perdendo o ar.

 

— Ah, e ela tem asma — denunciei, me sentando em uma das cadeiras e vendo Lu fazer o mesmo, a contra gosto, após Dra Bailey mandar.

 

Fiquei apenas em silêncio, observando a Dra Bailey examinar minha namorada, mesmo sob protestos da mesma, que só ficou quieta quando sua chefe disse irritada que ela não poderia trabalhar nessas condições, poderia prejudicar as crianças e a ela mesma. Por fim, Dra Bailey receitou algumas coisas e a mandou pra casa por hoje, amanhã já seria sua folga, então ela só teria que voltar no daqui a dois dias. Saímos do consultório com uma Lucy emburrada e de braços cruzados.

 

— Amor, não fica assim — pedi em um sussurro — Você sabe que o melhor pra você, é descansar, meu bem.

 

— É injusto você dizer essas baboseiras, enquanto me chama assim, sabe que eu não consigo me irritar com você me chamando assim — resmungou e eu acabei sorrindo, a abraçando de lado.

 

— Nós vamos para meu apartamento, e eu vou fazer chá e brigadeiro, e nós vamos deitar na minha cama debaixo das cobertas, e eu vou cuidar de você até que você durma — prometi, beijando carinhosamente sua bochecha, o que a fez sorrir.

 

— Isso me parece bom — Lucy sorriu, daquele jeito fofo, com a língua entre os dentes, e eu sorri junto — Só temos que ir na farmácia daqui, pegar esses medicamentos e passar no meu apartamento, Dra Bailey me mandou fazer algumas sessões de inalacão, vai melhorar minha respiração, e meu inalador está em casa.

 

Apenas concordei com a cabeça, feliz que ainda fosse cedo, e Lucy só tivesse ficado naquele hospital trabalhando por um pouco mais de duas horas. Eram quase 8:30 da manhã, e eu ainda tinha um bom tempo antes de ter que ir para meu estágio junto com papai, e eu não estava doente para faltar hoje. 

 

Chegamos em meu apartamento em pouco tempo, e logo fiz Lucy tomar um banho quente, enquanto eu fazia o chá e o prometido brigadeiro, porque sim, Lucy sempre comia brigadeiro de colher com alguma bebida, chá, suco, água ou refrigerante, era extremamente estranho, mas gostoso no final das contas. Ouvi passos enquanto mexia a panela de brigadeiro, e ergui meu olhar, perdendo o ar por alguns segundos. 

 

Lucy entrava na cozinha, vestindo apenas um moletom da universidade de Miami - que era meu - uma calcinha mínuscula preta, mosrando toda aquela coxa que ela tem. Meias nos pés e os cabelos molhados que ela secava com uma toalha.

 

Como uma pessoa podia estar tão simples e ser tão sexy? 

 

Pelo menos se eu sofrer um ataque cardíaco por causa dela, sei que ela será capaz de me reanimar. 

 

— Vero! Vai queimar! — Lucy disse alarmada, deixando a toalha em qualquer canto e se aproximando, me empurrando levemente, para segurar o cabo na panela e tirá-la do fogo — Não sou fã de chocolate queimado — disse divertida, me olhando.

 

Porém, eu só tinha olhos pra como aquela calcinha ficava excepcionalmente bem nela, principalmente olhando a parte de trás. 

 

Ela deveria usar uma calça.

 

Oh! Ela tá doente, é óbvio que ela tem que usar uma calça.

 

E também, pelo bem da minha sanidade mental.

 

— Você tem que colocar uma calça, Lu — avisei, me afastando dela, para pegar nossas xícaras de chá — Pega uma das minhas mesmo.

 

— Mandona — revirou os olhos, o que me fez rir — Mas vou levar o brigadeiro — avisou, já pegando a panela e duas colheres, se dirigindo ao meu quarto, comigo a seguindo.

 

Coloquei nossas xícaras no criado-mudo, me deitando na cama em seguida, tentando não observar Lucy vestindo uma das minhas calças de moletom, e em seguida sentando-se ao meu lado, a panela de brigadeiro no colo, uma colher na mão direita e a xícara na esquerda, assim como eu. 

 

— Ew, Verônica, que raios tem nesse chá? — Lucy fez uma careta que me causou uma risada, enquanto levava a bebida quente aos meus lábios.

 

— Água, obviamente — comecei, a fazendo rolar os olhos — Gengibre, hortelã, limão e mel — respondi, gostando do sabor refrescante em minha boca.

 

— Isso é horrível — ela reclamou, ainda me fazendo rir.

 

— Mas vai melhorar a garganta, então beba — pedi, a vendo fazer uma careta enquanto bebia — Come o chocolate, vai melhorar o gosto — falei, a vendo em seguida levar uma grande colher de brigadeiro a boca — Não exagera também, né, baby.

 

— Fala sério Vê, isso é divino — ela disse, me fazendo rir mais uma vez — Vou agradecer eternamente a sua mãe por ter te levado ao Brasil, sério, e a sua babá brasileira então, tô amando elas!

 

— E me amando né? Eu que fiz — resmunguei contrariada, a fazendo rir.

 

— Você não precisa me fazer brigadeiro, para eu te amar, eu já te amo só por amar — Lucy sussurrou e eu sorri ao ouvir suas palavras que soaram doces e carinhosas.

 

— Eu te amo — falei baixinho, me inclinando e dando um selinho leve em seus lábios, rindo em seguida ao vê-la reclamar que eu estava com o mesmo gosto do chá.

 

Continuamos naquele cama por mais um longo tempo, até nossas xícaras e a panela - agora sem nenhum resquício de chocolate - estarem no chão e depois de alguns minutos de cafúne, e Lucy agarrada a mim, ela dormiu por causa do efeito dos remédios que havia tomado. Enrolei o máximo que podia, até ter que levantar, e ir para o estágio no hospital. Escrevi um bilhete rápido para Lucy, deixando o número da padaria que havia próximo daqui, eles faziam uma sopa excelente, e entregavam por delivery, e já que ela estava doente, seria útil. Beijei seu rosto suavemente, antes de finalmente sair do meu apartmento.

 

Praticamente corri até o hospital, quanto mais antes chegasse, mais rápido iria embora. Subi para o andar da administração, começando a fazer algumas tarefas que eu já sabia que iria ter que fazer, ocupando minhas primeiras horas ali, antes de ir ver meu pai. Todo dia aqui, era um novo discurso sobre como eu teria que aprender devidamente o que fazer, pois cuidaria de tudo sozinha um dia. Eu entendia isso, mas que era entediante ouvir ele falar sobre isso, ah era. 

 

Quando não havia mais nada que eu deveria fazer, segui até a sala de meu pai, batendo duas vezes, antes de ouvir minha permissão para entrar. Franzi o cenho, confusa, ao entrar e ver meu pai com o semblante irritado, mas ao mesmo tempo triste. Fechei a porta atrás de mim e me aproximei, me sentando na cadeira em frente a mesa, o encarando.

 

— Está tudo bem, papai? — perguntei, um pouco preocupada, e meu pai suspirou, me olhando sem expressão alguma.

 

— Shane deixou escapar que você está namorando — meu pai disse.

 

Senti meu coração gelar, minha garganta se tornar seca, e minhas mãos tremerem levemente.

 

— Ele não disse quem — papai continuou, e eu quase suspirei aliviada.

 

Quase.

 

— Então eu chamei um desses internos idiotas, que só estão aqui porque devo alguns favores aos pais — meu pai comentou, e deixando cada vez mais nervosa — Pedi pra te seguissem pelo hospital, você estava andando tempo demais aqui. Então ele me disse que você estava namorando a Dra Vives.

 

Fechei meus olhos e respirei fundo, 

 

— Eu não acreditei, obviamente, então, ele me voltou com isso — papai me estendeu duas fotos.

 

Eu beijava Lucy enquanto entrávamos no elevador, na primeira foto.

 

Na segunda, ela estava sentada sobre meu colo, apenas com as calças e o sutiã, enquanto eu beijava seu pescoço. A foto foi tirada de uma janela minúsculo do quarto dos funcionários. 

 

— Você está namorando Lucy Vives — ele afirmou e sua voz calma, me deixava cada vez mais nervosa.

 

Quando se sabe que seu pai não vai te aceitar por você ter uma orientação sexual diferente da comum, você nunca está devidamente pronta para dizer quem você é. Porque você nunca está pronta pra perder uma relação com alguém que você ama. E nesse caso, esse alguém era meu pai, e eu sabia que consequentemente, Shane.

 

— Pai — tentei falar, a garganta seca, e meu coração disparado no peito. 

 

— Calada — ele me interrompeu irritado — Eu não vi sua mãe gritar horrores no seu parto, para que você desgraçasse desse modo o nosso sobrenome — completou sério e eu engoli em seco.

 

— É quem eu sou papai — falei baixo, intimidada com seu olhar fulminante em mim — E eu a amo, eu a amo, isso não significa nada?

 

— Isso não é amor, isso é uma doença do dêmonio em você, não percebe que ele está apenas usando você para que você desobedeça as leis de Deus? 

 

Respirei fundo, fechando os olhos com força, inclinando minha cabeça para trás, para respirar melhor, abrindo os olhos e encarando o teto. Meus pais eram extremamente religiosos, por isso estudei praticamente minha vida toda a Carrolton, sem contar os estudos bíblicos quando era mais nova. E apesar de ter 23 anos, 24 em poucas semanas, eu me sentia a mesma garotinha assustada, que ficava de castigo por falar um palavrão. 

 

— Isso não é uma doença papai — falei finalmente após um longo silêncio — E se o senhor diz que Deus não aceita isso ou que eu não vou para o paraíso por isso, sinceramente, eu prefiro não ir e ir pro inferno com a minha namorada.

 

Minhas palavras pareceram surtir algum efeito, o deixando definitivamente irritado, todos suas palavras calmas se esvaindo da sala. Ele se levantou furioso, batendo as mãos na mesa, me fazendo pular com o susto. 

 

— Dra Vives é uma excelente residente, a melhor que temos, não posso e dar o luxo de demiti-la, com todos esses incompetentes ao meu redor — meu pai disso, claramente a contra-gosto — Mas, eu ainda posso fazer isso, e ainda posso deserdar você e acabar com todas as regalias que você tem, Verônica! Então, pense bem, você tem 24 horas pra acabar com essa sujeira, e fingir que nunca aconteceu, e mais duas semanas para achar um namorado digno, de preferência, um médico. 

 

Arregalei meus olhos com suas palavras, seus requisitos, era incrivelmente absurdo, me levantei, pronta para retrucar.

 

— Continue com isso, e Dra Vives perde o emprego, e eu te deserdo, Verônica, simples assim — papai disse seriamente, me calando na mesma hora — Isso é tudo, pode ir — apontou para a saída. 

 

Ainda meio desnorteada com suas palavras e atitudes, saí da sala, cambaleando um pouco até chegar ao elevador, me mantendo com a postura firme, até entrar em meu carro, trancar a porta e deixar que as lagrímas finalmente caíssem. Coloquei a chave na ignição, ligando o carro, dando partida, mesmo com minha visão embaçada pelas lagrímas. Estacionei na minha vaga em meu prédio, desligando o motor, ainda chorando baixinho. 

 

Ele iria demitir Lucy.

 

Eu pouco ligava sobre ele me deserdar, ainda tinha uma grande parte do que mamãe deixou exclusivamente para mim. Mas Lucy adorava aquele emprego, trabalhar em um dos melhores hospitais do país. Ser demitida por minha causa, iria machucá-la. Eu não podia permitir isso. 


Notas Finais


E então? @semiharmonizer

Ps: Eu sou a Lucy, só como brigadeiro com alguma bebida pra acompanhar kkkkkkkkkkkkkkkk


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